quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Beleza

Todo fim de ano é a mesma nostalgia. Você repete 50988632643274 de vezes que o ano passou rápido, se lamenta que gostaria de ter feito coisas que adiou e agora não há mais tempo, jura pra si mesmo que o próximo ano será diferente, e blá blá blá, toda essa ladainha clichê. 
Eu não estou pensando apenas no meu ano de 2013. Ok, lógico que ele está no meio, foi um ano complicado, um ano difícil, mas que sem dúvida alguma, eu precisava passar pra aprender algumas coisas. Mas eu estou pensando mesmo é na minha vida, minha vida como um todo. Estou pensando que não quero ser esse tipo de pessoa que se lamenta todo fim de ano, faz planos pro próximo, mas nem sequer mexe a bunda pra colocar alguma coisa em prática. Não quero passar a vida prometendo e não cumprindo, fazendo apenas as coisas que são de praxe e deixando o que realmente importa, o que realmente faz bem pra mim, de lado. E também não quero passar a minha vida trabalhando pra nada, ganhando um dinheiro que eu não vou ter tempo de gastar por estar trancafiada. Eu quero amar a mim mesma, quero viver a minha vida, quero ser feliz. 
Se você é uma dessas pessoas que colocam todos os planos num papel pro próximo ano nunca cumpre nada, experimente planejar pra sua vida. Ou melhor, experimente não planejar, experimente levantar a bunda da sua zona de conforto e fazer. Tudo se resume à momentos. Não à anos inteiros específicos, mas momentos que compõe os dias, as semanas, os meses, os anos, tudo isso que se encaixa na sua vida. Momentos. O que importa mesmo é buscar, é conhecer, é explorar, é entrar em contato com o outro, é enxergar a si mesmo nos olhos do outro, é aceitar os desafios impossíveis e se reconhecer em cada coisa que faz parte da sua vida. É fazer da sua vida algo memorável o suficiente para ser lembrado. 
A verdadeira beleza não clama por atenção, mas às vezes, ela aparece pra você, se joga na sua frente, se esfrega na sua cara, só para que você tenha o benefício da dúvida. E quando você tem uma dúvida, quando algo te choca de verdade e te faz questionar se você está mesmo fazendo o seu melhor, se você é mesmo feliz, ah, aí sim, pode ter certeza de que algo está errado, ou simplesmente não funciona mais e você precisa mudar. Se tudo estivesse lindo e perfeito você nunca nem teria a dúvida pra começar. E a beleza também não cairia bem na sua frente só pra te sacudir. 
É assim que eu quero que seja meu 2014, é assim que eu quero que seja a minha vida. Não quero gastar todo o meu tempo virando a cara pros sinais que estão bem na minha frente. Arriscar pra mim, é a verdadeira beleza. Andar sem olhar pra trás, correr sem parar, saltar sem se arrepender. Ter a certeza de que tudo é passageiro e que por esse motivo todos nós deveríamos nos comportar como passageiros e dar nosso melhor, mas não ficar nos agarrando a farelos, jamais. Levanta a bunda daí e faz alguma coisa que realmente valha a pena. 
Andar sem olhar pra trás, correr sem parar, saltar sem se arrepender. 

É, acho que o tal do Walter Mitty me inspirou de verdade.

Feliz 2014. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

História do perdido na estrada



Quem é você?
O que você veio fazer?
Pra mim você não é nada
Pra mim você não é ninguém.
Veio por uma estrada sem rastros 
Segue por um caminho que leva até um penhasco 
Você é um nada que viaja 
Um estranho desorientado, um viciado desacordado. 
Quem é você?

Você está em contato com todos os seus emaranhados?
Esses repetitivos pensamentos que te mantém acordado 
Viajando na madrugada 
Pronto pra pular de um penhasco?
Quem é você?

Você vaga por aí com a mesma velha ferida
Você é ninguém.
Mas você é alguém.
Alguém que eu ponho em versos 
E nesses versos te dou vida.
Uma vida sem penhascos,
Cicatrizo sua ferida 
Te dou direção, apago seus fracassos.
Mas estes são apenas versos  
Versos de alguém que não te conhece.

Você é um estranho desorientado 
Pensa que está desesperado, mas está apenas cansado. 
Eu te ponho nos meus versos, eu seco suas lágrimas 
Conto essa história como se não fosse nada.
E mesmo dando outro rumo pra sua trajetória 
Mesmo colocando esses versos na sua memória 
Nada muda o fato de que você não sabe quem é. 
Pra mim você é um viajante estranho, perdido numa estrada esfarelada.
Pra mim você não é ninguém
E pra você, eu não sou nada.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Replay



É como ouvir Slow Dancing In a Burning Room andando na chuva.
É a vontade que eu tenho de aprender a tocar guitarra só pra aprender aquele solo.
E enquanto deixo a água cair sobre mim, penso no quanto sou bloqueada em tantos sentidos... 
E no quanto seria libertador escrever uma música assim.

É ter um Natal em família, estar entre as pessoas que você ama, mas mesmo assim sentir que falta alguma coisa.
É passar a vida sentindo isso, sem saber o motivo
É querer ir embora o tempo todo, mas não conseguir cruzar a porta...
Ah, eu tenho coragem.
O que me prende aqui vai muito além da coragem.

Se as pessoas soubessem do emaranhado que se passa na minha cabeça 
Nunca mais me veriam do mesmo jeito
Se as pessoas soubessem o quanto eu não sinto tanta saudade assim da maior parte delas 
Me esqueceriam sem dor, não que eu me importe de verdade.
Houve um tempo em que me importava 
Até encontrar alguém que me fez querer que ninguém mais soubesse quem eu era 
Até encontrar alguém que me fez querer desaparecer pra todos, só pra ficar presa num pequeno sonho
E depois que eu acordei desse pequeno sonho, ah... Eu nunca mais fui a mesma
Pois eu nasci pra ter curtos momentos 
Mas sempre longos tormentos.
E essa coisa toda vem e vai na minha cabeça 
E eu só queria criar uma música como Slow Dancing 
Queria me livrar desse passado impregnado 
Queria ir embora, queria abandoná-lo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um sorriso

Assim como o brilho da noite é mágico
E um banho gelado no calor é um paraíso 
Você é pra mim, um sorriso.

E como eu achava que nadar em águas claras era mais seguro
Por ironia, me apaixonei por teus olhos escuros.
E como numa marcha silenciosa, caminhei até você
Dei o maior dos saltos no escuro.

