quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Ventos da tarde do último dia de agosto


Eu tenho paz.
Paz nessa casa que sinto me sufocar às vezes 
Tenho pensamentos longos que vão longe 
E flores voando na minha janela 
Sendo movimentadas por uma árvore velha 
Que chicoteia pelo vento que anuncia 
O tempo que vai mudar.

Eu vou mudar e tudo isso também 
Em pouco tempo nada mais será como sempre foi 
E eu sinto isso na parte mais profunda de meus ossos, 
Na origem mais antiga do meu sangue, 
No significado do meu nome... 
O tempo vai mudar.

Meu gato dorme profundamente no sofá que fica sob a janela. 
Seu lugar favorito da casa para longas sonecas. 
Vejo sua paz, sua tranquilidade, sua respiração que traduz que tudo está bem.
O tempo jamais muda pra ele 
E sinto uma mistura de inveja e gratidão 
Pois pra mim cada minuto é um minuto para puxadas de tapete
Mas cada hora são momentos novos em que eu encontro uma solução 
E me sinto renovada.

domingo, 28 de agosto de 2016

Céu e chão

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Leva algum tempo para reconhecer um lar...
Aquele caminho familiar, que te traz uma única sensação: Indo pra casa. Leva um tempo pra se sentir confortável sob as luzes de algum poste de luz, um tempinho pra gravar a localização das rachaduras e buracos da calçada, e leva mais um enorme tempo pra gravar qual chave abre qual porta da casa.
Leva tempo pra se acostumar com algum espelho de banheiro refletindo suas olheiras, leva mais tempo ainda pra gravar os dias que o caminhão de lixo passa.  
Leva algum tempo pra se reconhecer como parte da casa, e quando isso finalmente acontece, leva tempo para superar o medo da perda dessa sensação de pertencimento. Afinal o que a humanidade mais quer é agir por impulso, desbravar o mundo, entender a si mesmo, mas no minuto que vê tudo o que precisava ver, cai no desespero de não ter nada, ninguém, não pertencer. 
Eu ainda quero os dois. Quero dar um giro por todos os lugares que nem eu sei que existem, mas quero saber que tenho um lar, um lugar pra onde ir quando ficar tonta de todos esses giros de 360° aos quais costumo me submeter. 
Eu sou esses dois extremos, é apenas isso que me compõe: A louca contradição de querer sumir e ficar. Triste é ter que revesar entre um e outro o tempo todo, porque um não coexiste com o outro, então acabo vivendo com essa grande sensação de "está faltando alguma coisa". Hoje em dia eu sei que sempre estará faltando algo, enquanto eu viver. Isso é apenas a condição humana de nunca estar satisfeito com nada.
Será que algum dia essa espécie será capaz de consertar todas as suas falhas?   

(eu quero a tranquilidade de um lar, mas quero também a adrenalina de algo completamente desconhecido)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Rainha de mim mesma

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Quando tinha 8 disse pra minha mãe que iria embora
E iria pra longe 
8 com alma de 60.
60 com corpo de 8.
Quem iria imaginar?
Mas eu nasci desse jeito estranho...
Pedra.
Manteiga.
Camaleoa.

Coloquei minha mochila nas costas 
Naquela tarde ensolarada dos meus 17
E saí apressada.
Minha mãe me abraçou, mas não disse nada 
Eu chorei naquela noite, e nunca disse nada.
Agora estava solta no mundo 
Quem eu era? 
O que faria? 
Tudo isso era sobre descobertas. 
E até hoje me pergunto sobre essas e outras coisas...
Minha vida é um eterno questionamento.

E talvez eu esteja apenas cansada demais e tenha chegado ao ponto dos grandes delírios
Mas ninguém sabe da turbulência que habita em mim.
Sou movida à cafeína e uma esperança incorrigível no Grande Talvez. 
E estou fazendo brownie à meia-noite de hoje.
Está ventando tão forte lá fora, aquele vento forte depois de um dia quente... 
Me sinto numa noite de verão da minha infância, quando minha mãe passava repelente em mim porque eu queria brincar de pique no mato.
Agora sou uma adulta fazendo brownie à meia-noite numa casa vazia, com música alta.
Do que posso reclamar? 
Parte dos meus sonhos mais selvagens de infância se tornaram realidade, e eu tenho apenas 22. 
Eu vivo aquilo que sempre quis viver, não há motivo para reclamar. 

"Comendo e dançando à meia-noite" 
Pode ser um pouco solitário às vezes
Mas é bom, é muito bom
Viver do meu jeito.
Sou beija-flor...
E se estou hoje fazendo brownie à meia-noite, é porque meus sonhos mais loucos se tornaram realidade.


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Não como eu quero


Está ventando tanto... Meu cabelo voa por todos os lados
E isso aqui não precisa ser sobre nada além do vento da tarde
Mas tudo me faz pensar além.
Esses sonhos recorrentes me dão a pior insônia da história da minha vida.

Nem tudo precisa ser assim... Exatamente como eu quero
Nem tudo precisa ser sobre pele, beijos desesperados, meu cabelo enrolado na sua mão
Nem tudo precisa ser como eu quero
Mas, Deus! Como eu quero!
Quero tanto que não consigo me livrar do pensamento, dos sonhos
E toda vez que esse vento da tarde me descabela
É em você que eu penso
Bagunçando o meu cabelo, minha mente, minha vida
Entrando no meu corpo pra ficar


Deus...
Eu tenho a tranquilidade
O que mais eu poderia querer?
Você.
Perturbando minha alma e o meu corpo
Numa tarde de ventania
Mas as coisas não são como eu quero...