quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fuja


Fuja, fuja, fuja.
Às vezes fugir é a melhor opção para quem não tem outra que não seja tornar-se parte do chão.
Fuja de fofocas, fuja de desperdícios e de qualquer coisa que possa se tornar um vício.
Fuja de tudo aquilo que possa se tornar algo pra te empurrar do precipício.

Fuja, fuja, fuja.
Recusar um problema não é se tornar covarde
É saber até onde pode ir
E com isso, não se enrolar
E não perder a oportunidade de sempre sorrir.
Não, não deixe que os problemas dos outros tirem de você o direito de sorrir.
Não minta, apenas não fique para ouvir
Simplesmente fuja de tudo aquilo que não te faz bem e para outras pessoas também.

Fuja, fuja, fuja.
Poupe-se da loucura alheia.
Não ouça nada que possa te enterrar sob a mais pesada areia.
Uma teia de fofocas ou de problemas tende a arrebentar em algum dia
Por isso cuidado, é melhor fugir de certas companhias.
Você nunca sabe quem pode estourar a sua teia
Ou quem pode te causar agonias...
Em todo caso, não construa a teia
Seja livre, proteja-se da maldade alheia.

Fuja, fuja, fuja
Não vale a pena ficar e se tornar uma pessoa suja.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Personas


Gosto que o meu perfume passeie
Pela mente das pessoas e as despenteie.
Gosto de poder dar amor
Quando alguém está sentindo dor.
Eu gosto de muita cor,
E sabor,
Calor...
Mas calor apenas das pessoas
Na maior parte do tempo, quero que o clima esteja frio
Só para que eu possa sentir melhor o calor delas todas,
E sua presença e sorrisos.

Dizem que os loucos têm charme
Dizem que os certinhos demais não têm coragem...
Coragem de fazer uma grande mudança,
Ou de cortar o cabelo,
Ou de admitir os erros,
E dar uma boa gargalhada como uma criança
E desse jeito, a cada dia, renovar a esperança.

Há pessoas de todas as formas e jeitos
Há muitos bonitos e feios
Há os chatos e loucos
E há também o pior tipo:
Quem não vive, apenas existe.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Amiga




Não sinto falta de ter amigos. Apenas sinto falta de ter pessoas ao meu redor, pois eu gosto de observá-las.
Gosto de fazer parte de suas pequenas vidas recheadas de problemas - isso me ajuda a me afastar um pouco dos meus e entender que todos sempre estão insatisfeitos, não importa se com coisas graves ou idiotas, pois este é o ser humano, um eterno insatisfeito, sempre procurando algo mesmo sem saber o que é. Acho que é isso que nos move e nos motiva a mudar e não permanecer congelados.
Nunca tive amigos e agora, olhando pra trás, tenho certeza disso. Eu sempre fui amiga de muitas pessoas, mas ser amigo não é a mesma coisa que ter amigos. Sempre ouvi muitas pessoas, sempre dei muitos conselhos, sempre molhei os ombros com lágrimas e sufoquei pessoas com abraços, mas nunca, jamais, tive nada disso de volta da maneira que eu sempre dei. Não posso reclamar, pois as pessoas são diferentes umas das outras, e de mim principalmente. Se nem eu entendo muito bem a minha cabeça, imagina as outras pessoas... E talvez essa seja a minha sina: ser amiga de muitos, mas não ter nenhum amigo.
Desde criança sempre fui esse tipo de pessoa, que gosta de ajudar e aconselhar as pessoas. Não que não quisesse que eles me ouvissem também - sempre quis encontrar alguém que me desse a importância que eu dou pra cada um deles, mas isso nunca aconteceu. E de certa forma, isso sempre foi meio terapêutico pra mim, afinal, quem não se sente mais leve, mais em paz, quando consegue ajudar alguém? Tem gente que não se importa, mas eu não consigo ver alguém sofrendo e não tentar fazer algo pra ajudar. Talvez eu seja apenas intrometida, ou talvez o mundo precise de mais pessoas que se importem com os outros e que não fiquem o tempo todo concentrados em suas vidas monótonas.
Eu sou péssima em inventar histórias sobre pessoas, mas escreveria inúmeros livros com as histórias dos outros, com toda certeza. A ficção que sai de mim sempre é baseada em fatos, eu nunca escrevo algo totalmente inventado. Posso melhorar, emoldurar, exagerar, dramatizar, adicionar adjetivos fortes, mas a base é sempre real. E é disso que eu gosto: dar vida exagerada à vidas extremamente paradas. Tiro todo mundo do coma com as palavras, seja escrevendo, seja falando. Acho que isso é o que um amigo faz, mesmo que não tenha em troca o mesmo. Posso não ter amigos, mas pelo menos posso dizer que sou amiga de alguém. Poucos têm esse privilégio, a maioria inveja os amigos secretamente e prega pequenas peças para que continue cada um em seu devido lugar. Eu quero mais é que cada um seja grande à sua própria maneira, porém da minha parte, cuido eu, não posso esperar por ninguém, só eu posso fazer por mim.
Talvez eles sejam meus amigos apenas pelo fato de me deixarem ser amiga deles, pois poucas coisas me deixam mais feliz do que ajudar alguém. Posso não conseguir sempre, mas eu sempre tento ser útil pras pessoas. E não é isso o que os amigos fazem? Proporcionam uns aos outros pequenos momentos de felicidade e satisfação pessoal...?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Buraco negro

