segunda-feira, 29 de julho de 2013

Amor e amor



O que era ela rodando naquela roda sem começo, fim ou inércia? O que era ela fazendo nada que não fosse encantar as pessoas? Todos pareciam tão atentos à ela, que mais pareciam um bando de atores, eles e ela, por tamanha sincronização, por tamanha perfeição.
Ela rodava, eles acompanhavam, ela sorria, eles iam ao delírio ao ver toda aquela jovialidade, toda aquela alegria. Ela iluminava o dia deles e eles sugavam um pouquinho da luz dela todos os dias, e assim obtinham sua dose diária de Vitamina D, mesmo que há tempos não tenham mais visto o Sol nascer.
Ela amava tudo aquilo, era o foco dela jogar todos num labirinto perdido, e assim o canto dela, o canto da sereia, ia controlando tudo, ela era uma louca por atenção, não sabia viver sozinha, não sabia desaparecer nesse mundo de imensidão. Ela e eles, eles e ela, naquele relacionamento platônico encenado num grande teatro, eles eram uma peça.

Mas havia ele.

Ele que havia notado que havia ela. Ele não era eles, ele era apenas ele. Ele, o único que não havia sido hipnotizado pelo canto da sereia, ele que observava de longe ela rodando todo mundo naquela roda sem começo, fim ou inércia. Bem, ele estava fora, e é desse jeito que podemos explicar porque ele era a única peça inerte. 
Mas como todos, ele também estava atento à ela, a olhava com pressa e desespero, como se a qualquer momento, ela pudesse desaparecer, como se a qualquer momento ela pudesse se transformar em nada de tanto rodar, como se ela pudesse se acabar, como se sua luz pudesse se aniquilar, e restasse pra ele, apenas uma foto na estante que o deixaria em eterno desespero. 
Ela rodava e todos acompanhavam, ela fazia todo mundo rodar junto, ela fazia aquele feitiço de todo dia, ela apresentava aquela peça teatral, onde ela era a personagem principal. Os outros eram meros figurantes. Eles. Mas e ele? O que era ele se não um outro protagonista esperando para entrar em cena e fazer par com a principal artista? Ela não era bonita, ela não era inteligente, ela não era encantadora. Ela era tudo e ele queria tudo, não se conformava com pouco, não se conformava em ter menos do que ela, ele a queria, e ele teria. 
Ela não havia percebido até o momento em que viu uma sombra distante, na parte de trás do palco, totalmente separada e inerte, o que ela não tolerava. Ela queria todo mundo acompanhando o rodar daquela roda que ela controlava, então por que ele não rodava junto com ela? Chegou perto, olhou nos olhos, pronta pra fazer sua mágica de apagar a memória, aquela mágica que faz com que ela seja a única lembrança de alguém, aquela mágica que ela faz com que se torne a única de todas as trajetórias, aquela mágica de sereia, ela gostava da cegueira alheia. 
Quando ela o olhou no olhos, algo que ela não esperava aconteceu: era ela parada naquela reta, era ela a aprisionada, não conseguia se mover porque ele não movia um músculo sequer, ele a queria ali com ele, só pra ele, queria transformá-la em sua estátua de contemplação, queria que ela o transformasse em seu único foco de afeição. 
E assim dançaram juntos, em sua roda particular, em perfeita sincronização, da qual ele não conseguia sair e ela também não, da qual ele não queria sair e ela também não, e eles queriam apenas continuar ali, naquele mundo secreto, como se pelo olhar compartilhassem uma verdade única, como se fosse um infinito particular, como se fosse a única coisa que pudesse importar. 
E eles olhavam pra ele e pra ela, que agora eram o centro do espetáculo, que rodavam a eles mesmos e a todos, rodavam e rodavam e jamais paravam. E não viam mais nada, pois quando o amor acontece, é uma dança em dupla, em que um roda pro outro, sem parar, em que um controla o outro sem sentir e sem se importar. Luz e sombra, sereia e tritão, dançarina e dançarino, estátua e observador, namorado e namorada, amor e amor.

AAAAAAAA, quero gritar!


