segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O farfalhar das árvores



A janela é o portal da vida
Gotas caem de um telhado velho
O ar está gelado e molhado
Já não se dá mais para ver a montanha
Pois o céu está acinzentado

As ruas ficam sombrias
Todos ficam escondidos em suas casas
Escuta-se o farfalhar das árvores
Até que uma janela se abre
Abriu para a vida e viu
Uma vida buscando seu destino descalça na lama
Expondo-se a todas as verdades desse drama
Sem saber se anda
Ou se continua sentada na calçada

A verdade é que
Todas essas verdades
Fazem todo o resto parecer mentira
E assim são abertas grandes feridas
Em que a vida joga lama, tentando escondê-las
Inútil tentativa.


Participação especial de: Andressa Carvalho

sábado, 29 de outubro de 2011

Nós, os jovens


Estava eu hoje pensando, que os jovens tem um poder inacreditável para mudar o que não os agrada, e que muitas vezes esse poder não é aproveitado.
Porque enquanto não formos casados, não tivermos filhos e nem desânimo para a vida, somos jovens. Na verdade somos jovens pelo tempo que quisermos ser. Nada me tira da cabeça que a velhice está na cabeça, nas atitudes, e não nos números da sua certidão de nascimento.
Coisas acontecem, problemas vem e vão, mas sempre vão, pois somos jovens e temos uma energia de sobra para resolver todos e ainda dizer: pode vir mais. Pois nada nos derruba. Só os velhos tem preguiça de levantar e ir lá fora ver como está o dia, ou de atender a porta. Os jovens querem mais é viver mesmo, querem mais é que venha mais e  mais gente, de todos os lados, querem mais amizades, mais momentos eternos e vibrantes. Querem mais amor, e querem melhorar da fossa bem rápido quando um amor acaba, já que nada dura pra sempre e o importante mesmo é  o que você leva de bom dos relacionamentos, e as lembranças que valem a pena serem guardadas. Afinal, somos jovens. Sempre podemos recomeçar.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tudo novo de novo


Porque será que conforme o tempo vai passando, as pequenas coisas que faziam toda a diferença no início dos relacionamentos caem no esquecimento, na maioria das vezes?
Quando você faz um mês de namoro, tudo é festa, maravilhoso, afinal faz um mês que você tem a certeza de que encontrou o grande amor da sua vida. Vocês trocam presentes, saem pra comemorar, jantam juntos, ou em alguns casos, fazem demonstrações de amor em público, como uma serenata, um carro de som (que eu acho ridículo por sinal), ou um belo discurso com todos os seus devidos dramas, exageros, verdades e mela- melas.
Uma vez eu escrevi uma carta de 33 folhas (mas antes já tinha escrito uma de 23, na época a carta de 33 foi mais uma tentativa de superar a primeira, que nasceu dentro de um relacionamento que não tinha nada de pra dar certo, mas eu não enxergava isso, então quando eu comecei este novo, quis fazer de tudo para que pudesse ser melhor, até na carta. Graças a Deus hoje eu não faço mais essas cartas absurdamente grandes, nem perco mais meu tempo.) quando fiz um mês de namoro. Demorei uma semana pra escrever poemas, juras de amor, recordações de quando tudo começou, planos para o futuro, desenhos, e acredite se conseguir, uma folha inteira frente e verso só das qualidades desse meu namorado da época. Mas a verdade é que ele tinha mais defeitos que qualidades. Se eu tivesse enxergado isso antes não teria sofrido depois por mais de um ano... Mas voltando ao assunto, a carta teve capa e tudo. Eu fiz com a maior dedicação e empolgação, e entreguei com medo que ele achasse um exagero total, ou que ficasse com preguiça de ler. Mas deu tudo certo, ele adorou, ele amou, leu tudo em vinte minutos e eu amei mais ainda ver o sorriso no rosto dele e o brilho de felicidade em seus olhos. Porém, em menos de um mês depois, as coisas estavam cada vez mais estranhas entre nós, não eram mais com o brilho de felicidade no olhar do início tão recente. A gente não brigava, ele simplesmente mudou, de uma hora pra outra, sem motivos aparentes. E o silêncio muitas vezes é pior do que uma gritaria. E eu tinha medo de perguntar o que estava acontecendo, pois no fundo sabia que se perguntasse ele terminaria comigo. Mesmo assim, enfrentei meu medo rezando para estar errada, fui lá e perguntei. Mas eu não estava errada. Ele terminou comigo.
O que eu quero dizer com essa minha experiência é que em um minuto tudo perde o brilho do início, e nós nem percebemos, achamos sempre que é uma fase. Pois bem, muitas vezes é de fato, mas muitas vezes não é de fato. Mas porque isso acontece? Tudo bem que nada é completamente igual para sempre, mas porque não podemos conservar o que é bom? Ou pelo menos melhorar o que já era bom, ou substituir o que era bom por algo melhor, se não der pra manter o bom de antes. Mas porque não fazemos isso?
Você faz seis meses de namoro: “Tá, legal.”; você faz um ano: “Maravilhoso, nosso primeiro ano juntos.”; você faz quatro anos de namoro: “Tá, já tem muito tempo, não faz mais sentido ficar namorando essa eternidade, vamos casar.”; você faz um ano de casado, é festa; você faz dois, e já está pedindo o divórcio, porque descobriu que não era isso que você queria de verdade ou porque caiu na mesmice da relação. O pior é quando você descobre que tem “diferenças irreconciliáveis”. Onde é que estavam essas diferenças quando vocês se conheceram e resolveram namorar e depois casar? Não é possível que duas pessoas fiquem tão completamente opostas quando antes eram almas gêmeas. Eu não consigo entender isso, talvez seja por que eu sou muito nova, sei lá, só não consigo entender.
Mas em relação a essa mesmice da relação, é assim mesmo, infelizmente todos tem rotina. O que faz a diferença é o que você tenta fazer pra tentar diferenciar um pouco quando tem a oportunidade.
Legal mesmo é quando um casal faz 50 anos de casado e ainda tem coragem de comemorar, fazer festa, se esforçar pra dançar (mesmo que não tenha mais o mesmo pique de antes) e reafirmar seus votos. Legal mesmo é quando um olha nos olhos do outro e enxerga aquele alguém que ele conheceu no início, mas percebe as melhoras que ocorreram ao longo do tempo. Legal mesmo é quando um casal consegue driblar a chatice da mesmice, e consegue senti-la como algo tão bom que quer mais é ter de novo, de novo, e de novo. Sempre. Legal é ser feliz com as pequenas coisas, lembrando que se te faziam feliz no início, porque não poderiam fazer agora? Porque você amadureceu e seu gosto se tornou mais requintado? Ah, por favor.
Se você não puder conservar o início, pelo menos invente sempre novos inícios. Pois só assim você conseguirá ser feliz para sempre, com muitas histórias dentro de uma só.
Mas, quem sou eu pra dar lição de moral sobre relacionamentos? Eu sou uma leiga, tenho apenas 17. Mas e daí? Tem muita gente de 40 que não sabe amar. 