E logo eu que sempre quis ir embora
Quero criar raízes agora
Ou te levar comigo.
Você iria? Você embarcaria no desconhecido?
Está pronto pra abraçar a maior das ironias?
Se você disser que sim, vamos agora
Se você disser que não, digo que nada disso nunca existiu na minha memória
E fico aqui com você, e ser feliz será a minha única trajetória.

Pois eu sempre quis encontrar alguém assim 
Mas achava que precisava ir embora
E que o grande momento da minha vida seria o maior dos encontros 
Onde tudo passaria a fazer sentido
Ou ficasse de vez completamente perdido.

Mas aqui, eu achei você
No último minuto te encontrei
Na última chance te amei 
No último suspiro mudei 
Na escolha, saltei.

Você é pra mim um sorriso
E todos os planos perdidos
O maior dos paraísos desconhecidos 
Olhos escuros gentis, uma lágrima, um sorriso.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Parada



O tempo passa, e eu não fiz nada.
Eu não sou o tipo de pessoa que esquece
Eu não sou o tipo de pessoa que não reconhece 
O tempo passa, e tudo aquilo continua lá pra mim.
Assim como tanto tempo se passou como se não fossa nada
Mesmo que eu tenha ficado aqui 
Mesmo não fazendo nada.

Eu sou o tipo de pessoa que precisa estar em contato com o novo o tempo todo
Porque eu nunca esqueço o que se foi
Porque eu preciso distrair a minha mente de toda essa carga passada
Eu preciso de novidades.

E eu não aguento ficar muito tempo parada na mesma coisa
Principalmente quando tanto tempo se passa e eu não consigo fazer nada
Eu fico louca, não aguento essa repetição
Eu enlouqueço quando começo a pensar nas minhas coisas
Porque nunca acaba, é uma imensidão.

E eu não gosto que mexam nas minhas coisas.
Eu adoro as pessoas
Mas me viro muito bem sozinha
Não preciso de ninguém se metendo na minha briga
Não preciso ser invadida 
Nem mesmo quando eu passo todo esse tempo sem fazer nada.

Eu preciso de renovação
Eu preciso descer na última parada.
Porque a próxima, é muito próxima
E quando corro atrás de renovação preciso de tudo diferente 
Principalmente quando já passei tanto tempo sem fazer nada
Preciso sumir pra nunca mais ser achada 
Preciso ir longe pra não ficar sem fazer nada.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nada

Dizem que não se pode voltar pra casa
Mas eu continuo voltando
Meus pensamentos não me deixam seguir
Essas lembranças me empurram
E eu me sinto sufocada, me sinto perdida no nada.

Estou no meio do nada
No meio do nada naquela minha casa
Não há nada lá pra mim
Mas mesmo assim, é lá que estou 
E não aqui
Eu continuo voltando, continuo vagando no nada
Aquela casa não existe mais, é simplesmente nada
Mas eu continuo voltando, continuo vagando no nada.

Aquela terra que me fez forte 
Aquela terra que tentou me tirar a sorte 
Aquela terra que tantas vezes me fez querer a morte
Aquela terra, que deveria estar morta
Mas não morre.
Não morre, pois continuo indo pra lá
Continuo me perdendo numa teia de lembranças que não existem mais
Continuo me prendendo com correntes imaginárias 
E porta-retratos quebrados.

Essas lembranças não existem mais
Essas lembranças não são nada
Mas mesmo assim, eu continuo voltando pra elas.
Continuo voltando pra mesma casa
Vagando no meio do nada.

Talvez um desbloqueio



Às vezes escrever é tão difícil... Principalmente quando sua cabeça está cheia de ideias, tantas, que fica quase impossível de se concentrar só em uma. Dizem que escritores são calados, observadores ao extremo, sempre gravando cada passo e cada palavra de cada uma das pessoas que estão à sua volta. Dizem que escritores estão sempre concentrados no mundo dos outros, menos em seus próprios. Acho que isso me faz então, uma não escritora.
Eu falo muito. Não calo a boca, quem me conhece sabe que eu sou assim, puxei meu pai. Mas nos dias em que estou quieta, nos dias em que meus olhos parecem apenas estar abertos, como figurantes, pois não assimilam nada, eu não estou observando ninguém, eu estou totalmente imersa em meus pensamentos, estou vivendo num outro mundo. Não me leve a mal, eu falo muito, mas também adoro uma história, sou uma boa ouvinte. É assim com os livros, é assim com as músicas, é assim com os filmes e seriados. Eu adoro uma boa história, seja ela épica, seja ela ridícula. Se ela é boa, eu vou me interessar. Talvez seja por isso que tantas pessoas com as quais eu perco contato aparecem num belo dia muito tempo depois, me querendo como ouvinte para seus problemas e frequentemente como conselheira. Não sei se estou em posição de aconselhar alguém, provavelmente não, mas quando digo algo pra alguém como aconselhamento, digo de coração, digo desejando do fundo da minha alma que as coisas melhorem pra quem quer que tenha vindo me procurar, não consigo negar ajuda pra ninguém. E se você está se perguntando se por um acaso eu fico irritada por ser procurada pela maioria das pessoas apenas pra isso, eu digo que não. Eu costumava ficar muito irritada, mas isso já acontece desde a infância. Eu tinha que me acostumar eventualmente. 
Isso fez de mim mais forte. Nada como os problemas dos outros pra você esquecer os seus, mesmo que seja por apenas um momento. Eu sou irritante, sou independente, não fico esperando por ninguém. Faço a maioria das coisas sozinha e não me incomodo. Às vezes é mais complicado assim, mas é assim que eu gosto, faço do meu jeito, como eu quero, quando eu quero. Eu sigo as minhas regras, e se eu me ferrar, não levo ninguém comigo, assim como se fizer algo que dê certo, o mérito é só meu. Aprendi a gostar da minha própria companhia, aprendi a me virar. Não me leve à mal, não é que eu não goste de estar com pessoas, eu adoro, mas não fico esperando estar com as pessoas. Se estiver, ótimo, se não estiver, vou sozinha. Questão de costume. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Árvores do tempo


Nossos genes continuam crescendo e enroscando-se em árvores do tempo
Nossas lembranças continuam sendo apenas nossas
Nossa trajetória a única vitória
E as folhas levadas pelo vento levam também preciosos momentos...

Como se vivêssemos camuflados em nossa própria fumaça
Como se tivéssemos nosso mundo particular
E fossemos invisíveis e ninguém mais importasse 
Continuamos enroscando nosso amor em árvores do tempo
Ainda tentamos prender cada um de nossos momentos.

Como a onda que defende o mar
Como o pôr do sol após a chuva de verão
Nós continuamos andando
Vivemos como podemos, vivemos como queremos 
É como se a vida fosse uma dança coletiva 
Mas nós tivéssemos decidido seguir cantando...

