sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fios



Não consigo parar de pensar que cada coisa, até mesmo o nosso corpo tem uma maneira de encontrar seu equilíbrio. Um exemplo? Quando eu seco meu cabelo de manhã com o secador e depois vou pro trabalho, ele vai armando na rua, em pouco tempo estou uma mini poodle.  É a maneira dele dizer que eu estou trapaceando, que eu deveria esperar secar naturalmente, que eu deveria respeitar o tempo de cada coisa.
E eu tenho mesmo essa mania de atropelar as coisas. Sou impaciente, sou ansiosa, sou uma pessoa certa com alguns fios errados. O problema é que meus fios tem vida curta. Renascem sempre, mas tem vida curta, então querem viver o máximo que podem no pouco tempo que têm. É por isso que eu sou tão impaciente. Mas todos os dias alguém estoura todos os fios sem nem saber que fez isso. E o pior é que nem sempre os fios renascem, como os meus. Todos os dias pessoas certas nascem em lugares errados, e pessoas erradas nascem nos lugares certos. A vida não é justa. Eu me pergunto o que é mais difícil: Pessoas certas largarem todas as coisas erradas na tentativa de chegar a qualquer lugar que seja certo, ou as pessoas erradas remendarem seus fios e acabarem se tornando certas.  Ou será que as pessoas erradas não aguentam nada disso e resolvem enfim procurar por identificação num lugar errado? Eu não sei o que se passa na cabeça das pessoas, teria que fazer a contagem de fios pra saber. Mas ninguém pode fazer isso, pois cada um sabe apenas dos próprios fios, pois eles ficam num lugar inalcançável que quem não vive ali dentro, junto com eles, não pode entender. Os padrões são únicos e indecifráveis.
Eu já estive por um fio algumas vezes. Agora imagine ficar por um fio por dois anos? Tinha dias em que eu conseguia remendar alguns, mas nos outros, eles apenas voltavam a se arrebentar. E nesses dias em que todos voltavam a se arrebentar e restava apenas um, eu queria apenas ir embora e nunca mais voltar. Até que eu finalmente fui. E quando eu segui em frente, aquele último fio cansado finalmente pode arrebentar e morrer em paz. E aí nasceram novos fios em mim. Todos eles fortes e esperançosos, e assim permaneceram por quase um ano. Até que todos eles começaram a enfraquecer lenta e dolorosamente e eu enfraqueci junto. E  de repente, num dia qualquer de janeiro, todos eles recuperaram a cor e eu recuperei minha esperança. E agora estou aqui, com metade dos meus fios inteiros e fortes e a outra metade morta no chão. Quase um ano se passou desde que eles retomaram a fora, e agora aqui estão eles querendo morrer de novo. Eles tem seu próprio ciclo, e eu sou obrigada a respeitar. É a minha natureza, e não posso me obrigar a viver em guerra comigo mesma o tempo todo só pra agradar essas pessoas erradas nesse lugar errado. Pra falar a verdade, eu deveria ir embora. Pois com todos os meus fios errados, ainda sim, sou certa. E ser certa no lugar errado é uma coisa que me atormenta desde sempre. 
Aquela coisa dentro de você que te diz pra simplesmente largar tudo e ir, são os fios pedindo paz. Eles não querem morrer, então pedem para que você vá pra qualquer lugar capaz de salvá-los. Infelizmente a maioria das pessoas não respeita esses instintos, e então são infelizes. Eu tento o máximo que posso. Nem sempre é possível, mas eu realmente dou atenção. Quero que meus fios vivam bem no curto período das inúmeras vidas que eles têm. E quero viver bem também.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Todos nós sabemos


