segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Lar?



Minhas roupas não têm cheiro de mim.
Não mais.
Eu conhecia o cheiro das minhas roupas, identificava como o mais perto do que seria "lar" para mim, eram lavadas com meu sabão líquido para roupas, a marca que eu gostava.
Agora minhas roupas cheiram a todos os lugares. Casas onde lavei, uma parte aqui, outra lá. Mas com certeza não cheiram mais a lar, ou a mim. 
Eu sei que mudanças são difíceis, mas não imaginava que essa em particular custaria meu cheiro nas minhas roupas. E eu tenho que dizer que são as pequenas coisas que se vão, que pesam em toda mudança. 
Não é o lugar, mas o caminho que eu fazia para chegar até ele. Não é o ventilador, mas o som que ele fazia no meu ouvido, numa posição específica da cama, que não existe mais. Não é a mesa, mas a maneira como ela se iluminava quando o sol batia no fim da tarde. A mudança em si não é difícil, difícil é se acostumar com as pequenas perdas, os pequenos cortes, pequenas coisas do cotidiano que talvez ninguém perceba, até não existirem mais.
E enquanto eu levanto as alças do meu vestido, sentada no ônibus, nesse fim de fevereiro infernal, voltando com minhas roupas lavadas dentro de um saco amarelo, eu me pergunto: Para onde estou voltando?
Depois das longas noites chorando a minha vida, buscando algum resquício de esperança, perdoando a minha mãe, me culpando por tudo e fazendo cortes na minha vida, essa pergunta continua ecoando pela loucura que é a casa bagunçada na minha cabeça: Pra onde estou voltando?

O fim do horário de verão traz os primeiros sinais do início real de 2017. Logo o carnaval passará, então será oficial... Para onde estarei voltando então?
Para onde estarei voltando todos os dias, quando sair das minhas 7 matérias da faculdade, onde será meu lar? Será esse lugar que todos dizem ser temporário, todos parecem falar de uma maneira específica para que eu não crie vínculos, para que não aja a associação com um lar? Pois, de novo, este ainda não é o meu lar. E após 5 mudanças em 5 anos, eu começo a me perguntar se lar é algo que realmente existe. 
Para onde voltarei então?
Eu apenas sinto saudade de estar em paz comigo mesma, pois ultimamente temos vivido em pé de guerra, eu e eu.
Ninguém melhor que nós mesmos para nos destruir. A pressão, a crítica, o julgamento, e tudo o que há de pior na falta de amor próprio, está, mais do que nunca, presente na minha vida.
Para onde estou voltando?

Espero um dia ter a resposta para as maiores perguntas que assombram a minha vida.
Existe lar? E se existe, onde fica?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Sinos da Igreja

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Sinos da igreja 
Cores do fim de tarde, iluminando minha mesa
Raios de fim e de começo 
(O amor acaba, mas há esperança)
Brisa leve...
Pensamentos explodindo da minha cabeça em estado de enxaqueca 
Faz parte 
Vai passar.

A certeza de que o amor acaba 
A certeza de que outros começam 
As incertezas da vida  
Nada segue em linha reta 
Não andamos em asfalto liso 
Ninguém é tão ruim, ninguém é tão bom.

Mas ainda bem 
Existem os recomeços 
Existe o café do fim de uma tarde de fevereiro 
Nos raios do fim do dia 
No escuro do começo da noite 
Eu sobrevivo.
A vida continua e eu sigo em frente 
Andando descalça nessa terra esburacada 
Chamada vida.