Nossos genes continuam crescendo e enroscando-se em árvores do tempo
Eu continuo meio louca e você meio medroso 
Eu continuo racional e você emocional
Eu continuo chorona e você reclamando que eu sou reclamona.
E nossas lembranças continuam sendo apenas nossas
Nossa trajetória nossa única vitória 
E as folhas levadas pelo vento sempre levam alguns preciosos momentos...

E nós nunca nos destacamos mais do que quaisquer outras pessoas
Nós existimos apenas em nossos momentos,
Sempre cruelmente arrancados de nós pelo tempo
Mas vivendo eternamente em nossas árvores de lembranças.
Como crianças, não ligamos 
Só queremos viver nossos momentos.



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Mistério e transparência


Duas coisas que uma mulher tem que ser: Cheirosa e inteligente.
O perfume é o charme individual, misterioso, que atrai.
A inteligência é o charme compartilhado, transparente, é o que mantém as coisas interessantes.

Se uma mulher não pode ser bonita, que seja cheirosa pelo menos.
Se uma mulher não pode ser rica, que seja inteligente no mínimo, e talvez assim ela se torne rica por fim.
Se uma mulher não pode ser sex symbol, que tenha um sorriso encantador.
Se uma mulher não pode cantar, que dance de uma maneira que atraia para ela exatamente o que precisa.
Se uma mulher não teve a educação que precisava, que aprenda sozinha, observe e use da inteligência que é quesito obrigatório para sobrevivência.

A mulher precisa ser independente. Antes de querer viver com alguém precisa conhecer a si mesma e cada pequeno detalhe irritante e cada pequeno detalhe encantador. Só assim é 
possível beneficiar-se de suas vantagens e derrotar suas fraquezas.

A mulher não pode dar-se o luxo de escolher o que quer: Se vai cuidar dos filhos ou trabalhar. Se tem os dois, tem que fazer os dois. Acho obrigatório as mulheres da minha geração saberem que nós fazemos o que precisamos fazer e aguentamos, sempre damos um jeito, sempre conseguimos mais, não podemos ser choronas como a maioria dos homens, que com a primeira gripe agem como se fosse o fim do mundo.

Mesmo assim, a mulher tem que saber que quase sempre há escolhas. Podemos escolher se vamos nos casar, podemos escolher se vamos trabalhar, podemos escolher se teremos filhos, podemos escolher se seremos felizes ou não. E sempre temos que escolher se ficamos com o que queremos ou com o que precisamos, pois essas duas coisas nem sempre andam juntas. Mas é preciso saber que uma vez escolhidas as coisas, mesmo que sejam completamente opostas, como trabalhar e ter filhos, a responsabilidade deve ser assumida e devemos nos esforçar 110% para fazer tudo da melhor maneira possível. Com dedicação, amor e paciência, sempre.

E se os homens são uns bebês chorões, que fiquemos do lado deles e sejamos fortes o suficiente para dar-lhes a força necessária de que precisam. Quando um homem está feliz tenta fazer com que a vida de sua mulher seja mais fácil e feliz também. E dessa maneira não precisamos ficar tão preocupadas em fazê-los felizes, eles simplesmente são.

Não, eu não acho que precisamos ser robôs. Eu só acho que precisamos ser autossuficientes e correr atrás do que queremos e não ficar esperando por ninguém, muito menos exigindo dos outros. Ninguém melhor para cuidar dos nossos interesses do que nós mesmas. E no fim de tudo, mesmo com todo o trabalho e sobrecarga, todas nós acabamos por reconhecer que ser mulher é muito mais interessante e versátil do que ser um homem.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Aceitação



O problema das pessoas é que a maioria cria raízes sem necessidade, vive dentro de barreiras e limites que só estão lá porque elas colocaram. O meu problema é não ter muita paciência pra enrolação. A minha solução é simplesmente ir embora quando algo não me agrada e surge uma oportunidade melhor em outro lugar. Eu vou, sem pena, sem dificuldade, sem medo, de mente aberta. Com o coração na boca e os pés no ar, pois é só isso que me dá vontade de viver: estímulo e renovação. Não penso em fincar raízes, penso em me adaptar quando necessário, quando eu já estiver me sentindo robótica, quando eu precisar me sentir humana, quando precisar lembrar que tenho alma. E eu acredito totalmente que no caso dos humanos, as raízes são móveis, fazem parte da sobrevivência serem assim. Quem mantém elas fixadas é porque perdeu a vontade de ter novas experiências, ou seja, perdeu a vontade de viver de verdade.  
Antigamente costumava ficar triste por servir apenas de ouvinte pra maioria das pessoas: elas vêm quando precisam de alguém que as ouça e de alguém que as diga o que fazer, e depois quando conseguem o que querem, somem de novo, até o momento em que precisam mais uma vez, e assim se define o ciclo de pessoas na minha vida. Eu me sentia usada, me sentia sozinha, mas ultimamente tenho me esforçado muito pra aceitar as pessoas como elas são, e isso inclui a mim mesma. Se os outros só precisam de mim pra isso, que seja. Se eu sempre paro pra tentar ajudar, quem mantém o ciclo sou eu, então porque deveria ficar com raiva? Não há motivo. Ficar com raiva dessa situação seria ficar com raiva de mim, me achar uma palhaça, uma idiota que só serve de psicóloga amadora, uma incapaz de manter amizades verdadeiras. E eu não sou assim. Quando ajudo, ajudo de coração aberto, ajudo porque realmente quero. Caso contrário, viro as costas e vou embora. 
Essa é quem eu sou, não existe outro jeito pra mim, pelo menos não agora. Tento não me apegar às pessoas, tento pensar que cada uma delas está apenas de passagem e há sempre algo que eu posso aprender com cada uma delas, pois a vida é um aprendizado contínuo. E tento pensar também que eu estou de passagem na vida de cada uma delas, talvez justamente pra distribuir o que elas precisam de mim. 
Aceitação não é uma tarefa fácil, mas quando você acha o caminho pra ela, é um alívio sem explicação. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vivo sozinha

Eu vivo sozinha 
Eu sou a minha casa, eu sou a minha companhia
Eu vivo sozinha
E pros lugares que eu vou, não sinto falta de ninguém
Eu vivo como posso, ando sozinha, tento sempre ir além

Eu vivo sozinha 
Até o momento, não preciso de ninguém
Tenho pernas e braços pra tornar as coisas reais
E o mais importante, tenho um cérebro que não me deixa cair 
Tenho uma mente forte que me guia por aí

Eu vivo sozinha
Sem desespero por ninguém
Sem intromissão de qualquer alguém
Sem interferências de pessoas vazias 
A falta disso me faz ir além
E é por isso que eu vivo sozinha
Até o momento, não preciso de ninguém.

