segunda-feira, 29 de abril de 2013

Nômade



Eu tenho raízes fortes, mas nenhuma delas fez de mim uma pessoa forte. Eu aprendi a ser forte, a fazer a minha própria sorte, a quebrar a cara e depois levantar como se tivesse acabado de nascer, como se eu tivesse acabado de chegar nesse mundo e ainda não soubesse nada, mas com a sensação de que saber me fará sofrer. Não que isso realmente vá me impedir de fazer cada coisa que eu quero fazer. Não que todas elas sempre deem certo; não que eu ligue, pois tem sempre uma que salva a esperança da morte e me faz mais forte. São os pequenos atos bem sucedidos que sempre me fazem renascer.
E nenhuma dessas raízes firmou-me ao chão... Todas elas são móveis, eu sou uma nômade pobre de apego às coisas nobres, apego-me apenas a quem me sacode quando eu estou quase me entregando, apego-me apenas a quem eu realmente amo. E a cada dia que passa, o número diminui mais. E essas poucas pessoas fazem cada vez mais diferença no meu universo e sua presença é o que me mantém humana. A cada ano eu mudo mais, e tê-las em minha vida é o que me impede de tornar-me uma mutante sem identidade e sem foco, visando apenas à liberdade. Não que eu faça algo que não tenha o mínimo de chance de proporcionar-me rodar o mundo, não, eu vivo pra isso. Cada coisa que eu faço é com o intuito de sair de um lugar escuro, deixar pra trás o passado imundo e construir um movimentado futuro. Essa é a única felicidade que eu reconheço como tal, não tenho outra ambição mais forte que não seja viagem geral. Eu quero exageros, quero uma felicidade mortal. Prefiro morrer a viver uma vida repetitiva e banal.
Vá em frente, gargalhe, deboche, humilhe. Eu não ligo pra porcaria nenhuma que porcaria de pessoa nenhuma pensa de mim. Sou sozinha, e os poucos importantes que me restam, não desejam outra coisa que não seja felicidade, sucesso e capacidade de fazer todos esses meus mirabolantes planos darem certo.
Não quero ficar mais perto, quero ir pra longe, quero viver um dia de descobertas e uma noite incerta.
Nem meu horário biológico combina com esse lugar, e eu não acredito que só agora me dei conta; nunca consegui dormir de noite e nunca consegui acordar de dia, isso é tão exato, tão verdadeiro e sempre fez parte da minha vida.
Eu não sou daqui, só nasci aqui. Mas isso não vai durar por muito mais tempo.
Cada coisa que eu faço, cada plano que eu projeto e ideias que eu tenho, só servem pra uma coisa: ir embora. É só pra isso que eu me empenho.
Eu sou uma artista, uma poetisa, uma nômade, uma malabarista, uma garota mista. Uma gata vira-lata que quando some de verdade, vai e não deixa pistas. É isso que vem acontecendo na minha vida, estou me desligando desses outros mal sucedidos artistas, e focando apenas no meu sucesso e objetivo. Eu vou embora, pode acreditar. Isso vem da garota que desde os 8 anos de idade disse pra mãe que iria embora quando fizesse 18 e foi com 17. "Olha só que garota doida, tão nova, ainda precisa da mãe, que loucura sair assim", foi o que disseram pra mim. "E a mãe dela vai deixa-la fazer isso? Eu não deixaria se fosse comigo." Mas nenhum deles sabe que quando eu quero uma coisa, ninguém me impede, ninguém me para, ninguém me convence de que eu não posso, pois eu só desisto de algo quando realmente perco o interesse.

Sou nômade com um enorme nome; individual e com alguns amigos. O mundo é o meu abrigo, minha mãe sabia disso desde o início.

domingo, 28 de abril de 2013

O que resta é o que presta

Eu nasci no meio do nada
Nasci sem pensar na tralha 
que eu encontraria no caminho
Nasci pra não remoer as falhas
Nasci pra deixar o ninho.

Eu nasci sem nada
E continuo sendo nada
Mas pra mim, sou tudo o que me resta
Sou apenas o que eu tenho
E todo o meu empenho
é para me tornar tudo
Não nasci pra ser aprisionada
Eu quero apenas ser parte do mundo.

E eu nasci sorrindo e chorando
Nasci dançando e cantando
Nasci escrevendo e lendo
Nasci feliz, nasci sofrendo.

Nasci nômade
Em mim correm muitos sangues.
Nasci sem raízes, nasci para ter momentos felizes
E nasci apenas para mim
Nasci sozinha e vou morrer assim
Meu único suporte, minha única segurança, meu azar, minha sorte
Eu só tenho a mim.
Não sou solitária por esporte
Essa foi a maneira que eu encontrei de sobreviver
O que me salva é ser assim.

