terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Abra portas e janelas

Abra! Abra tudo! 
Abra portas e janelas 
Abra livros 
Abra braços e pernas 
Abra a cabeça!
Abra o dia e seja a ventania 
Abra a página que você sempre quis abrir 
Deixe que anoiteça! 

Abra! Abra tudo! 
Abra mão daquele amor que você já não sabe mais porque existe 
Abra mão de ficar triste 
Abra os olhos para o óbvio 
Abra sua vida para novas alegrias 
Abra o coração para dar valor ao que já existe 
Abra! Abra tudo!

Abra! Abra tudo!
Abra portas e janelas 
E deixe que os ventos façam barulho 
Dê passagem 
Deixe que o ventos carreguem tudo 
Tenha coragem!
Abra a cabeça, não existem certezas 
Deixe que o vento leve todas as tristezas 
Abra! Abra tudo! 

Abra para 2014 ir 
Abra para 2015 chegar
Abra portas e janelas! 
Abra! Abra tudo! 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Sangue

Eu sou de sangue quente 
Sou feita assim
Sou de sorrisos e coisas ruins 
Sou da ira
Do sexo, do devoto amor 
Sou de lágrimas e risadas
Meu sangue quente é tudo ou nada.

Maternal
Quase sempre teatral 
Sangue quente 
Que não existe em toda gente 
Personalidade infernal 
Lidar comigo é difícil 
É como um desafio no juízo final.

Sou dos pecados 
(5)
Sou dos palavrões 
De abraços macios 
Sou das violências que não matam
Pensamentos altos, perdidos no vazio 

Sou de sangue quente 
Pensamento ardente 
Corpo agitado, suor perfumado 
Doida e equilibrada
Meu sangue quente é tudo ou nada. 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Aconteceu alguma coisa

Aconteceu alguma coisa 
Aconteceu alguma coisa enquanto eu ouvia "Mary" 
Repetindo o mesmo CD mil vezes 
'Come Around Sundown' 
Talvez eu estivesse guardando esse momento pro final. 

04:04 no espaço 
Estado de espírito: solidão 
Tanta coisa no meu 1,57 
Eu não tenho nada contra ficar no chão 
Na verdade é a única segurança que eu posso ter 
Pelo menos ele eu sei que não vai desaparecer 
Por enquanto
(serei apenas engolida se acontecer) 

Aconteceu alguma coisa 
E eu não estou tentando entender 
Aconteceu alguma coisa que ninguém pôde perceber 
Aconteceu alguma coisa e eu não quero saber 

O silêncio é barulhento 
Quase surda na madrugada 
Descalça, me concentrando pra sentir algum vento 
Aconteceu alguma coisa,
Mas eu não tenho tempo 
Não quero entender, não vou pagar pra ver 
Essa é uma daquelas noites de merda
Acho que verei o Sol nascer.

Aconteceu alguma coisa 
Aconteceu alguma coisa enquanto eu ouvia "Mary" 
Repetindo o mesmo CD mil vezes.
A velocidade de conclusões é quase mortal
Talvez eu só precise dançar, afinal.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O controle voa

Assim como o meu cabelo é castanho 
E a minha pele é sardenta 
A vida é um mistério onde nunca podemos controlar tudo. 
E em todas as vezes que achamos que temos o controle 
Se olharmos um pouco mais de perto, percebemos 
Que nada nunca é nosso 
O controle voa...

Eu não posso negar ser verdadeira comigo mesma 
Viver do jeito que eu escolhi viver 
Ser quem eu gosto de ser.
Posso não ter o controle de tudo 
Mas eu tenho todo o meu mundo em mim 
E as asas da vida que levam o controle 
Também levam a mim...

Tantas quedas, tantos desesperos 
Eu ainda tenho que desvendar tantos segredos. 
A felicidade está em cada momento 
A libertação,
No aprendizado de cada erro 
Se olharmos um pouco mais de perto, percebemos 
Que nada nunca é nosso 
E que nem mesmo do momento mais intenso 
Temos controle. 
O controle voa, 
Vai embora com o vento 
Nas mesmas asas que levam a mim 
Me levam daqui, me fazem assim...