Quando os ditados ditam o amor


Estava pensando sobre as tantas vezes que já me apaixonei e desapaixonei nesta minha curta longa vida. É estranho pensar assim, mas por um lado é bom que exista a possibilidade das pessoas desapaixonarem-se.  Se não fosse assim ainda seríamos todos apaixonados pelo primeiro amor, e muito provavelmente seríamos todos sofredores. Fico feliz que exista essa “mobilidade” no amor quando necessário, pois por mais que muitas vezes seja angustiante, triste, desesperador por um tempo, e que o sofrimento aja em um coração como um objeto cortante, na maioria das vezes sempre existe um cirurgião plástico para tentar apagar a cicatriz. Os recomeços são sempre bem vindos nesses casos.
Mas isso pode ser muito contraditório, já que existem pessoas que não conseguem deixar um novo amor entrar, sem antes fazer a faxina sozinho, sem antes criar espaço dentro de seus corações. E também existem pessoas que só conseguem começar a faxina se um novo amor chega pra ajudar.
Toda vez que eu ouço aquele ditado: “A vida dá voltas”, eu interpreto de várias maneiras, mas a principal é que esse ditado na maioria das vezes ajuda muito a quem está sofrendo, por que acende a chama da esperança no coração dessas pessoas. Mas, não se pode descartar a possibilidade de um dia a vida voltar para aquele lugar de antes, para aquele mesmo momento estranho e rápido que foi capaz de colocar tudo a perder. Mas isso não significa que será tudo igual... “As águas que correm neste rio hoje, não serão as mesmas amanhã”. Outro ditado, muito correto. Porque por mais que por mais que as coisas sejam parecidas com o que foi um dia, o tempo passou e outras coisas já aconteceram, coisas capazes de mudar alguém, acrescentando a ela novas características, vinculadas às antigas ou não... Isso varia de pessoa para pessoa. Claro que ela nunca vai estar completamente diferente, mas novas características sempre surgem com o passar do tempo. O importante é que “Sempre existe um chinelo velho para um pé doente”... Hahahah, hoje eu estou toda “ditados”.

