sábado, 30 de janeiro de 2016

Mês


Não é apenas uma temporada 
É a minha vida. 
Minha vida que anda por aí meio perdida, meio jogada 
Meio sem rumo, meio sem nada.

Já não há propósito nos dias.
Universo, ajude-me a suportar isso. 
Cada pedaço penetra na minha pele como espinhos de cáquito.
Já não há leveza, nem naturalidade 
Já nem mesmo consigo dizer 
Nada sobre isso. 
Me sinto presa num labirinto sem fim
Onde tudo repete-se de novo, de novo e de novo 
E eu desmaio inúmeras vezes sem parar 
E sempre que acordo, tudo é ainda o mesmo 
Eu não consigo escapar.

Já não consigo nem mesmo escrever...
Minha alma fechou-se para mim
Pois minha mente anda muito lotada e barulhenta
Não há espaço pra nada. 
Minhas mãos, escravas, tremem nervosamente, pois não sabem o que fazer. 
Se não sou escritora 
O que mais poderia ser? 
Se não sou escritora, como mais poderia viver 
E suportar esses dias infernais 
Que me tornam escrava da rotina 
De minha própria mente perigosa? 

Mais uma vez, sinto a necessidade de ir embora 
Me renovar, mudar, morrer e mais uma vez nascer 
Não sei porque o Universo escreveu assim meu mapa 
Fênix descontrolada, instável, faminta por mudanças, uma viciada.
É isso o que me faz escrever: 
As inconstâncias dessa vida cruel 
As coisas boas desse Universo contraditório 
A loucura que é ser eu. 

(já nem consigo mais escrever, apenas querer)
(mas insisto mesmo assim, pois sem isso, já teria morrido)
(sem conseguir voltar depois)  

domingo, 10 de janeiro de 2016

Ônibus velho


Ônibus velho 
Verão 
Calor 
Pensamento incerto 
Fones de ouvido, "Video Games"
O que mais eu preciso pra aguentar essa vida?

Perfeição não existe 
No inferno a gente se diverte 
No paraíso somos tristes 
Não duramos nada além de um segundo 
Nesse universo vagabundo 
Não existimos nem mais um minuto 
Nesse inferno de aparências

Me mostra a sua cara 
Admita que você é apenas 
Alguém nos vinte e poucos anos 
Andando num ônibus velho, no verão 
Em plena quarta 
Tentando voltar pra casa
Exausto das expectativas 
No sol de meio dia.
Não há pausa, nem alívio 
Não há nem mesmo uma brisa.

Há apenas uma garota perdida 
Num ônibus velho 
Num verão de 50° 
No sol de meio dia.

E eu não existo por nem mais um segundo 
Nessa merda de mundo vagabundo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cemitério de todas as coisas




Comigo, querido 
Te levaria até os confins da Terra 
No cemitério de todas as coisas belas que existiram um dia 
Naquelas memórias que viviam apenas em nossas mentes 
E se perderam, se foram.
Pois como tudo nesse universo
Nossa história é apenas outra história
Dentro de tantas outras perdidas
E mão resta nenhum pedaço da gente.

Sobrou você em mim
Em meus olhos e em minhas pernas trêmulas,
Em meus pedaços espalhados pelo mundo, 
E em meus tolos poemas.
Pois comigo, querido
Você disse que iria até o infinito.

Estrelas traduzem apenas amor
Estrelas que nos seguem aqui e lá 
Brilham acima de nós 
Iluminam nosso cemitério de todas as coisas 
De tudo aquilo que fomos um dia 
De tudo aquilo que vivemos 
De todo amor que é possível caber
Nos confins dessa nossa Terra.