quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Bagunça humana

Eu tenho essa bagunça natural
Essa bagunça natural que entra na composição humana 
Mas prefiro ser bagunçada ao redor
Do que internamente 
(não que eu não seja os dois)
No fim de tudo, a bagunça externa equilibra a da mente.

E se eu acordo no meio da noite pra escrever 
É porque meu dia é de trás pra frente
Eu nasci às 18:48, isso explica o suficiente.
Se eu canto no meio da rua
É porque provavelmente ainda sou meio adolescente 
Se eu prefiro ler à beber 
É porque sou uma velha cheia de segredos.

Eu sei lidar com a bagunça da minha mente 
(mais ou menos)
Eu me aceito como um ser humano naturalmente bagunçado 
Que acha o calor insuportável 
E o Inverno curto demais.
Que sabe ser independente 
Mas no fundo é bastante carente.
Eu sou um ser humano bagunçado 
E não estou nem aí se isso é mal educado.

Minhas lágrimas quase sempre são secretas 
E meus sorrisos escancarados à beça 
Tenho uma expressão pra cada situação 
Sou um ser humano bagunçado 
Com direito a muito cabelo na cara 
Com uma língua afiada, um sorriso que não cabe na cara, uma sobrancelha levantada 
E um grande coração
Cabe tudo aqui, por isso nunca esqueço de nada 
Mesmo na minha bagunça
Eu sei onde achar cada memória.  

domingo, 26 de janeiro de 2014

Insônia



São 1h da manhã e eu não consigo dormir... E ultimamente tem sido cada vez mais difícil pra mim fechar os olhos pra noite e viver o dia. Ultimamente tenho estado num caos de exaustão quase o tempo todo, com exceção dos meus domingos de folga, quando não tenho hora pra acordar. Fora esses dias, sou sempre a última a dormir e a primeira a acordar... É uma exaustão completa, uma pressão que eu mesma coloco em mim... Não quero mais viver desse jeito. Todos os dias eu me culpo por não ter começado a faculdade no ano em que me formei na escola. Todos os dias me culpo por não estar procurando de verdade um emprego melhor, todos os dias me culpo. A questão é que eu não posso mais continuar vivendo desse jeito. Em maio faço 20 anos, e não quero que a minha vida seja assim. Não quero continuar a ser dependente da minha família, não ter nem mesmo o meu próprio quarto, não poder namorar porque minha avó não concorda, não poder fazer nada que a minha avó não concorda só porque eu vivo na casa dela. Eu trabalho, e so what? Continuo tendo que dar satisfações e adaptar a minha vida pro que eles acham certo, e acho que já estou muito velha pra isso. 
Eu envelheci cedo, sabe? Passei por muita coisa na infância e sofri quando comecei a abrir os olhos e ver todas as coisas erradas e perceber que onde eu vivia, eu era a única que enxergava. E foi assim que aprendi a ser solitária e deixar a maior parte dos meus pensamentos nessa minha estranha mente criativa. E olha que eu já falo bastante. Mas acredite, isso não é nem a metade. Não sou fã de ficar fazendo draminha, mas hoje, nessa madrugada aqui, estou tão de saco cheio de tudo que quero mais é falar. E quem vier pra cima de mim com pena vai levar um chute. Não quero pena, quero apenas falar.
Sabe o que eu penso quando vejo uma garrafa d'água gelada fora da geladeira? Enquanto as gotas escorrem no lado de fora da garrafa e eu ouço "If I Ever Get Around To Living", eu me pergunto como elas foram parar ali se ninguém derramou a água. E eu sei que a ciência provavelmente tem uma resposta pra isso, mas sinceramente, nunca fui uma pessoa exata, sou humana até demais, por isso não ligo tanto assim pra ciência, mesmo que seja bastante curiosa com assuntos inúteis e até tenha curtido uma página no FB sobre curiosidades científicas, históricas e aquelas que todos nós poderíamos passar a vida sem saber e não fariam a menor diferença pra nossa evolução humana. Ou regressão. 
De qualquer forma, eu penso que todos nós somos meio que assim também. Derramados mesmo que ninguém tenha derramado. Todos nós já nascemos com algo derramado ou derramados em algo. Quando a primeira gota se forma, é a vida dando sinal de intensidade, dando sinal de que, ainda bem, transbordamos de sentimentos extremos, ou confusos, ou apenas ridículos, como é normal do ser humano. Caos sempre deixa as coisas mais interessantes. Mas caos demais pode fazer com que as gotas externas não sejam suficientes pra equilibrar o interior e você derrame toda a garrafa. Nesse momento, a minha garrafa está meio equilibrada. Mas desequilibrada o suficiente pra me dar ideias de emergência e ativar meu instinto de sobrevivência. Porque se eu continuar vivendo assim, não vai dar, eu vou virar a garrafa inteira e ainda vou chutar todas as gotas. Internas e externas. Mas talvez eu vire a garrafa de propósito, só pra ver o que acontece quando ela se tornar vazia e precisar ser preenchida novamente. Talvez eu precise de novos preenchimentos internos, antes de me preocupar com os externos. Agora é oficial: Se eu não mudar as coisas, eu vou ficar louca, ou vou explodir a minha garrafa na cara de alguém. 
Escrevi esse texto ridículo em 32 minutos e nem sinal do meu sono.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Passado e futuro

Não gosto muito de palavras complicadas 
Pois os mais intensos e profundos sentimentos 
Não precisam nem de palavras para serem expressados 
Só são necessários um rosto e uma expressão,
Corpos unidos ou separados,
Talvez um pequeno som
Talvez um sorriso, ou uma lágrima
Uma alegria ou uma irritação
Mas nunca uma explicação.