Por que eu escrevo poesias ao invés de canções?
Por que eu prefiro acordar tarde só pra sonhar mais um pouco, ao invés de acordar e não ter nada de bom pra pensar?
Por que eu não posso pensar coisas bonitinhas acordada?
Por que eu só consigo ficar louca, estressada e preocupada?
Por que eu sou essa pessoa estranha e melancólica?
Que sente falta do cabelo vermelho
Mas que ama ter nascido com ele castanho?
Por que eu sou tal ser estranho?

Eu nunca vou deixar de acordar e ir direto abraçar a minha mãe se eu estiver na casa dela.
Sem fazer nada, só ficar lá pendurada, como se eu ainda fosse um bebê 
Como se eu não tivesse uma sede de liberdade louca
Como se eu não trabalhasse e estudasse
Como se eu nunca tivesse beijado na boca e feito outras coisas mais
Será que um dia vou perder esse meu lado garota?

Por que eu teimo em não querer fazer Letras?
Não quero passar fome, não quero esmolas de ninguém, não quero depender pra sempre de alguém.
Eu quero ter o controle da minha vida, quero ser livre por aí, solta, feliz e linda.
Eu não quero fazer Letras.
Por que eu deveria fazer Letras? Só porque eu escrevo desde que aprendi a escrever?
Só por que eu iria contrariar algumas pessoas e satisfazer outras?
E onde eu entro aí? 
Não quero passar fome num país que existem poucos escritores bons.
E eu sou o que? 
Quem disse que eu sou boa? 
Quem disse que eu sou escritora?
Eu sou só uma garota que não cala a boca
e mais nada.
E eu quero o meu cabelo vermelho de volta.
Será que dá pra me devolver?
Será que dá pra me explicar porque eu não consigo parar de querer gritar?

Eu não quero tirar o vermelho das minhas unhas.
Então por que eu tenho que tirar afinal?
Eu quero ser livre, sem uniformes, sem mordaças e sem "pode", "não pode".
Eu quero viver.
Por que será que me sinto nesse momento como alguém sem ar?
Por que será que sinto essa insatisfação, essa vontade de jogar tudo pro alto?
Por que eu sinto que se postar isso, vou me enrolar?



terça-feira, 23 de julho de 2013

Stay away



Eu já fui uma menina muito bonita que não sentia tristeza, apenas alegria. Eu já fui uma criança muito agitada e tranquila que não sentia agonias. Eu já fui uma pessoa qualquer, na vida de tantas outras pessoas quaisquer. Já fui o que eu quis, já fui o que quiseram que eu fosse.
Mas agora eu não sinto nada além do peso de todas as minhas lembranças.
Ninguém me disse que o amor iria ser realmente bondoso, apenas me disseram que ele viria eventualmente, quem quis acreditar em sua bondade fui eu. Então a quem posso culpar se não a mim?
Eu não sou nada.
Eu pensei que era jovem, mas aqui estou eu tendo que assumir responsabilidades. Eu pensei que era jovem, mas aqui estou eu tendo que tomar decisões que exigem uma certa idade. E eu estou fazendo todas essas coisas, estou decidindo isso tudo, mesmo não tendo idade pra nada.
Quem liga pra idade?
Ela já provou não ser nada além de números numa ordem equivocada. A verdade é que nunca temos uma idade justa para o que fazemos ou queremos, nunca ficamos satisfeitos e jamais obedecemos à lógica dos números. Por isso nunca serei de Exatas. A vida não é exata, é apenas inesperada e bipolar. E sempre cobradora, e falante das mesmas coisas, ela sempre se materializa pra dizer que te avisou. E você sabe que sim, mas quem disse que na hora escutou? E quem disse que dessa vez será diferente? 
A vida não muda ninguém que não quer ser mudado. Cada um muda a si mesmo quando se sente ameaçado ou necessitado. Cada um é do jeito que quer ser, cada um é feliz se escolher ser.
Mesmo que você tenha uma dose enorme de cafeína no sangue, isso não quer dizer que você ficará acordado. E mesmo que você se esforce pra fazer tudo certo, quem é que pode prever se as coisas realmente darão certo? Existem coisas que não dependem apenas de nós. Mas quem é que se atreve a sair da linha e pagar pra ver? E quem é realmente capaz de julgar o que é certo e o que é errado? Quem é realmente corajoso para desafiar essas velhas concepções idiotas da sociedade? Você estar bem com a sua consciência não deveria ser o que realmente importa? O que a sociedade tem a ver com a sua felicidade? Ela só tem poder sobre você se você der abertura para que ela veja o que há na sua vida, o que há em você. Eu não quero saber e espero que você também não queira saber sobre mim, porque eu não conheço você. 
Você vê, eu sou esse lado da sociedade e você, é esse lado aí. Mas eu não pretendo pedir permissão e muito menos consulta pra nenhuma questão. Eu gosto de ir e vir na hora em que eu sinto vontade, eu gosto de ser por minha conta, me acostumei a cuidar de mim, pois como disse, existem essas escolhas que exigem de mim uma certa idade que eu não tenho, ma eu escolho do mesmo jeito e tento entender. Eu cuido de mim da melhor maneira que eu posso e não acho que ninguém tenha o real direito de julgar. Eu não quero isso, e espero que você também não. Me misturar eu adoro, mas ser invadida, pra mim é motivo de discórdia.  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Haha



