quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Beleza

Todo fim de ano é a mesma nostalgia. Você repete 50988632643274 de vezes que o ano passou rápido, se lamenta que gostaria de ter feito coisas que adiou e agora não há mais tempo, jura pra si mesmo que o próximo ano será diferente, e blá blá blá, toda essa ladainha clichê. 
Eu não estou pensando apenas no meu ano de 2013. Ok, lógico que ele está no meio, foi um ano complicado, um ano difícil, mas que sem dúvida alguma, eu precisava passar pra aprender algumas coisas. Mas eu estou pensando mesmo é na minha vida, minha vida como um todo. Estou pensando que não quero ser esse tipo de pessoa que se lamenta todo fim de ano, faz planos pro próximo, mas nem sequer mexe a bunda pra colocar alguma coisa em prática. Não quero passar a vida prometendo e não cumprindo, fazendo apenas as coisas que são de praxe e deixando o que realmente importa, o que realmente faz bem pra mim, de lado. E também não quero passar a minha vida trabalhando pra nada, ganhando um dinheiro que eu não vou ter tempo de gastar por estar trancafiada. Eu quero amar a mim mesma, quero viver a minha vida, quero ser feliz. 
Se você é uma dessas pessoas que colocam todos os planos num papel pro próximo ano nunca cumpre nada, experimente planejar pra sua vida. Ou melhor, experimente não planejar, experimente levantar a bunda da sua zona de conforto e fazer. Tudo se resume à momentos. Não à anos inteiros específicos, mas momentos que compõe os dias, as semanas, os meses, os anos, tudo isso que se encaixa na sua vida. Momentos. O que importa mesmo é buscar, é conhecer, é explorar, é entrar em contato com o outro, é enxergar a si mesmo nos olhos do outro, é aceitar os desafios impossíveis e se reconhecer em cada coisa que faz parte da sua vida. É fazer da sua vida algo memorável o suficiente para ser lembrado. 
A verdadeira beleza não clama por atenção, mas às vezes, ela aparece pra você, se joga na sua frente, se esfrega na sua cara, só para que você tenha o benefício da dúvida. E quando você tem uma dúvida, quando algo te choca de verdade e te faz questionar se você está mesmo fazendo o seu melhor, se você é mesmo feliz, ah, aí sim, pode ter certeza de que algo está errado, ou simplesmente não funciona mais e você precisa mudar. Se tudo estivesse lindo e perfeito você nunca nem teria a dúvida pra começar. E a beleza também não cairia bem na sua frente só pra te sacudir. 
É assim que eu quero que seja meu 2014, é assim que eu quero que seja a minha vida. Não quero gastar todo o meu tempo virando a cara pros sinais que estão bem na minha frente. Arriscar pra mim, é a verdadeira beleza. Andar sem olhar pra trás, correr sem parar, saltar sem se arrepender. Ter a certeza de que tudo é passageiro e que por esse motivo todos nós deveríamos nos comportar como passageiros e dar nosso melhor, mas não ficar nos agarrando a farelos, jamais. Levanta a bunda daí e faz alguma coisa que realmente valha a pena. 
Andar sem olhar pra trás, correr sem parar, saltar sem se arrepender. 

É, acho que o tal do Walter Mitty me inspirou de verdade.

Feliz 2014. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

História do perdido na estrada



Quem é você?
O que você veio fazer?
Pra mim você não é nada
Pra mim você não é ninguém.
Veio por uma estrada sem rastros 
Segue por um caminho que leva até um penhasco 
Você é um nada que viaja 
Um estranho desorientado, um viciado desacordado. 
Quem é você?

Você está em contato com todos os seus emaranhados?
Esses repetitivos pensamentos que te mantém acordado 
Viajando na madrugada 
Pronto pra pular de um penhasco?
Quem é você?

Você vaga por aí com a mesma velha ferida
Você é ninguém.
Mas você é alguém.
Alguém que eu ponho em versos 
E nesses versos te dou vida.
Uma vida sem penhascos,
Cicatrizo sua ferida 
Te dou direção, apago seus fracassos.
Mas estes são apenas versos  
Versos de alguém que não te conhece.

