sexta-feira, 31 de outubro de 2014

2 AM


Esse céu estrelado com suas últimas nuvens 
Esse dia ensolarado que me deixa cor de ferrugem 
Não há pra onde ir, vamos todos desaparecer e derreter aqui.
O mundo se torna muito pequeno quando tenta de todas as maneiras
Te expulsar dele.

Baratas e ratos 
Saem dos ralos 
Em busca de ar 
Talvez ninguém esteja tão longe do chão 
Talvez ninguém esteja tão longe do céu 
Tudo parece muito confuso nesses dias de Verão.

Eu me sinto parte de tudo 
Mas parece que nada faz parte de mim 
Sentimento absurdo 
Mas já faz algum tempo 
Que a vida não tem feito sentido pra mim.

Estrelas e baratas 
Estaríamos todos tão próximos 
Se não sofrêssemos de uma ilusória sensação 
De que a morte nunca chega à tempo
Pra gente.
E enquanto desperdiçamos nossas vidas achando que temos tempo 
Mil sonhos explodem.

Posso viver no ar condicionado 
Posso viver na brisa leve de um céu estrelado 
Posso fazer tantas coisas, posso deixar tudo de lado.
Existe alguém desse lado?
Existe alguém do meu lado?
Sei que estou sozinha, mas me sinto faminta 
Uma fome enorme por alguém do meu lado
É a necessidade de uma mão sobre a minha 
Nesse céu estrelado. 
Eu gostaria de deixar tudo isso de lado 
Em qualquer lugar isolado.

Gostaria que todos fossem capazes de entender 
Que somos estrelas e baratas 
E que não estamos tão longe do chão 
E nem tão longe do céu... 

Acho que ando meio confusa nesses dias de Verão.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Capítulo 2

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Dirigindo pra longe das luzes 
Pra longe dos meus problemas 
Eu não quero mais lembrar, eu não quero mais saber 
Eu sou a única tentando não desistir 
Com toda a minha intensidade desesperada 
Estou tentando em vão, não morrer na praia 
Eu sou a única que resistiu até o fim 
Eu nunca quis pegar outra entrada 

Mas isso pode ser o fim
Isso tudo aqui pode finalmente ser o fim

Eu errei
Eu fui errada em fazer dos outros a minha casa 
Mas eu nunca tive casa, achei que dessa vez pudesse ir devagar por essa estrada 
Pensei em ficar, pensei em me aquietar 
Eu saí dos meus planos mesmo sabendo que não deveria 
Eu fui errada em fazer dos outros a minha casa 

Isso pode ser o fim

Talvez eu sirva como a minha própria casa 
Talvez eu continue por muito mais tempo nessa estrada 
Talvez tudo isso tenha sido absolutamente nada 
Um pequeno sonho, uma ilusão da estrada 
Talvez eu sempre tenha vivido no fim

Porque você já tinha uma casa 
Você sempre teve uma casa 
E eu errei ao tentar te transformar na minha casa 

Isso pode ser o fim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Tão grande, tão pequena

Às vezes eu tenho esse sentimento 
Esse sentimento tão grande que me transforma num ser tão pequeno
Sentimento que me deixa desesperada 
Se eu pudesse simplesmente desaparecer, eu desapareceria 
Se eu pudesse dormir por semanas seguidas, eu dormiria.

Certas pessoas existem apenas para dificultar a convivência 
Certas pessoas acabam com a minha paciência,
Fazem de tudo pra tornar o ambiente pesado 
E a convivência, insuportável 

Eu tenho a péssima habilidade de incomodar, mesmo estando quieta 
Certas pessoas se incomodam com a minha presença, mesmo a minha voz estando em ausência 
Às vezes eu realmente me sinto completamente sem voz 
E completamente sozinha nesse mundo 
Às vezes eu tenho esse sentimento,
Esse sentimento tão grande que me transforma num ser tão pequeno 
Sentimento que me deixa desesperada.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Quando você estiver vindo

Eu sou apressada 
Eu quero tudo rápido, pra ontem
Deixo um rastro de bagunça no caminho 
Porque saio correndo, sempre com um café na mão 
A louca que avança o sinal,
Que atravessa a rua tirando fino dos carros, sempre xingando ou rindo.