Tenho que parar.
Se algum dia na minha vida quiser ser uma pessoa relaxada, preciso parar de entrar nesses debates polêmicos que só cansam, pois a verdade é que nenhum deles muda realmente algo, cada um é fechado na sua própria ideia, e mesmo que mude alguma coisinha, vai continuar sendo o seu opposite haha
Tenho que parar.
Se quero ser uma pessoa livre de hipertensão precoce, preciso realmente parar de dar corda pra essas pessoas que só me procuram pra me me tirar do sério haha
E sim, eu falo "haha" para que em muitas vezes eu não precise dizer "vai tomar..." 
Pois é isso que eu tenho vontade de falar muitas e muitas vezes ao longo do meu dia, para muitas e muitas pessoas, e sei que provavelmente todas elas também sentem a mesma vontade em relação a mim, por que o meu espírito é atacado e eu assumo. Haha.
Tenho que parar de me afetar tanto com os assuntos alheios de pessoas alheias que não fazem diferença alguma na minha vida, a não ser no meu nível de irritação, o qual não é difícil de oscilar haha
Talvez eu deva parar de falar, acho que essa é a real solução, talvez eu deva parar de conviver com as pessoas, e principalmente, talvez eu deva parar de me importar, porque eu me importo demais com coisas que não são realmente importantes, que não valem realmente o meu tempo. Talvez seja por isso que eu esteja me vendo sempre sem tempo, pois dedico-o a coisas do tipo "haha".
Como estava conversando com uma amiga há pouquíssimo tempo atrás, preciso deixar isso tudo pra lá, preciso parar de tentar abrir os olhos das pessoas, preciso parar de tentar fazer algo de bom por alguém, preciso parar de precisar. Afinal de contas, quem sou eu além de uma pensadora de "haha"s? Eu não sou ninguém importante, nem ninguém velha o suficiente pra falar ou pra irritar as pessoas com os assuntos sobre "o meu tempo" e blá blá blá, Deus me livre ser assim, até porque eu sei que já irrito as pessoas de tantas outras formas, haha. E falando Nele, até ele deve estar meio assustado com a quantidade dos meus "haha"s pensados, pois até eu estou. Não sou ninguém, não sou nada nesse mundo retardado, digno de pensamentos cheios de desejos para com ele, pensamentos do tipo "haha". Eu também mereço ouvir muitos "haha"s, mas eu sei que já me desejam isso mentalmente, e essas energias chegam até o meu campo de força mental completamente vermelho e tomam o meu espírito com uma força totalmente "haha". 
Pois é, eu tenho que parar com tudo isso. Se um dia quiser realmente ser calma, relaxada, feliz, tranquila, ou qualquer outra coisa contrária de "haha", tenho que ser egoísta, surda, muda, fútil, cega e retardada. Será que um dia vou conseguir? Espero que sim, não quero chegar ao ponto de explodir a cabeça de alguém com os meus pensamentos de "haha". 
Haha.