sábado, 22 de outubro de 2011

Revolucionários


Ontem, eu estava com espírito revolucionário. Pudera, ainda mais depois de ter tido uma aula sobre a ditadura militar, aquela que existiu aqui no período que foi de 1964-1985. Um período sangrento. E eu, particularmente não tenho uma professora de História comum: um assunto que era pra ser tão chato e tedioso se torna completamente envolvente, revoltante, e desperta a vontade de voltar no tempo, mesmo que fosse pra morrer durante a “Diretas Já”. Pelo menos comigo é assim. A minha professora desperta em mim muitas vezes a revolta sobre assuntos que eu nem sequer imaginava que um dia poderia dar importância. Às vezes ela me faz sentir vergonha até por não ter me interessado pelo assunto em questão antes... Ela consegue fazer isso: despertar o interesse, a revolta, a vergonha, a curiosidade, a empolgação, o debate, o orgulho (algumas vezes); tudo ao mesmo tempo, e isso tudo chamando a todos (todos são os alunos mesmo) de “seres híbridos”, “bárbaros selvagens”, “insetos”, “fracos”, e se estende por aí a coleção de “insultos” engraçados e que ninguém mais tem igual, de “Priscila, a rainha de um lugar chamado convencimento”, podendo este ser qualquer lugar, já que para este lugar existir só é preciso uma mente aberta, que tenha opinião, o mínimo de cultura e de intelecto, e claro, ouvidos atentos. Não posso falar pelos outros alunos, mas pra mim é dessa forma. Por mais que eu não mude as idéias que eu já tinha antes – pelo menos não completamente – eu consigo ao menos acrescentar novas, ou no mínimo considerar que existem outros lados, que os olhos humanos tão limitados não enxergam. Podem ter certeza que dessas e outras poucas aulas, são algumas das quais eu vou sentir muita falta.
Voltando ao assunto inicial, conversando com o meu avô nesse mesmo dia, ele me contou que uma vez foi protestar na rua junto com o povo, mas disse que foi a única vez pra nunca mais e em nenhuma outra encarnação... Isso é bem do meu avô, mas sendo revoltado do jeito que ele é, duvido muito que ele tenha se arrependido por completo. É, uma família de revoltados... Ele me disse que na época dez uma fogueira no fundo do quintal e queimou muita coisa que tinha em casa por causa da censura. Mas ninguém pôde tirar dele o que ele já sabia, porque já estava na mente dele. E graças a Deus a censura não consegue entrar na mente de ninguém. Então, por mais que meu avô tivesse queimado a fonte de conhecimento, no fundo ele não precisava mais dela, pois tudo o que ele precisava saber já estava com ele e para sempre estaria. Uma vez que um indivíduo tem concepções formadas sobre algo, é muito difícil de conseguir tirar isso dele, às vezes até mesmo impossível, dependendo da pessoa. (este foi outro assunto debatido essa semana, mas na aula de Filosofia. Porém, História e Filosofia ocorrem com a mesma professora, então não tem muita diferença em relação ao modo de ensino...)
Meu avô também me contou que foi amigo de um comandante da Aeronáutica, que foi demitido e preso, mas mesmo assim, nos interrogatórios, fazia toda questão de dizer a verdade, nada mais que a verdade. Não sei se ele tinha medo de morrer, mas me parece que não, pois tendo essa coragem toda de admitir coisas imperdoáveis para a censura, só mesmo sem nenhum medo da morte. A parte boa é que ele não morreu: depois que a ditadura acabou, foi solto. Teve sorte esse cara. Porém, muitas pessoas não tiveram.
As crueldades ao longo da história – não só do Brasil -, são inúmeras, mas o importante é que o povo tenha sempre a coragem de lutar contra a burguesia que está nos bastidores e que faz isso tudo acontecer, e contra os tiranos que de vez em quando nascem pra tentar tomar o mundo. Mas o mundo não é de ninguém, e não é controlado só por uma pessoa. O mundo é de todos nós, e nós somos controlados pela natureza, por nós mesmos e pelo o que mais permitimos que tenha a possibilidade de controle sobre nós.
Eu sou suspeita pra falar, porque sou apaixonada por História, e se tem uma coisa que eu detesto é gente querendo mandar em mim, querendo me travar e dizer como eu tenho que agir. E também não consigo ver uma coisa errada acontecendo bem na minha cara, comigo e com as pessoas à minha volta, e simplesmente fechar os olhos e fingir que não vi. Temos que lutar por nossos direitos!
Provavelmente se eu tivesse vivido na época de alguma ditadura teria morrido, e é por isso que eu digo que Deus sabe o que faz...
É, não tem jeito, vou ter mesmo que fazer faculdade de História em algum dia, devo isso a mim mesma...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A minha geração


Eu sou da geração que ri de coisas idiotas e fala coisas sem sentido só para rir um pouco mais.
Eu sou da geração que usa a internet também para promover seus propósitos ou para investigar um assunto em questão.
Eu sou da geração que sabe só um pouquinho sobre política, o suficiente para querer lutar contra ou no mínimo querer ficar bem longe de toda essa sujeira.
Eu sou da geração que respira a tecnologia, mas que sabe a diferença entre realidade e fantasia. Bom, na maioria das vezes.
Eu sou da geração quase sem preconceitos, que aceita os coloridos, os em preto e branco, os vampiros e os reptilianos.
Eu sou da geração que já nasce sabendo o que é AIDS.
Eu sou da geração que quer aproveitar a vida um pouco mais do que o permitido, um pouco mais do que o planejado, um pouco mais do que o suficiente. Porque esta geração sabe, que mesmo que o mundo não acabe em 2012, vai acabar, e será logo.
Eu sou da geração em que se fala o tempo todo sobre sustentabilidade, mas que sabe que a tal sustentabilidade deveria mesmo é ser reforçada para os ricos, pois foram eles mesmos que criaram esse termo depois de muito ter destruído e ter se dado conta quase tarde demais.
Eu sou da geração em que os países colonizados estão finalmente percebendo que não precisam ser desprezados e subordinados se não quiserem.
Eu sou da geração que mantém o “Que País É Esse?” atual.
Eu sou da geração em que a liberdade é descontrolada e quando os limites existem é porque nós mesmos os colocamos.
Eu sou da geração multifacetada, onde cada um segue a tendência que quiser, ou que se identificar. Não temos uma tendência literária específica para nos influenciar.
Eu sou da geração que aproveita os benefícios dos quatro cantos do mundo, tentando assim, sempre achar um lado bom em tudo.
Eu sou da geração em que os idosos olham e dizem: “Esse mundo está perdido...”, mas que na hora em que se fala sobre mudanças é na gente que eles depositam todas as esperanças.
E graças a Deus eu sou da geração em que a mulher se libertou quase que totalmente.
Eu sou da geração em que infelizmente tem o cavalheirismo, o romantismo e a gentileza cada dia mais mortos, porém tem sempre a possibilidade de procurar por isso de novo, de novo, e de novo se um relacionamento dá errado. A minha geração tem a possibilidade de sempre recomeçar.
Eu sou da geração em que cada vez mais nos exigem 500 faculdades, 14 línguas diferentes e cada vez menos valores morais.
Eu sou da geração em que cada um é um ser individual, mas que também é coletivo. As pessoas estão deixando de ser nacionais para se tornarem mundiais, se não universais.
Essas e tantas outras coisas fazem parte da minha geração.

