quarta-feira, 28 de agosto de 2013

434



Já são quase oito, e a gente aqui na rua, nesse ônibus fedorento, 434.
E eu já tô com dor de cabeça, já dormi e acordei duas vezes, já me irritei, já sonhei, já me perdi, já entendi onde estava, mas ainda não cheguei em casa.
E eu quero ir pra casa, tô cansada, sem paciência pra nada, mas ainda estou em Copa.
Já ouvi todas as músicas do IPod, vi as fotos, olhei a vida pela janela, pensei: "Que merda."
Mas esse 434 insiste em dar a volta ao mundo antes de me deixar em casa. 
E eu irritada, não tenho mais paciência pra nada.
Depois de um dia de estresse, depois de ter ficado sei lá quantas horas rodeada por pessoas vagas, aqui estou eu tentando ir pra casa nesse 434 que não chega nunca, mas corre feito um jato, e eu sempre tenho experiências de quase morte. 
Não entendo como ele não chega se corre como as pessoas que saem do trabalho desesperadas por rua na sexta. Ele nunca chega.
E de tempos em tempos eu penso na minha vida, penso nos fatos do passado, alguns deles traumáticos; mudo de cenário e entro no meu futuro enigmático, faço planos, minha mente vai pra longe e quando volta, ainda não estou em casa. 
Como posso não estar em casa se já aconteceu tudo isso? Como pode um ônibus demorar esse tanto? Como pode esse trânsito ser assim, sem fim?
Não aguento mais, preciso chegar em casa, já deu pra mim.
Imagina pra Mariana, que salta no Grajaú?! Não queria estar no lugar dela, pior do que isso só saltar em Itaipuaçu! 


sábado, 24 de agosto de 2013

Questão de costume


Talvez a pior coisa sobre a saudade seja o fato de que com o tempo, você se acostuma com ela. Não sei se já disse isso antes, mas sempre acontece, cedo ou tarde. Quero dizer, ela ainda está lá, ela inda incomoda, mas você aprendeu a conviver com ela depois de passar longos meses assim, ou anos da sua vida. Questão de costume. Besteira as pessoas dizerem que não podem mudar certas características, porque foram criadas de uma determinada forma, quase tudo é questão de costume. Algumas coisas não mudam, mas outras só existem porque você insiste. Eu queria poder dizer que todas as coisas se encaixam nisso, mas infelizmente não. Temos que aprender a conviver com certas situações, fatos e características, mas podemos sempre adicionar novas coisas, aprender, aprender e aprender. 
E nesse caso, aprendemos no automático a aceitar a saudade. Aprendemos a ignorá-la por muitos dias, e sufocá-la quando ela está muito agitada. Aprendemos a matá-la um pouquinho a cada dia, do jeito que der, do jeito que conseguirmos devido às circunstâncias. É a saudade nossa de cada dia.
A minha vida inteira eu tive que aprender a conviver com a saudade. Criava tantas expectativas em relação ao seu término, e em muitas das vezes essas expectativas só serviam pra me decepcionar. Não parei de criar expectativas, não parei de ter esperanças, mas hoje em dia, tenho um certo cuidado que adquiri pelas decepções.  Confio desconfiando, acredito cogitando a possibilidade de dar errado, arrisco com um Plano B guardado, caso tudo dê errado. É tudo questão de costume.
Sinto muita saudade de muita coisa e de muita gente, mas isso não é questão de costume, ou pelo menos eu nunca quis que fosse. Não escolhi nascer uma pessoa saudosista, mas escolhi nunca esquecer de nada, me obrigar a lembrar, a guardar, a escrever, a fotografar, a filmar. Aprendi a criar lembranças concretas, pois só a memória não é suficiente em algumas vezes. E é dessa forma que eu consigo matar um pouquinho a saudade, aqui e ali, de vez em quando. E quando ela aperta de verdade, pego o telefone e ligo, já que a voz de uma pessoa às vezes é o que você consegue ter de mais próximo dela. Cada um se vira com o que tem, e eu tenho isso, e meio que me acostumei a ter apenas isso. É tudo questão de costume. Infelizmente, nesse caso. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Lady