Quando você estiver vindo
Lembre-se de me parar no caminho 
Por favor, me abrace 
Com a mesma intensidade que você me olha quando estamos deitados lado a lado 
Por favor, não diga nada 
Me acalme com o seu olhar tão significativo 
Me encha com o seu silêncio, 
Me invada com aquele vazio lotado
Quando você estiver vindo
Me desacelere, me faça esquecer de correr 
Lembre-se disso quando você estiver vindo 

Eu estou sempre te atrasando 
Sempre te bagunçando 
E enquanto eu saio correndo atrasada 
Você vai limpando o meu furacão atrás 
Você sempre consegue rir das minhas coisas mais irritantes 
E eu sempre peço desculpas com beijos 
E um sorriso

Quando você estiver vindo 
Me dê a mão, ande comigo 
Podemos tomar um café
Eu quero falar sobre todas aquelas coisas idiotas e ver você acabar rindo 
Quando você estiver vindo, 
lembre-se de me acalmar com o olhar 
Quando você estiver vindo,
prometo que não correrei pra nenhum outro lugar 
Lembre-se disso quando você estiver vindo
Me dê a mão no caminho.

domingo, 5 de outubro de 2014

Porque estamos esperando

Porque estamos esperando 
chove
Faz sol
Chega a noite
Amanhece 
Começa o Horário de Verão
Cabelos crescem
Frutas amadurecem 
Amizades acabam, outras, fortalecem 
30 arco iris aparecem 
Todas as fazes da Lua fazem-se completas 
As crianças crescem
O tempo passa 
Mas nunca chega o momento do fim da espera 
Nunca chega 
Porque estamos esperando.


Porque estamos esperando 
Relacionamentos são escritos, outros, apagados 
Porque estamos esperando 
O cabelo muda 
Preto, loiro, vermelho
Mais uma pinta na nuca 
Tatuagens são desenhadas 
3 caixas de café finalizadas 
1 pacote de sal usado 
5 vidros de esmalte vermelho ressecados 
50 primaveras se passam 
1000 bolinhos de bacalhau são fritos 
Gasta-se dinheiro com 30 corretivos 
Pessoas são substituídas 
Mas nunca chega o momento do fim da espera,
Nunca chega 
Porque estamos esperando.


Às vezes acontecem coisas que não somos capazes de perceber o quanto são boas 
Porque estávamos esperando 
Outra coisa


O tempo passa
Tão rápido 
Mas quando estamos esperando 
O tempo 
Se arrasta em câmera lenta 
No tempo parado 
De um espaço
Inexistente.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Eu tô fazendo tudo de novo


Eu falo mal, eu relembro, eu digo que nunca, que jamais farei 
Eu condeno, eu julgo, eu finjo que faço melhor e que nunca farei aquelas coisas 
Mas eu faço tudo, eu tô fazendo tudo de novo 

Eu posso até morar sozinha, posso trabalhar e pagar minha comida 
Eu posso dizer o que eu quiser dizer 
E não há ninguém pra provar que é mentira 
Eu posso fingir o que eu quiser fingir 
Eu posso viver dizendo que não sei mentir 
Mas eu faço tudo, eu tô fazendo tudo de novo 

E cada crítica, cada resposta, cada reclamação 
Cada briga, cada novela mexicana 
Cada resposta atravessada pra expressar indignação 
Cada coisa que eu faço, cada ataque que eu dou
Eu faço tentando sair da rede de repetição
Mas eu faço aquilo tudo, eu tô fazendo tudo de novo 

Eu sempre faço tudo de novo, exatamente como foi feito há 20 anos 
Eu sempre faço tudo de novo, exatamente como foi feito há 30 ou 40 anos 
Eu faço tudo de novo 
Capengando, me segurando firme, pois cair é fácil 
Eu faço do meu jeito, mas se você olhar mais de perto 
Eu sempre faço tudo de novo, eu tô fazendo tudo de novo 

Não há nova maneira 
O novo vem, mas a maneira que o percebemos
É sempre igual 
E eu tô fazendo aquilo tudo, eu tô fazendo tudo de novo

Sou sozinha no mundo e sempre serei 
Não tenho ninguém, mas os outros me têm 
E eu sou intensa além do limite, sou irritada, amorosa e exageradamente apegada 
Eu sou isso tudo, mas faço sozinha 
Eu faço aquilo tudo, eu tô fazendo tudo de novo 

E todas as fotos e novidades 
Todas as poesias e risadas 
Todas essas coisas 
São sempre iguais 
E eu tô fazendo aquilo tudo, eu tô fazendo tudo de novo 
Eu sempre faço aquilo tudo, eu tô fazendo aquilo tudo de novo.