Ela sentia alegria
Mas por dentro, aquele velho sentimento de derrota, ria...
Ria de deboche.
O riso era como um aviso
De que estava para vir um boicote.

E em alguns momentos ela era realmente feliz
Pois estavam acontecendo coisas que ela sempre quis
Mas quando ninguém estava olhando
Ela deixava vir à superfície
sua verdadeira essência:
Ela era dona de uma alma triste.

Algumas pessoas não entendem porque não conseguem ser felizes
Mesmo com todos os motivos possíveis...
Mas aquela garota tinha um buraco
Que era muito mais fundo e antigo
Do que qualquer momento de felicidade recém acontecido.
Ela não sabia como lidar com aquilo
Ela não sabia como expulsar de vez aquela sensação de vazio.

E foi aí então, que ela percebeu que seu sonho de ser feliz para sempre
Nunca seria possível
Para uma pessoa de alma triste como ela
O ideal era se contentar com alguns momentos de felicidade
Momentos breves, apenas para alimentar um pouco seu coração utópico.
Momentos ilusórios, pois a realidade era mesmo um fardo cheio de ausências e espaços...


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Trem

O trem dá sinais de que vai partir. Vai começar, ele está acelerando lentamente até atingir uma velocidade contínua. E ele continua. E continua. E continua. Continua seguindo para o lugar de destino, mas quem é que sabe se ele realmente vai conseguir nos levar a esse lugar de destino? E se algo acontecer durante o trajeto? E se algo acontecer com os trilhos da estação, ou com a sinalização, ou com qualquer outra coisa? E se ele pegar fogo? E se...?

Tudo pode acontecer, mas cedo ou tarde chegamos ao nosso destino, seja lá qual for ele. Pode ser uma pessoa, pode ser uma descoberta, pode ser o fim de uma grande trajetória. Pode ser qualquer coisa, desde que essa coisa chegue. E quando ela chegar, é o fim, não resta mais nada, é o fim da viagem, é o fim das expectativas, o fim dos planos e ideias. É o fim de um motivo  para viver. Mas será que realmente existe fim? Toda vez que chegamos ao fim, automaticamente iniciamos uma nova trajetória para um novo fim. Então o fim não existe verdadeiramente. É apenas uma porta que se fecha para uma próxima ser aberta.