Uma lady com chupão?
Sim! Não sabia que isso existia até então.
O que me faz questionar: Qual é o limite de uma lady? Onde é o ponto em que ela guarda a personagem, e mostra a sua cara um pouco crazy? Quando é que ela se cansa dos sapatos de cristal e veste a abóbora? Quando é que ela vê isso como uma coisa boa? E como ela faz isso sem perder a sua glória?
E como ela consegue fazer isso sem deixar de ser uma lady? Ser fofa e atrevida, e ao mesmo tempo, classuda e vagabunda?
Como ela consegue fazer isso sem deixar de ser uma lady? Eu achava que isso não existia até então, ou você era uma lady, ou não.
Mas agora eu vi que mesmo os extremos têm seus intermédios. E seus vira-casacas, e suas fantasias, e uma lady fazendo coisas de alguém crazy.
Mas como ela pode ser uma lady com um chupão?
E ainda prender o cabelo, pra exibir o pescoço sem se importar com o julgamento alheio? 
Uma lady se importa com isso, certo? Pra elas a imagem é tudo, até onde eu sei.
Mas essa em especial, tinha um chupão e prendeu o cabelo no frio. Eu não falaria nada se estivéssemos no meio do Verão do Rio, mas não estava calor, e lá estava ela com o cabelo preso e um sorriso.
Se até uma lady não consegue se manter longe da sua parte crazy, estamos todas salvas, não precisamos ser o tempo todo equilibristas em saltos altos, impecáveis e calmas.
Mostremos nossa cara um pouco crazy, com muitas caretas e sem maquiagem, usando sandálias rasteiras, falando besteiras.
Sendo felizes, sendo nós mesmas.
E até um pouco ladies. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Acreditar



Pra quê eu vivo, se não pro futuro?
Pra quem eu vivo, se não pra mim?
Se a minha vida não fosse feita de poesia,
Por qual outro motivo eu escreveria?
E se eu ouvisse às pessoas
Será que estaria onde estou?
Será que faria o que quero fazer
Será que seria do jeito que sou?

Porque no mundo dos crescidos
Ninguém nunca mostra a si mesmo
Apenas interpretam outras pessoas,
Personagens de um teatro realista ou idealista. 
Alguns papéis são tão vazios
Quanto folhas em branco.
Alguns são tão perfeitos
Que você tem certeza que são fictícios. 

Mas eu vivo 
Eu vivo dentro de mim mesma
E eu não vou mudar essa certeza
Pois essa é a única coisa que eu sei que nunca vai mudar em mim
Pois todo o resto pode acabar
Em pouco tempo posso não ser mais assim.
Mas se vou mudar, vou mudar pra mim
Mas se vou me adequar, vou me adequar por mim.
Tenho uma personalidade muito forte
Pra não ser assim.
Portanto acho que isso me encaixa no meio
Não sou nem crescida, nem encolhida.
Vivo nos malabarismos do meio.

Eu vivo pra não esvaziar.
Pra não esvaziar a mente,
Pra não esvaziar as esperanças do meu coração.
Eu vivo pra pensar,
Pra pensar em tudo o que eu já fiz
Pois sim, sou presa ao passado.
E também vivo pra acelerar o presente
E pular pro futuro
Pois sim, nunca estou satisfeita só com o agora,
Eu quero sempre mais.
E é por isso que
Eu vivo pra acordar, todos os dias às seis da manhã
Quero ver no que vai dar
Essa minha mania de viver pra sonhar, sim
As coisas só acontecem se você acreditar.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Perdi

"Tears stream down your face, When you lose something you cannot replace"