Sabemos que o ano está acabando quando começa o Horário de Verão. E junto com ele, vem em dosagem máxima todo o calor que existe no mundo. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos na rua a primeira de muitas Lojas Americanas com enfeites de Natal.
Sabemos que o ano está acabando quando sentimos a pele fritando no Sol, sabemos que o ano está acabando quando só nos sentimos bem sob a água mais gelada que conseguimos encontrar, e colocar um dedo pra fora da água significa começar a suar. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos um bando de retardados bronzeados pela rua. Todos eles com a pele avermelhada, ou no mínimo sensível, todos eles desconfortáveis sem conseguir dormir, mas mesmo assim com um sorriso enorme no rosto só porque estão com uma porcaria de uma marca de biquíni, ou com a marca de uma mão nas costas. 
Sabemos que o ano está acabando quando vemos um monte de gente postando coisas sobre "missão cumprida para o Projeto Verão" e todas essas babaquices. 
Sabemos que o ano está acabando quando não conseguimos sair de casa no fim de semana sem encontrar um engarrafamento do inferno porque todo mundo resolveu ir pra praia pra tentar encontrar a água mais gelada do mundo e ficar ridiculamente bronzeado. Mas na verdade só o que eles encontram é falta de espaço na areia, e um mar mijado. 
Sabemos que o ano está acabando quando todo mundo começa a falar "Nossa, esse ano voou!" ou "Como esse ano passou rápido, parece que foi ontem que eu vi os fogos do Ano Novo!"
Sabemos que o ano está acabando quando todo mundo começa a planejar a viagem de férias. 
Sabemos que o ano está acabando quando o shopping enche de gente tomando sorvete de iogurte pra não estragar o "Projeto Verão".
Sabemos que o ano está acabando quando ficamos sem apetite e vemos os termômetros na rua marcando 31° mesmo as 19:00 horas, porque ainda está Sol, por causa da porcaria do Horário de Verão. Isso quando não vemos 40°.
Sabemos que o ano está acabando quando começamos a planejar o ano seguinte sem nem ter acabado o atual. Projetos e mais projetos pro papel, incluindo o "Verão" do ano seguinte, que poucas pessoas conseguem cumprir. A maioria só fica no papel mesmo.
Sabemos que o ano está acabando quando os parentes começam a se telefonar pra saber em qual casa será o Natal.
Sabemos que o ano está acabando quando nem aquela pessoa que odeia usar chinelo fora de casa ou fora da praia, começa a usar em qualquer lugar, porque os pés estão inchados e nenhum outro sapato entra.
Sabemos que o ano está acabando quando as pessoas começam a encher a cara de cerveja além do normal, porque "uma gelada desce bem no Verão".
Sabemos que o ano está acabando quando as pessoas começam a planejar quantas simpatias irão fazer no Ano Novo, durante a queima de fogos.

Eu sei que o ano está acabando quando sinto que minhas noites têm sido roubadas e que estão me castigando com mais Sol do que a minha pele branquela consegue aguentar. 
Eu sei que o ano está acabando quando começo a "nostalgiar" sobre a vida e coisa e tal além do normal. 
Eu sei que o ano está acabando quando me sinto enjoada e com dor de cabeça todos os dias por causa do calor. 
Eu sei que o ano está acabando quando começo a pensar nas comidas de Natal, por causa da minha gordice crônica haha.
Eu sei que o ano está acabando quando a cidade começa a encher de turistas e eu trabalho mais do que o normal.
E eu também estou sabendo que o ano está acabando por ficar ouvindo as pessoas ao meu redor dizerem que os navios turísticos estão chegando. Isso significa que se eu conseguir ter Natal, vou ter que sair correndo pra casa da minha mãe em cima da hora e provavelmente chegar atrasada por causa do engarrafamento. Será um Natal completamente diferente de todos que eu já tive até hoje, talvez eu leve um Tender pra comer no ônibus. Não posso reclamar, afinal, sou eu que sempre digo que odeio rotina. 

E todo mundo sabe que o ano está acabando quando textos como esse são escritos. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sem nenhuma razão



Num dia de chuva qualquer eu ando pela rua devagar 
Não presto atenção em nada que não sejam as poças d'água
Pulo algumas, mas caio em outras 
Até que por fim passo a me guiar pelos passos de outra  pessoa 
Alguém que anda na minha frente e desvia das poças sabiamente 
Alguém mais concentrado em fazer cada coisa bem feita e lentamente.

Passo por um mendigo em frente a uma farmácia
Sinto pena, mas como a maioria das pessoas, não paro
Não posso perder o guia na minha frente.
Cada um só se preocupa com suas próprias poças 
A fome dos outros não existe no estômago de quem já comeu alguma coisa.