Quem pega o trem na estação tem uma ideia do que vai acontecer. Sabe pra onde o trem vai, sabe como vai, sabe que vai começar a viagem lentamente e a um certo momento atingir uma velocidade que pode até dar medo. Ou simplesmente causar adrenalina, mas uma adrenalina que faz sorrir pela euforia que esta provoca. Quem pega o trem na estação sabe de tudo isso, mas e quem pega o trem já em movimento? Ou na próxima estação? Quem pega algo com meio caminho andado, ou um quarto do caminho andado, ou mais da metade do caminho andado não sabe onde está pisando, não sabe onde está se metendo, não sabe de nada. Quem pega algo que já tem história só tem tempo de fazer um breve reconhecimento do local e torcer para que dê tudo certo. Quem pega algo em movimento só tem tempo de lutar pra conseguir subir a bordo, torcer pra não cair e rezar para que seja conforme o esperado. Quem pega um trem em movimento só pode desejar que lá dentro ainda haja um lugar. Um lugar que fique entre pessoas não tão sofridas, ou não tão perdidas, ou não tão sem esperança, ou não tão velhas. Quem pega um trem em movimento quer alguém para compartilhar ideias, quer alguém para construir junto com ela. Porém, quem pega um trem em movimento sabe que isso raramente acontece. Quem se mete em local já ocupado só pode se moldar aos costumes e regras. Quem se mete em local já ocupado só pode torcer para não ser rejeitado. Quem se mete em local já ocupado tem que se preparar para todas as surpresas que vão acontecer pelo caminho. Quem se mete em local movimentado, tem que dar graças a Deus se tiver um lugar, mesmo que seja apertado. 

Há pessoas que se transformam para dar certo no meio de um trem cheio e já em movimento, mas há pessoas que tentam se adaptar sem se auto negar. Essas pessoas geralmente descem na próxima estação, mas em raras vezes conseguem esvaziar todo um vagão. Pode ser por ter ganhado confiança e admiração, ou pode ser por fuga coletiva, ou expulsão. 

Mas quem pode saber o que acontecerá num trem em movimento? Quem pode saber se é boa ideia entrar num lugar já ocupado, quem pode saber se não é precipitado? Ninguém pode saber, mas para ter as respostas, é preciso entrar e ver o que pode acontecer. Se não der certo, a próxima estação estará sempre disponível para descer. E nela você pode pegar um próximo trem ou simplesmente sair da estação e ver o que há de bom. 
O fim não existe, porque ele não tem fim.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Em chamas



Pessoas como eu, que têm o espírito da revolta dentro de si, estão sempre loucas a procura de algo novo, de algo diferente, de algo que ponha a alma em êxtase e o coração em chamas.

Mas estes são tempos de paz. A guerra acabou, e as fagulhas que transformaram tudo em chamas a algum tempo atrás, se acabaram, se acalmaram. Todos foram para as suas casas, celebrar o fim da guerra, e eu, saí, saí como nunca saí antes, depois de ter ficado presa durante todo o período de guerra. 
No tempo em que fiquei presa, lembro-me de ter acendido fósforos repetidamente, na esperança de que aquela pequena luz em meus dedos se ampliasse e iluminasse todo o mundo. Que iluminasse o meu mundo, que há muito tempo andava apagado e opaco. E acontece que um dia, um dos fósforos se metamorfoseou em uma pessoa. Letícia, meu anjo da guarda, minha amiga que nunca esqueceu de mim, mesmo que eu tenha ficado tanto tempo sumida. Letícia foi a mediadora para um tratado de paz dentro da guerra que eu travava comigo mesma fazia tempo. Às vezes pessoas são só pessoas. Em outras, pessoas são o fator que determinam o tudo e o nada, o novo e velho, a derrota e a esperança. O que seríamos se não estivéssemos conectados a outras pessoas ao longo de nossas vidas misteriosas? Esta conexão em particular, me libertou de tal maneira que eu estou em um estado de espírito tão radiante, que não há palavra inventada para descrevê-lo da maneira que ele que ele é por inteiro.
Eu passei algum tempo num estado de coma. Não tinha nada a me agarrar, não tinha esperança para me reconfortar, não tinha luz pra me guiar. Eu não sentia nada e não queria sentir. Não sabia o que fazer e não sabia pra onde ir. Mas esses são tempos passados. Pois minha alma de revolução está mais desperta do que nunca e tudo aquilo que eu achava que tinha acabado dentro de mim voltou com tudo. São tempos de paz, mas mesmo em tempos de paz, pequenas revoluções acontecem todos os dias, vem sutilmente, ninguém sente. E quando você percebe, quando você se olha no espelho, entende que nunca mais será o mesmo. Quando a mente se abre, nunca mais volta a se fechar. Mas com isso vêm as consequências, e muitas outras percepções que você não tinha antes. Mesmo em tempos de paz, todos os dias a revolução permanece viva dentro de você. Em mim ela tem a energia de uma jovem sonhadora, determinada e acelerada. Pra mim é tudo ou nada, e eu espero que seja sempre assim.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O diferente