Naquele dia eu perdi a esperança em algumas pessoas, naquele dia eu soube que para muitos, não há mudança, e que certas pessoas insistem em repetir os mesmos erros e viver arraigados aos mesmos defeitos. Naquele dia eu vi que algumas pessoas se auto destroem, mas não se afetam como quem vê tudo acontecer. Naquele dia eu perdi qualquer paz que ainda me restava, e desejei coisas sombrias à algumas pessoas, e perdi a racionalidade, e entrei num estado de choque que nunca mais vai passar, pois eu sei que quando alguém sofre assim, nunca mais consegue voltar a ser o mesmo. 
Naquele dia eu perdi uma coisa que eu nunca poderei substituir, a qual eu nem sei o nome, mas sei que quando a perdi, algo aqui dentro desmoronou e foi embora junto. Então acho que mesmo sem  nome, essa coisa significava algo grande, uma daquelas coisas sem razão que nós mantemos vivas em nossas vidas, uma daquelas coisas que nós não sabemos o motivo da existência, mas agradecemos por existir. Aquela coisa que você sabe que se um dia for embora, você não conseguirá mais dormir, terá dificuldade de sorrir, e terá muita facilidade em chorar sem parar quando estiver deitado na cama, tentando dormir. Naquele dia eu perdi isso tudo, eu perdi minha pouca tranquilidade, eu perdi uma parte de mim. 
Naquele dia eu pisei em falso, e quase caí... E a verdade é que ainda estou tentando me equilibrar nessa falta de chão em que eu me meti.


domingo, 18 de agosto de 2013

Maquiagem


As pessoas são como são, e dificilmente mudam. As coisas acontecem, coisas loucas às vezes, mas a falta de amor próprio faz muita gente passar por cima de si mesmo e aceitar coisas inconcebíveis. Perceba que eu disse falta de amor próprio, e não excesso de amor por outra pessoa. Pois quem passa por cima de si mesmo, quem se põe a sofrer, quem adota um comportamento auto-destrutivo, acreditando que aquela pessoa que dorme ao seu lado vai mudar, não tem amor próprio. Porque as pessoas não mudam. Algumas conseguem melhorar um pouco, mas a essência é imutável, e quando a raiz é podre, não há como a árvore florescer, não há nada de belo pra se ver.
No início acontecem os escândalos, as fofocas de primeira página, as versões que outras pessoas inventam a partir de algo já tão inacreditável, mas com o tempo, todos aprendem a fingir. Quem sofre, aprende a sorrir como se nada tivesse acontecido, e nunca chora, pois a maquiagem tem que permanecer intacta. Quem faz sofrer, esconde os demônios por um tempo, finge ser normal por um tempo, finge ter bondade por um tempo, finge tudo, mas apenas por um tempo. E depois de um tempo, tudo volta ao mesmo caos normal de sempre. As pessoas continuam apanhando caladas, e quem bate, continua controlando a mão um pouco, pois até mesmo pra deixar marcas, existe um limite. Limite? Sim, apenas o necessário pra não chamar mais a atenção daquele jeito, pois dentro de quatro paredes, pode-se fazer tudo, desde que seja silenciosamente e com classe. Tudo feito sem deixar vestígios, afinal, o que os vizinhos vão pensar? O que meu pai, o que minha mãe, o que meus filhos vão pensar? Como eles vão reagir, o que o mundo inteiro vai achar? É mais fácil apanhar do que pedir ajuda e mudar, é mais fácil manter as aparências do que parar de viver na merda. Por que? Porque a maquiagem tem que estar intacta. Mesmo quando parece desmoronar, a maquiagem tem que estar intacta. 
E eu? Como eu fico no meio disso tudo? O que eu faço? O que eu penso? Eu quero mais é borrar tudo, eu quero matar todo mundo, quero gritar a realidade, quero acabar com essa situação absurda. Mas o que eu posso fazer, se não me deixam nem chegar perto da maquiagem com o removedor? Mesmo sendo uma maquiagem barata, insistem em deixá-la intacta, pois só o que importa é a maquiagem não se abalar com nada. Então o que eu posso fazer além de ir embora? Afinal, nunca tive maquiagem pra realidade, portanto, não me encaixo aqui, resta-me apenas ir.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Eu ponho verdade nas minhas palavras