Assim como o meu cabelo é castanho 
E a minha pele é sardenta 
A vida é um mistério onde nunca podemos controlar tudo 
Tudo muda, o tempo não obedece a nossa vontade
Cada momento voa 
Eu já vi a vida levar embora 
Cada certeza, 
Levar a alegria e levar a tristeza. 
Nunca resta nada 
O controle não é nosso 
Tudo se apaga 
As asas da vida levam tudo 
Não deixam nada
Levam a mim, eu desapareço
No momento em que percebem minha demora
Eu me fui com a aurora 
De mim não resta nada
As asas do tempo me levam embora...




segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Não dá (pra apagar)

Apagar as mensagens (as conversas) 
Apagar as fotos 
E os fatos (fatos se apagam?)
Não adianta nada 
O que está na mente não vai
Portanto apagar tudo é apagar nada.

Perdoar-se não muda nada
Não se pode apagar o que já está feito (já está lá) 
Não adianta tentar, não dá pra apagar. 
Poderia ter evitado (poderia ter se poupado) 
Deixou-se levar (deixou acontecer)
Se enterrar em culpa depois tentando o ato impossível de apagar 
Não vai adiantar. 
(não dá)

Quando se vai contra seus princípios mais básicos 
Algo acontece 
Não dá pra apagar
(é impossível voltar) 
Você deveria ter pensado nisso antes 
É tarde demais.
 (não dá pra apagar) 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cama

Na minha cama, o que tenho?
Tenho os mosquitos aqui comigo 
Tenho minhas pernas empurrando o estrado de cima 
Tenho um filme 
Tenho uma música na cabeça 
Tenho minha mente me enlouquecendo 
Tenho preocupação, tenho desespero, tenho tranquilidade morrendo

E minha ansiedade hormonal fora do controle 
Está aqui também 
E pensamentos, lembranças, e dramas 
Se fazem presentes 
Cabe tanta coisa na minha cama 
Mas aqui não há realmente nada 
Há um livro enorme, uma tragédia russa
Um pesadelo, um desespero 
Mas falta uma pessoa, falta alguém 
E por mais que eu tenha todo o espaço do mundo 
Ela não vem.

Minhas unhas crescendo, o vermelho se desprendendo
Meu cabelo despenteado 
Descalça, camisola, calor 
Ventilador ligado, 
Eu lembro de tudo, desde o início 
Eu lembro de todo aquele amor infinito. 

Na minha cama, o que tenho?
Insônia, agonia
Silêncio ensurdecedor, nostalgia
Tenho ausência
Com tudo que está aqui a ausência consegue ser enorme 
O abismo é interminável 
Toda essa sensação insuportável. 


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Completamente parada

Se eu ficar completamente parada 
Quase não consigo sentir o calor de brasa 
Do meu país, da minha cidade 
Do meu mundo tão tropical.
Mas ainda assim, seria impossível viver sem calor 
Eu o venero no meu café de colônia 
Que pra mim é o paraíso.

Essa junção de céu azul de fim de tarde 
Com a brisa preguiçosa do início da noite 
Me fazem pensativa.
A roupa está lavando na máquina 
O panettone está fresco 
Se foi o sol mortal de mais cedo 
A casa silenciosa 
Tudo está em seu lugar,
Eu estou de folga.

E à medida que organizo meus pensamentos borbulhantes e ansiosos 
Que atropelam uns aos outros, desrespeitosos 
Percebo que não é possível para mim 
Ficar completamente parada. 
Portanto está aqui me fazendo companhia 
Meu velho calor de brasa.

É fim de ano, é fim de tarde 
O céu azul me leva pra tão longe 
E dentro de mim existem dias ensolarados,
Existem tempestades 
Que me inquietam 
Que desafiam minha alma 
Que fazem de mim uma buscadora. 
Eu busco um dia conseguir ficar 
Completamente parada
Eu busco um dia conseguir ter 
Uma mente organizada.

Quantos fins de tarde são necessários 
Para chegar nesse grau de evolução?
Talvez eu busque a plenitude 
Talvez eu só queira aprender a ficar 
Completamente parada. 



