quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Buscar

O corpo não aceita certas coisas...
O corpo não aceita acordar às 5 da manhã
O corpo não aceita correr de salto
O corpo não aceita deixar de tentar 
O corpo não aceita cair e não levantar.

O corpo não aceita algumas coisas...
O corpo não aceita deixar de se movimentar 
O corpo não aceita ficar sem fechar os olhos
O corpo não aceita ficar intacto 
O corpo não impede o tempo de passar 
E mudar tudo.

Há também as coisas que a alma não aceita 
A alma não aceita viver sem música
A alma não aceita viver sem viajar 
Seja parado, seja a voar 
No céu mais próximo do espaço
Ou num carro com as janelas abertas 
Com o vento embolando o cabelo
A alma não aceita viver com medo.

E enquanto meu corpo e minha alma estiverem 
E enquanto meu corpo fizer quando minha alma disser 
E enquanto minha alma sonhar e meu corpo realizar 
E enquanto meu corpo andar depois que minha alma mandar 
E enquanto meu corpo concordar com a minha alma de que precisa encontrar 
O meu lugar 
Enquanto essa busca explodir em mil estrelas aqui dentro
E eu tiver essa vontade louca de buscar 
Meu corpo irá correr e minha alma irá saber 
Que nunca morrerei antes de encontrar o meu lugar 
E poder viver 

Só então terei um lugar 
Pra me enterrar 
Quando eu for mais nada 
Além de uma mera lembrança 
Na alma de algumas pessoas 
Que nunca tiveram essa coisa 
De precisar viver e buscar.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vivendo a base de café


A vida está boa. Na verdade, mais do que boa, maravilhosa. Mas acordando às 5:30 da manhã pra ir pra faculdade e trabalhando no aeroporto de noite, digamos que o meu tão amado café tenha enfim sentido pena de mim e começado a fazer efeito. Haha, ainda bem, se não eu estaria mais zumbi ainda.
Preciso confessar que estou me sentindo um pouco como o Lip de "Shameless" (seriado, mas é da versão americana que eu tô falando. Adoro!), fazendo tudo o que não pode pra conseguir manter sua vaga na faculdade e conseguir viver, afinal, pessoas como nós, que querem estudar mas não podem deixar de trabalhar, fazem malabarismos esquisitos que dão certo. A vida é assim, e eu sou total defensora da filosofia de que "pra tudo tem um jeito". Afinal, ninguém precisa dormir durante a semana, existem os finais de semana pra isso (não ele inteiro, claro) haha.
De qualquer forma, esse post é mais pra dizer que não poderei mais ser tão presente aqui como antes, pois vocês sabem, é a vida me chamando. Mas também não vou abandonar, o blog é um projeto meu já meio antigo (na minha concepção de tempo pelo menos, sem contar que muuuita coisa mudou de lá pra cá, mas minha paixão pela escrita se manteve firme e forte.) e eu não quero largar isso aqui nunca. Prometo tentar postar algo pelo menos uma vez na semana, mas se eu não conseguir e acabar dando umas sumidas, vocês saberão que é por uma boa causa.

Carol.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Amor estranho

Eu já quis ser tocada
Eu já quis que alguém revirasse meu pescoço de beijos 
E mordesse minhas orelhas e me beijasse
Eu já quis ser derretida 
Ter o coração explodido de suspiros
Eu já quis alguém dessa maneira.

Eu já quis muitos alguéns de muitas maneiras 
Eu já quis alguém mais do que os outros alguéns 
Eu já quis ir além de apenas querer
Eu já quis.
Mas o amor é estranho
E nos faz escolher 
Se queremos querer 
Ou se aceitamos tudo o que vier com o outro alguém.
O amor é estranho.
E eu e você
Estávamos dentro dele
Portanto, 
Nós também somos estranhos.

E o vento passou
E eu envelheci cem anos em dois anos
E minhas sardas diminuíram
Por não querer mais olhar pro Sol
E a minha pele ficou intacta como porcelana
Pois eu simplesmente não tinha expressões 
Ela se conservou como se eu tivesse para sempre 15 anos
Ela achou que um dia você voltaria e reativaria o tempo
Pois eu passei aqueles dois anos parada 
Por estar presa à esperança do seu retorno.