Eu ponho verdade nas minhas palavras, eu ponho sentimentos, ponho a mim mesma em cada letra. 
Quando eu vou pra casa, se é que eu tenho uma casa, vou olhando pela janela do ônibus a rua e o mundo inteiro, ao menos todo o mundo que meus olhos podem alcançar, incluindo o que está fora da minha visão.
Porque eu vou além, eu sempre vou além. E me atrevo a dizer ainda que poucas pessoas podem dizer que tem uma casa, pois "casa" é muito mais sério, é muito mais forte do que um simples lugar, são sentimentos, são lembranças, são gestos e palavras. 
Talvez hoje em dia, há alguns anos na verdade, eu seja a minha própria casa. Talvez eu tenha uma casa enquanto morar num lugar com cheiro de café e perfume floral, talvez eu tenha uma casa se houver música tocando bem alto, talvez eu tenha uma casa se houver o silêncio imaginário do barulho dos meus pensamentos, talvez eu tenha uma casa se  houver um filme, talvez eu tenha uma casa se houver um papel e uma caneta, talvez eu tenha uma casa se houver um computador, talvez eu tenha uma casa se houver o barulho do ventilador, talvez eu tenha uma casa se houver bagunça e um despertador. Por enquanto só existe eu nessa casa, talvez um dia alguém se mude, mas nunca se sabe. Pode ser que essa casa seja mesmo independente e solitária. Eu ponho verdade nas minhas palavras. Sempre.
Eu quero esse futuro do qual as pessoas falam tanto, eu quero sentir essas certezas na minha alma, eu quero manter minhas esperanças e sonhos, e se conseguir, talvez consiga ser jovem pra sempre. Pois o espírito morre quando suas esperanças e sonhos morrem. Quem nunca foi idealista, nunca foi jovem. 

Toda noite eu sonho acordada até às 3 da madrugada. Eu quero fazer tanta coisa acontecer, eu quero ser de tantas maneiras, eu quero viver do jeito que eu sempre quis viver, eu quero poder ser independente e satisfeita, quero ver tudo isso acontecer. Mas antes que eu veja isso tudo realizado, caio no sono. Algumas vezes sonho com o que estava imaginando, em outras, apenas desapareço num grande buraco. E antes que consiga me deixar engolir por esse grande buraco, o despertador toca, eu acordo meio morta, e começa meu dia de estudar e trabalhar, e começa meu dia de imaginar coisas pela janela do ônibus, assim que eu abro a porta, assim que eu começo a escrever, assim que eu começo a falar. Porque eu ponho verdade nas minhas palavras, eu ponho sentimentos, eu ponho a mim mesma em cada letra.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tic Tac

Calor.
Há quanto tempo não te vejo.
Há quanto tempo não percebo
Que você havia me dado uma trégua 
Mas hoje
Você oficialmente retornou.
E hoje, eu percebi que certas coisas nunca mudarão
Hoje percebi que certas coisas não desaparecerão
Exatamente como você
Que me incomoda por me fazer sentir num deserto de imensidão.

Então hoje
Não vamos falar sobre o futuro
Não vamos falar sobre o passado
Não vamos falar sobre o presente.
Pois isso aqui já é o presente 
Não precisamos falar, estamos vivendo
Não precisamos pensar, estamos escrevendo.

Então hoje, vamos parar 
Hoje, vamos calar
Hoje, vamos esquecer
Hoje, vamos nos concentrar apenas em viver.
Eu tenho algumas certezas
Eu tenho muitas dúvidas
Eu tenho alguns momentos de clareza
E tantos outros de loucura... 

Eu vou à lugares desastrosos na minha cabeça
Continuo voltando para os mesmos pensamentos
Continuo me culpando pelos mesmos terminados momentos
Continuo me perguntando se poderia ter sido diferente naquele tempo
Naquele fato traumático
Há quatro anos, onde eu colocava tudo o que eu tinha em uma pessoa
E tantas coisas aconteceram em quatro meses
Inclusive a maior tristeza que eu já senti na minha vida
Inclusive um desespero, e depois, um estado de anestesia. 
Mas isso é o passado
E hoje, não vamos falar sobre o passado.