Passo por outro mendigo 
Mas este está comendo 
Come como se fossem tirar a comida dele a qualquer momento 
Como se não existisse mais nada além daquilo
Como se não existisse chuva 
Ou como se ele tivesse uma casa ou um abrigo. 
Come como se não tivesse mais nada com o que se preocupar se não aquele frango seco 
Acompanhado de montanhas de feijão e arroz e alguns legumes feios 
A felicidade se resume a uma comida no alumínio 
No meio da chuva numa quarta à noite 
Com o mundo inteiro desviando de poças 
Com gotas espirradas e folhas espalhadas.

Eu continuo andando pra casa
Sinto algumas gotas em meus tornozelos nos locais em que a calça jeans não cobre 
Meu All Star inunda lentamente 
E eu sigo os passos do mesmo estranho na mesma calçada.
Ouço John Mayer cantando You're no one til someone lets you down 
Depois de ter vindo no ônibus ouvindo Wheel
Depois de ter tido tantos outros dias como esse 
No imundo e bonito Rio.

Mas estranhamente só hoje escrevi esse poema na minha mente 
Andando pela chuva e avistando os mesmos mendigos 
Vendo coisas que sempre vejo
Pensando no que farei amanhã 
Pensando no que fiz hoje
Cantando as mesmas músicas mentalmente 
Nessa rotina capaz de enlouquecer muita gente.
Os passos guias de repente não existem mais 
Pois ele continuou reto, e eu precisei virar pra atravessar 
E eu chego em casa e começo a pensar 
Que só hoje consegui escrever um poema mentalmente, 
sem nenhuma razão aparente.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Gone

A vida é sem sentido... Só o que fazemos é andar em círculos e repetir as mesmas coisas que outras pessoas fizeram. Tentamos viver da melhor maneira possível, viver bem em sociedade, admitir nossos defeitos, perdoar os erros alheios, pirar, amar, trabalhar, dormir, viajar, estudar, curtir, sorrir, e mesmo dando o nosso melhor, acabamos por chorar...

E aí alguém morre. Pode ser alguém da família, alguém próximo ou alguém que você nunca viu na vida, mas ainda sim, morre. E você morre. E não há nada que possamos fazer pra mudar esse fato, pois a única coisa da qual temos certeza na vida é que um dia vamos morrer. Não sabemos como nem quando, mas sabemos que esse momento virá. E o que podemos fazer até lá? Podemos viver, pois a vida é a coisa mais preciosa que temos. Até que se prove o contrário, só temos essa. Acreditar é uma coisa, saber é outra totalmente diferente. Eu acredito que todos nós vivemos muitas vidas, mas eu não sei de nada. Quem é que sabe? 
Mas nada disso importa, afinal, pessoas morrem todos os dias, a cada minuto, em vários lugares do mundo, e todos nós continuamos vivendo, como se nada tivesse acontecido, como se a vida fizesse algum sentido. 
Ficamos de luto por alguns dias, por algumas semanas, por alguns meses, mas aí nos convencemos com a falsa certeza de que seja lá quem tenha partido não iria querer ver as pessoas amadas dedicando a vida toda a chorar pela sua morte... O que é ridículo, pois ele está morto, então não quer nada, ele simplesmente não existe mais, deixou de ser gente. E quem não é gente não deseja nada, quem não é gente simplesmente não existe. Mas não, não acho certo dedicarmos uma vida inteira ao luto, mas quem sou eu para julgar? Cada um sabe da sua perda, cada um encara-a da maneira que consegue. 
Mas eu prefiro viver a minha vida da melhor maneira possível, do jeito que me fizer mais feliz, do jeito que eu preferir, do jeito que eu sentir ser certo, prefiro ser feliz nos menores momentos, pois temos muito mais desses do que dos grandes. Grandes momentos são raros, mas quando vem são muito bem aproveitados. Porém, não podemos deixar que a felicidade venha apenas nesses momentos. E é por isso que precisamos construir a felicidade em cima dos pequenos momentos. Afinal, só temos essa vida, então precisamos fazer dela uma boa vida. 
Estou feliz por ser fim de ano, pois adoro finais, pois eles significam também recomeços, renovações, e assim como sou apegada ao passado, adoro uma mudança, uma novidade. Talvez isso seja ilusão, mas a sensação que eu tenho quando um ano chega ao fim é que tudo vai ficar bem. Mesmo que esteja tudo uma merda agora, eventualmente vai ficar bem. O problema é que desde 2009, fim de ano também tem sido pra mim motivo de melancolia e tristeza. Lembro do meu primo, que tão jovem, se foi. Minha família sempre foi muito cada um pra um lado, mas o que eu mais sinto em relação a ele é a saudade de saber que ele está vivo e bem. Não ter esse tipo de coisa na vida me faz mal. Me sinto mal por ter passado tão pouco tempo com ele, me sinto mal por não ter me apegado realmente, pois na minha família é realmente cada um pra um lado. Todos se amam, todos se importam, mas é fato que nenhum de nós faz nada muito significativo pra estreitar os laços. É um amor por saber que é família, pois família além de loucura, também é muito amor. Talvez eu sinta falta mesmo é disso: dessa coisa que eu sentia quando pensava que deveríamos todos ser mais próximos, mas mesmo assim eu sempre adiava, pois tínhamos todo o tempo do mundo. Mas não, não tínhamos, não temos, e nunca teremos.  E é nessas horas que eu tenho a certeza de que a vida não tem sentido algum...