E você? Vai dizer que essa geração não existe e que é apenas fruto da minha imaginação? Ou vai assumir isso como verdade, para manter as qualidades e tentar resolver os defeitos e problemas graves?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Revelando o que é meu


A meu ver, as pessoas que tem blog têm o objetivo de conseguir fazer o assunto tratado neste alcançar o maior número de pessoas possíveis. Mas e depois?  O que acontece depois que você alcança um número grande de seguidores, leitores, ou seja, o que acontece depois que você conquista o seu público?
Eu sempre escrevi, desde que aprendi. Eu sou compulsiva por escrita, dificilmente passo um dia sequer sem escrever. Por isso também que eu digo que não dá pra colocar aqui tudo o que eu escrevo.
Até o início desse ano, eu não queria mostrar pra ninguém o que eu escrevia, porque eu tenho (sempre tive) a mania do “meu” / “minha”. MINHA poesia, Meu celular, MINHA idéia, MEU livro, MINHA (não só minha nesse caso) mãe, MEU (também não só meu nesse caso) pai, MEU sobrenome, MINHA crônica, MINHA foto, MEUS amigos, MEUS desejos, MEUS planos, MEUS irmãos, MEU jeito, MEU cabelo, MEUS problemas, MINHA vida. Tudo meu. Coisas minhas. O sentimento de posse excessivo sempre fez com que eu deixasse de experimentar novas coisas, de abrir mão de certas coisas para conseguir outras muito mais importantes. Ou talvez eu simplesmente não goste de mostrar assim o que é meu simplesmente pelo medo da perda, ou pelo medo do julgamento alheio. É, talvez. Ou talvez não.
Mas é aí onde está a grande questão: as pessoas sempre julgam. Independente de você mostrar algo ou não. Te julgam só de olhar pra sua cara, te julgam se te verem de costas em pé num ponto de ônibus. Elas te julgam sem pedir permissão, sem avisar e sem te conhecer o suficiente. Todo mundo faz isso.
E às vezes você perde algo pelo simples fato de ele nunca ter pertencido a você, ou pelo simples fato de que você tirou proveito suficiente, e agora está na hora de deixar outra pessoa desfrutar – ela precisa mais do que você. E o mais importante: “perder” Não deveria existir. O que deveria existir é a prova real da verdade. Se é verdade que algo ou alguém é “seu” (seu entre aspas porque ninguém é objeto para ser de alguém), mesmo que eles passem um tempo longe, mesmo que deixem de te dar notícias ou de procurar, na hora certa, eles voltarão. E é aí que você vai ter certeza se realmente são seus ou não. Porque se não voltarem, é porque nunca te pertenceram.
No caso do blog, decidi fazer para conseguir organizar minhas tantas palavras, sejam elas em forma de poesia, ou textos, ou crônicas. Me lembro que na época alguns amigos me disseram que antes de eu fazer um blog era melhor registrar tudo, pois eu poderia correr o risco de ter tudo “roubado” e meu nome seria completamente descartado, já que não existe registro.  Mas eu sempre vou saber que é meu. E mesmo que alguém de fato roubasse, em alguma hora meu nome apareceria, porque a verdade sempre dá as caras em algum momento.E além disso, se alguém "roubasse" mesmo, isso significaria que eu tenho ou faço algo bom o suficiente para as pessoas quererem roubar.
E também fiz o blog na esperança de que possa existir alguém que faça um bom julgamento de mim, já que não há como escapar dos julgamentos. E é claro, se eu conseguir ser vista como escritora (já que, na minha opinião, não sou; pelo menos não ainda), também não fará mal. Por enquanto eu tenho apenas 17 seguidores, mas quem é que sabe do futuro?

Visão


Eu não sou dona de uma visão perfeita. Uso óculos desde os 11 anos de idade, e provavelmente usarei para o resto da vida. Eu não me incomodo mais tanto assim: depois de seis anos usando óculos você é obrigada a se acostumar.  No início eu gostei, apenas porque era novidade. Mas depois de um tempo fui ficando irritada, porque percebi que seria dependente do meu óculos, provavelmente até a morte: não tê-los  no rosto significava (e ainda significa) enxergar as coisas de modo embaçado, coisas não muito longe de mim, e isso me irritava.