Eu tenho dois lugares preferidos:
Meu passado e o meu futuro imaginário
Já sei o que vai acontecer antes de chegar lá
Já sei como vou ser quando estiver lá
Sei nada sobre aqui, mas sei sobre lá.
Viver aqui é difícil
Então eu sempre acabo voltando a inventar
Faço tantas coisas quando vou lá
Tem vezes que não sei se vou conseguir parar
Tem vezes que não sei se vou conseguir voltar.
Mas isso é o futuro
E hoje, não vamos falar sobre o futuro.

Hoje cheguei em casa com fome de banho de lavar o cabelo
Não é nem lavar o cabelo, e sim molhar a cabeça
Na tentativa inútil de inundá-la e anestesiá-la
Afogá-la um pouquinho, silenciar um tempinho
Não queria nem futuro e nem passado
E o presente é incontrolável
Portanto, não queria nada
Queria apenas inundá-la 
Queria silêncio, queria paz, ou simplesmente nada mais
Mas isso já está lá atrás
E o tempo corre, e gira o mundo
E eu me pergunto sobre o que acontecerá daqui a cinco minutos.

Hoje eu não quero nada, 
Mas quero tudo.
Tudo o que não tive no meu passado
E tudo o que tenho direito no meu futuro
O presente é só uma ponte
Uma ponte que nunca acaba
Pois há cinco minutos eu pensava nesse momento, 
E aquele tempo já é passado
E esse aqui, presente
E agora, mais um passado
E eu me pergunto o que acontecerá nos próximos cinco minutos.

Tic tac.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ir



Essas pessoas loucas não sabem nada sobre mim. Eles pensam que conhecem meus movimentos, meus pensamentos, minhas características, meus padrões, mas eles veem apenas uma pequena casca de um miolo muito maior. Pois eles pensam que são muito loucos, eles pensam que sabem muito, eles pensam que estão no controle, mas a verdade é que eu sou mais louca.
Eu já estive em infernos mentais e materiais, já corri por todos os lados, já ajudei quem não conhecia, já me transformei, já mudei e voltei às raízes. Já fiz tanta coisa que essas pessoas loucas nem imaginam... 
Eu não tenho amarras, eu não tenho correntes, eu não tenho raízes fixas, eu não tenho nada que lembre correntes, eu não tenho nada que lembre prisão, eu não tenho nada que lembre repetição, eu não tenho nada que signifique regressão. Eu sempre vou, independente do que esteja acontecendo, e em algum lugar eu chego. E às vezes, acabo descobrindo que algum certo lugar era exatamente do que eu precisava, e lembro-me mais uma vez de confiar sempre nos meus instintos, mesmo que tantas pessoas me digam que não vou fazer outra coisa que não seja vagar. Eu nunca vago. Eu ando, eu percorro, eu corro, eu fujo, eu fico, eu enfrento, eu procuro, eu acho, às vezes não, e continuo indo mesmo que às vezes ache que tudo isso não passa de uma vazia imensidão, o que acaba se mostrando não ser, na maioria das vezes.
Sim, há algo de sombrio em mim, há algo de triste, há algo de pesado, e com certeza existe algo bagunçado, mas também existe uma luz que me guia sempre para os lugares que eu tenho que ir, mesmo que sejam só de passagem. 
Não sei quem eu sou exatamente, só sei que sou alguém que procura, que anda, e que sente não pertencer ao lugar em que está. Sou alguém independente, mas quando encontro alguém que me envolva de tal maneira que eu confie, me torno completamente dependente, pois sim, tenho um amor desesperado, tenho um amor meio doente, carente. Mas também tenho dias de amor egoísta em que não quero nada além da minha própria companhia. E se sou escrava de algo, com certeza é dos meus pensamentos, talvez eles sejam as coisas que mais me atormentam. Como pode uma pessoa querer tanto o futuro, aceitar que o presente é só uma passagem, e viver tanto no passado?
Não sei pra onde tenho que ir, só sei que não tenho que ficar aqui, eu não pertenço à isso aqui. Desde criança me sinto assim, desde criança sei que se pertenço à algo, com certeza não é à isso aqui. Desde criança sei que preciso chegar à algum lugar, mas esqueci o nome . E desde quando cresci, entendi que na hora certa, saberei o que fazer, saberei pra onde ir. A minha religião é confiar, confiar em mim mesma, confiar que todas as coisas foram feitas pra dar certo, e quando não dão, é porque não eram pra ser feitas, ou apenas acabou o tempo, pois tudo tem prazo de validade.
Não sei se nasci no lugar errado, mas se realmente nasci no certo, o prazo de validade tá me expulsando já faz um tempo. E que escolha eu tenho se não confiar e ir?