domingo, 21 de julho de 2013

O histérico e o independente



Há duas formas de sofrimento: há o sofrimento desesperado, em prantos, que precisa do apoio de abraços e de outras lágrimas para não cair, o sofredor que precisa de outros desesperados junto com ele; e há também o sofrimento silencioso, que deixa suas lágrimas caírem lentamente por debaixo de seu óculos escuro, sentindo profundamente cada parte delas, deixando-se inundar por cada gota que cai em seu rosto e seca ao chegar no queixo; o sofrimento solitário, que não quer ninguém por perto, nem nada, pois nada ou ninguém é capaz de consolá-lo.
O sofredor desesperado melhora eventualmente, mas o sofredor silencioso carregará para sempre sua tristeza. 
Cada um sofre da maneira que consegue, do jeito que conhece, na intensidade que sente. O histérico pode parecer ser quem mais sofre, mas o independente não transfere sua dor pra ninguém, ele faz com que seja um sentimento individual, inteiramente concentrado nele. O histérico acha uma forma, um ponto de equilíbrio, uma válvula de escape e consegue sua paz, pois ele deixa eu sofrimento transbordar, expele o veneno, é o sobrevivente nato que procura uma maneira de se salvar. O independente implode, inúmeras vezes, ininterruptamente, certificando-se de que ninguém saiba de nada, e ao passo que todos já seguiram em frente, ele ainda está procurando uma maneira de matar aquela coisa dentro dele e enterrar lá mesmo, pois expulsar não é com ele. Ou melhor, o sofredor independente sabe expulsar apenas a ele mesmo, e por esse motivo acaba não se sentindo bem em lugar nenhum, e consequentemente não encontra seu lugar no mundo. 
Quem você é?
Aqui estamos em pleno ano de 2013, e ainda não conseguimos achar respostas para tantas de nossas perguntas, ou a cura para tantos de nossos sofrimentos. Quem somos nós nesse mundo sem dono, nesse mundo tão diverso e visto de tantas maneiras diferentes? E quem somos nós para achar que o sofrimento próprio é muito mais sério, muito mais importante do que o sofrimento do próximo? Seja você histérico ou independente, você é um egoísta. Humanos são egoístas, é uma característica que faz parte da sobrevivência, mas que também pode ser responsável pela ruína, solidão, e consequentemente, sofrimento. Pois é, estamos todos bem ferrados, pra não dizer outra coisa.
Ainda existem nações possuidoras de um mesmo sofrimento geral, mas as grandes doenças do mundo ocidental são a depressão e o egoísmo. E talvez o mundo ocidental seja ainda mais doente do que todas as outras partes, pois nos achamos muito melhores e superiores, mas não temos nada além de solidão e alienação. Como encontrar amor num mundo assim? Como, em meio a seres tão egoístas, encontrar alguém disposto a compartilhar? E como saber se esse alguém não passa de apenas outro egoísta qualquer, que só procura alguém pra jogar toda a carga em cima e não tem a intenção de tentar aliviar nada do que você carrega há tanto tempo? Será que ele não quer apenas adicionar mais peso as suas costas? Pois transferir responsabilidades e adicionar peso as costas, são coisas totalmente diferentes de compartilhar. Como podemos saber? Como é possível confiar? Como?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Minha época



Ninguém ama mais o Inverno do que eu. Adoro mesmo esse Inverno que é também o Verão de muitos países. Mas quem liga? Esse é o meu Inverno, é o único que eu conheci até hoje, então devo aproveitá-lo da maneira que ele é. 
A cidade em noites de Verão fica muito pequena pra mim. É como se eu tivesse vivendo numa apertada e abafada estufa, como se eu tivesse me movimentando numa dança estruturada para não encostar em ninguém, pois o calor do meu corpo já é exagerado o bastante. Em noites de Inverno, todos nós nos aproximamos, e dançamos uma dança espontânea, cada um à sua maneira e cada um feliz por poder compartilhar o calor humano, porque essa troca de energias, esse sentimento de querer aproximação e companhia, apenas adiciona energias positivas para todos. E as luzes da cidade em noites de Verão, são simplesmente perfeitas e aquecem um pouco mais cada um de nós. E eu sorrio quando sinto isso.
Até mesmo os dias de Inverno são bonitos. O Sol nascendo, quebrando a barreira da neblina que se muda de volta pra cá nessa época do ano. Seus raios na temperatura certa penetrando por todo o céu embaçado, explodindo em milhões de cores que indicam recomeço. E assim, essas cores limpam tudo, limpam o dia, clareiam o céu e todos nós podemos sorrir quando vemos algo assim. O Inverno é o momento em que eu realmente paro pra apreciar esses momentos e me deixo transportar para o equilíbrio e paz de espírito da minha mente. Talvez se eu morasse em um país do Norte, sentiria isso tudo no Verão, quem é que sabe? O fato é que é essa época que é mágica: Maio, Junho, Julho, Agosto. Não é a estação, é a época, é a sensação, ou talvez a ilusão. O importante mesmo é que pra mim, essa é a época mais feliz do ano. Abro uma exceção em relação ao Natal, pois aqui nosso Natal é no Verão, e mesmo estando irritada e incomodada com tanto calor, não posso afirmar nunca que não gosto dessa época, porque eu amo, é a única coisa no meio de todo esse calor que me deixa feliz, porque Natal pra mim é mágico em qualquer estação. Mas de fato, um pouquinho do Outono e todo o Inverno são a minha época do coração.

