segunda-feira, 30 de maio de 2016

30 de maio de 2016



Estou preocupada que minha idade esteja me tornando burra.
Estou preocupada que, em determinados momentos, o cheiro de um cigarro aleatório não me incomoda mais, e acaba trazendo uma estranha sensação de tranquilidade.
Estou preocupada de estar velha demais pra minha idade.
A morte virá para todos, é inevitável, não tenho o que temer.
Mas me preocupo que acabe morrendo alguém completamente diferente de quem eu quero ser.
Ou que acabe parecida demais com quem eu sou agora.
"Uma vida memorável", é o que todos querem, o que todos almejam.
Todo mundo quer ser lembrado, todo mundo quer ter certeza de que sua existência significou algo, e que esse algo continua vivo por aí...
Essa é a minha última chance de fazer algo bom e admirável.
Essa é a minha única chance de me tornar alguém melhor.
Não preciso ser lembrada por uma multidão
Só preciso ser suficiente para mim mesma. 
Mas por enquanto estou igual... 
Sentada no banco da faculdade, no sol... 
Observando o camaleão correr...
Confusa com meus próprios pensamentos,
Pensando que estou velha demais pra minha idade.
Pensando que é maio, estou nos 22, com uma trança de lado.
Pensando em como sou burra de cometer o mesmo erro tantas vezes. 
Pensando nisso tudo e ainda mais
Pensando no que me prende e me impede 
De ir além.
Pensando, pensando, pensando. 
Eu penso demais... 
Essa sou eu... Agora.
Espero que a Eu do futuro encontre isso...
E que leia e ria de todas as besteiras 
Que uma jovem inexperiente e preocupada é capaz de dizer
Pois, Eu, não estou rindo agora 
E algo me diz que essas coisas nunca serão motivo para risadas  
Mas há um pedaço bem pequeno na minha mente que tem esperança 
De que tudo isso seja apenas mais outra fase, como tudo na vida 
Há um pedaço bem pequeno na minha mente que não pensa em nada, só quer existir 
Mas é calado o tempo inteiro 
Porque a maior parte da minha mente, pensa demais. 
Eu penso demais...

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Barcos abandonados

Os barcos abandonados
Na Baía de Guanabara
Nesse dia chuvoso...
Me lembram um cemitério mal assombrado.
E eu gosto dessa sensação,
De ser envolvida pela neblina,
Simplesmente desaparecer
No que há de mais profundo da minha cabeça animal.
Pois há algo especial sobre mergulhar 
Profundamente em si mesmo 
A coragem pra ir, a força pra voltar 
Tantas coisas me perturbam, mas eu ainda estou aqui 
Passando por essa ponte todo dia
Olhando esses barcos abandonados 
Com sol ou chuva 
Eu ainda estou aqui...

Nada é tão ruim 
Lembro da minha avó dizendo que 
Se o aluguel está pago, você pode fechar a porta de casa
Ninguém tem nada com isso... Seu teto está garantido. 
Mesmo que você coma apenas café com pão
Ninguém tem nada com isso...
Essas são as palavras de uma sobrevivente 
Que enraizaram fundo na minha mente 
E talvez me tranquilizem todos os dias 
Pois eu, tenho café e tenho pão 
Mas ainda tenho muito mais do que isso.
E eu ainda tenho minha coragem,
Consigo olhar esses barcos e não sentir medo, 
Consigo ser grata pelas coisas que tenho, 
E consigo sonhar. 
Apesar de tudo, eu tenho perspectiva 
Tenho minha porta fechada, meu café com pão, minhas outras coisas... 
E meus sonhos 
Tenho a certeza de que tenho o sangue da minha avó 
Que sobreviveu, mesmo com tudo contra... 
Eu simplesmente não preciso ter medo de barcos abandonados 
E nem da vida. 

domingo, 15 de maio de 2016

Eu te deixei ir


Eu te deixei ir 
Te deixei ir há muito tempo atrás
Mas você voltou pra mim.
E sim, de novo, te deixei ir 
Eu disse "Eu e você não somos mais duas linhas fortes entrelaçadas."
Mas você simplesmente não me liberta. 
Eu sei que você precisa de mim
E talvez eu também precise de você 
Mas antes, preciso viver 
E você não tem me dado sensação de vida 
Há tempos. 
Você não consegue enxergar que 
Eu te deixei ir 
Tantas e tantas vezes 
Porque nos tornamos duas linhas podres arrebentadas
Que já nem entendem o porque de estarem lado a lado 
Pois já nem se encostam 
E em qualquer tentativa de contato 
Se arrebentam um pouco mais...

(Quantas vezes teremos que nos arrebentar até finalmente compreender que
Simplesmente 
Não fazemos mais parte do mesmo?
Eu te deixei ir 
Então por favor 
Me deixe também
Merecemos mais do que apenas 
Uma vida suportável.)

On my 22 birthday




On my twenty two birthday 
When it became midnight 
And it was may 10th 
I was drinking cheap wine 
And thinking about how miserable my life was 
I was thinking about how things were different for worse
And how I needed changes.
Because, no matter how great my life is in certain moments 
Even still 
I'm always craving for a change 
Because I'm an addicted
And I am a human 
And I am never satisfied like all humans.

On my twenty two birthday 
I was drinking wine, alone
In the middle of the night
Watching "Friends"
Not paying attention to not even a word 
Or detail.

On my twenty two birthday 
I was feeling sorry for myself
And pathetically hopeful about the day that was coming 
Wishing that everything was going to be fine 
Wishing that my twenty two age 
Was not going to be terrible
Like my twenty one was.

But... Who knows about the future?