Sou uma nômade sonhadora,
Sou tudo o que resta pra mim.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Capítulo 1


Ele havia reparado nas unhas. Ela tinha unhas curtas, fato raro na maior parte dos seres femininos atuais. Ele gostava daquilo, pois sabia que se uma garota não tinha tempo ou simplesmente não ligava para a aparência das unhas, significava que ela no mínimo, tinha coisas mais interessantes pra fazer, ou procurava fazer coisas mais interessantes.
Não que as unhas dela fossem feias.
Eram adoráveis, no estilo unhas cortadas e limpas de uma menininha. E era essa a aparência que ela tinha: de uma menininha. Porém, sua expressão passava a imagem de uma mulher com muitas questões em evidência.  Ela estava preocupada, pensativa, tensa, e ao mesmo tempo relaxada. Com os fones nos ouvidos, ela dublava as músicas que só ela escutava e de vez em quando soltava um sorriso como desse-se conta do quão ridícula estava sendo, ali, naquela situação de estúdio de dublagem imaginário. Mas ela não ligava de verdade. Achava graça de si mesma e desse modo ia, envolta numa bolha, naquele ônibus velho e apressado. Ela só estava interessada nela mesma, por isso não o notou olhando-a.
E ele também gostou muito disso nela.
Quem era ela? Apenas a garota que entra no ônibus todos os dias ao meio dia. Às vezes ela entra vestida com roupas de trabalho, em outras, com roupas casuais, em outras sorrindo, mas sempre entra maquiada, dando bom dia, e sempre faz cara de mal humorada toda vez que a mochila fica presa na roleta. Mas, pra onde ela ia? Ele sempre descia antes dela. Ele nunca via para onde ela ia, só sabia de onde ela vinha.
Ele não estava interessado na sua origem, estava interessado apenas na sua perspectiva. Ele queria o que ela queria, seja lá o que fosse. E mesmo não sabendo, ele tinha certeza de que queria o mesmo que ela.
E prometeu pra si mesmo que um dia perderia o ponto e desceria com ela e descobriria pra onde ela ia. Talvez até começasse uma conversa, talvez ficasse pra trás, pois sabia que ela andava com pressa. Mas qual seria esse dia? Ele chegaria? Ele era jovem e descansado, e realmente achava que tinha muito tempo. Mas a NASA sabia que não. Todos sabiam que não. Até mesmo a garota das unhas sabia que ninguém tinha muito tempo, e por esse motivo andava correndo.
Ela tentava andar no ritmo louco da vida, tentava desesperadamente não deixar nenhuma oportunidade passar despercebida, mas era uma loucura andar naquele tumulto, com pressa e concentrada, e ainda sim, perceber o que havia ao redor. Mas ela conseguia. E era ele quem ela sempre via, ali, naquele ônibus de meio dia. Onde o sol irradiava forte, o vento parava pro almoço e ela pedia secretamente para quem estivesse ouvindo, que não chegasse atrasada, e pedia secretamente para que aquele garoto da cara séria falasse com ela. Ela era independente, mas no fundo, era como qualquer outra criatura feminina, que queria um daqueles amores mais fortes que a morte, queria ter essa sorte.
Mas a sorte só existe se um dos lados insiste.
Eles não tinham todo o tempo do mundo. Eles tinham apenas aquele tempo, aquele momento, aquela oportunidade, naquela idade.
E aquilo não tinha mais nenhuma relação com oportunidades, pois todos os dias, ao sol de meio dia, eles estavam naquele ônibus, durante mais uma tentativa da vida de deixar a sorte ser cumprida. Poderia ela ser permitida agir e fazer a sua magia? Eles dariam a ela essa oportunidade? Eles dariam a eles mesmos a oportunidade de felicidade? Ou seriam apenas mil e quinhentos dias de pôr-do-sol, sem nem ter feito o menor dos contatos, quando ele estava no céu? 
Corriam o risco do sol não nascer nunca mais. E então, acabaria-se o sol de meio dia, e sobrariam apenas noites todos os dias, uma Lua linda que poderia ser sua madrinha, a menos que eles deixassem morrer mais uma vez... E sem Sol e sem Lua, não existe oportunidade, não existe tentativa de felicidade, não existe sorte, não existe amor mais forte que a morte. Não existe nada, apenas inutilidade, apenas desperdício, apenas vazio. 
É preciso tentar. É preciso agarrar o incerto de vez em quando, e deixar a oportunidade entrar.

sábado, 20 de abril de 2013

Planeta M

Eu viajo na noite
Faço curvas rápidas
que me dão medo
Mas me fazem correr mais
Como se atrás de mim houvesse uma foice
Como se parar significasse morrer
E eu só quero viver.

Eu não sou nada
Não sou uma estrela, não sou a Lua, não sou um cometa
Mas pertenço à noite
Talvez então, eu seja apenas um planeta.

Um planeta sem galáxia
Um planeta sem sistema solar
Um planeta sem nada e sem ninguém
Mas um planeta que pode transitar
Por tantas outras órbitas
Viver apenas para observar.

Planeta M
Pois nunca vestirei P
Meu corpo é M
M de mulher
M de Planeta M.

Pois eu viajo na noite
Corro como se não houvesse mais nada
Corro como se nunca pudesse ser parada
Corro pra todas as pessoas e de todas as mesmas
Corro como se não fosse uma pessoa
Corro como se já não houvesse mais escolha.