sábado, 13 de julho de 2013

Escapes



Nos meus momentos de estresse ou de aflição, procuro pela Lua. Essa é uma coisa da qual eu realmente sinto falta desde que saí da casa da minha mãe, pois aqui na casa dos meus avós não tenho visão pra ela. E isso realmente me chateia. Quando eu conseguir morar sozinha, vou querer olhar os apartamentos à noite, só pra poder ter a certeza de que terei uma vista pra Lua. Não sou uma menina do Sol, isso não é novidade nenhuma. Apesar de adorar o Sol do Inverno, pois tem uma temperatura ideal, sempre dou preferência à Lua, e às estrelas, é claro. Elas mantêm todos os meus sonhos bem vivos, mantêm minha esperança acesa, e me trazem uma paz de espírito que é sempre muito bem vinda. Me fazem pensar nas minhas futuras maravilhosas realidades, que vão desde ir à um show do John Mayer ou dos Black Keys, até entrar pra faculdade ou morar sozinha. E viajar, é claro. Essa é uma coisa que sempre está nos meus pensamentos, viajar pra todos os lados, estar em todos os lugares, conhecer todos os tipos de pessoas, aprender as mais variadas coisas... E de vez em quando casar também vem aos meus pensamentos, apesar de vir grifado como uma coisa que demorará bastante, haha.
Na vida apressada e louca que levamos atualmente, ter esses pequenos momentos de distração, ter essas válvulas de escape, por mais ridículas que pareçam, é uma benção. Não são todos que conseguem esses momentos, não são todos que encontram seus pontos de paz, e essas pessoas costumam ser aquelas que estão sempre à ponto de riscar o fósforo e explodir tudo, pois já estão cheias de gasolina. Algumas pessoas encontram esse ponto de equilíbrio, essa válvula de escape em Deus, em orações, mas a Lua e as estrelas pertencem à natureza, e esta não foi criada por Deus? Portanto, admirar e conversar com a Lua não é muito diferente de rezar, pelo menos não pra mim.
Se você ainda não respirou hoje, essa é a hora. Se você ainda não parou hoje, essa é a hora. Não queira dar tudo o que tem, pois quem faz isso não consegue manter nem mesmo o que é necessário para aproveitar o retorno de seus esforços depois. Quem exige sem parar o tempo todo de si mesmo acaba esquecendo de como é ser humano, de como é ter momentos felizes, descontraídos e espontâneos, e acaba se tornando um robô, um escravo do sistema, o personagem principal de um livro de terror chamado Rotina. Não queira ser assim, não queira esquecer de viver, não queira esquecer de quem você ama, não queira esquecer de você. Não acabe com o seu presente apenas para garantir o seu futuro, pois vivendo assim, talvez ele nem consiga vir. Respire, sempre há um jeito, sempre há uma oportunidade, sempre existe um tempo. 
E agora, eu tenho que ler e reler esse texto inteiro pra mim mesma, devo ter me desdobrado do meu corpo pra escrever isso, como uma mensagem pra mim mesma, como um aviso pra mim mesma. Gosto de ter essas crises de consciência de vez em quando, haha.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Buscadores