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Insone

Insone, momentos de uma insone
O mês acabou, o Verão chegou 
E eu continuo aqui,
Insone. 

Sou apenas capaz de traduzir do céu estrelado de cada dia 
Como a mais profunda agonia 
Como o mais profundo mistério
Início do abismo, o fim do precipício 
Coisas de uma insone
Na madrugada do meu quarto não tenho nome.

Das coisas da minha raça 
Só entende quem não dorme 
Quem teve o prazer de ser amaldiçoado pela madrugada 
Quem não conhece outra vida além dessa 
Em que ficamos todos vagando acordados 
Lentos,
Com pressa 
E insones. 

Sempre aceitei um café 
Nunca aceitei um cigarro 
Mais um sonho acordado 
Mais um pensamento perdido 
Desejos fixos, corpo parado.
Sou insone, ando insone por todos os lados.

Caneta inquieta desde que nasci 
Gargalhadas e lágrimas 
Coisas que nem todos entendem 
É necessário viver aqui, na madrugada.

Das coisas da minha raça 
Só entende quem não dorme 
Longe, longe 
Mente cada vez mais distante 
Alma agitada, quem é assim nunca morre
Insone, mal assombrada 
É o fim do ano
Fechamento de um ciclo, início de uma nova estrada 
Insone, sonhando acordada. 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Solo

Eu tenho jóias 
Banho tomado 
Perfume borrifado 
Memórias.

Não sou boa em escrever sobre coisas alegres 
Talvez por isso goste tanto de Blues.
Eu guardo esses momentos, esses momentos do meu pai 
Guardo os momentos da minha mãe 
Tudo está sempre sincronizado com os meus movimentos.

Ando rápido 
Saio despercebida 
Chego notada 
Atrasada.

Sinto meus 20 anos tão pesados 
Pele sardenta de menina 
Sonhos surrados 
Sempre vivi pros outros, me decepcionei pra mim 
O que está escondido na minha concha ninguém toca 
Existem coisas que eu prefiro ter acesso exclusivo 
Melhor assim.

Existem momentos, esses momentos passados 
Esses momentos conturbados 
Longos o suficiente pra deixar as sequelas 
Dos pensamentos perturbados.

Mulher solitária 
Menina divertida 
Qual é a extensão da maquiagem? 
Qual é o tamanho da ferida?

Eu vou, eu sempre vou 
Mesmo com medo, eu vou 
E eu sempre sei exatamente onde estou.

Eu tenho jóias 
Banho tomado 
Perfume borrifado 
Memórias.

Tenho a saudade dos meus irmãos 
Tenho pressa pro futuro 
Tenho as correntes do passado 
Eu tenho, tenho tudo isso
Às vezes gostaria de poder sair um pouco de mim 
Não é fácil viver assim
Carregar essas coisas
Que só existem em mim...


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Diagnóstico

Talvez o meu mal seja ser precipitada
Mas acho que estou mesmo apaixonada... 
Arrepiada, desastrada, abobalhada 
Talvez eu esteja mesmo apaixonada. 

Contei pros meus avós sobre você
Eles disseram que confiam em mim
E que não havia mais nada a dizer. 
Contei sobre os nossos pólos magnéticos opostos 
Sobre nossos pontos de vista distintos 
Você cauteloso, eu impulsiva 
E sobre nossos pequenos estresses aleatórios 
Contei que mesmo com o seu silêncio 
Você me cativa. 
Eles disseram que foi o universo 
Que atraiu dois ímãs opostos pro mesmo lugar 
Para que tudo pudesse finalmente se equilibrar.

Ah, talvez eu esteja mesmo apaixonada 
Isso pode ser o meu fim, isso pode ser uma nova página
E sim, eu estou assustada 
Saltos no escuro como esse nunca foram a minha melhor jogada.