Eu vivo sozinha
A liberdade é o meu lar
Os sonhos são minhas esperanças
As crenças são a minha força
Eu vivo sozinha, não tenho medo de ser apenas uma pessoa.

Eu vivo sozinha
Não há caminho de volta pra casa
Não há fuga, não há escapatória
A minha vida é essa, eu vivo sozinha
E me sinto em casa 
Vivendo sozinha.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Uma



A expectativa era minha, eu esperei sozinha.
A expectativa era minha, eu imaginei uma vida.
A expectativa era minha, a demora foi cruel, as probabilidades brutais, e depois disso tudo, o resultado foi indiferente. 
A expectativa era minha, eu quebrei a cara sozinha.
Depois de passar tanto tempo esperando pela realização de planos que nunca se deram o direto de existir, você passa a não ligar mais pro que resolve vir. Ainda mais quando a expectativa é apenas sua e você resolve esperar sozinho.
Eu poderia vivê-la, eu poderia nunca vê-la, tudo era incerto.
E por isso mesmo que optei por fazer o certo e esperar pela expectativa sozinha, pois caso não vivesse, não levaria ninguém comigo, não levaria ninguém pro mundo imaginário, nunca quis que ninguém sofresse.
 Nunca pedi que ninguém lutasse minhas batalhas, nunca quis que ninguém resolvesse os meus problemas, nunca quis que ninguém vivesse minha vida por mim, nunca quis que ninguém sofresse.
E por esse único motivo, a expectativa era minha, e apenas minha. 
E eu morri sozinha, na espera eterna, em meio aos planos sem fundamento, em meio as necessidades que eu sabia que não seriam supridas tão fácil. 
Eu aceitei o fato de que todos nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos, 
Eu me preparei durante algum tempo, eu treinei minha mente caso chegasse esse momento. 
E quando chegou, não senti nada, o tempo fez com que tudo não passasse de apenas um sonho há muito esquecido, distante na mente, sem fundamento, sem nenhum laço com a realidade. Me fez aceitar que tudo se resume a momentos e todos eles se vão com a mesma intensidade do vento. Pode ser um furacão, pode ser uma brisa, mas todos eles sempre se vão. 
O vento passou, e levou minha expectativa, que era só minha, a realidade inexistente que sobrevive em uma outra dimensão na vida de alguém que não sou eu. E assim ela veio, e assim ela se foi, não deixou nada pra trás, pois nunca esteve aqui, nunca realmente foi. 
Ela era só minha, mas só eu sei.

domingo, 10 de novembro de 2013

Epifania



Gosto mais de mim gostando de mim
Tudo parece tão mais leve 
Tudo parece tão mais célebre...
Eu tenho muitos dias de gerras internas
Mas nos meus dias de festa
É como se a chuva mais cinza fosse a mais linda.

Gosto mais de mim gostando de mim
Gosto do meu cabelo voando em um ônibus por aí
Gosto de andar com quem me faz sorrir 
Gosto de celebrar a vida
Gosto de ir e vir.

Gosto mais de mim gostando de mim
Gosto quando me sinto bem sem maquiagem 
Gosto quando me sinto leve
Como se não houvesse o peso das responsabilidades 
Como se houvessem muitas possibilidades 
E todas elas me levassem à felicidade
Gosto de me sentir assim
Gosto mais de mim gostando de mim.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mega sena



Hoje entrei na brincadeira do pessoal da empresa e joguei na mega sena. É engraçado como somos capazes de planejar tudo aquilo que têm uma grande chance de não acontecer, ou que você sabe que não acontecerá nunca da forma como você planeja. 
Mas a verdade é que não posso contar com o milagre da mega sena, tenho é que continuar com a minha vergonha na cara e trabalhar, assim como todo mundo que quer muita coisa e tem pouco dinheiro. Todas as situações são temporárias, tanto as boas quanto as ruins, e é por isso que eu acredito que podemos conseguir quaisquer coisas que quisermos, só é preciso esforço, dedicação e determinação, MUITA determinação. Porque de vez em quanto bate aquele desespero, aquela sensação de estar plantando muito e não estar colhendo nada que te faz ter um desejo diabólico de simplesmente chutar tudo e gritar. Eu sinto isso quase todos os dias, em diferentes momentos, e se não fosse uma pessoa determinada, já teria gritado meia dúzia de palavrões pra muitas pessoas e metido o pé sei lá pra onde. De qualquer forma, eu dou um jeito, eu sempre dou um jeito, pois sempre há um jeito. Eu não tenho preguiça mental, minha mente vai longe, elabora as mais diferentes saídas e entradas e eu sempre acho uma maneira de fazer o que eu quero ou de resolver um problema. 
Uma vez um professor meu disse que eu tenho o dom da imaginação. Na hora, eu achei que havia sido apenas uma maneira que ele encontrou pra falar sobre a minha distração em variados momentos da aula, mas depois eu entendi o que ele quis dizer. Acontece que este não era um professor qualquer, era um cara de muita percepção e inteligência, realmente o melhor professor que já tive. E minhas distrações momentâneas não me impediram de ter as notas mais altas da turma, pois eu sempre me concentrava nas horas mais importantes. 
O fato de eu saber tudo isso, sobre determinação, foco e luta, todo esse papo clichê, etc, nunca me impediu e nunca me impedirá de sonhar. Pois há uma Carolina aqui dentro de mim extremamente sonhadora, e eu gosto de mantê-la bem viva e bem perto, pois os sonhos são o que nos fazem suportar muitas coisas, são eles que nos dão força pra continuar tentando. Os sonhos são o combustível da esperança, pois sem esperança estamos todos acabados. E é por isso que eu entrei na brincadeira da mega sena. Entrei na brincadeira de achar que poderia terminar de pagar o curso sem me descabelar, entrei na brincadeira de achar que poderia pagar uma PUC da vida rindo caso não passe pra uma federal, entrei na brincadeira de achar que poderia comprar uma casa, um carro, viajar pra qualquer lugar, ficar uns dois anos viajando pelo mundo depois da faculdade, e depois voltar pra dar uma de rica humilde e exercer o diploma. Entrei nessa brincadeira toda, sou humana ué.

domingo, 3 de novembro de 2013

Sempre e Nunca

Esperando
Sempre esperando o que nunca vi chegando
Impressionante como totais opostos são capazes de entrelaçarem-se tanto.
Sempre e Nunca
Juntos numa mesma frase
Sempre e Nunca 
Presos numa eternidade.