domingo, 4 de agosto de 2013

Dependentes e descontrolados


O que eu escrevo sobre amor hoje em dia é nada mais nada menos do que uma tentativa de deixar o conteúdo do blog mais leve. Em alguns casos, também é porque eu presenciei algo que me inspirou para escrever algo sobre. Mas não, de uns 4 anos atrás pra cá, nada do que eu tenha postado aqui sobre amor foi realmente sobre algo que aconteceu na minha vida, a não ser as coisas tristes, porque a verdade é que eu sou traumatizada com esse troço até hoje. E sim, eu sou bem nova, e não, isso não quer dizer que já não tenha existido uma grande mágoa na minha vida, ou grandes mágoas, e muito menos que eu já não tenha vivido muitas coisas, porque sim, eu já vivi.
Não aceito que as pessoas me tratem como criança. Todas as decisões que eu tomei até hoje, desde sair da casa da minha mãe aos 17 anos, até não namorar até que eu achasse alguém realmente legal, foram minhas, apenas minhas, sem influências, sem obrigações, eu nunca fiz coisas importantes assim por estar obedecendo à alguém, pois eu só obedeço à mim mesma, e quando eu acho que cheguei a um ponto de infidelidade própria, eu vou embora. Sempre dependemos de alguém em várias alturas da vida, mas jamais devemos colocar nossas vidas nas mãos de uma pessoa. Eu aprendi isso vendo inúmeras pessoas cometendo inúmeros erros ao meu redor, desde bem criança, vendo pessoas colocando as responsabilidades de seus atos em cima de outras pessoas, um culpando o outro; eu vi pessoas se tornando pesos para as costas de alguém, e isso sempre me enojou, sempre me assustou, sempre me deu vontade de sair correndo e sempre me fez querer ser completamente diferente daquelas pessoas. Eu criei vínculos com todas elas obviamente, mas são poucas as semelhanças, pois graças à Deus sempre tive uma mente muito forte, muito centrada e cheia de personalidade própria. E, acredite, eu tenho personalidade de sobra. Costumo dizer que quem se casar comigo será realmente especial, pois aguentar a minha personalidade difícil e inconstante não é pra qualquer um. Nunca disse que era santa, nunca disse que não cometia erros, mas eu faço o que preciso pra me proteger sempre e conseguir as coisas que eu quero através da melhor maneira possível, sozinha, sempre sozinha. Quantas "garotas" de 19 anos podem dizer isso, hã? 
A partir do momento que você põe sua vida na mão de outra pessoa, que passa a ser dependente dela, é uma maldição de duas vidas: aquela pessoa sempre terá seu peso pra carregar, e você sempre terá que fazer o que ela quer. Odeio quando as pessoas dizem que não tiveram escolha, pois nós sempre temos escolha, mesmo que não sejam sempre doces. Podemos sempre escolher. Eu tenho horror a esse tipo de gente, não quero isso pra mim jamais. Então não, não serei uma dona de casa, não serei uma filhinha de papai, ou qualquer nome que se dê pra quem não sai de casa e faz pra si mesmo, ao invés de só ficar exigindo dos outros, ao invés de ser apenas uma vaquinha de presépio, ao invés de ser apenas outra mente controlada. Sim, eu sou descontrolada! Se ser independente significa ser descontrolada, então eu sou, com muito orgulho!
É isso aí, avisei que não era fácil de lidar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Constipação



