segunda-feira, 30 de abril de 2012

A coragem de recomeçar



Era uma vez, duas pessoas estranhas uma para a outra, que um dia se encontraram e se conheceram, e então não se viram mais como estranhos. Passaram algum tempo juntos algumas vezes, e, algumas semanas depois concluíram estar apaixonados.
Mais algumas semanas se passaram e a empolgação do início se misturou com a familiaridade que ambos passaram a sentir. O convívio trouxe a autenticidade de cada um, sem aquela coisa de ocultar os defeitos do início. Mas essa autenticidade não revelou apenas defeitinhos bobos, revelou também coisas irritantes e talvez até inadmissíveis um para o outro.   Mas existia ali o amor para ofuscar um pouco esses defeitos, então eles continuaram juntos.
Meses depois resolveram se casar, porque não viram mais motivos para não estarem casados. Casaram-se, e então aquela empolgação do início retornou. Ficou ali por um tempo; talvez por um ano ou um pouco mais, e então voltou o maldito convívio revelador, que deixou tudo duas vezes mais tenso do que deixou quando veio no namoro.
Começaram as brigas terríveis. Escândalos, gritarias, ódio e promessas de separação. Uma fuga de um deles por algumas horas, o quase afogamento em lágrimas do outro que fica em casa. No dia seguinte, fingiam que nada havia acontecido, perdoavam a si mesmos secretamente, mas jamais perdoavam um ao outro. Porém, é mais fácil sustentar um relacionamento prejudicial, do que tomar uma atitude e recomeçar do zero. E o que é pior, recomeçar do zero sozinho.
Com o tempo, as conversas passaram a ser superficiais e vazias e o esforço para fazer dar certo, deixou de ser sincero. Beijos não existiam mais e sexo só por obrigação. E aí então, uma grande peça de teatro se ergueu do nada, e como se para não desapontar a platéia, as brigas escandalosas acabaram e eles aprenderam a brigar com classe. Jogando pequenas doses de veneno sarcástico um no outro; colocando sutilmente o pé na frente um do outro e rezando que a queda seja o oposto de sutil. Mas isso começou a diminuir cada vez mais, até que sobrou apenas a indiferença. E é nesse ponto que eles voltaram a ser aquelas pessoas estranhas que eram um para o outro, antes de se conhecerem.  Mas continuam casados. Por quê?
Porque as pessoas têm medo de sair de seus relacionamentos mesmo eles não sendo saudáveis? De que vale não ter a solidão de ficar sozinho, mas ter a maior solidão do mundo dentro de um relacionamento? Se não deu certo, porque ficar deitado em cacos de vidro?

Eu não tenho medo de morrer, mas tenho medo de casar. Não me leve à mal, reconheço ótimas coisas num casamento e acho um gesto lindíssimo, e deve ser muito bom quando realmente dá certo, mas o que me apavora é a margem de erro que parece estar cada dia maior. A convivência de seres humanos é algo extremamente difícil, porque somos todos muito complexos e às vezes difíceis demais. Deve ser terrível se separar, mas mais terrível ainda deve ser sustentar um relacionamento por motivos entre os quais o amor não está mais incluído.
Se eu me casar um dia, espero sinceramente que dê certo, mas se não der, espero que eu tenha coragem suficiente para recomeçar, simplesmente por auto-preservação e respeito a mim mesma, mas principalmente por não perder a esperança de ser feliz no amor.
 A prática leva à perfeição, mas eu não quero ser perfeita, quero apenas ser boa o suficiente para fazer um relacionamento dar certo. Quantas vezes forem necessárias, porque a minha felicidade depende de mim.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Titanium - David Guetta feat. Sia


You shout it loud
 But I can't hear a word you say
I'm talking loud not saying much
 I'm criticized but all your bullets ricochet
You shoot me down, but I get up
I'm bulletproof, nothing to lose
Fire away, fire away
 Ricochets, you take your aim
Fire away, fire away
You shoot me down but I won't fallI am titanium
 You shoot me down but I won't fallI am titanium
Cut me down
 But it's you who'll have further to fall
Ghost town, haunted love
Raise your voice, sticks and stones may break my bones
 I'm talking loud not saying much
I'm bullet proof, nothing to lose
Fire away, fire away
Ricochets, you take your aim
 Fire away, fire away
You shoot me down but I won't fallI am titanium
 You shoot me down but I won't fallI am titaniumI am titaniumI am titanium
Stone hard, machine gun
Firing at the ones who rise
Stone hard, as bulletproof glass
You shoot me down but I won't fallI am titanium
You shoot me down but I won't fallI am titanium
You shoot me down but I won't fallI am titanium
You shoot me down but I won't fall
I am titanium I am titanium

O que me resta



 Eu dei um salto no escuro
E ainda não consegui pisar no chão.
Acho que caí num abismo
Só tem o vento aqui comigo.
O silêncio nunca incomodou tanto.
Queria que pudesse haver alguma claridade
Gostaria de poder saber o que está acontecendo.
Alguém pode ouvir meu coração?
Eu o ouço tão alto, que é como se ele estivesse batendo no meu ouvido.

