segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Folhas secas

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É isso.
É isso o que nós somos... Poeira e folhas secas.
Somos as folhas que voam quando o motor dos ônibus dão a partida
Somos essas folhas e essa poeira que são vistas apenas porque causam incômodo
Estes somos nós.

Talvez eu não devesse falar por você...
Talvez. 
Mas eu falo, porque sou eu
É a minha vida também. 
Somos folhas caídas da mesma árvore 
De uma vida compartilhada que acaba no outono 
Estes somos nós.

Não se engane achando que nada acontecerá porque é verão
O sol quente queima as folhas e as deixa sem forças 
Estes somos nós.
Nada dura pra sempre, segurança é ilusão 
E mais uma vez, estou no outono da minha vida 
Em processo de renovação
Morta... Voltarei a vida quando estiver pronta.
Mais forte, sem você
Porque morremos nesse outono 
Pra retornar em verões de hemisférios diferentes

Agora, sou folha seca 
Mas logo serei flor novamente.  

domingo, 22 de janeiro de 2017

Desventuras em série

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Não, ninguém vai parar esse trem.
Há mais de duas décadas ele corre na mais alta velocidade, desgovernado.
Vai de acordo com a direção do vento:
Sendo um elemento da natureza, jamais a contraria. 
E essa é sua natureza
É correr e descobrir e redescobrir 
O que todos pensavam que não existia 
Ou que havia acabado.
 
Esse trem vai, vai, vai...
Tem gente que embarca no caminho e vai embora depois 
Às vezes ele corre pelas noites sozinho até encontrar alguém novamente 
Às vezes ele finge que não viu ninguém, porque não quer parar 
Esse trem está mudando constantemente 
Me lembra a vida
Essa vida que não podemos controlar 
Assim como não controlamos um arrepio na nuca durante um solo de guitarra 
Ou um beijo. 

Não, não dá pra controlar a natureza 
Não há início nem fim
Há apenas o que há 
E tantas outras coisas desconhecidas 
Como essa série de desventuras 
Chamada vida.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Terça-feira de maio

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Quantos anos já passaram desde que eu nasci naquela terça-feira de maio? Às vezes parecem séculos.
Os outdoors nas ruas desejam boa sorte e comemoram a chegada de 2017, como se a vida tivesse mudado magicamente entre 23:59 e 00:00.

Não.

Mas com certeza a vida mudou radicalmente inúmeras vezes desde aquela terça-feira de maio.
Antigamente as casas eram cheias de paredes e portas. As pessoas tinham muito a esconder, porque cada coisinha fora da “moral e bons costumes” era condenável. As pessoas queriam distância e privacidade em seus casamentos infelizes e enjaulados, as pessoas queriam a sensação de separação, mesmo que fosse só uma ideia criada por uma parede, uma “pequena morte” talvez.
Hoje em dia, quando se compra uma casa antiga cheia de paredes desnecessárias, a maioria das pessoas quer demolir tudo. Porque hoje em dia existe o conceito de ambiente aberto, para que assim haja uma visão completa da casa sem necessariamente ter que ficar do lado dos outros. É uma solidão envergonhada de admitir que é solitária, é a necessidade extrema de estar com o outro, nem que seja apenas para ter uma visão com uma distância de dois metros.
Eu quero comprar uma casa com um ótimo ambiente aberto, mas quero uma parede grossa, uma porta grossa, uma fechadura forte no meu quarto. Não quero invasores, não quero revelações, tampouco manter segredos, do que preciso mesmo é da noção de compartilhado e privado que as pessoas parecem ter deixado de entender.
Eu fui uma vez parte da minha mãe, um terceiro braço, o coração do lado de fora, os dois mundos eram praticamente apenas um e não existia qualquer tipo de separação. Era um programa do Animal Planet.
Sim, muita coisa mudou desde aquela terça-feira de maio.
Cresci com a noção de que sou minha e apenas minha, e o que qualquer pessoa enxerga na superfície não revela nem metade do quebra-cabeça que eu sou, e nunca revelará. Bom pra elas, e um trabalho eterno pra mim, pois quem pode dizer que se conhece completamente e que não falta nada, e que nada mais o surpreende, não é da Terra. Ou pelo menos não da minha realidade.
Quem eu sou, quem eu fui, quem eu irei morrer um dia, são verdades minhas, são casas antigas cheias de paredes e portas desnecessárias querendo ser espaços abertos e grandes, querendo se livrar dos pequenos cômodos entupidos do que não importa mais.
Mas a vida é a vida, e ela não acontece do jeito que queremos.
Tenho certeza que naquela terça-feira de maio eu planejei coisas completamente diferentes das que hoje compõe minha realidade.
E se um dia fui 10 de maio de 1994, às 18:48 da noite, hoje em dia sou apenas uma terça-feira de maio.