Várias vezes, quando estava no caminho para a escola, me dava conta de que estava sem o óculos, porque estava tonta de sono e mal havia aberto os olhos direito. E já viu né? A senhorita estressada aqui voltava em casa batendo os pés e reclamando sem parar.  Já perdi as contas de quantos óculos eu destruí por falta de cuidado. Em menos de um ano todos já estavam tortos, ou sem uma perna, arranhados, e às vezes até sem uma lente. Demorou até eu conseguir me dar bem com uma armação, até que encontrei essa que eu uso atualmente, que tem as hastes decoradas com notas musicais. Foi amor à primeira vista, e já a tenho por mais de um ano.
Com o tempo, fui parando de dar tanta importância pra isso. As consultas ao oftalmologista se tornaram normais, e lá estava eu de seis em seis meses. As pessoas geralmente fazem esse exame uma vez por ano, mas eu tenho que fazer duas vezes porque minha visão é louca e muitas vezes muda drasticamente em intervalos pequenos de tempo: às vezes aumenta, às vezes diminui, mas está sempre mudando.
Eu não ligo mais, até porque é um problema de família: meu pai usa três óculos diferentes, minha mãe usou um aos quatro anos de idade, minhas duas avós usam, meus dois avôs usam, minhas tias já usaram, um dos meus tios já usou, meu irmão Rafael (eu tenho três irmãos, não sei se já citei antes: Rafael, Ian e Vinícius) usa... Enfim, não dá pra fugir disso. Ainda bem que o meu problema é contornável, mas e os cegos que não tem a possibilidade de melhorar a visão nem mesmo usando óculos? Quando eu fico irritada com o meu óculos, lembro dos cegos e agradeço por não ter um problema grave assim. Afinal, perder um sentido é como perder uma parte do corpo.
Eu acho a visão tão importante... Não mais do que as sensações, claro, mas acho tão importante quanto. É com a visão que você guarda imagens inesquecíveis na sua mente, é com a visão que você entende certas expressões faciais que dizem tudo, sem dizer uma única palavra. Imaginem a vida dos cegos, como deve ser difícil e incompleta nesse aspecto... Seria maravilhoso se as cirurgias de vista tivessem garantia de eficácia, mas ainda não tem. Tenho certeza de que um dia terão, já que eu duvido muito que a tecnologia na medicina deixe de evoluir. E aí sim, essas pessoas poderão entender o mundo de maneiras diferentes das que elas têm a possibilidade. Tenho esperanças que sim!
Dê valor ao que você tem. Existe muita gente querendo o que você despreza ou reclama, e isso vai da visão até os cinco centavos que você tem na carteira. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Quando você percebe que está pronta para ir.


Eu sempre fui uma pessoa participativa nos eventos escolares. Sempre gostei de liderar trabalhos, projetos, o que fosse, e acima de tudo, sempre tentei fazer com que tudo ficasse perfeito, e na maioria das vezes consegui, pelo menos aos meus olhos.
Eu estudo no mesmo colégio há três anos, desde o primeiro ano do ensino médio. Esse colégio é repleto de eventos, que sempre tomaram meu tempo na maioria das vezes. Nas “Evolimpíadas”, por exemplo, eu nunca fiz nenhum esporte, porque  nunca gostei, já que sou a garota dos livros, mas a parte cultural sempre me prendeu. Paródias, comidas típicas, danças, bandeiras, peças de teatro, o que fosse, eu sempre estava no meio, pelo menos ajudando. No “Encontro com Autores”, também sempre foi a mesma coisa. Eu sempre estava ajudando a pesquisar sobre o autor da ocasião, fazendo cartazes, escrevendo textos, decorando a sala. Em qualquer evento, eu sempre estive envolvida. Nunca fiz isso pelos pontos, fazia porque sempre gostei desses trabalhos manuais, sempre gostei desses eventos, porque sempre fui uma pessoa criativa.
Mas nesse ano, no meu último ano de colégio, eu não estou sentindo vontade de fazer nada. Estou desanimada, não estou aguentando colégio, e qualquer desculpa é forte o suficiente pra tentar faltar. Não é irresponsabilidade ou desleixo, eu simplesmente não suporto mais copiar matérias exatas, não suporto mais acordar às cinco horas da manhã, não suporto mais ouvir bronca de professores, e principalmente, não suporto mais ter que fazer provas de matérias exatas, as quais eu nunca vou usar pra nada na minha vida, já que a minha área, sempre, SEMPRE foi a de humanas. Encaixa-se a mim nesse momento, a famosa frase “NÃO AGUENTO MAIS!”, e eu não aguento mais mesmo. Nunca pensei que no último ano de colégio eu ficaria assim; pensava que estaria ainda mais animada pras coisas, ainda mais envolvida em tudo, por ser o último ano de colégio, por ser a última chance de viver isso tudo. Mas não. Estou exatamente ao contrário do que eu achava que estaria. Estou de saco cheio de escola. Está insuportável. Quero desesperadamente me livrar da escola. Está insuportável. Quero desesperadamente me livrar da escola, não aguento mais, mesmo.
São nessas horas que eu consigo enxergar que de fato eu não pertenço mais a esse mundo. Eu não sou mais uma menina, eu não sou mais uma estudante. Eu sou uma mulher louca para começar a vida de mulher, com todas as partes boas e ruins. Eu não me identifico mais com nada disso aqui, essa fase da minha vida já se foi.
O meu problema é que, como sempre fui precoce em tudo na vida, eu saí dessa e de tantas outras fases antes que acabassem de fato, antes que elas pudessem sair de mim. O jeito agora é terminar isso, e tentar terminar com a maior boa vontade possível, apesar da dificuldade.
Vou sentir falta de algumas coisas, mas não o suficiente pra desejar continuar aqui. Vou guardar tudo na memória para sempre, mas viver isso, eu não quero nunca mais. E são por esses motivos e tantos outros que eu percebi que estou pronta para ir. Estou pronta para entrar em uma nova fase, sem medo de encarar as responsabilidades e muito menos de aproveitar as partes boas. A única coisa que eu quero agora, é que esses dois meses que ainda restam, passem voando.

Caloooor!



Chegou a hora de guardar os casacos no fundo do armário porque o calor chegou com tudo, e não estou brincando, chegou para devastar.