Quando você começa a pensar em descrições 
É porque acabou e vive apenas a lembrança 
E aí torna-se poesia 
Pois se estivesse ainda acontecendo
Você não estaria falando ou escrevendo,
Estaria apenas fazendo.

A tristeza é um diário póstumo 
Uma melancolia viciosa 
Que precisa de todas as palavras possíveis 
Que a alegria sempre ignora.
A tristeza é multitarefa 
A alegria é focada, muito ocupada.

Quando as lembranças vem e vão sem parar
É a tristeza querendo sair 
E morar num quarto que já foi sorrisos e promessas eternas
Quando havia uma ocupada alegria 
Que fazia tudo ser sempre uma gritaria que trazia calmaria.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Labirintos que ventam o vazio



Agora não existem mais toalhas pra confundir 
Tudo é muito claro por aqui
Os finais de semana parecem muito maiores 
E muito mais silenciosos 
Não há mais risadas ecoando pelos corredores e quartos
Não há mais uma pia transbordando de copos 
E no escorredor há apenas um prato
E não existem mais panos de prato encharcados.
Não existem sapatos espalhados pelo quarto
Não existem mais músicas engraçadas ecoando pela casa
Há apenas as minhas músicas bonitas e perturbadas
Há apenas eu querendo mudar de casa.

O mais triste disso tudo
É que você não está aqui pra sentir
O quão doloroso é a sensação de que todas as coisas continuarão a sumir
O que você levou, se foi na hora
E o que ficou, pode desaparecer a qualquer momento, mesmo que você já tenha ido embora.
Me assombram esses pensamentos
Me tiram o sono esses tormentos 
De que tudo pode desaparecer 
Até mesmo a sua lembrança dolorosa na minha mente.

Eu sei que é inevitável
Que todos os momentos bons desaparecerão
E que até os ruins, eventualmente irão.
Eu queria que você estivesse aqui comigo pra sentir isso
Sentir como se todos os objetos e lembranças estivessem sendo abduzidos 
Sentir pouco a pouco os fatos serem confundidos 
E sentimentos esquecidos. 

Queria que você estivesse aqui pra sentir a falta da falta
Falta de tudo aquilo que foi bom
Falta de tudo aquilo que me foi tirado no momento em que tudo se tornou ruim
Falta de não me sentir assim
Falta de ser importante pra mim
Falta de ser a pessoa que eu era antes você,
Eu sei que você se lembra dela
Você a levou embora 
No momento em que saiu pela porta 
E agora não sou nada mais que um fantasma que vaga 
Por corredores vazios 
Perdidos em labirintos na minha mente 
Que pouco a pouco
Se tornam esquecidos.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A mais curta de todas as curtas


Sou triste
Mas por trás de toda a minha tristeza, há uma história de alegria reluzente.
Se sou triste, é porque um dia fui feliz ao ponto de pensar que nunca seria triste. 
Se sou triste, é porque perdi, há muito tempo, a noção sobre o que é tristeza
E quando ela veio, me pegou se surpresa.
Eu não soube o que dizer, não soube como reagir
E me tornei apenas uma pessoa triste com uma história de alegria reluzente que me ensinou a apenas sorrir.
Eu não sei lidar com a tristeza sem me desesperar 
Afinal, não fui acostumada a chorar 
Sinto falta do tempo em que sabia apenas sorrir.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Comédia no teto


Nunca tinha me visto dessa forma
Nunca tão radiante
Não com esses olhos brilhantes.

Já tinha me visto chorar
E jurar que nunca ia deixar de tentar
Já me vi desesperada
Já me vi irritada 
Mas nunca me vi escancarar a cara desse jeito
Nunca sorri como se tivesse o mais precioso dos segredos
Aquele tipo de sorriso que você olha pro alto
Como se estivesse vendo uma comédia no teto
Aquele tipo de segredo que você compartilha apenas com uma pessoa
Pois sempre tem alguém pra perceber que você está olhando pra uma comédia no teto.

Eu nunca tinha me visto dessa forma 
Mas isso não importa
Ficar dessa forma foi a melhor coisa que aconteceu comigo em muito tempo
E quem iria imaginar que você seria a pessoa que me faria escancarar a cara
E sorrir como se tivesse o mais precioso dos segredos
Aquele sorriso que te faz assistir uma comédia no teto.