domingo, 13 de outubro de 2013

Vive correndo

Vive correndo mesmo não tendo atraso
Vive correndo mesmo que seja um lindo dia de Sol, um daqueles dias feitos para serem apreciados
Vive correndo mesmo que não tenha hora pra chegar em casa
Vive correndo mesmo sem querer chegar em casa.

Vive correndo, mesmo sem compromisso
Pra quê então a pressa? 
Ninguém sabe.
É algo que faz parte da vida, é algo que faz parte da alma 
Não se lembra de nenhuma vez que não estava correndo, não encontra nada na memória
Vive correndo, vive tentando ganhar do tempo...

Vive correndo sozinha
Vai pra todos os lados sem nenhuma companhia 
Sem dúvida, é independente 
Mas onde termina a independência e começa a solidão?
É uma questão que atormenta sua mente.

Quem sabe um dia encontre alguém que a faça parar e olhar 
Que a faça diminuir o passo e andar 
Que a faça sorrir, que a faça relaxar 
Que a faça sentir que não há nada mais para buscar.

Que a faça sentir que não há nada mais para se apressar
Quem sabe não vive correndo desse jeito por querer encontrar?
Tem pressa de encontrar aquele que a faça feliz andando devagar 
Tem pressa de encontrar aquele que a faça feliz
Que a faça viver
E esquecer de correr.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Poesias sem rima


Ela viveu tempo suficiente pra aprender 
Ela viveu tempo suficiente pra entender
Que não é preciso rima 
Para se fazer uma poesia.
E por todas as vezes em que ela se imaginou passando as mãos nos cabelos dele
E em todas elas teve certeza de que isso era completamente fora de realidade, 
Mas mesmo assim, tudo isso fazia sentido pra ela.
Como algum tipo de fantasia desconexa
Como algum tipo de realidade alternativa 
Que ela aceitaria fácil ser sua vida.
Concluiu que não é preciso rima 
Para se fazer uma poesia.

Ela andou por tanto tempo e por tantos lugares 
Ela descobriu coisas suficientes para ser inteligente 
Ela mudou e retornou as mesmas origens que tanto a incomodavam 
E mudou de novo 
E continuou andando por muito mais tempo por muitos outros lugares 
Mas dessa vez descobriu coisas suficientes para ser sábia 
Dessa vez presenciou e viveu coisas 
Que não precisam de rima 
Para se tornarem poesia.

O vento passou, 
Seu jeans desgastou,
O cabelo cresceu
Foi pintado e descabelado 
E mais uma vez, cortado
Os olhos continuaram os mesmos 
Aqueles olhos de quem não enxerga nada 
Aqueles olhos de óculos 
Que veem tudo 
Aquela expressão debochada 
Que não deixa nada passar 
Aquela mania de rimar 
Mesmo que não seja essa a coisa necessária para se fazer uma poesia.

