sábado, 21 de fevereiro de 2015

Reunião

Há apenas sal na mesa 
Sal e decisões que eu não estou apta
A tomar.
Então queime as folhas 
E vamos começar como se nunca tivéssemos começado.

Não olhe pra trás 
Olhe pra mim 
Nós seguiremos em frente 
Nenhum dia antes daquele importa
Nada nunca existiu 
A vida começou no momento em que eu te vi 
 E você me despiu.

Você me despiu de todos os meus escudos 
Dos meus medos e dos meus absurdos 
E todos aqueles anos de abuso desapareceram 
No momento em que você me viu 
Nada antes disso jamais existiu.

Eu não tenho que tomar decisões 
A discórdia já aconteceu 
Não é necessário ter medo do que acontecerá 
Se o sal cair no chão. 
E entre nós há esse vão 
Que eu não quero 
Então queime as folhas 
E vamos começar como se nunca tivéssemos começado.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Acidente


Ah, tanto silêncio
Você se perdeu no quarto onde guarda as palavras sufocadas
Você se perdeu
Perdeu o fio da meada
Me perdeu nesse meio.

Eu estou aqui, as 2 da manhã
Olhando pro celular, esperando você falar
Esperando que você mande qualquer piada sem graça
Esperando qualquer sinal
Esperando que você sinta a minha falta
Por que eu ainda espero qualquer coisa, afinal?

Nós nos iludimos em uma linda mentira
Eu te amava
Você amava a ideia de que eu pudesse mudar do vinho pra água
Isso nunca aconteceu, só você virou água 
Eu não esperava.

E infelizmente eu continuo a mesma 
Eu sempre serei vinho 
Mas você era apenas água com corante, não é mesmo?
Esse era você no começo
O corante perdeu o efeito.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Agora eu entendo


Como uma mulher de séculos atrás sem conseguir sair de seu espartilho 
Eu me sinto esmagada 
Eu me sinto uma palhaça 
Presa à absolutamente nada 
Palavras vazias me fazem sentir desvalorizada 
E eu não sei agir como se não estivesse acontecendo nada.

Como um mar de ressaca
Como uma tempestade atormentada 
Nesse momento sou feita de lágrimas 
E trovoadas. 
Nesse momento me sinto uma palhaça 
Tanto tempo desperdiçado 
Tanta dedicação pra nada. 

Como uma frustrada de salto alto 
Eu me sinto uma imbecil no meio do nada 
Eu aceito que sou baixa 
Mas você foi mais baixo 
Por meses e meses fazendo o mesmo 
Por meses e meses sem dizer o óbvio 
Não podia ao menos ter sido honesto?
Eu me sinto uma palhaça.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Como eu poderia esquecer?

Em casa com um monte de fotos 
Vendo tudo de novo, o tempo todo 
Meu corpo sabe que está sozinho aqui 
Minha mente segue atordoada no passado 
Eu lembro de tudo
Como poderia esquecer?


Em casa com um monte de fotos 
Vendo tudo de novo, o tempo todo

Minha mente segue em transe 
Naquele dia me cuspiram como um gato cospe uma bola de pelos 

Me cuspiram em meio àquelas pessoas que como sempre estavam prontas 
Pra me mandar pro abate
Como eu poderia esquecer?


Então venha, sente aqui que eu te mostro as fotos 
Te conto as histórias daqueles dias 
Em que eu era mandada constantemente pro abate 
Aquela não era a melhor hora pra ser criança 
Por isso nunca mais me permiti ser covarde 
Como eu poderia esquecer?

Sangue não significava nada.

Então vem pra cá, eu tô sozinha em casa com esse bando de fotos 
O que somos nós alem de tolas crianças tentando encontrar alguma esperança?
Claramente fui equivocada 
Naquela época eu realmente achava que as pessoas poderiam mudar 
Mas eu aprendi minha lição quando me neguei a ir pro abate 
Ah, ela não gostou
Como eu poderia esquecer?


Quando você é mandado pro abate
Tem que lutar ou correr 
Não lembro bem o que eu fazia naqueles dias 
Só lembro que tinha a certeza de não ser uma vaca 
Em todas as vezes saí viva 
Mas eles não desistiam, me mandavam pro abate logo em seguida
Como eu poderia esquecer?

Em casa com um monte de fotos 
Vendo tudo de novo, o tempo todo

Meu corpo sabe que está sozinho aqui 
Eu lembro de tudo 
Como poderia esquecer? 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Rush

Estou sentada nos fundos da casa 
Com um café e música alta 
Trancada sozinha, tão atormentada 
Eu não gosto desses jogos que você faz com a minha mente 
E eu fico pensando se daqui a algum tempo ainda existirá "a gente"...

É difícil deixar de lado tudo isso que o meu coração detesta 
Ficar sozinha de madrugada 
Trancada escondida, mas tão vigiada 
Posso estar quieta, mas minha mente está agitada 
Repetindo a mesma música 
Trancada com um café nos fundos da casa 

Por que eu sinto que preciso me esconder?
Queria poder me esconder desses pensamentos 
Que não me deixam em paz nem mesmo por um momento 
Talvez eu finalmente tenha aceitado que por mais que eu tente te fazer me perceber 
Eu sempre serei invisível pra você 
E você não é capaz de entender...

Estou sentada nos fundos da casa 
E eu não gosto desses jogos que você faz com a minha mente 
Minha cabeça está cheia 
E eu me pergunto se daqui a algum tempo ainda existirá "a gente"...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Não coma o bolo

Humanos delinquentes 
Delinquentes viciados 
Todos com tendência ao vício 
Sexo arrasa tanto quanto cachaça 
Apenas não deixa resquício. 

Se vocês tem a tendência 
Se vocês tem na essência 
Melhor manterem-se afastados 
Melhor não comer nenhum pedaço 
Quem é viciado vai lamber até o prato.

Bando de desesperados 
Bando de tolos, vivendo no limite 
Seringas, pernas abertas, sensações, brigas 
Se você não aguenta, melhor não ler 
Se você não dá conta, melhor não comprar a briga 

Pra sobreviver é necessário 
Mais do que fingir que aguenta
Mais do que fingir que não liga 
Se vocês tem a tendência
Se vocês tem a essência 
Melhor manterem-se afastados 

Todos sabem o que é preciso 
Pra se perder no meio de tudo isso
Não corra o risco 
Se você tem tendência ao vício
É melhor não comer nenhum pedaço 
Quem é viciado vai lamber até o prato.