Você é um estranho desorientado 
Pensa que está desesperado, mas está apenas cansado. 
Eu te ponho nos meus versos, eu seco suas lágrimas 
Conto essa história como se não fosse nada.
E mesmo dando outro rumo pra sua trajetória 
Mesmo colocando esses versos na sua memória 
Nada muda o fato de que você não sabe quem é. 
Pra mim você é um viajante estranho, perdido numa estrada esfarelada.
Pra mim você não é ninguém
E pra você, eu não sou nada.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Replay



É como ouvir Slow Dancing In a Burning Room andando na chuva.
É a vontade que eu tenho de aprender a tocar guitarra só pra aprender aquele solo.
E enquanto deixo a água cair sobre mim, penso no quanto sou bloqueada em tantos sentidos... 
E no quanto seria libertador escrever uma música assim.

É ter um Natal em família, estar entre as pessoas que você ama, mas mesmo assim sentir que falta alguma coisa.
É passar a vida sentindo isso, sem saber o motivo
É querer ir embora o tempo todo, mas não conseguir cruzar a porta...
Ah, eu tenho coragem.
O que me prende aqui vai muito além da coragem.

Se as pessoas soubessem do emaranhado que se passa na minha cabeça 
Nunca mais me veriam do mesmo jeito
Se as pessoas soubessem o quanto eu não sinto tanta saudade assim da maior parte delas 
Me esqueceriam sem dor, não que eu me importe de verdade.
Houve um tempo em que me importava 
Até encontrar alguém que me fez querer que ninguém mais soubesse quem eu era 
Até encontrar alguém que me fez querer desaparecer pra todos, só pra ficar presa num pequeno sonho
E depois que eu acordei desse pequeno sonho, ah... Eu nunca mais fui a mesma
Pois eu nasci pra ter curtos momentos 
Mas sempre longos tormentos.
E essa coisa toda vem e vai na minha cabeça 
E eu só queria criar uma música como Slow Dancing 
Queria me livrar desse passado impregnado 
Queria ir embora, queria abandoná-lo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um sorriso

Assim como o brilho da noite é mágico
E um banho gelado no calor é um paraíso 
Você é pra mim, um sorriso.

E como eu achava que nadar em águas claras era mais seguro
Por ironia, me apaixonei por teus olhos escuros.
E como numa marcha silenciosa, caminhei até você
Dei o maior dos saltos no escuro.

E logo eu que sempre quis ir embora
Quero criar raízes agora
Ou te levar comigo.
Você iria? Você embarcaria no desconhecido?
Está pronto pra abraçar a maior das ironias?
Se você disser que sim, vamos agora
Se você disser que não, digo que nada disso nunca existiu na minha memória
E fico aqui com você, e ser feliz será a minha única trajetória.

Pois eu sempre quis encontrar alguém assim 
Mas achava que precisava ir embora
E que o grande momento da minha vida seria o maior dos encontros 
Onde tudo passaria a fazer sentido
Ou ficasse de vez completamente perdido.

Mas aqui, eu achei você
No último minuto te encontrei
Na última chance te amei 
No último suspiro mudei 
Na escolha, saltei.

Você é pra mim um sorriso
E todos os planos perdidos
O maior dos paraísos desconhecidos 
Olhos escuros gentis, uma lágrima, um sorriso.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Parada



O tempo passa, e eu não fiz nada.
Eu não sou o tipo de pessoa que esquece
Eu não sou o tipo de pessoa que não reconhece 
O tempo passa, e tudo aquilo continua lá pra mim.
Assim como tanto tempo se passou como se não fossa nada
Mesmo que eu tenha ficado aqui 
Mesmo não fazendo nada.

Eu sou o tipo de pessoa que precisa estar em contato com o novo o tempo todo
Porque eu nunca esqueço o que se foi
Porque eu preciso distrair a minha mente de toda essa carga passada
Eu preciso de novidades.

E eu não aguento ficar muito tempo parada na mesma coisa
Principalmente quando tanto tempo se passa e eu não consigo fazer nada
Eu fico louca, não aguento essa repetição
Eu enlouqueço quando começo a pensar nas minhas coisas
Porque nunca acaba, é uma imensidão.