Hoje foi um dia excepcionalmente queeente. Mas muito mesmo. Não sei ao certo quanto ficou marcado no termômetro, mas acredito que não foi abaixo de 35º. No caminho que eu faço da escola até a casa da minha avó (mas estava indo pra casa da Andressa, ela mora uma rua depois), eu fui morrendo, derretendo. Não passava nem uma brisa sequer, as pessoas que estavam na rua, estavam se abanando, e todas tinham cara de que queriam um chuveiro gelado pra se refrescar. Água. Como explicar essa ligação que temos com a água, principalmente no calor? Não dá, porque a natureza não se explica, ela simplesmente acontece.
Na maioria das regiões do Brasil, começar a primavera é o mesmo que começar o verão. Não tem praticamente diferença nenhuma. Acho que eu nunca vi uma infestação de flores lindas, cheirosas e cheias de saúde, como sempre mostram nas fotos da primavera. Não, eu vejo uma flor aqui, outra lá, e no máximo um pequeno canteiro, mas nada de flores em grande quantidade. Não existe isso aqui, porque o sol de rachar o crânio faz o favor de exterminar as coitadas das flores. Eu não consigo imaginar como que as pessoas da região do sertão nordestino vivem, porque, se pra nós aqui do Rio, sendo um lugar de praia, chuva, coisa e tal, já fica difícil, imagina pra eles lá, com quilômetros e quilômetros de terra seca e oca. O barro vermelho vivo (ou morto), rachado, o sol infernal, a falta d’água, o céu azul que não oferece nenhuma ameaça sequer de chuva. Que horror deve ser!
Eu, particularmente, não gosto nem um pouco de calor. Não gosto de suar; não gosto de ficar ardendo por queimaduras solares; meu cabelo fica uma droga pelos inúmeros banhos ao longo do dia; eu não consigo comer direito, porque fico enjoada... E por aí vai. Calor não é pra mim, definitivamente não. Eu tenho histórico na minha família de câncer de pele, o que já é preocupante no meu caso, principalmente pra uma pessoa branquela como eu. Meus avos maternos têm câncer de pele, e não pense que foi de ficar torrando na praia durante o verão não, foi por jogar futebol no sol, andar na rua, cortar a grama... Coisas comuns que a gente não pode escapar de fazer no dia a dia, pelo menos para algumas pessoas. Eu sou repleta de sardas no rosto. Só não tenho muitas no resto do corpo, por que... Bom, não sei por quê. Até porque eu sempre me esqueço de usar protetor solar, e muitas vezes deixo de usar de propósito, porque não suporto aquela coisa oleosa na minha pele (até porque ela já é oleosa). Eca! Eu sei o que você deve estar dizendo agora: “porque ela não usa protetor em gel, ou spray?”, eu respondo: porque eu sempre me esqueço de comprar! Um ponto a menos pra mim por não usar protetor solar!
Mas vamos olhar (ou pelo menos tentar) os lados bons do verão: as pessoas podem usar roupas mais leves, ficar mais a vontade; tomar um banho, e sair com o cabelo molhado, sem maquiagem, só com o bronzeado natural. Todos ficam mais saudáveis, tomando mais água, comendo mais frutas, legumes e verduras, e peixe. As pessoas comem menos. E tem também a parte da praia, que eu adoro! Eu não gosto de calor, mas sempre fui apaixonada por praia, desde criança. Pisava na areia, e já começa a tirar a roupa pra sair correndo pra água. Eu amo praia no verão. O problema é conseguir dormir depois, toda queimada...
Bom, o calor esta aí para ser aproveitado das melhores formas possíveis, ou prevenido das melhores formas possíveis... Cabe a nós saber equilibrar. Feliz calor pra vocês!

domingo, 9 de outubro de 2011

Oração ao Tempo - Maria Gadú


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...


Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

sábado, 8 de outubro de 2011

O pó da felicidade


Às vezes eu me canso de sempre ter que ser sorridente e ter o brilho de uma criança no olhar. Às vezes eu não sinto o mínimo de vontade de me arrumar, ou de passar maquiagem, e algumas vezes não sinto nem vontade de escolher a calçinha. Às vezes eu não sinto vontade de nada, às vezes não sinto vontade nem de ser eu mesma, mas eu tenho que ser. Tenho que ser, pois me lembro que por mais que se tenha uma vida ruim ou conturbada, é melhor ter uma vida assim mesmo, do que não ter nenhuma. O grande desafio para as pessoas que não são como eu, pessoas que não tem apenas dias assim, e sim a rotina assim, é tentar fazer com que as coisas mudem, ou seja, achar seu próprio pó da felicidade, já que para cada pessoa ele é de um jeito.
Todos têm dias ruins. Todos precisam de um estímulo de vez em quando que faça lembrar que existem mais motivos para estar alegre ao invés de estar triste. A felicidade depende unicamente de cada um de nós, e não há como mudar isso. Não dá pra colocar a culpa nos outros por coisas ruins que acontecem e nem deixar alguém responsável de proporcionar a felicidade que tanto é almejada. Nesse caso, tudo é conseguido de forma bem individual. Se pessoas fazem coisas ruins pra você, e estas te abalam, é porque foi dada abertura para estas pessoas mal intencionadas entrarem em sua vida e fazerem coisas ruins. Se pessoas te proporcionam bons momentos, foi porque você conseguiu enxergar a felicidade no que te foi oferecido e aceitou-a.
Não é preciso que algo inacreditável aconteça em sua vida para que possa ser feliz. Experimente concentrar-se nas coisas pequenas e simples, fazendo-as serem grandes e enriquecidas aos seus olhos. Muitas vezes, essas coisas batem na porta, mas a batida não é ouvida por ser sutil demais.
Todos tem dias ruins. O importante é fazer com que se tenha mais dias bons do que ruins. E tentar extrair algo de bom dos dias ruins. Pare de esperar por coisas grandiosas para ficar feliz; o grande desafio da vida é achar a magia onde ninguém mais consegue achar. E ser feliz assim.