Entre joias pode haver latão.
Pode haver lama, vidro e enganação.
Mas mesmo que todas as joias juntas sejam mais brilhantes, verdadeiras e bonitas do que o latão
É fato de que será sempre ele quem irá chamar mais atenção.

O diferente atrai.
O diferente desperta sensações - mesmo que negativas.
O diferente causa dúvidas
E confirmações.
O diferente sempre atinge de alguma forma.
E causa reações súbitas.

Entre joias e lama
Entre a beleza e o drama
O diferente sempre deixa todos em estado de alerta
Como uma bomba
Que ninguém sabe se vai explodir
Mas todos se precavêem antes.

Porém o diferente tem uma coisa que a bomba não tem:
Ele não precisa de ninguém pra apertar o botão
E ele não espera que todos possam fugir
Pois sem que ninguém possa perceber ou sentir
Ele muda tudo sem nem precisar explodir.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


"Quando à beira da morte, Alexandre - o Grande - convocou os seus generais e relatou seus 3 últimos desejos:

1 - que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;

2 - que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...); e

3 - que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões.

Alexandre explicou:

1 - Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;

2 - Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;

3 - Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos."

domingo, 6 de janeiro de 2013

Qualquer lugar

Menina perdida, onde você mora?
Você não sabe seu endereço?
Você não lembra o caminho?
Nem mesmo o começo?

Menina perdida, qual é o seu nome?
Você não sabe quem é?
Não sabe como ir ou pra onde?
Vai de ônibus ou a pé?

"Eu não sei onde é minha casa, seu moço.
Passei por alguns lugares
Então não sei onde moro agora.
Acho que não tenho casa
Acho que já não pertenço a nada, a nenhum lugar
Acho que qualquer lugar pode ser meu se eu apenas andar."

Como você pode dizer isso menina?
Todos têm uma casa, ninguém vive apenas andando.
Me diga menina, onde é seu lugar, 
Vou te levar.

"Mas seu moço, já disse, não tenho lugar.
Não tenho casa e mesmo que tivesse, não saberia como chegar.
Aqui mesmo pode ser meu lugar
Ou ali mais na frente
Ou ali mais atrás
Depende de onde eu queira ficar.
Mas não importa
Qualquer lugar pode ser meu se eu apenas andar."

sábado, 5 de janeiro de 2013

Normalidades

Acho engraçado essas pessoas que conhecem o amor de suas vidas no cinema, no shopping, na livraria, no ônibus, em qualquer lugar onde você não espera interação com outra pessoa, apenas com quem estiver com você ou com o que você estiver fazendo. Não falo em balada, porque em balada ninguém encontra a alma gêmea. Em balada ninguém quer nada, é só a noite, só o momento, bem diferente de encontrar o amor da sua vida. Mas é incrível como nos filmes o amor da sua vida está sempre ali na esquina mais próxima, como se houvesse alma gêmea na mesma quantidade que prostituta de madrugada.
Vou ao cinema toda semana, sozinha mesmo, sem nenhum problema. Quem senta do meu lado? Moças gordas, caras estranhos, gente que puxa assunto na hora do filme; mas o recorde mesmo pertence aos idosos. Deve ser meu carma. 
Teve uma vez que estava voltando da casa da minha mãe e tive que aturar ficar toda espremida, torta, super desconfortável, por mais de duas horas dentro do ônibus fedorento que atravessa a Ponte Rio-Niterói. Calor do inferno, engarrafamento do inferno e eu lá, sentada do lado de um cara que mais parecia um gorila que uma pessoa. Ele era todo largo, tinha um tronco enorme, braços enormes (não soube distinguir se era gordura ou músculo, mas acho que isso não importava muito pro meu desconforto) e irritantemente ficava encostando em mim o tempo todo. Eu olhava pro homem e ficava imaginando ele batendo no peito feito um gorila no meio da selva e a minha vontade era dar um soco nele, empurrar, fazer algo pra afastá-lo. Mas não fiz nada, até porque minha mão pequena desapareceria naquele ser. E assim foram mais de duas horas espremida.
Enfim, o que eu quero dizer é que a realidade não é tão linda quanto o que imaginamos. A realidade é chata, é mal educada, é fedorenta, é um gorila que engole toda a nossa esperança no mundo e nos seres humanos. A realidade é capaz destruir qualquer momento que deveria ser suave, relaxante, ou simplesmente normal. A minha realidade na maioria das vezes é cômica, irritante ou ridiculamente chata. Mas acho que a vida real é assim pra maioria das pessoas, não só pra mim. 
Pelo menos ainda consigo rir disso tudo depois de um tempo, e aumentar cada vez mais minha lista de momentos esquisitos. Enquanto isso vou vivendo, fazendo minhas coisas, escrevendo, observando as pessoas. Nem tudo é muito bom e nem muito ruim, às vezes a normalidade é apenas um meio termo. Mas na maioria das vezes as coisas acontecem pra mim como 8 ou 80, vai saber o motivo.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Velha garota