E eu não gosto que mexam nas minhas coisas.
Eu adoro as pessoas
Mas me viro muito bem sozinha
Não preciso de ninguém se metendo na minha briga
Não preciso ser invadida 
Nem mesmo quando eu passo todo esse tempo sem fazer nada.

Eu preciso de renovação
Eu preciso descer na última parada.
Porque a próxima, é muito próxima
E quando corro atrás de renovação preciso de tudo diferente 
Principalmente quando já passei tanto tempo sem fazer nada
Preciso sumir pra nunca mais ser achada 
Preciso ir longe pra não ficar sem fazer nada.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nada

Dizem que não se pode voltar pra casa
Mas eu continuo voltando
Meus pensamentos não me deixam seguir
Essas lembranças me empurram
E eu me sinto sufocada, me sinto perdida no nada.

Estou no meio do nada
No meio do nada naquela minha casa
Não há nada lá pra mim
Mas mesmo assim, é lá que estou 
E não aqui
Eu continuo voltando, continuo vagando no nada
Aquela casa não existe mais, é simplesmente nada
Mas eu continuo voltando, continuo vagando no nada.

Aquela terra que me fez forte 
Aquela terra que tentou me tirar a sorte 
Aquela terra que tantas vezes me fez querer a morte
Aquela terra, que deveria estar morta
Mas não morre.
Não morre, pois continuo indo pra lá
Continuo me perdendo numa teia de lembranças que não existem mais
Continuo me prendendo com correntes imaginárias 
E porta-retratos quebrados.

Essas lembranças não existem mais
Essas lembranças não são nada
Mas mesmo assim, eu continuo voltando pra elas.
Continuo voltando pra mesma casa
Vagando no meio do nada.

Talvez um desbloqueio



Às vezes escrever é tão difícil... Principalmente quando sua cabeça está cheia de ideias, tantas, que fica quase impossível de se concentrar só em uma. Dizem que escritores são calados, observadores ao extremo, sempre gravando cada passo e cada palavra de cada uma das pessoas que estão à sua volta. Dizem que escritores estão sempre concentrados no mundo dos outros, menos em seus próprios. Acho que isso me faz então, uma não escritora.
Eu falo muito. Não calo a boca, quem me conhece sabe que eu sou assim, puxei meu pai. Mas nos dias em que estou quieta, nos dias em que meus olhos parecem apenas estar abertos, como figurantes, pois não assimilam nada, eu não estou observando ninguém, eu estou totalmente imersa em meus pensamentos, estou vivendo num outro mundo. Não me leve a mal, eu falo muito, mas também adoro uma história, sou uma boa ouvinte. É assim com os livros, é assim com as músicas, é assim com os filmes e seriados. Eu adoro uma boa história, seja ela épica, seja ela ridícula. Se ela é boa, eu vou me interessar. Talvez seja por isso que tantas pessoas com as quais eu perco contato aparecem num belo dia muito tempo depois, me querendo como ouvinte para seus problemas e frequentemente como conselheira. Não sei se estou em posição de aconselhar alguém, provavelmente não, mas quando digo algo pra alguém como aconselhamento, digo de coração, digo desejando do fundo da minha alma que as coisas melhorem pra quem quer que tenha vindo me procurar, não consigo negar ajuda pra ninguém. E se você está se perguntando se por um acaso eu fico irritada por ser procurada pela maioria das pessoas apenas pra isso, eu digo que não. Eu costumava ficar muito irritada, mas isso já acontece desde a infância. Eu tinha que me acostumar eventualmente. 
Isso fez de mim mais forte. Nada como os problemas dos outros pra você esquecer os seus, mesmo que seja por apenas um momento. Eu sou irritante, sou independente, não fico esperando por ninguém. Faço a maioria das coisas sozinha e não me incomodo. Às vezes é mais complicado assim, mas é assim que eu gosto, faço do meu jeito, como eu quero, quando eu quero. Eu sigo as minhas regras, e se eu me ferrar, não levo ninguém comigo, assim como se fizer algo que dê certo, o mérito é só meu. Aprendi a gostar da minha própria companhia, aprendi a me virar. Não me leve à mal, não é que eu não goste de estar com pessoas, eu adoro, mas não fico esperando estar com as pessoas. Se estiver, ótimo, se não estiver, vou sozinha. Questão de costume.