Mesmo assim, mesmo com isso tudo
Demorou um tempo pras pessoas conseguirem perceber 
Que ela não estava mais lá
Já tinha ido havia tempo
E mesmo assim, não chegou em lugar nenhum em nenhum momento
Ela simplesmente continua indo 
Na filosofia do vento
Que às vezes sopra furioso 
E em outras, preguiçoso 
Leve como uma brisa, violento como uma tempestade. 
É, ela já teve algumas em sua curta longa vida 
É, talvez ela sempre se sinta pela metade 
É, ela se admite uma jovem idosa corajosa 
É, ela não tem paciência pra maioria das pessoas 
Pois aprendeu a se virar muito bem sozinha 
Pra não ter que aguentar coisas tolas por falta de independência.
Pois o que não lhe falta é espírito de sobrevivência 
E essa é uma das coisas na vida que não fazem sentido
Assim como poesia sem rima,
Ainda sim, poder ser poesia. 

Todos nós temos uma beleza assimétrica 
Todos nós somos poesias sem rima.




domingo, 6 de outubro de 2013

Adagas e batalhas


Havia aquela garota, havia aquele cara
Ela tinha olhos de adaga, ele tinha um sorriso que era capaz de fazer qualquer um perder uma batalha,
Mesmo tendo uma adaga.
Mesmo tendo uma adaga, ela perdeu a batalha
Caiu de joelhos, mesmo sabendo que ele não valia nada
Caiu de joelhos, largou a adaga por um beijo
Foi levada a lugares que deram a ela um novo jeito
E ele remexia em seus cabelos,
Descabelava sua mente
E ele a deixava sem fôlego
Fazendo-a esquecer mais e mais da adaga
Fazendo-a não querer mais nada.

Mas um dia, ele cansou daqueles lugares
Cansou daqueles cabelos,
Cansou daquele novo jeito
Cansou-se dela, mesmo sabendo que isso traria de volta a adaga.
E numa noite qualquer, ele foi embora, levando consigo a adaga.
Mas isso não era suficiente para fazê-la desarmada
Isso não era suficiente para evitar que ela ficasse amarga
Pois ela tinha olhos de adaga
E naquele momento estava louca para empunhá-la
Mas agora ela tinha uma nova adaga, uma adaga envenenada
E correu atrás dele, sem fôlego e descabelada
Tinha a mente congelada
Só queria mesmo era empunhar a adaga
Tinha o coração rachado
Tinha uma motivação envenenada
Só pensava em empunhar a adaga.

Tempos assim são maiores do que alguém deseja
Tempos assim são pesados
Passam arrastados
E quando passam, levam junto a felicidade
Deixam pra trás lágrimas de saudade.
São tempos de amor e ódio
São tempos de vingança e redenção
São tempos de empunhar a adaga
São tempos de esquecer o coração.

E ela não descansou até a achar aquele sorriso que a fizera perder a batalha
Mas dessa vez, seus olhos de adaga estavam bem acordados
Ela estava prestes a empunhar a adaga
Dessa vez ele perderia a batalha
Dessa vez ela faria jus a seus olhos de adaga
Dessa vez ele não controlaria nada.
E ela lutou
E ela bateu
E ela surrou
Mas quando chegou a hora de empunhar a adaga
Ela pereceu
Não podia matá-lo, não podia olhá-lo
E foi quando percebeu
Que já não possuía mais sua adagada
Ele havia roubado dela quando se foi
Ela agora possuía apenas um coração rachado, uma mente congelada e olhos envenenados
Não restava mais nada
Havia perdido a adaga
Havia sido derrotada na batalha...



sábado, 5 de outubro de 2013

Sem limites

Não existem limites quando eles nunca foram estipulados
Não existe controle, ele sempre corre das nossas mãos,
Corre por todos os lados...
Mas sempre acabamos por escolher um lado
E mesmo que não exista controle no escolhido
Ele não é necessariamente errado.

Seres humanos querem sempre controle
Seres humanos não se conformam em fazer o melhor e viver da melhor maneira o hoje
Seres humanos planejam
E perdem o controle
Seres humanos são seres que se julgam super homens

Não existem limites 
Quando você está determinado
Não existem limites quando se está disposto a evoluir
Não existem limites quando você resolve que precisa ir
Ir só pra sair daqui ou daí
Ir pra fazer coisas, ir pra conhecer lugares, ir pra que tenha uma mudança aqui
De qualquer forma tudo isso sempre se vai
Todas as coisas correm
Tudo é momentâneo, tudo é transitório, tudo é fim e início 
Tudo aquilo, ou isso.