Quem diria que essa comédia seria sobre eu e você?
Quem diria que eu iria gostar de te deixar ver,
Que eu tô gostando de compartilhar isso com você?
De qualquer forma, só você conseguiu perceber 
A minha cara escancarada 
O meu sorriso causado por um precioso segredo
E a minha comédia no teto.
E você conseguiu ver simplesmente porque
Isso também está acontecendo com você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Turbilhão

Todas essas palavras 
Continuam transbordando da minha mente 
Elas tocam as beiradas
Elas tentam explodir as barreiras reforçadas. 
E você não pode me salvar agora
Pois eu pertenço ao turbilhão
Eu estou entregue à revolta das águas 
Estou me afogando lentamente nas minhas próprias palavras. 

Eu estou indo agora
Mais uma noite sozinha
E você não pode me ouvir 
Pois as palavras ainda não conseguiram sair
Eu deito na minha cama 
Mas sei que não vou conseguir dormir 
Não em importo, pois adoro essa sensação de explodir e depois nascer de novo
Pra mais uma vez subir.

Todas essas palavras procuram por pequenas frestas 
Todas elas
Continuam vagando apertadas 
E você não pode me salvar agora
Pois eu pertenço ao turbilhão
Elas estão quase conseguindo achar a saída 
E eu quero que elas me façam imensidão.

Todas essas palavras, há tanto tempo tão sufocadas 
E agora eu estou aqui de coração aberto pra morrer engasgada
Não me importo, pois adoro essa sensação de explodir e depois nascer de novo
Pra mais uma vez subir.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Rocha

Eu sou uma rocha
E porque pra você eu não sou nada 
Você me conta todas as suas histórias 
Pois pensa que irão morrer enterradas 
Pois eu sou uma rocha.

Eu sou o sopro do vento 
Que traz pra você o consolo do tempo
Você pensa que eu só digo coisas boas
Mas você interpreta apenas o que quer
Você não me ouve dizendo o que eu digo
Você prefere me ver como um consolo amigo.

Eu sou a grama que cresce em baixo dos seus pés 
E eu sou a Lua que brilha acima da sua cabeça
E você pensa que está sozinho
E você pensa que eu te levo comigo
Você me vê num tronco oco de uma árvore velha 
Como se eu fosse um velho apoio,
Como se eu fosse nada mais que um consolo.

Eu sou a água que limpa seu corpo
E que tenta limpar sua mente
Mas nunca consegue
Você está sempre com ela fechada
Você nunca se arrisca numa tempestade 
Você não sabe de nada.

Eu sou uma rocha 
E porque pra você eu não sou nada 
Você mostra a sua vida pra mim
Pensa que é feliz assim
E tenta convencer a mim.
Um dia você vai perceber 
Que eu vou continuar sendo apenas uma rocha 
Se você quiser continuar sendo apenas o cara que dá a topada 
E chora como um bebê.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

1° de janeiro


Hoje fiquei pensando em tudo
quando saí do trabalho
E senti aquele ar pesado do Verão
Quando andei pelas calçadas que levam até a minha casa
Quando estava insuportavelmente quente 
E eu pensei ter visto fumaça sair do chão 
Quando desejei que acabasse logo esse Verão
O mundo passou diante dos meus olhos 
E eu pensei em tudo.

Hoje fiquei pensando em tudo
Enquanto olhava pela janela 
Sentindo o ônibus me levar pra casa 
Enquanto agradecia mentalmente por ter conseguido um com ar condicionado 
E um motorista bem humorado 
Enquanto pensava que já eram quase sete horas da noite e ainda estava claro 
Enquanto eu pensava que hoje é o primeiro dia do ano 
Mas que na realidade isso não muda nada
O mundo passou diante dos meus olhos 
E eu pensei em tudo.

Hoje fiquei pensando em tudo 
Enquanto ouvia Fleetwood Mac e Life House 
E pensava nos meus filmes favoritos 
E repassava minhas responsabilidades 
E decidia o que comeria naquela estranha tarde
O mundo passou diante dos meus olhos 
E eu pensei em tudo.

Hoje fiquei pensando em tudo
Mas principalmente na sensação de possibilidades que um 1° de janeiro trás
As mesmas possibilidades que a vida nos dá todos os dias 
Todos os dias quando abrimos os olhos e levantamos  
Quando o mundo passa diante de nossos olhos 
E pensamos em tudo 
Mas nunca fazemos nada.

Poema da meia noite, sensações do Ano Novo



Os céus do mundo inteiro explodem em milhões de estrelas cintilantes essa noite
Mas aqui, no meu mundo, no meu céu
Eu só consigo pensar no que quero transformar a minha vida
E no que quero me tornar.

E aqui estou eu sozinha, olhando toda essa explosão brilhante
E isso me incomoda
Em toda a minha vida, o fato de ser sozinha nunca me importou
Mas nesse momento eu me incomodo por todos os outros momentos em que não me incomodei
E é por isso que eu penso no que eu quero que a minha vida seja e no que quero me tornar.

E pensar nisso, trás pra mim uma sensação de alívio como se passasse uma brisa e aliviasse todo esse calor infernal que tem feito.
Pois graças a Deus, tudo é mutável
Inclusive eu, inclusive a minha vida.
E quando eu penso nisso
Olhar pra essa explosão de estrelas cintilantes sozinha 
Se torna muito menos ruim.