Aleatória



Aqui estou eu. Sozinha em casa, aproveitando a minha própria companhia. Sentindo a leve brisa lá de fora; ouvindo os sons de alguns animais; ouvindo conversas que se passam na rua, vindas de pessoas que estão de passagem. Mas eu nunca consigo ficar completamente sozinha, porque meus pensamentos nunca me deixam. Nunca me permitem estar apenas comigo. Eu sempre estou comigo; com os deveres da escola pra amanhã; com a ligação pro meu pai que eu não fiz e que ele provavelmente vai reclamar; a louça que eu não lavei pra minha mãe e que ela provavelmente vai reclamar; a aula que eu vou ter que dar e que provavelmente vai me custar mais tempo do que o combinado; a amiga ou o amigo que está com algum problema e o que eu posso fazer pra tentar ajudar; a prova para qual eu ainda tenho que estudar, mas não consigo me concentrar; o filme que eu quero ver, mas não sei quando vou conseguir; a música que não sai da minha cabeça e que eu ainda não consegui ouvir; o livro que eu quero ler... Enfim, é tanta coisa na minha cabeça que eu não consigo me concentrar no simples fato de que estou sozinha e essa seria a hora perfeita para parar e relaxar. Mas eu sou uma pessoa tensa, preocupada e acelerada por natureza.


Um dos meus muitos sonhos é poder pegar um carro qualquer algum dia e sair dirigindo sem direção, indo parar onde o caminho me levar. Sentir o vento no rosto; ver imagens comuns e novas; registrar rostos de pessoas aleatórias, mas que por algum motivo me chamaram a atenção; tirar fotos de todas as coisas possíveis; parar pra comer em uma lanchonete na estrada que eu não faça a mínima idéia de qual seja, e mesmo assim, entrar, comer bastante, conversar com os funcionários sobre quaisquer coisas, rir um pouco, pagar a conta, comprar mais comida pra viagem e depois voltar pro carro e colocar “Seven Days In Sunny June” do Jamiroquai pra tocar no último volume. E gritar junto com a música. E continuar a dirigir até ficar cansada, ou até encontrar algum lugar que me chame a atenção suficientemente para me fazer parar. Só que como posso fazer isso, se tenho uma dor de cabeça absurda e enjôo quando viajo de carro? Eu geralmente tomo dramin quando viajo de carro, mas eu fico praticamente dopada, e acabo dormindo. Porém não sou eu quem está dirigindo. Assim fica complicado né? Concordo. Mas, vamos torcer, de repente um dia essa minha dor de cabeça misturada com enjôo em viagens de carro melhore.

Sabe o que é mais irônico? Eu tenho medo de altura, mas não tenho medo de viajar de avião. Eu adoro, pois não fico enjoada e nem com dor de cabeça. Meu medo de altura só vem mesmo quando eu me sinto ameaçada de cair. Fora isso, tudo vai bem quando estou numa altura consideravelmente grande.
Tá vendo como eu não sou uma pessoa normal? Comecei falando de uma coisa, e acabei falando de outra. Vai entender a minha cabeça... 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma grande amiga


Eu tenho uma amiga. Uma amiga verdadeira. Ela é uma pessoa maravilhosa, que não tem medo de errar, e nem de chegar atrasada. Só não admite faltar para alguém quando mais se precisa dela.
Ela é engraçada e divertida. Ela é inteligente, e aleatória em seu mundo, mas sempre está no mundo certo quando é preciso. Ela é misteriosa, mas é isso o que faz com que se queira saber mais sobre ela; afinal, se ela não fala muito nem sobre si mesma, é muito pouco provável que ela vá contar segredos que não são dela.
Ela tem as expressões das personagens dos livros que ela mesma me empresta. E seu rosto é um papel em branco, pronto para ser desenhado na espontaneidade de algo novo.
Ela é uma pessoa real, alguém que você não tem problemas de falar palavras como “cocô” ou sobre algo diferente que você comeu e que provavelmente todos achariam nojento, mas ela não, pois não existe ninguém com um cardápio mais estranho do que o dela. Ela é uma menina que gosta de experimentar diferentes e novas sensações; ela está sempre aberta para as mudanças e possibilidades. Afinal, aprender é evoluir.
Ela tem o dom de deixar qualquer pessoa à vontade, porque não faz o tipo “princesinha frágil e perfeitinha”, e sim a menina verdadeira com problemas, segredos, histórias engraçadas, esquisitices e momentos de alguém que pode dizer que aprendeu com os erros ou que sente saudade de algumas épocas.
Esta é a minha mais nova amiga. E eu fico feliz de ter tido a possibilidade de descobri-la como uma amiga verdadeira, uma das amigas mais verdadeiras que eu já tive na minha curta longa vida. É a minha amiga Andressa.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Escuro