Ela era uma grande garota, com um grande talento, e um grande espírito. Apesar de tudo isso, ela obrigava-se a viver isoladamente de todas as coisas boas que ela poderia ter, obrigava-se a ceder as vontades das pessoas que não se importavam realmente com ela, que não se tinham outros objetivos que não fossem alcançar os próprios objetivos.
Ela era usada.
E porque era usada, sabia que não teria nunca nada. Pelo menos nada do que realmente quisesse, na verdade e sinceridade de seu coração; não, ela não teria jamais nada disso, todos os seus desejos mais profundos ficariam escurecidos nos cantos abandonados de seu coração e de sua mente. Todos os sonhos seriam sempre apenas imaginação, reais apenas num mundo inexistente. Ela sabia que havia nascido para servir e viver em função de outras pessoas, ela sabia disso tudo, por isso era usada. 
Mas e se ela não aceitasse mais isso?
E se ela de repente enxergasse que nascemos de uma maneira que não temos escolha, mas que podemos escolher ser o que quisermos ser a partir do momento em que temos o controle de nossas vidas? E ela queria esse controle mais do que tudo, ela queria sua chave, ela queria apenas exercer o que tivera nascido para ser: feliz. E para ser feliz, ela entendeu que antes de tudo, precisava ser uma buscadora, para fuçar em cada canto do mundo e em cada canto de cada coisa mínima e insignificante a chave para a sua liberdade, pois só assim poderia exercer sua felicidade. 
Ser buscadora era o que ela seria daquele momento em diante: mesmo depois, quando ela encontrasse a resposta para a sua questão, viveria o resto de sua vida como buscadora, pois só quem busca descobre a verdadeira história por trás de todas as coisas que conhecíamos ou sobre o que achávamos conhecer.  Ela não queria ser mais usada, nunca mais, e para que isso nunca mais se repetisse, precisava buscar em cada pessoa, em cada momento, em cada lembrança, em cada ideia, a verdade. A partir do momento em que sabemos onde estamos, com quem estamos nos metendo, não podemos mais ser usados, pois sabemos os riscos e sabemos quando é realmente bom entrar em alguma coisa que chegue até nós. As coisas são nossas a partir do momento em que aceitamos. Podemos aceitar qualquer coisa, e essa coisa pode revelar-se um presente ou um fardo. E para sabermos se devemos aceitar ou não, é preciso fazer uma análise, ir atrás de todas as informações, buscar em cada mini sinal algum sinal que indique verdade, vantagem ou qualquer coisa boa que seja, mesmo que seja apenas uma energia positiva. Quem aceita um fardo, aceita um contrato de uso, um uso sobre si. E para não ser usado, é preciso ser um buscador, um questionador, um pensador. Raciocínio é a salvação para qualquer experiência ruim que poderíamos ter evitado. Devemos ser sempre buscadores, pois quem busca, raciocina e tem, na maior parte do tempo, o controle sobre si mesmo e sobre a sua vida. Confia no que faz e confia na situação em que se encontra, e assim é feliz. Se aceitarmos sempre tudo calados, sem pensar, simplesmente assinando, teremos sempre contratos de fardos, que no endividarão de uma maneira que não conseguiremos pagar, pois um fardo é um preço muito alto a se pagar.
E aquela garota não aceitou mais seu fardo, e assim, se tornou uma buscadora.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

No morning



As pessoas só se apaixonam por mim à noite: nem tente enxergar algo belo em mim de manhã, você certamente não encontrará. Não há nada bonito em mim nessa parte do dia: nem meu humor, nem minha aparência, nem meu ânimo pra fazer qualquer coisa, e muito menos a minha vontade de sair da cama. Dizer que odeio acordar cedo não define meu estado de espírito e estado físico de manhã, eu não sou eu mesma de manhã, sou uma cópia, uma figurante de mim mesma, uma daquelas placas de papelão que as pessoas famosas tem e que alguns retardados ficam tirando foto achando que estão ali com a tal pessoa. Pois é, não estão. A diferença de mim pras pessoas dessas placas é que as fotos são de pessoas lindas, glamorosas, sorridentes e perfeitas. A única semelhança que a minha placa matinal tem com esse tipo de placa é que ambas são representações distorcidas das pessoas reais. Porque essa pessoa que eu sou de manhã, não é realmente eu. 
Desnecessário dizer que o mundo gira errado no meu relógio biológico ao contrário. Minha mãe diz que tudo o que eu não dormi quando bebê, quero dormir agora depois de marmanja, haha. Pode ser, se tratando de mim, todas as coisas improváveis são prováveis. Se tratando de mim, é uma realidade ter o relógio biológico enlouquecido. Falo isso, porque posso garantir que tudo em mim começa a melhorar de tarde e fica quase muito bom pra ser verdade à noite. À noite, minha pele melhora, meu cabelo melhora, a menor quantidade de maquiagem que eu coloque já deixa o meu rosto 110% melhor, eu consigo estudar melhor, consigo pensar melhor, tenho mais energia e menos olheiras, eu sou toda melhor de noite. Não me pergunte o motivo, nem faça piadinhas maldosas, é apenas o que é, a minha realidade. Até mesmo minha inspiração pra escrever só acorda à noite, tudo o que eu posto por aqui de manhã foi escrito na noite anterior na maioria das vezes. 
Nem posso contar quantas madrugadas virei acordada e quantos dias passei dormindo. Porque meu corpo faz isso comigo? Fico como uma zumbi de dia e como um cartoon do Red Bull à noite, cheia de asas, pernas, braços, cabeça, sorrisos e energia. Fico completa, tudo o que eu não sou durante o dia. Não gosto de dar "Bom dia", não gosto nem de falar quando acordo. Não sei como estou conseguindo fazer esse curso de manhã, todos os dias da semana, sem exceções, me tirando da cama às 6:00 horas! É porque é muito importante mesmo e vale muito à pena mesmo, só por isso que eu faço, se não tava na cama feliz até as 8:00 horas, quando teria que acordar pra trabalhar. 
Se um dia um cara se apaixonar por mim de manhã, aí eu vou saber que ele é o meu futuro marido, é a única explicação. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Chuva