Universo, me ajude 
Tenho tido essa sensação de estar ferrada 
Universo, me ajude 
Tenho tido essa sensação de estar feliz, de estar sendo amada 
Universo, me ajude
Mantenha meu ímã magnetizado 
Por favor, não estrague o meu barato 
Universo, me ajude 
Me ajude a não ficar descontrolada 
Oh, Deus... Acho que estou mesmo apaixonada. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Catástrofe

Talvez seja esse ar 
Talvez seja o barulho do vento 
Alguma coisa tem mudado aqui dentro
Alguma coisa tem me levado
Algo tem me mudado.

Tenho meus amados, tenho meus sonhos
Tenho meus momentos, meus trecos guardados
Cada coisa que define a pessoa que eu sou 
O que me move, o que perturba a minha alma 
Cada crise que é como um pé na bunda de qualquer comodidade
Ah, eu não sou nenhuma covarde!

Uma vez ouvi que o Universo conspira 
Para as mais variadas coisas 
Levou um tempo mas, já acredito nessa teoria 
Qual outro motivo para toda essa minha urgência
Para toda essa histeria?

Minha vida é feita de correria 
Meus passos tortos são como corridas embriagadas 
Minhas vitórias colocadas num pedestal 
Minhas perdas jamais esquecidas 
Talvez eu seja o vento 
Sim, talvez eu seja toda a urgência dessa ventania 
Talvez eu seja tristeza,
Talvez eu seja alegria

Algo tem me levado
Algo tem me mudado.







quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Eco

Eu só queria tentar entender 
Porque eu penso tanto em você
E porque eu já sinto a sua falta 
Se ficar um dia sem te ver. 
Pensando bem, talvez eu não precise saber
Talvez eu só precise acreditar de uma vez 
Que você está comigo 
E que você não vai embora. 

E eu sou independentemente solitária 
E nunca vou deixar de ser 
A doença da sobrevivente instintiva nunca sairá de mim 
Eu só sei ser assim...
Mas quando estou com você
Me sinto compartilhada 
Acompanhada 
Amada.

E tenho medo, tenho muito medo 
Medo da minha intensidade 
Medo de ser apenas uma ilusão 
Medo que mais uma vez eu acabe parando no chão. 

Você tem o seu tempo,
Você é lento
Amadurece lentamente seus sentimentos 
Eu não passo de um furacão 
E você conseguiu aprender a lidar com os meus ventos 
Mais ou menos 

Você pode trazer o pôr do sol
Depois que a minha tempestade passar? 
Você pode me amar?
Poucas vezes antes eu estive tão feliz 
Você pode ficar?
E me amar só mais um pouquinho?
Pouquinho com eco?
Será que dá certo?



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Quase DNA

Talvez chova
Talvez chova mais tarde 
Talvez chova...
Mas não agora.
Agora faz Sol lá fora 
E ela não se demora 
Pra sair e rodar por aí 
Porque está Sol lá fora 
E ela precisa sair daqui.

Talvez chova
Afinal, depois de tudo 
Depois desse ano brusco, depois dessas mudanças absurdas, depois desse ano duro 
É estranho que ainda não tenha chovido 
Ela continua aqui, continua aqui comigo 
Não me larga, ta grudada 
Ela é minha mãe, ela é minha irmã, ela é minha filha, ela é minha família 
A única família que eu tenho na minha rotina.

Ela não se abate, ela nunca deixa de gargalhar à vontade 
Às vezes chora um pouquinho, faz um lamento, sai de fininho 
Mas ela nunca desaba 
É forte como seu cabelo de índia 
Seu desequilíbrio é equilibrado 
Seu amor por mim, demonstrado. 

Talvez chova
Talvez chova mais tarde
Mas não agora 
Agora faz Sol lá fora 
E ela não se demora 
Pra sair e rodar seu vestido por aí 
Me perguntando se eu quero ir. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

1000 em 100

100
100 lágrimas 
100 "tô de mal"
100 estresses 
100 desentendimentos 
100 incompatibilidades 
100 silêncios desconfortáveis 

Mas 1000
1000 sorrisos 
1000 abraços 
1000 conversas 
1000 "Mô, acorda?" 
1000 silêncios calorosos 
1000 pés entrelaçados 
1000 cuidados 
1000 cafés 
1000 músicas irritantes 
1000 carinhos 
1000 beijinhos 
1000 amassos 
1000 luzes apagadas no quarto 
1000 dias felizes em 100

Ainda estamos nos ajustando 
Ainda estamos nos acostumando 
Ainda estamos nos entendendo 
Ainda estamos nos conhecendo 
E ainda estaremos assim por muito mais tempo.