Esse meu coração sempre dá trabalho,
Sempre consegue me arrastar pra qualquer lugar.
Nunca me deixa pisar no chão
Me arrasta como um furacão, nunca me deixa escolher a direção.
Mas nesse momento, agradeço por tê-lo
Porque seu som é a única coisa que preenche esse ininterrupto silêncio.

Um silêncio tão triste que vem de fora pra dentro.
Eu quero correr, mas não consigo achar o chão.
Eu quero desaparecer, mas continuo aqui sem entender.
Sinto uma falta enorme de algo, mas não sei de quê.
Já desisti de tentar entender
Mas acho que estou começando pisar no chão.
Só me resta fechar os olhos 
E começar a viver.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Deserto




Um copo d'água. Era o que ela queria naquele momento. Era do que ela precisava. Mas ninguém apareceu para lhe oferecer um. Saiu daquela casa e mal pode conter as lágrimas na calçada. Chorava desesperadamente, descontroladamente e sem nenhum motivo aparente. O motivo? Todos. E é claro, ela precisava. Precisava desse momento para se despir do que há muito tempo planejava se livrar. E mesmo precisando desse tempo para ela, ainda queria um copo d'água. E se alguém chegasse com um não iria se incomodar. Mas ninguém apareceu para lhe oferecer um.
Não procurava um local específico para chorar, queria apenas chorar e não dava importância para o lugar. Andava pela rua chorando, seguindo o caminho, se sustentando no seu plano. Mesmo que não tivesse certeza se aquele era o caminho certo, sabia que pelo menos era um caminho. Por mais que estivesse certa do que queria, ainda sim, não conseguia parar de chorar. E assim o fez, por três ruas.
Quando achava que as lágrimas haviam cessado, novas nasciam, mostrando-lhe que sua mágoa e tristeza eram muito maiores do que lhe pareciam. Quando os soluços começaram, sentiu-se obrigada a parar. Sentou-se um pouco, apoiou a cabeça nas mãos, e mesmo que não quisesse que ninguém a visse daquela forma, ainda sim, queria um copo d'água. Mas ninguém apareceu para lhe oferecer um.
Nunca havia visto rua mais deserta de gente, era como se o mundo tivesse lhe dado privacidade para sofrer, se desesperar o quanto pudesse, sem ninguém por perto para julgar. 
Passou por um boi pequeno de chifres longos, imaginando que este devesse ser um touro. Mas mesmo ela estando de vermelho, ele não pareceu reparar. Era como se fosse o espetáculo de seu desespero para si mesma, e ninguém ousou atrapalhar. Invisível no deserto.
Subiu e desceu uma ladeira e nessa hora, sufocou um grito - a verdade é que queria que alguém aparecesse para tomar seu peso e lhe dar um copo d'água. Sentia-se cada vez mais agoniada, mas jamais parava. Não deve existir determinação maior do que essa, não deve existir decisão mais forte. Quando o mundo parecia desmoronar, ela não ousava parar. Era como se estivesse em um filme mudo. E assim foi. Andou devagar, mas andou. E quando pensou que nunca iria chegar, chegou. As lágrimas se extinguiram sozinhas, pois não havia ninguém para cessá-las. Ela queria desesperadamente um copo d'água, mas ninguém apareceu para lhe oferecer um. Se virou sozinha e continuou em sua única companhia. Se conformou, mas não aceitou. Resolveu manter as aparências de estar bem, quando chegou no lugar de gente desconhecida. E assim faria, até que chegasse ao seu destino. Não iria desistir, mesmo que a solidão lhe ferisse inteiramente.
A pior coisa é quando se precisa de alguém, mas ninguém vem. Nem mesmo para lhe dar um copo d'água.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tantas formas, o mesmo sentimento