Transito pelas mais loucas e diferentes órbitas
Mudo de direção, escolho sempre mudar
Pois esta é a minha trajetória.

Planeta M
M de memória
M que não sabe viver no presente
M querendo sempre mais história e mais coisas novas
M de mudança, M de mundo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Espirais

Como posso escrever algo
Se não consigo sequer dizer?
As palavras certas fogem da minha mente
Sobra apenas aquilo que poderia ser definido
como as últimas cenas sobreviventes.
Sensações de momentos sem nome
Partes embaralhadas
De lembranças mal assombradas...

Eu tenho um caminho
Eu tenho um destino, eu conto com a sorte
Passei por muitas coisas e hoje eu sei
Que mesmo estando quebrada
Eu posso sempre ser mais forte.
Tenho feridas remendadas
Mas sei que em algum dia
Elas estarão curadas.

Terei uma vida grandiosa, pois assim é a minha mente 
Busco a minha liberdade
Mesmo que isso signifique solidão...
Mas tudo muda,
A vida é um mar de possibilidades.
Imensidão 
Num mundo de mágoa e perdão.

Não quero ter céu e nem chão
Não quero limites
Quero ir até onde tiver vontade
Eu tenho muita coragem.
Quero ser feliz,
Quero a minha liberdade.
Amar e viajar
Nunca parar.
Viver num mar de imensidão
Infinitas possibilidades.


End

It's the end of the day
And you never saw me like this
I'm going away
I'll never going back
I never wanted to live like that.

It's the end of the day
The weekend is far away
I keep rolling with the wind
I keep leaving in this travel bus
I keep going because none of that looks like anything that once meant "we"
The past is far away
So are you.
So are we.
And never again, you going to see me.

It's the end of the day
It's the end of my hope and patience
It's the end of everything what always were important to me.
And I am leaving this town
And I am looking for freedom.
I found the freedom very much far away from here
I never belonged here.

It's the end of the day 
And I'm very far away.
This is the only way.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Céu aberto, um abrigo

Eu não sei quem eu sou
Eu não sei pra onde vou.
Eu não me lembro do dia em que eu cheguei aqui
Mas eu me lembro do dia em que você chegou.

Os sinais me avisaram
Os sinais me alertaram
Mas o universo e meu coração não ajudaram.
E aqui estamos nós, parados no mesmo divisor que tantas águas desaguam.
Tantas dúvidas e certezas
No mesmo lugar onde tantas outras pessoas se amaram.
E vivemos aqui, a céu aberto
mas você é o meu abrigo,
A razão de cada sorriso.

Eu não pertenço a lugar algum
Eu não sei da minha árvore genealógica
E eu não tenho nenhuma resposta.
Não sei explicar o motivo da minha demora
Não sei explicar por que não consigo ir embora
Você se tornou o meu coração, a minha árvore, a minha alma, o meu lugar  
a tradução de cada canção.
Você se tornou cada memória 
e o aqui, 
e o agora.

Apenas um amor
Mas toda a representação da minha trajetória.
Provavelmente uma dor
Mas uma felicidade sem escapatória.
Não sei como dormir, 
Não sei como descrever essa sensação, 
Não sei pra onde vou.

Não me lembro do dia em que cheguei aqui
Mas me lembro do dia em que você chegou.







segunda-feira, 1 de abril de 2013

No one else but Me


Just like my shoe
Everything has two sides.
Sometimes even three, who knows?
We can have how many sides we want to.

My shoe is black in the outside, 
but in the inside, it's pink like nothing else but a passionate girl.
It's pink like nothing but a happy day.
It's pink like nothing but a good news.
It's pink like nothing but love.
It's pink like no one else but Me.

It drives me to everywhere 
There are some places I wanna go, but there are some that I want to stay away.
Sometimes I think it always change its colour
The outside is the same, 
but the inside, is different always and forever,
All the time.

Yesterday, it was blue, today is red.
But it's always pink, 
like no one else but Me.




P.S. 
People, I need to study and practice my English, so this is the first poem that I write all by myself in English. It's too childlike for my taste, but it's a way to practice without getting stuck to the plans of the books all the time. I want to use all the tools at my fingertips and as I was out of here for a while, this was my opportunity. :)

X O
Carol.




Vão



Eu tenho alguns problemas sobre abrir mão...
As coisas continuam se repetindo na minha cabeça,
e eu só fico desejando que elas desapareçam num grande vão
Mas elas não se vão.

Às vezes, eu tenho sonhos estranhos e intrigantes que me fazem esquecer sobre elas por um momento
Mas no minuto seguinte, voltam para serem o mesmo tormento.
Por que eu não consigo apenas deixar de lado?
Minha mente me controla e me põe num estado de loucura
Todas essas coisas ficam me corroendo por dentro
É como se nada nunca tivesse me ensinado o suficiente
E eu continuo sofrendo.

Eu ando cansada.
Cansada fisicamente, emocionalmente 
e irritada por esses fantasmas mentais.
Por que o passado não pode ficar pra trás?
Eu não quero essa perturbação, eu só quero que o que se foi, desapareça num grande vão.