Hoje não estava a fim de fazer nada que não fosse ler. Acordei e li, apenas li. Me deixei levar por aquelas palavras tão distantes da minha realidade enquanto tomava meu café.
Ultimamente não tenho tido vontade de tirar os fones dos ouvidos. É tanta besteira que ouço quando os tiro, muita reclamação, excesso de importância para coisas insignificantes ou desprezíveis. Os fones me salvam de muito ataque de raiva, de muita tristeza, de muita revolta... Graças a Deus os tenho.
Nesse tempo chuvoso que está agora, nada melhor do que ler um livro, ouvir uma música ou ir ao cinema. Qualquer coisa que me deixe longe dessa gente que só sabe reclamar do cinza do dia, e que não sabe aproveitar a vida e nem ignorar certas coisas. Eu estava mal, mas estou ficando bem. E não é por causa de alguém, é por mim, pela minha cabeça, minhas músicas, livros e filmes. Se eu fosse ficar esperando que alguém fosse me ajudar, esperaria dormindo. Mesmo que dormir seja mais uma coisa que me deixa feliz.
Gosto do drama e dos lamentos da Lana, gosto do otimismo e do espírito aventureiro da Martha, gosto dos filmes com história, mesmo que sejam clichês. Eu gosto do simples e gosto do intenso. É um contraste que me orgulho de ter em minha personalidade, pois é assim que a vida é. As coisas mais simples, na maioria das vezes também são as mais intensas, e eu gosto de tudo o que desperta a minha alma e a minha mente. Eu gosto de ser desafiada, de ser estimulada, de ter contato com o novo, e relembrar as velharias da minha vida. Sou nova, mas às vezes escrevo como uma velha. E eu não ligo. Eu só quero amar, dançar, ler, dormir, assistir e viver. Quero sempre viver. Às vezes como uma garota, em outras como uma velha.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Reflexos embaçados