Até onde o amor é capaz de chegar? Falo agora sobre o amor de um modo geral. Eis as formas que eu o senti: amor de filha, amor de amiga, amor de irmã, amor de namorada, amor de neta. Tem também um tipo de amor sem nome, que é o amor que eu sinto pelo meu irmão mais novo. Talvez esse seja o mais perto que alguém consegue chegar de saber como é amar um filho sem de fato ter um. Só eu sei o quão foi particularmente difícil deixá-lo quando eu me mudei. Não o deixei de fato – ainda o vejo sempre que posso -, mas foi o mais distante que fiquei dele desde que ele nasceu, há quatro anos atrás. Não chorei em todas as noites, mas chorei em algumas. Mas pensar... Pensei nele em todos os dias e noites.  Agora eu estou melhor, acostumada e procuro pensar em coisas que me confortem e que me dêem motivo para continuar onde estou quando a saudade fica grande demais. Talvez seja isso que o meu pai sente quando fica mais de um mês longe da gente, talvez fosse isso que minha mãe sentia quando éramos pequenos e íamos passar férias com ele. Talvez seja isso que ela esteja sentindo agora com a minha mudança. Mas tenho certeza de que pro meu pai sempre foi pior. Eu convivi com a minha mãe continuamente por dezessete anos, ao passo que com o meu pai, quando conseguíamos passar quinze dias seguidos juntos era algo fora do normal, uma raridade. Na maioria das vezes era um final de semana ou um dia.
Agora estou conseguindo conviver um pouco mais com ele, talvez consiga até mais daqui pra frente, mas quem é que sabe se isso será o suficiente? Provavelmente os anos perdidos nunca serão compensados.
Porém, seria errado da minha parte dizer que só ele não me viu crescer, porque eu vivi sempre com a minha mãe e ela ainda não entendeu que eu cresci. Talvez não tenha crescido totalmente, mas por hora, o suficiente. Minha família sempre será uma questão complicada na minha vida.
Termino essa coisa meio sem sentido, dizendo que tenho um sério medo de ter filhos um dia. Não tive a pior das vidas, mas passei por algumas coisas que não desejo nunca que meu irmão mais novo passe. Então acho que isso significa que também não gostaria que um filho meu passasse.
Se você nunca pensou sobre isso, talvez essa seja a hora. Infelizmente nunca pude me dar ao luxo de adiar questões como essa; isso sempre veio até mim deixando bem claro que existe e que eu tenho que ter muito cuidado com as minhas escolhas. Pense sobre isso. E quando achar que pensou o bastante, pense mais, até chegar o mais perto possível de uma resposta ou de uma certeza. Porque total resposta e total certeza nunca temos, 20% é sorte. Então, faça o melhor com seus 80%.

Humor



 O que seria de nós sem a capacidade de ver graça nas coisas? Se ninguém achasse nada engraçado, o mundo seria um completo desastre e todos seriam eternamente tristes. Seria depressão passada de geração para geração. Isso seria terrível. 
Dizem que os brasileiros são o povo mais bem humorado que existe, o mais simpático e o mais receptivo. Mas, também deve ser o menos patriota que existe...  Enfim, essas três coisas que eu disse sobre nós, são características muito positivas, eu gosto de todas elas. Somos tão bem humorados que somos capazes de rir de nossa própria desgraça. Rimos dos políticos desgraçados; rimos dos policiais corruptos; rimos de uma cidade viver praticamente cercada por bandidos por causa dos policiais corruptos e dos políticos desgraçados; rimos da imagem superficial e desrespeitosa que é criada das mulheres brasileiras no exterior (por mais que existam biscates aqui, não podemos generalizar, porque biscates existem no mundo inteiro); rimos da maior parte da nossa população ser analfabeta; rimos das pessoas só conseguirem viver se tiverem um plano de saúde... É ridículo pensar que o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo, mas mesmo assim ainda existe gente passando fome. Se as coisas estiverem mesmo da maneira como falam, daqui a alguns anos os brasileiros serão analfabetos milionários. Parece exagero? Mas é verdade. O pior é que infelizmente é verdade.
Mesmo com tudo isso, ainda temos que nos esforçar pra ver graça na vida e gargalhar com vontade. Meus amigos dizem que a minha risada é assustadora, mas dificilmente não acontece de quando eu rir todos acabarem rindo comigo.  Minha risada é desse jeito mesmo, eu não forço, mas se não fosse, seria quase, porque eu não abro mão de rir com vontade quando o momento pede.
Se não formos capazes de reconhecer graça nas coisas, para quê valeriam as folgas, os finais de semana, as férias, acordar cedo, trabalhar, namorar, papear...? Para quê valeria a vida? Se não pudermos reconhecer as coisas boas e colher os frutos de nosso esforço para as mais variadas coisas, não teremos motivos pra viver. E não falo apenas do povo brasileiro, isso serve para o mundo inteiro.  Todos precisam rir e tirar o foco da podridão que existe de sobra, porque se não, vamos enlouquecer.  Porque com os podres, todos já estamos “familiarizados”, e estão sempre chegando novos até nós. Mas será que alguém procura ficar sabendo das coisas boas? Será que alguém dedica uma parte de seu tempo à um humor sem grandes pretensões?  Todos os dias eu tento trazer um pouco disso pra minha vida, e quando consigo, não me arrependo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Câmbio, desligo