Às vezes o escuro pode ser mais confortável do que se imagina. Ficar parado, apenas pensando; passando sutilmente pelas coisas de sua vida de um modo geral. No escuro. Paz. Num lugar onde ninguém possa te encontrar, no qual você agradece por isso, pois só assim você consegue ter um tempo para si mesmo, sem ninguém para dar palpites ou ordens, ou simplesmente para falar no seu ouvido, coisas que você não tem necessidade e nem o mínimo interesse de saber. Mesmo eu, que sou uma pessoa que fala muito por natureza, às vezes quero ficar calada, ouvindo apenas a voz do meu pensamento, que em muitas das vezes, é a única não traiçoeira. Às vezes eu também quero paz, e consigo quando estou no escuro.
Deve ser por isso que eu adoro dormir; deve ser por isso que eu adoro a noite. Mas não sou contra focos de luz, e também não sou contra o brilho. Deve ser por isso também que eu sou fascinada pela Lua.
A luz, o dia, são expostos demais, coletivos demais. E eu não sou uma pessoa muito coletiva sempre. Eu prezo a intimidade com poucas pessoas, e também prezo a individualidade. O dia pode ser revelador demais muitas vezes, e eu não sou evoluída ao ponto de me expor completamente. Muitas vezes, você não é o que as pessoas querem que você seja; às vezes você não diz o que elas querem ouvir; e às vezes você é tratado com desdém por causa disso. Porém, eu jamais mudarei a minha opinião ou alguma coisa na minha maneira de ser, por causa da reprovação de alguém. Só vou mudar algo, quando e se eu achar que é necessário para mim, ou se representarem algum tipo de melhora na minha vida, mas as mudanças sempre dizem respeito a mim, e não ao julgamento das pessoas.  Quem é importante pra mim sabe como eu sou, e me ama desse jeito. Não há necessidade de exposição e nem auto provação constante; eu não quero e nem preciso disso. É por isso que muitas vezes eu prefiro o escuro, porque nele me sinto preservada e à vontade. O escuro sempre me traz clareza e racionalidade; calma e eficiência para resolver os problemas que antes estavam sem solução. Eu posso até considerar o escuro como uma meditação para mim. Eu gosto assim; gosto de estar no meu conforto particular.

sábado, 1 de outubro de 2011

A ardência do que se foi


Eu já mencionei antes
que escrever no computador é impessoal
Por isso estou escrevendo pra você
numa folha de papel, e a jogando no vento
E que ele a esconda em algum lugar do céu.

E mesmo que isto não chegue até você
Saiba que a ardência do que se foi estará sempre viva dentro de mim
Eu não me importo de ter que viver assim
O que está feito, está feito
não tem como apagar.
E agora eu sigo daqui para um futuro incerto
e me lembro de que não era assim
quando juramos nunca nos separar.
Mas o problema do "para sempre"
é que ele nunca dura por tempo suficiente.

Eu não penso em ficar presa ao passado
mas a ardência do que se foi continua aqui.
Não me culpe
se eu tenho mágoas e remorsos
É que eu nasci com este grave defeito
Sempre estarei sentada em nossos destroços.

E não me diga que eu preciso te deixar ir
porque você nunca pediu permissão
faz tempo que você não está mais aqui.

Você já criou outra vida
está feliz, e acha que tem que me dizer
que eu deveria fazer o mesmo
Mas não é fácil assim
porque a ardência do que se foi continua aqui
E mesmo que eu não queira
será sempre assim

E para de fingir
porque isso nunca será um incômodo para você
Mas sempre será para mim.
Porque a ardência do que se foi continua aqui.

Sentimentos


Nesse momento eu só quero sentir raiva. Raiva do sistema, raiva das pessoas. E acredite, eu tenho mais motivos para sentir raiva do que para não sentir. 
A raiva é um sentimento controlador. Se realmente for provocada, nos toma em segundos, de uma maneira que não podemos evitar. E segundos são suficientes para fazer grandes estragos. É incrível a maneira como um sentimento tão sujo e diabólico pode despertar no interior das pessoas, ao passo que, o amor e outros tantos sentimentos que são tão puros e divinos, demorem tanto para nos convencer de que são seguros. Às vezes podem-se levar anos até o amor conseguir se apoderar de alguém. Mas o amor é um sentimento educado, que pede licença para entrar, e permissão para se instalar. A maior dificuldade é conseguir mandá-lo embora de, pois, mas isso raramente é ruim. A raiva é mal educada, e adora surpreender; mas o lado bom é que pode ir embora bem rápido se a pessoa que a deixou entrar, quiser que ela vá.
A raiva é perigosa, mas tem a terrível habilidade de se mostrar libertadora. Ilusão. Quando estamos com raiva somos capazes de fazer coisas absurdas, e nem nos darmos conta do quão ruim é. Quando acordamos do transe, já está feito, e não dá pra voltar atrás. E aí se instala na gente outro sentimento perturbador: o desespero. Querer fazer alguma coisa para tentar melhorar a situação, mas não conseguir, ou simplesmente não ter o que fazer. Tem coisa pior do que isso? Ver-se de mãos atadas diante de um fato desesperador?
Outro sentimento muito perturbador também é o remorso. O remorso tem o dom de acabar com as pessoas num período a longo prazo. Vai matando silenciosamente disfarçadamente, e aí, quando essa pessoa que o sente se dá conta, é tarde demais; já não há mais tempo, já não há mais como mandar o remorso embora, porque ele conseguiu se apoderar da pessoa. Só existe um sentimento capaz de mandar o remorso embora: o perdão. Mas este é um sentimento difícil de conseguir, já que a única maneira de ele conseguir se apoderar de uma pessoa, é se outra pessoa concedê-lo a quem está sentindo o remorso. O perdão é um sentimento dependente, pois precisa de alguém para fazê-lo existir e atuar em uma pessoa. Mesmo que seja um perdão próprio, não muda nada; continua dependendo de uma pessoa para fazê-lo existir. 
São tantos sentimentos, e tão diferentes e semelhantes. Alguns são perigosos, outros inofensivos. Mas sempre, sempre fazem toda a diferença em nossas vidas.