Se a vida fosse justa 
Sempre e Nunca jamais estariam juntos
Se a vida fosse justa 
Não existiriam tantas dimensões com tantas versões nossas
Seria apenas esta
Onde acontece tudo aquilo que interessa 
Onde conseguiríamos fazer com que Sempre e Nunca jamais convivessem. 
Mas vivemos em um mundo onde Sempre e Nunca são apaixonados 
E o que torna o amor deles possível 
É o que torna o nosso impossível.

E assim vivemos, numa terra de feridos 
Onde tantos outros lutam com seus corações partidos 
Onde tantos outros esperam por aquilo que nunca viram 
Onde todos nós vivemos no caos 
Simplesmente porque Sempre e Nunca são apaixonados
Simplesmente porque eu sou Sempre e você é Nunca 
Simplesmente porque nunca nos vimos 
Simplesmente porque nunca sentimos. 




sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fios



Não consigo parar de pensar que cada coisa, até mesmo o nosso corpo tem uma maneira de encontrar seu equilíbrio. Um exemplo? Quando eu seco meu cabelo de manhã com o secador e depois vou pro trabalho, ele vai armando na rua, em pouco tempo estou uma mini poodle.  É a maneira dele dizer que eu estou trapaceando, que eu deveria esperar secar naturalmente, que eu deveria respeitar o tempo de cada coisa.
E eu tenho mesmo essa mania de atropelar as coisas. Sou impaciente, sou ansiosa, sou uma pessoa certa com alguns fios errados. O problema é que meus fios tem vida curta. Renascem sempre, mas tem vida curta, então querem viver o máximo que podem no pouco tempo que têm. É por isso que eu sou tão impaciente. Mas todos os dias alguém estoura todos os fios sem nem saber que fez isso. E o pior é que nem sempre os fios renascem, como os meus. Todos os dias pessoas certas nascem em lugares errados, e pessoas erradas nascem nos lugares certos. A vida não é justa. Eu me pergunto o que é mais difícil: Pessoas certas largarem todas as coisas erradas na tentativa de chegar a qualquer lugar que seja certo, ou as pessoas erradas remendarem seus fios e acabarem se tornando certas.  Ou será que as pessoas erradas não aguentam nada disso e resolvem enfim procurar por identificação num lugar errado? Eu não sei o que se passa na cabeça das pessoas, teria que fazer a contagem de fios pra saber. Mas ninguém pode fazer isso, pois cada um sabe apenas dos próprios fios, pois eles ficam num lugar inalcançável que quem não vive ali dentro, junto com eles, não pode entender. Os padrões são únicos e indecifráveis.
Eu já estive por um fio algumas vezes. Agora imagine ficar por um fio por dois anos? Tinha dias em que eu conseguia remendar alguns, mas nos outros, eles apenas voltavam a se arrebentar. E nesses dias em que todos voltavam a se arrebentar e restava apenas um, eu queria apenas ir embora e nunca mais voltar. Até que eu finalmente fui. E quando eu segui em frente, aquele último fio cansado finalmente pode arrebentar e morrer em paz. E aí nasceram novos fios em mim. Todos eles fortes e esperançosos, e assim permaneceram por quase um ano. Até que todos eles começaram a enfraquecer lenta e dolorosamente e eu enfraqueci junto. E  de repente, num dia qualquer de janeiro, todos eles recuperaram a cor e eu recuperei minha esperança. E agora estou aqui, com metade dos meus fios inteiros e fortes e a outra metade morta no chão. Quase um ano se passou desde que eles retomaram a fora, e agora aqui estão eles querendo morrer de novo. Eles tem seu próprio ciclo, e eu sou obrigada a respeitar. É a minha natureza, e não posso me obrigar a viver em guerra comigo mesma o tempo todo só pra agradar essas pessoas erradas nesse lugar errado. Pra falar a verdade, eu deveria ir embora. Pois com todos os meus fios errados, ainda sim, sou certa. E ser certa no lugar errado é uma coisa que me atormenta desde sempre. 
Aquela coisa dentro de você que te diz pra simplesmente largar tudo e ir, são os fios pedindo paz. Eles não querem morrer, então pedem para que você vá pra qualquer lugar capaz de salvá-los. Infelizmente a maioria das pessoas não respeita esses instintos, e então são infelizes. Eu tento o máximo que posso. Nem sempre é possível, mas eu realmente dou atenção. Quero que meus fios vivam bem no curto período das inúmeras vidas que eles têm. E quero viver bem também.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Todos nós sabemos


Sabemos que o ano está acabando quando começa o Horário de Verão. E junto com ele, vem em dosagem máxima todo o calor que existe no mundo. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos na rua a primeira de muitas Lojas Americanas com enfeites de Natal.
Sabemos que o ano está acabando quando sentimos a pele fritando no Sol, sabemos que o ano está acabando quando só nos sentimos bem sob a água mais gelada que conseguimos encontrar, e colocar um dedo pra fora da água significa começar a suar. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos um bando de retardados bronzeados pela rua. Todos eles com a pele avermelhada, ou no mínimo sensível, todos eles desconfortáveis sem conseguir dormir, mas mesmo assim com um sorriso enorme no rosto só porque estão com uma porcaria de uma marca de biquíni, ou com a marca de uma mão nas costas. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos um monte de gente postando coisas sobre "missão cumprida para o Projeto Verão" e todas essas babaquices. 
Sabemos que o ano está acabando quando não conseguimos sair de casa no fim de semana sem encontrar um engarrafamento do inferno porque todo mundo resolveu ir pra praia pra tentar encontrar a água mais gelada do mundo e ficar ridiculamente bronzeado. Mas na verdade só o que eles encontram é falta de espaço na areia, e um mar mijado. 
Sabemos que o ano está acabando quando todo mundo começa a falar "Nossa, esse ano voou!" ou "Como esse ano passou rápido, parece que foi ontem que eu vi os fogos do Ano Novo!"
Sabemos que o ano está acabando quando todo mundo começa a planejar a viagem de férias. 
Sabemos que o ano está acabando quando o shopping enche de gente tomando sorvete de iogurte pra não estragar o "Projeto Verão".
Sabemos que o ano está acabando quando ficamos sem apetite e vemos os termômetros na rua marcando 31° mesmo as 19:00 horas, porque ainda está Sol, por causa da porcaria do Horário de Verão. Isso quando não vemos 40°.
Sabemos que o ano está acabando quando começamos a planejar o ano seguinte sem nem ter acabado o atual. Projetos e mais projetos pro papel, incluindo o "Verão" do ano seguinte, que poucas pessoas conseguem cumprir. A maioria só fica no papel mesmo.
Sabemos que o ano está acabando quando os parentes começam a se telefonar pra saber em qual casa será o Natal.
Sabemos que o ano está acabando quando nem aquela pessoa que odeia usar chinelo fora de casa ou fora da praia, começa a usar em qualquer lugar, porque os pés estão inchados e nenhum outro sapato entra.
Sabemos que o ano está acabando quando as pessoas começam a encher a cara de cerveja além do normal, porque "uma gelada desce bem no Verão".
Sabemos que o ano está acabando quando as pessoas começam a planejar quantas simpatias irão fazer no Ano Novo, durante a queima de fogos.