Aqui quem fala é a metamorfose inquieta. Tem pouco tempo que eu fui embora, mas parecem anos na minha memória.
Ter ido embora não significa ter esquecido do que eu já vivi por aí. Não são historias, são fatos que um dia aconteceram e continuam se repetindo de modo parecido com tantas outras pessoas. Existem coisas e sentimentos mais fortes que o tempo. Promessas escritas na areia, que o vento não é capaz de apagar, nem mesmo com a ajuda do mar.
As fotos existem para provar. Cartas, poemas, conversas também. Mas tudo isso não passa de momentos congelados. Mais forte do que tudo isso, mais válido do que qualquer prova, são as lembranças na minha alma. Memórias de um passado que sempre farão parte da minha trajetória.
Vocês se lembram disso? Estou tentando fazer contato com vocês  a mais de um mês. Eu tento, mas não obtenho retorno. Acho que tudo isso está mais distante pra vocês do que pra mim.  Acho que por este e outros motivos, tenho que aceitar que este tempo do qual eu falo, é apenas mais um tempo passado.Não vou esquecer de vocês e nem de nada do que fizemos e nem pelo o que passamos, mas não exijo o mesmo em troca, minhas certezas são suficientes. Eu não preciso de outras pessoas confirmando o que eu digo. Sei que tudo isso existiu e este é um dos principais ingredientes do meu sorriso. Não vou lamentar pelo o que não foi cumprido ou por o tempo ter passado batido. Vocês sempre serão aqueles que um dia foram meus amigos. Não vou esquecer. 
Esta é a carta do adeus. Sempre soube que isso iria acontecer, mas não queria aceitar. Esta é a carta de um coração para outros, um coração que está reformulando o conceito de felicidade. Está ficando tarde, tenho que ir. Quem sabe um dia possamos estar juntos de novo, mas agora, esse momento aqui, é só comigo. 
Câmbio, desligo.

Dor de Cabeça


Eu me considero uma pessoa corajosa. às vezes me assusto um pouco com algumas mudanças que batem à minha porta, mas não exito em me obrigar a encará-las se sentir que ficarei melhor com elas. Eu mergulho de cabeça e com disposição e claro, pedindo a Deus que me dê sorte. Às vezes funciona.
Mas, mesmo sendo uma pessoa corajosa, tenho meus momentos de covardia. Quando eu começo a pensar nos relacionamentos por exemplo, fico um pouco confusa. Não entenda mal, eu acredito no amor. Mas acredito também que às vezes ele não é suficiente. Deveria ser, mas nem sempre é.
Estou sentindo falta se ser apenas a adolescente que eu me permetia ser em grande parte do meu tempo. Eu era só adolescente e isso era o suficiente. Ninguém cobrava além da minha capacidade de ser adolescente o tempo todo, e se cobrava, eu tinha direito à folga. Mas agora, tenho que respirar a idéia de que eu não posso mais ser como eu era, em muitas coisas. Tenho que crescer, crescer e crescer. Mas como se faz para crescer instantaneamente? Alguém me explica? Eu quero mesmo saber. Estou tentando com todo o meu ser corresponder as expectativas, porque tenho pavor de decepcionar tantas pessoas importantes pra mim. Mas não tenho certeza se estou fazendo um bom trabalho. Sabe, sou nova nesse negócio de ser adulta o tempo todo. Sempre fui uma pessoa responsável por natureza, mas sempre pude tirar uma folga. Agora, não tenho tanta certeza.
Certas perguntas não param de me atormentar a cabeça. Às vezes penso tanto nisso que parece que a minha cabeça vai explodir. Mas não explode, e é nessa hora que vem a minha companheira constante, a dor de cabeça. Se o meu nome fosse outro, deveria ser "Dor de Cabeça Ambulante", porque é o que eu sou. Talvez seja apenas causada pela minha sinusite, talvez não, o fato é que isso está me deixando louca. Teve um tempo em que eu era assim, mas depois passou. Mas agora, ela está de volta, firme e forte martelando na minha cabeça coisas que já estão decoradas.
Só gostaria de ter de volta o silêncio mental que às vezes eu conseguia estabelecer aqui dentro. O que está acontecendo comigo?!