Eu não tenho uma família grande como as daquelas pessoas que a avó teve mais de 10 filhos e por causa disso tem sei lá quantos mil tios e sei lá quantos milhões de primos, mas eu tenho os quatro avós vivos. Que tal isso? Meus avós paternos - Rita e Lecy; e meus avós maternos - Regina e Éldio. Todos eles com seus respectivos problemas de saúde, mas bem vivinhos.
Na minha mania de observar, percebi que algumas manias e características minhas são hereditárias. Minha avó Rita tem mania de sentar e ficar olhando pros pés, exatamente como eu; meu avô Éldio tem mania de reclamar loucamente quando está revoltado com alguma coisa ou alguém, exatamente como eu; meu avô Lecy é viciado em música, sendo capaz de passar um dia inteiro ouvindo, exatamente como eu; minha avó Regina tem mania de escrever tudo o que ela acha importante ser lembrado, mesmo que ela nunca mais vá ler o que escreveu, exatamente como eu. Minha maneira rápida de andar vem da minha avó Rita e do meu pai, mas minha pisada forte vem do meu avô Éldio; a minha teimosia vem da minha mãe e do meu avô Éldio. Minha aparência é um misto estranho de portugueses, alemães, índios, italianos, africanos e espanhóis  que deu mais ou menos certo (não sei como). Minha bunda exagerada vem da minha avó Regina, minha sobrancelha falhada vem do meu avô Éldio, meu pai tem um sinal entre o peito como eu, meus pés são muito parecidos com os da minha mãe, assim como as costas largas, e meu nariz de batatinha tem origem antiga numa parte da minha família por parte de pai, que pra mim começa pelo meu avô Lecy, mesmo que a batata dele seja maior do que a minha.
Dentro de todas essas características herdadas, eu me pergunto se alguém é realmente capaz de ser original. Quer dizer, além de sermos "hereditários", também somos em grande parte produtos do meio em que vivemos, então, será que alguém tem alguma característica própria? É como se fôssemos uma massa de bolo que foi assada em várias fôrmas diferentes. Será?
Ao mesmo tempo em que eu enxergo tantas semelhanças, também não escapa de meus olhos que eu consigo ser completamente diferente da minha família em muitos outros aspectos e talvez seja por esse motivo que nenhum deles nunca entendeu a minha cabeça muito bem. Eu sou confusa, há muito a ser dito sobre mim, pois a jornada do autoconhecimento nunca acaba e por eu ter plena consciência disso e eles não, ficamos com falta de assunto muitas vezes. Sempre fui uma menina precoce na maioria das coisas, e essa é uma outra coisa da qual eles nunca gostaram... Minha individualidade e vontade de ser independente desde criança, sempre incomodou. Mas é assim que uma família deve ser, certo? Cada um unido pelas semelhanças, e devidamente reconhecido como ser humano único por suas diferenças. Se somos apenas reflexos, somos reflexos embaçados, pois é esse embaçado que muitas vezes mostra a todos, como cada um de nós é único e especial à sua própria maneira. Cada ser humano com seu livre arbítrio, qualidades, defeitos e semelhanças conectados por um sentimento em comum: amor.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Insana

Eu sou insana
Quando me sinto assim, preciso sumir
Quando me sinto assim, quero me perder por aí.

Eu sou insana
Resultado de muitas irresponsabilidades juntas
Que pertencem a pessoas idiotas
Mas eu não pertenço a elas.

Eu sou insana
Desde a nascente mais pura de minhas veias
Até a última célula do meu coração.
Posso ser ventania ou brisa de verão.
Me sentar com classe, ou largada no chão.

Eu sou insana
E porque sou assim, ninguém me chama
Mas me provocam de maneiras diversas, intensas, rasas e espertas.

Eu sou insana
Mas não sempre.
Como nada é eterno mesmo
Meus estados de humor são apenas instantes
São insanidades da minha alma que anda sempre distante.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Instantes


Somos instantes
Duramos o mesmo tempo que leva para riscar o fósforo e criar o fogo
Acabamos na mesma hora em que uma gota se funde com o resto da água.

Somos instantes
O tempo em que o Sol leva pra aparecer completamente no céu
Os minutos em que ele leva pra se por.

Somos instantes
Cada onda do mar, a cada segundo em que se quebram, quebramos também.
Cada grão de areia que se fecha em torno de nossos pés, nos fechamos na sensação de apreciar a massagem involuntária
E essa sensação passa tão rápido quanto cada grão que não se distingue de nossos olhos que olham ao longe
Olhos que se fecham e se abrem em um instante.

Somos instantes
Cada passo
Cada abraço
Cada amasso
Cada sorriso
Cada sumiço.
Acabam junto com cada um de nós.
A cada dia se acaba mais
E todos os dias só ficam pra trás.

Cada coisa que se acaba
Ou começa e não dá em nada.
Somos instantes,
Sempre iguais
Somos os mesmos de agora e talvez os mesmos depois
Somos sempre os mesmos instantes de antes.
Como fogos de artifício que duram apenas um segundo dentro da divisa entre o velho e o novo.
Nada mais do que um instante.