Mas não podemos esquecer que 
Não existem limites 
Não existe uma quantidade de vezes estipulada para cada coisa que começa ou termina. 
Não existe uma quantidade estipulada de quantas vezes você pode fazer a mesma coisa errada.
Todas as coisas são escolhas
Você pode fazer tudo, ou pode não fazer nada
E vai estar escolhendo do mesmo jeito
É, não existem limites pra escolhas 
Não existem limites pra nada.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Australopitecos atuais




Ele fica sumido sei lá por quanto tempo, e num belo dia reaparece do nada. Esse é o famoso cara que demonstra querer algo, mas na verdade não quer nada. De vez em quando ele aparece pra contar mais ou menos como vai a vida, mas na verdade do que ele gosta mesmo é mostrar que ainda existe. Ele quer marcar território, mesmo sem querer nada, quer que você o cogite, e que de alguma maneira retribua falando as mesmas idiotices. Conheço alguns caras assim, nenhum deles são legais pra mim.
Ontem eu ouvi que o que homem brasileiro que não é gay quer de verdade numa mulher é peitão e bundão, e só isso. Isso é provavelmente verdade, e esse fato implanta em mim apenas o palpite de que eu nunca conseguirei me casar com um homem brasileiro se todos eles são como adolescentes no cio. Tem gente que é maravilhosamente lindo, aquela beleza que você tem certeza de que some a partir do momento em que abrem a boca. E assim tem sido os homens com quem tenho sido obrigada a conviver, e tenho tido nojo e ódio no coração de cada um deles.
Pessoas que não tem nada na cabeça que não sejam bolas de merda deveriam ser proibidas de abrir a boca, deveriam ser proibidas de tentar pensar em alguma coisa, deveriam ser proibidas de fazer algo que não seja interpretar um cabide numa passarela qualquer da vida. Não existe conversa com gente assim, não existe paciência com gente assim, não existe nada com gente assim. Isso se eles puderem ser considerados gente. Pra mim são troços que existem apenas pra implantar merda na cabeça da sociedade, reforçando uma cultura superficial e vazia, troços que deveriam estar extintos.
Não sei pra que uma pessoa que pensa assim está viva, não sei nem o que pensa da vida, isso se pensar em algo que não seja peitão, bundão e bolas de merda voadoras. Esses são os verdadeiros doentes mentais, que nascem com saúde, mas escolhem viver como boçais. Mas o que me consola é saber que um dia todos eles morrerão secos e sozinhos, pois assim como os peitões e bundões caem e se vão, um rostinho bonito e um corpo esculpido em academia também se vai, e vai pro inferno, e espero que vão mesmo pro raio que os parta, todos esses troços infelizes que sou obrigada a denominar como homens. Não digo isso de todos os homens, digo isso apenas dos espécimes que são os Australopitecos atuais.
O pior é que existem mulheres com esse tipo de pensamento também: As Australopitecas são aquelas que veem dinheiro, carro e músculos como as coisas mais importantes que existem, aquelas que passam os dias enfurnadas em academias, ou torrando o dinheiro do marido rico e velho, e nas horas vagas dando umas fugidas com o jardineiro ou com o motorista. Talvez com os dois, quem sabe? Esse tipo de mulher que faz umas vinte cirurgias plásticas e mesmo assim nunca está satisfeita, esse tipo de mulher que não se conforma de ver alguma coisa verdadeira sequer no espelho, porque a felicidade é fake, fake, fake. E acho que no caso das mulheres é ainda pior ser desse jeito, porque nós deveríamos viver como os seres evoluídos que somos, evoluídos o suficiente pra gerar outros seres. Mas as Australopitecas não geram outros seres, pois são ocas e vivem orgulhosamente de cascas, e quando conseguem a sorte de gerar outro ser, na maioria das vezes o coitado vem estragado também.
Como é possível a espécie humana regredir de tal maneira? Cadê as emoções dessas coisas, cadê a consideração pelos outros, cadê a inteligência, cadê a capacidade de raciocínio, cadê a capacidade de distinguir photoshop de realidade?
Matem todos, por favor, não estamos mais na época de ter Australopitecos entre nós. Quem não quer evoluir, pode fazer o favor de se trancar em casa e nunca mais sair, não sou obrigada a conviver com esse nível de boçalidade, e tenho certeza de que outras pessoas pensam como eu.
Ou você faz da sua existência algo digno de ser reconhecido, ou simplesmente desaparece.