Eu sei que o ano está acabando quando sinto que minhas noites têm sido roubadas e que estão me castigando com mais Sol do que a minha pele branquela consegue aguentar. 
Eu sei que o ano está acabando quando começo a "nostalgiar" sobre a vida e coisa e tal além do normal. 
Eu sei que o ano está acabando quando me sinto enjoada e com dor de cabeça todos os dias por causa do calor. 
Eu sei que o ano está acabando quando começo a pensar nas comidas de Natal, por causa da minha gordice crônica haha.
Eu sei que o ano está acabando quando a cidade começa a encher de turistas e eu trabalho mais do que o normal.
E eu também estou sabendo que o ano está acabando por ficar ouvindo as pessoas ao meu redor dizerem que os navios turísticos estão chegando. Isso significa que se eu conseguir ter Natal, vou ter que sair correndo pra casa da minha mãe em cima da hora e provavelmente chegar atrasada por causa do engarrafamento. Será um Natal completamente diferente de todos que eu já tive até hoje, talvez eu leve um Tender pra comer no ônibus. Não posso reclamar, afinal, sou eu que sempre digo que odeio rotina. 

E todo mundo sabe que o ano está acabando quando textos como esse são escritos. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sem nenhuma razão



Num dia de chuva qualquer eu ando pela rua devagar 
Não presto atenção em nada que não sejam as poças d'água
Pulo algumas, mas caio em outras 
Até que por fim passo a me guiar pelos passos de outra  pessoa 
Alguém que anda na minha frente e desvia das poças sabiamente 
Alguém mais concentrado em fazer cada coisa bem feita e lentamente.

Passo por um mendigo em frente a uma farmácia
Sinto pena, mas como a maioria das pessoas, não paro
Não posso perder o guia na minha frente.
Cada um só se preocupa com suas próprias poças 
A fome dos outros não existe no estômago de quem já comeu alguma coisa.

Passo por outro mendigo 
Mas este está comendo 
Come como se fossem tirar a comida dele a qualquer momento 
Como se não existisse mais nada além daquilo
Como se não existisse chuva 
Ou como se ele tivesse uma casa ou um abrigo. 
Come como se não tivesse mais nada com o que se preocupar se não aquele frango seco 
Acompanhado de montanhas de feijão e arroz e alguns legumes feios 
A felicidade se resume a uma comida no alumínio 
No meio da chuva numa quarta à noite 
Com o mundo inteiro desviando de poças 
Com gotas espirradas e folhas espalhadas.

Eu continuo andando pra casa
Sinto algumas gotas em meus tornozelos nos locais em que a calça jeans não cobre 
Meu All Star inunda lentamente 
E eu sigo os passos do mesmo estranho na mesma calçada.
Ouço John Mayer cantando You're no one til someone lets you down 
Depois de ter vindo no ônibus ouvindo Wheel
Depois de ter tido tantos outros dias como esse 
No imundo e bonito Rio.

Mas estranhamente só hoje escrevi esse poema na minha mente 
Andando pela chuva e avistando os mesmos mendigos 
Vendo coisas que sempre vejo
Pensando no que farei amanhã 
Pensando no que fiz hoje
Cantando as mesmas músicas mentalmente 
Nessa rotina capaz de enlouquecer muita gente.
Os passos guias de repente não existem mais 
Pois ele continuou reto, e eu precisei virar pra atravessar 
E eu chego em casa e começo a pensar 
Que só hoje consegui escrever um poema mentalmente, 
sem nenhuma razão aparente.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Gone

A vida é sem sentido... Só o que fazemos é andar em círculos e repetir as mesmas coisas que outras pessoas fizeram. Tentamos viver da melhor maneira possível, viver bem em sociedade, admitir nossos defeitos, perdoar os erros alheios, pirar, amar, trabalhar, dormir, viajar, estudar, curtir, sorrir, e mesmo dando o nosso melhor, acabamos por chorar...

E aí alguém morre. Pode ser alguém da família, alguém próximo ou alguém que você nunca viu na vida, mas ainda sim, morre. E você morre. E não há nada que possamos fazer pra mudar esse fato, pois a única coisa da qual temos certeza na vida é que um dia vamos morrer. Não sabemos como nem quando, mas sabemos que esse momento virá. E o que podemos fazer até lá? Podemos viver, pois a vida é a coisa mais preciosa que temos. Até que se prove o contrário, só temos essa. Acreditar é uma coisa, saber é outra totalmente diferente. Eu acredito que todos nós vivemos muitas vidas, mas eu não sei de nada. Quem é que sabe? 
Mas nada disso importa, afinal, pessoas morrem todos os dias, a cada minuto, em vários lugares do mundo, e todos nós continuamos vivendo, como se nada tivesse acontecido, como se a vida fizesse algum sentido. 
Ficamos de luto por alguns dias, por algumas semanas, por alguns meses, mas aí nos convencemos com a falsa certeza de que seja lá quem tenha partido não iria querer ver as pessoas amadas dedicando a vida toda a chorar pela sua morte... O que é ridículo, pois ele está morto, então não quer nada, ele simplesmente não existe mais, deixou de ser gente. E quem não é gente não deseja nada, quem não é gente simplesmente não existe. Mas não, não acho certo dedicarmos uma vida inteira ao luto, mas quem sou eu para julgar? Cada um sabe da sua perda, cada um encara-a da maneira que consegue. 
Mas eu prefiro viver a minha vida da melhor maneira possível, do jeito que me fizer mais feliz, do jeito que eu preferir, do jeito que eu sentir ser certo, prefiro ser feliz nos menores momentos, pois temos muito mais desses do que dos grandes. Grandes momentos são raros, mas quando vem são muito bem aproveitados. Porém, não podemos deixar que a felicidade venha apenas nesses momentos. E é por isso que precisamos construir a felicidade em cima dos pequenos momentos. Afinal, só temos essa vida, então precisamos fazer dela uma boa vida. 
Estou feliz por ser fim de ano, pois adoro finais, pois eles significam também recomeços, renovações, e assim como sou apegada ao passado, adoro uma mudança, uma novidade. Talvez isso seja ilusão, mas a sensação que eu tenho quando um ano chega ao fim é que tudo vai ficar bem. Mesmo que esteja tudo uma merda agora, eventualmente vai ficar bem. O problema é que desde 2009, fim de ano também tem sido pra mim motivo de melancolia e tristeza. Lembro do meu primo, que tão jovem, se foi. Minha família sempre foi muito cada um pra um lado, mas o que eu mais sinto em relação a ele é a saudade de saber que ele está vivo e bem. Não ter esse tipo de coisa na vida me faz mal. Me sinto mal por ter passado tão pouco tempo com ele, me sinto mal por não ter me apegado realmente, pois na minha família é realmente cada um pra um lado. Todos se amam, todos se importam, mas é fato que nenhum de nós faz nada muito significativo pra estreitar os laços. É um amor por saber que é família, pois família além de loucura, também é muito amor. Talvez eu sinta falta mesmo é disso: dessa coisa que eu sentia quando pensava que deveríamos todos ser mais próximos, mas mesmo assim eu sempre adiava, pois tínhamos todo o tempo do mundo. Mas não, não tínhamos, não temos, e nunca teremos.  E é nessas horas que eu tenho a certeza de que a vida não tem sentido algum...