Eu interpretei aquela chuva de ontem como um sinal de benção. Mesmo tendo molhado minha sapatilha toda, o que me deixou irritada, pois tinha lavado-a um dia antes, interpretei como um bom sinal. Pra mim, chuva é vida, são ciclos terminando e renovando, pra mim chuva é movimento, e tudo o que tem vida se movimenta, e isso é muito maior do que a catástrofe que foi feita na minha sapatilha. 
Estamos na metade do ano já, e estou iniciando mudanças numa "velha" fase, o que deixa-a com gosto de nova, e quem me conhece, ou quem me lê aqui, sabe que sou  viciada em mudanças, novidades, recomeços. Aquele gosto novo de algo desconhecido, a vontade de explorá-lo e vivê-lo, a vontade de sair da rotina, ou de pelo menos ter uma nova rotina, movimentam-me sempre, despertam minha alma e estimulam minha mente. Eu sou sim uma viciada em mudanças, mas graças a Deus, isso não é algo tratável. 
Graças a Deus não sou uma pessoa presa, fincada, sem perspectiva, sem ideias e ideais, sem imaginação, sem uma abertura de 360° na cabeça, sem coragem. 
Pois sim, eu não tenho medo de nada, eu tenho é pressa e vontade de fazer e viver tudo o que eu puder. Ninguém me prende, ninguém comanda a minha vida além de mim. Ninguém tem controle sobre mim, além de mim mesma. O que eu faço, faço porque quero, o que vivo, vivo como quero. É a minha direção, a minha maré, a minha trilha. 
Pessoas independentes e desbravadas, podem ser também muito solitárias, é verdade. Tudo tem um preço, mas pra mim, viver como um robô repetindo as mesmas coisas sempre e fazendo apenas o que os botões o programam, é um preço muito maior, um preço pelo qual não posso pagar, um modo no qual eu não aguentaria viver. 
Talvez eu chegue em todo lugar, ou lugar nenhum, talvez eu voe ou dirija, talvez eu me mude ou me torne diferente, talvez eu enlouqueça ou fique politicamente lúcida. Mas pensando bem, todo político tem seus podres fedorentos logo atrás, todos eles a um passo de virem pra frente. Então, acho que prefiro enlouquecer. Então, acho que prefiro não obedecer, então, acho que prefiro ser mal interpretada, então, acho que prefiro ser solitária, então, acho que prefiro ser como sou, pois afinal, há sempre alguém que gosta de mim, em todo lugar que eu vou. Existem loucos por aí que se conectam uns aos outros, existe quem consegue se enxergar nos olhos de alguém, na mente de alguém, no rosto de alguém, na vida de alguém e no jeito de alguém. E eu sempre encontro alguém assim. Posso ser solitária, mas não sou sozinha. Posso ser tudo, menos medrosa ou dependente. 
A chuva de ontem trouxe bons presságios, bons pensamentos e boas certezas. A chuva de ontem abençoou o início de algo bom.