Constipação. É isso o que eu sinto quando tento entrar em contato com a minha mente. Alguma vez você já se sentiu constipado? É quase a mesma sensação de não conseguir raciocinar quando eu tive Sinusite Bacteriana. Claro que foi pior, porque eu não conseguia respirar, nem me movimentar, nem comer, nem beber, nem abrir os olhos. Mas sinceramente, meus olhos tem estado abertos tanto quanto eles estão quando estou dormindo. Parece que estou com catarata, ou simplesmente andando em meio à uma neblina. Parece que essa não sou eu, parece que eu entrei em coma, parece que eu fui embora e o meu corpo ficou, parece que eu estou fazendo tudo no automático. 
Será cansaço? Se for só isso, não é um simples cansaço. É cansaço de me sentir assim, tão insatisfeita; é cansaço de me sentir insuficiente pra mim mesma e pros outros; é cansaço de tentar de todas as maneiras e dar com a cara na parede; é cansaço da porra da minha vida inteira, e cansaço físico também. 
Não sei descrever meus pensamentos, é mesmo uma constipação. Mas sei falar sobre o meu único sentimento: me sinto anestesiada. Não sinto nada, além da vontade de fechar meus olhos e apenas dormir por tempo indeterminado. 
Eu não quero lembrar do passado, eu não quero planejar o futuro, eu não quero me preocupar, eu não quero me assustar com a minha saúde, eu não quero estudar, eu não quero trabalhar, eu não quero me incomodar com a minha aparência, eu apenas quero dormir, dormir e dormir.
Só enquanto essa constipação durar, porque não me sinto bem pra nada. Não tenho condições de fazer nada importante nesse momento, mal consigo sentir algo aqui dentro.
Por favor, me dê um tempo. Há uma constipação aqui dentro.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Animal



Eu não quero saber, eu não quero falar, eu não quero participar, já estou tão cansada de tentar... E nunca adiantar...
Não quero pena, não quero falsidade, não quero superficialidade, não quero mentiras, não quero ironias. Mas também não quero intrigas, e não quero que venham se fazer de vítima. Não suporto isso, não aguento isso, isso não funciona comigo. Eu não quero, eu não admito, eu não aceito.
Sim, eu estou com raiva
Sim, eu estou exaltada
Sim, eu estou decepcionada
Sim, eu estou frustrada
Sim, eu estou muito mal cercada
E sim, estou com muita vontade de quebrar uma certa cara.
Nunca pensei que me sentiria assim com uma pessoa tão próxima a mim, mas ela conseguiu me ferir a tal ponto, que eu saí do meu estado racional e ajo agora apenas como um animal.
Um animal assustado, silencioso, que observa de longe, pronto pra se defender do próximo coice. Um animal ferido e cansado de ser agredido, que não quer aproximação de pessoas e nem de caçadores, muito menos de caçadores de sonhos alheios, muito menos desses pessimistas sem perspectiva, muito menos desses destruidores. Quero distância de todo esse mal, não quero nada, só quero poder me mover. Só pra sair, não quero mais ficar, não quero mais viver aqui, eu quero sair.
A pior coisa que você pode fazer com um animal é tirar dele a liberdade de ir e vir, é querer aprisionar, é querer controlar, é querer manipular.
Eu não aceito, antes que alguém veja eu já saí
Eu não aceito, você não vê o quanto eu já me feri?
Eu não aceito, antes que alguém veja eu já fugi
Fugi, corri sem parar, sem querer achar um lugar, sem direção, sem razão
Apenas fugi, e nunca mais volto aqui.
Você não tem motivos pra me prender, você não admite quem não é escrava da magreza, você não admite quem é diferente da sua cabeça, você não admite quem não tem neurose sobre tudo e muito menos quem questiona cada certeza. Tem uma certeza que eu não questiono: você não tem afeto por mim. Você não sente nada de bom por mim, e quando olha pra mim, só pensa em me atacar, me ferir, me prender e isso só me faz querer fugir. 
Eu não aceito, antes que alguém veja, eu já fugi
Fugi, corri sem parar, sem querer achar um lugar, sem direção, sem razão
Apenas fugi, e nunca mais volto aqui.