domingo, 13 de outubro de 2013

Vive correndo

Vive correndo mesmo não tendo atraso
Vive correndo mesmo que seja um lindo dia de Sol, um daqueles dias feitos para serem apreciados
Vive correndo mesmo que não tenha hora pra chegar em casa
Vive correndo mesmo sem querer chegar em casa.

Vive correndo, mesmo sem compromisso
Pra quê então a pressa? 
Ninguém sabe.
É algo que faz parte da vida, é algo que faz parte da alma 
Não se lembra de nenhuma vez que não estava correndo, não encontra nada na memória
Vive correndo, vive tentando ganhar do tempo...

Vive correndo sozinha
Vai pra todos os lados sem nenhuma companhia 
Sem dúvida, é independente 
Mas onde termina a independência e começa a solidão?
É uma questão que atormenta sua mente.

Quem sabe um dia encontre alguém que a faça parar e olhar 
Que a faça diminuir o passo e andar 
Que a faça sorrir, que a faça relaxar 
Que a faça sentir que não há nada mais para buscar.

Que a faça sentir que não há nada mais para se apressar
Quem sabe não vive correndo desse jeito por querer encontrar?
Tem pressa de encontrar aquele que a faça feliz andando devagar 
Tem pressa de encontrar aquele que a faça feliz
Que a faça viver
E esquecer de correr.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Poesias sem rima


Ela viveu tempo suficiente pra aprender 
Ela viveu tempo suficiente pra entender
Que não é preciso rima 
Para se fazer uma poesia.
E por todas as vezes em que ela se imaginou passando as mãos nos cabelos dele
E em todas elas teve certeza de que isso era completamente fora de realidade, 
Mas mesmo assim, tudo isso fazia sentido pra ela.
Como algum tipo de fantasia desconexa
Como algum tipo de realidade alternativa 
Que ela aceitaria fácil ser sua vida.
Concluiu que não é preciso rima 
Para se fazer uma poesia.

Ela andou por tanto tempo e por tantos lugares 
Ela descobriu coisas suficientes para ser inteligente 
Ela mudou e retornou as mesmas origens que tanto a incomodavam 
E mudou de novo 
E continuou andando por muito mais tempo por muitos outros lugares 
Mas dessa vez descobriu coisas suficientes para ser sábia 
Dessa vez presenciou e viveu coisas 
Que não precisam de rima 
Para se tornarem poesia.

O vento passou, 
Seu jeans desgastou,
O cabelo cresceu
Foi pintado e descabelado 
E mais uma vez, cortado
Os olhos continuaram os mesmos 
Aqueles olhos de quem não enxerga nada 
Aqueles olhos de óculos 
Que veem tudo 
Aquela expressão debochada 
Que não deixa nada passar 
Aquela mania de rimar 
Mesmo que não seja essa a coisa necessária para se fazer uma poesia.

Mesmo assim, mesmo com isso tudo
Demorou um tempo pras pessoas conseguirem perceber 
Que ela não estava mais lá
Já tinha ido havia tempo
E mesmo assim, não chegou em lugar nenhum em nenhum momento
Ela simplesmente continua indo 
Na filosofia do vento
Que às vezes sopra furioso 
E em outras, preguiçoso 
Leve como uma brisa, violento como uma tempestade. 
É, ela já teve algumas em sua curta longa vida 
É, talvez ela sempre se sinta pela metade 
É, ela se admite uma jovem idosa corajosa 
É, ela não tem paciência pra maioria das pessoas 
Pois aprendeu a se virar muito bem sozinha 
Pra não ter que aguentar coisas tolas por falta de independência.
Pois o que não lhe falta é espírito de sobrevivência 
E essa é uma das coisas na vida que não fazem sentido
Assim como poesia sem rima,
Ainda sim, poder ser poesia. 

Todos nós temos uma beleza assimétrica 
Todos nós somos poesias sem rima.




domingo, 6 de outubro de 2013

Adagas e batalhas


Havia aquela garota, havia aquele cara
Ela tinha olhos de adaga, ele tinha um sorriso que era capaz de fazer qualquer um perder uma batalha,
Mesmo tendo uma adaga.
Mesmo tendo uma adaga, ela perdeu a batalha
Caiu de joelhos, mesmo sabendo que ele não valia nada
Caiu de joelhos, largou a adaga por um beijo
Foi levada a lugares que deram a ela um novo jeito
E ele remexia em seus cabelos,
Descabelava sua mente
E ele a deixava sem fôlego
Fazendo-a esquecer mais e mais da adaga
Fazendo-a não querer mais nada.

Mas um dia, ele cansou daqueles lugares
Cansou daqueles cabelos,
Cansou daquele novo jeito
Cansou-se dela, mesmo sabendo que isso traria de volta a adaga.
E numa noite qualquer, ele foi embora, levando consigo a adaga.
Mas isso não era suficiente para fazê-la desarmada
Isso não era suficiente para evitar que ela ficasse amarga
Pois ela tinha olhos de adaga
E naquele momento estava louca para empunhá-la
Mas agora ela tinha uma nova adaga, uma adaga envenenada
E correu atrás dele, sem fôlego e descabelada
Tinha a mente congelada
Só queria mesmo era empunhar a adaga
Tinha o coração rachado
Tinha uma motivação envenenada
Só pensava em empunhar a adaga.