Todo dia eu conheço um pouco mais de você
Todo dia você chega um pouco mais perto de me entender 
Mesmo que seja só um pouquinho 
Todo dia somos "eu e você"
Mesmo com a distância, você me vê 
1000 dias felizes em 100 
Eu espero acrescentar mais uns zeros por aí...

Amo você. 




Pronunciar e realizar

Perdoar
Per do ar 
Não é difícil de pronunciar 
Mas é uma das coisas mais difíceis de realizar 
O perdão é necessário para a paz própria 
E não porque o outro realmente merece perdão

Partindo do ponto que cada ser humano só quer saber de si e não considera as consequências que pode causar para outras pessoas 
Eu preciso aprender a perdoar 
Por egoísmo
Por autopreservação

Pois se não perdoo
É porque me importo demais 
Com quem talvez não tenha consideração pela minha decepção

Perdoar
Per do ar 
Não é difícil de pronunciar 
Mas é uma das coisas mais difíceis de realizar.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Móveis esquecidos num cômodo

Talvez nós possamos, enfim, dar um jeito 
Se eu guardar um pouco da minha bagunça,
Se você bagunçar um pouco da sua arrumação 
Vamos embora, só podemos chegar até o alcance de nossas mãos
Eu posso dar o espaço que você precisa, porque desde que eu cheguei 
Tudo passou a ser lotado, eu sei
Espero que você possa preencher o espaço vazio que eu tenho 
Porque desde que você chegou, tenho me sinto alimentada por pequenas promessas
Mas eu continuo faminta aqui

Me leve nos seus carros 
Eu te levo nos meus papos 
Nós nos levamos em um abraço
Você consegue?
Você consegue se deixar levar?
Você consegue ir junto comigo?

Talvez nós possamos, enfim, dar um jeito 
Eu quero o nosso próprio jeito 
Um amor divertido, um amor sem roteiro 
Nos encontramos num tiroteio
Eu estava baleada, você quase recuperado 
Você me deu coisas, mas depois fingiu que nunca tinha dado 
Nada daquilo nunca mais apareceu 
E eu estou um pouco cansada, não sei se você percebeu 
Não quero chamar isso de tiroteio, prefiro um sorteio 

Você consegue ir embora num abraço?
Mãos atreladas, olhares conectados?
Você consegue?
Você consegue se deixar levar?
Você consegue ir junto comigo?

Talvez nós possamos fazer isso 
Eu espero que nós possamos fazer isso 
Eu espero que você consiga ir comigo...

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

2 AM


Esse céu estrelado com suas últimas nuvens 
Esse dia ensolarado que me deixa cor de ferrugem 
Não há pra onde ir, vamos todos desaparecer e derreter aqui.
O mundo se torna muito pequeno quando tenta de todas as maneiras
Te expulsar dele.

Baratas e ratos 
Saem dos ralos 
Em busca de ar 
Talvez ninguém esteja tão longe do chão 
Talvez ninguém esteja tão longe do céu 
Tudo parece muito confuso nesses dias de Verão.

Eu me sinto parte de tudo 
Mas parece que nada faz parte de mim 
Sentimento absurdo 
Mas já faz algum tempo 
Que a vida não tem feito sentido pra mim.

Estrelas e baratas 
Estaríamos todos tão próximos 
Se não sofrêssemos de uma ilusória sensação 
De que a morte nunca chega à tempo
Pra gente.
E enquanto desperdiçamos nossas vidas achando que temos tempo 
Mil sonhos explodem.

Posso viver no ar condicionado 
Posso viver na brisa leve de um céu estrelado 
Posso fazer tantas coisas, posso deixar tudo de lado.
Existe alguém desse lado?
Existe alguém do meu lado?
Sei que estou sozinha, mas me sinto faminta 
Uma fome enorme por alguém do meu lado
É a necessidade de uma mão sobre a minha 
Nesse céu estrelado. 
Eu gostaria de deixar tudo isso de lado 
Em qualquer lugar isolado.