Tempos assim são maiores do que alguém deseja
Tempos assim são pesados
Passam arrastados
E quando passam, levam junto a felicidade
Deixam pra trás lágrimas de saudade.
São tempos de amor e ódio
São tempos de vingança e redenção
São tempos de empunhar a adaga
São tempos de esquecer o coração.

E ela não descansou até a achar aquele sorriso que a fizera perder a batalha
Mas dessa vez, seus olhos de adaga estavam bem acordados
Ela estava prestes a empunhar a adaga
Dessa vez ele perderia a batalha
Dessa vez ela faria jus a seus olhos de adaga
Dessa vez ele não controlaria nada.
E ela lutou
E ela bateu
E ela surrou
Mas quando chegou a hora de empunhar a adaga
Ela pereceu
Não podia matá-lo, não podia olhá-lo
E foi quando percebeu
Que já não possuía mais sua adagada
Ele havia roubado dela quando se foi
Ela agora possuía apenas um coração rachado, uma mente congelada e olhos envenenados
Não restava mais nada
Havia perdido a adaga
Havia sido derrotada na batalha...



sábado, 5 de outubro de 2013

Sem limites

Não existem limites quando eles nunca foram estipulados
Não existe controle, ele sempre corre das nossas mãos,
Corre por todos os lados...
Mas sempre acabamos por escolher um lado
E mesmo que não exista controle no escolhido
Ele não é necessariamente errado.

Seres humanos querem sempre controle
Seres humanos não se conformam em fazer o melhor e viver da melhor maneira o hoje
Seres humanos planejam
E perdem o controle
Seres humanos são seres que se julgam super homens

Não existem limites 
Quando você está determinado
Não existem limites quando se está disposto a evoluir
Não existem limites quando você resolve que precisa ir
Ir só pra sair daqui ou daí
Ir pra fazer coisas, ir pra conhecer lugares, ir pra que tenha uma mudança aqui
De qualquer forma tudo isso sempre se vai
Todas as coisas correm
Tudo é momentâneo, tudo é transitório, tudo é fim e início 
Tudo aquilo, ou isso.

Mas não podemos esquecer que 
Não existem limites 
Não existe uma quantidade de vezes estipulada para cada coisa que começa ou termina. 
Não existe uma quantidade estipulada de quantas vezes você pode fazer a mesma coisa errada.
Todas as coisas são escolhas
Você pode fazer tudo, ou pode não fazer nada
E vai estar escolhendo do mesmo jeito
É, não existem limites pra escolhas 
Não existem limites pra nada.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Australopitecos atuais




Ele fica sumido sei lá por quanto tempo, e num belo dia reaparece do nada. Esse é o famoso cara que demonstra querer algo, mas na verdade não quer nada. De vez em quando ele aparece pra contar mais ou menos como vai a vida, mas na verdade do que ele gosta mesmo é mostrar que ainda existe. Ele quer marcar território, mesmo sem querer nada, quer que você o cogite, e que de alguma maneira retribua falando as mesmas idiotices. Conheço alguns caras assim, nenhum deles são legais pra mim.
Ontem eu ouvi que o que homem brasileiro que não é gay quer de verdade numa mulher é peitão e bundão, e só isso. Isso é provavelmente verdade, e esse fato implanta em mim apenas o palpite de que eu nunca conseguirei me casar com um homem brasileiro se todos eles são como adolescentes no cio. Tem gente que é maravilhosamente lindo, aquela beleza que você tem certeza de que some a partir do momento em que abrem a boca. E assim tem sido os homens com quem tenho sido obrigada a conviver, e tenho tido nojo e ódio no coração de cada um deles.
Pessoas que não tem nada na cabeça que não sejam bolas de merda deveriam ser proibidas de abrir a boca, deveriam ser proibidas de tentar pensar em alguma coisa, deveriam ser proibidas de fazer algo que não seja interpretar um cabide numa passarela qualquer da vida. Não existe conversa com gente assim, não existe paciência com gente assim, não existe nada com gente assim. Isso se eles puderem ser considerados gente. Pra mim são troços que existem apenas pra implantar merda na cabeça da sociedade, reforçando uma cultura superficial e vazia, troços que deveriam estar extintos.
Não sei pra que uma pessoa que pensa assim está viva, não sei nem o que pensa da vida, isso se pensar em algo que não seja peitão, bundão e bolas de merda voadoras. Esses são os verdadeiros doentes mentais, que nascem com saúde, mas escolhem viver como boçais. Mas o que me consola é saber que um dia todos eles morrerão secos e sozinhos, pois assim como os peitões e bundões caem e se vão, um rostinho bonito e um corpo esculpido em academia também se vai, e vai pro inferno, e espero que vão mesmo pro raio que os parta, todos esses troços infelizes que sou obrigada a denominar como homens. Não digo isso de todos os homens, digo isso apenas dos espécimes que são os Australopitecos atuais.
O pior é que existem mulheres com esse tipo de pensamento também: As Australopitecas são aquelas que veem dinheiro, carro e músculos como as coisas mais importantes que existem, aquelas que passam os dias enfurnadas em academias, ou torrando o dinheiro do marido rico e velho, e nas horas vagas dando umas fugidas com o jardineiro ou com o motorista. Talvez com os dois, quem sabe? Esse tipo de mulher que faz umas vinte cirurgias plásticas e mesmo assim nunca está satisfeita, esse tipo de mulher que não se conforma de ver alguma coisa verdadeira sequer no espelho, porque a felicidade é fake, fake, fake. E acho que no caso das mulheres é ainda pior ser desse jeito, porque nós deveríamos viver como os seres evoluídos que somos, evoluídos o suficiente pra gerar outros seres. Mas as Australopitecas não geram outros seres, pois são ocas e vivem orgulhosamente de cascas, e quando conseguem a sorte de gerar outro ser, na maioria das vezes o coitado vem estragado também.
Como é possível a espécie humana regredir de tal maneira? Cadê as emoções dessas coisas, cadê a consideração pelos outros, cadê a inteligência, cadê a capacidade de raciocínio, cadê a capacidade de distinguir photoshop de realidade?
Matem todos, por favor, não estamos mais na época de ter Australopitecos entre nós. Quem não quer evoluir, pode fazer o favor de se trancar em casa e nunca mais sair, não sou obrigada a conviver com esse nível de boçalidade, e tenho certeza de que outras pessoas pensam como eu.
Ou você faz da sua existência algo digno de ser reconhecido, ou simplesmente desaparece.