Gostaria que todos fossem capazes de entender 
Que somos estrelas e baratas 
E que não estamos tão longe do chão 
E nem tão longe do céu... 

Acho que ando meio confusa nesses dias de Verão.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Capítulo 2

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Dirigindo pra longe das luzes 
Pra longe dos meus problemas 
Eu não quero mais lembrar, eu não quero mais saber 
Eu sou a única tentando não desistir 
Com toda a minha intensidade desesperada 
Estou tentando em vão, não morrer na praia 
Eu sou a única que resistiu até o fim 
Eu nunca quis pegar outra entrada 

Mas isso pode ser o fim
Isso tudo aqui pode finalmente ser o fim

Eu errei
Eu fui errada em fazer dos outros a minha casa 
Mas eu nunca tive casa, achei que dessa vez pudesse ir devagar por essa estrada 
Pensei em ficar, pensei em me aquietar 
Eu saí dos meus planos mesmo sabendo que não deveria 
Eu fui errada em fazer dos outros a minha casa 

Isso pode ser o fim

Talvez eu sirva como a minha própria casa 
Talvez eu continue por muito mais tempo nessa estrada 
Talvez tudo isso tenha sido absolutamente nada 
Um pequeno sonho, uma ilusão da estrada 
Talvez eu sempre tenha vivido no fim

Porque você já tinha uma casa 
Você sempre teve uma casa 
E eu errei ao tentar te transformar na minha casa 

Isso pode ser o fim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Tão grande, tão pequena

Às vezes eu tenho esse sentimento 
Esse sentimento tão grande que me transforma num ser tão pequeno
Sentimento que me deixa desesperada 
Se eu pudesse simplesmente desaparecer, eu desapareceria 
Se eu pudesse dormir por semanas seguidas, eu dormiria.

Certas pessoas existem apenas para dificultar a convivência 
Certas pessoas acabam com a minha paciência,
Fazem de tudo pra tornar o ambiente pesado 
E a convivência, insuportável 

Eu tenho a péssima habilidade de incomodar, mesmo estando quieta 
Certas pessoas se incomodam com a minha presença, mesmo a minha voz estando em ausência 
Às vezes eu realmente me sinto completamente sem voz 
E completamente sozinha nesse mundo 
Às vezes eu tenho esse sentimento,
Esse sentimento tão grande que me transforma num ser tão pequeno 
Sentimento que me deixa desesperada.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Quando você estiver vindo

Eu sou apressada 
Eu quero tudo rápido, pra ontem
Deixo um rastro de bagunça no caminho 
Porque saio correndo, sempre com um café na mão 
A louca que avança o sinal,
Que atravessa a rua tirando fino dos carros, sempre xingando ou rindo.

Quando você estiver vindo
Lembre-se de me parar no caminho 
Por favor, me abrace 
Com a mesma intensidade que você me olha quando estamos deitados lado a lado 
Por favor, não diga nada 
Me acalme com o seu olhar tão significativo 
Me encha com o seu silêncio, 
Me invada com aquele vazio lotado
Quando você estiver vindo
Me desacelere, me faça esquecer de correr 
Lembre-se disso quando você estiver vindo 

Eu estou sempre te atrasando 
Sempre te bagunçando 
E enquanto eu saio correndo atrasada 
Você vai limpando o meu furacão atrás 
Você sempre consegue rir das minhas coisas mais irritantes 
E eu sempre peço desculpas com beijos 
E um sorriso

Quando você estiver vindo 
Me dê a mão, ande comigo 
Podemos tomar um café
Eu quero falar sobre todas aquelas coisas idiotas e ver você acabar rindo 
Quando você estiver vindo, 
lembre-se de me acalmar com o olhar 
Quando você estiver vindo,
prometo que não correrei pra nenhum outro lugar 
Lembre-se disso quando você estiver vindo
Me dê a mão no caminho.