Porque o amor tem que ser tão estranho?
Eu já quis ser tocada, já quis ser acariciada, já quis ser beijada, já quis ser abraçada, já quis ser amada
Mas você, com o seu amor estranho
Veio, e levou tudo de mim
E eu me tornei outra pessoa com amor estranho
Infectada pela sua estranheza 
E eu e você
Seguimos pela eternidade separados 
Afastando todas as pessoas 
Que ainda não entenderam 
Como o amor é estranho. 


sábado, 22 de fevereiro de 2014

A loucura de sentir-se viva


Desculpa, eu não  preciso me sentir segura, eu preciso me sentir feliz. Na verdade, eu preciso me sentir segura sim, preciso da segurança de que posso jogar tudo pro alto a qualquer momento e que sempre haverá um novo caminho, e que será bom na proporção exata que eu quiser que ele seja. É adrenalina que dá graça pra vida. Mas eu não preciso me sentir segura como aqueles caras calvos que trabalham no mesmo banco há 30 anos, só pelos "benefícios", e passam a vida olhando as pessoas "prejudicadas" que não passaram pra um concurso público, sendo felizes e tendo pleno controle de suas vidas.
Eu quero os riscos, quero a certeza de que posso sempre ser feliz se eu quiser ser, pois eu já tenho a certeza de que nem a maior das seguranças é impossível de acabar. Se os riscos existem, que façamos deles a excitação da vida, que possamos saber que graças à sua existência existem as possibilidades, que nos permitem criar um sentido pra vida, já que ele não pode ser encontrado. Pros robôs obcecados por segurança, sou apenas louca. Pra quem tem o coração batendo, sou loucamente saudável. Vida é o que não me falta.
Eu sou irritada. Sou irritada mesmo, uma daquelas pessoas estressadas que está sempre pensando em um monte de coisas ao mesmo tempo e acaba ficando confusa, porque não sabe como prestar atenção às coisas mais próximas. Minha cabeça quase sempre está longe. Mas eu tenho meus momentos felizes. E ultimamente tenho tido muitos, talvez até mais do que eu mereço.
E logo eu, que sempre fui aquela que fazia tudo por todo mundo, logo eu, que sempre me importei muito mais do que todo mundo, estou começando a conhecer o verdadeiro significado de amizade, onde há uma troca entre pessoas, e não uma via de apenas uma mão.
 Não sei até quando vai durar essa maré de mudanças felizes que eu estou tendo, e também não quero saber. Do fim eu já estou cheia, quero os inícios, quero os durantes, quero fechar os olhos com One Good Man.





domingo, 16 de fevereiro de 2014

Escrever e viver


Não me leve a mal, eu não sou uma pessoa triste.
É que eu escrevo muito melhor quando estou triste.
A tristeza me dá ideias e palavras 
A alegria me dá sorrisos e pernas. 
Eu não sou feliz escrevendo
Sou feliz vivendo.
Eu sou triste escrevendo porque não quero viver as tristezas que insistem em tentar me enlouquecer.


Agora, nesse exato momento

Eu não tenho o que escrever 
A felicidade me tomou as palavras 
E sobraram apenas sorrisos e gargalhadas 
Eu não tenho o que escrever na alegria 
Eu tenho apenas o que viver 
Na próxima tristeza, apareço por aqui
E escrevo a obra mais linda da minha vida.
Talvez se eu ficar pensativa 
Saia de mim alguma rima...
Até lá, estou aproveitando toda essa alegria 
Estou usando meus sorrisos e pernas. 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Comprimido

Eu estava com uma dor terrível 
Segurei-a por anos luz, aguentei por séculos 
Tudo isso por saber as consequências que haveriam se eu tomasse o remédio.

Às vezes a dor é a única coisa que te resta pra manter as lembranças vivas 
Em algum lugar da sua mente, elas vivem felizes 
E você gosta de manter esse contato 
Por isso, aguenta firme.
Mas chega uma hora em que a dor é mais forte que as boas memórias 
E é aí que você se esquece 
Entra num estado animal com reações irracionais 
Não aguenta mais.

Quando eu cheguei à esse ponto, resolvi tomar o remédio
E quando eu finalmente tomei o comprimido 
Não haviam mais dores e nem gritos 
E também nunca mais vi alegria e sorrisos.

Eu deixei que o comprimido levasse tudo aquilo
Caí no esquecimento, só consegui ouvir o sopro do vento
Não havia mais nada
Nem dor, nem alegria 
E quando eu finalmente cansei de viver nesse estado de constante vazio 
Caí num sono profundo, que me deram maravilhosos sonhos vívidos 
Sonhos tão felizes, sem vazio e sem dor
Sonhos trazidos por um comprimido. 


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Talvez


O corpo é podre
E com o passar do tempo, vai continuar a apodrecer. 
E cada gota de cada café que eu já tomei na vida
Vai desaparecer. 
E mesmo o sangue que corre nas minhas veias 
Vermelho, como a vida, vai morrer. 
E o vento vai levar até mesmo as tantas palavras que eu já falei
Palavras que tantos transformaram em pretexto pra me chamar de rebelde. 
As minhas justificativas não estarão mais aqui
E até os acusadores encontrarão a morte.

Minhas mãos agarradas em uma caneta e em um papel
Minhas unhas pintadas de vermelho rebelde 
O risco de delineador preto nos meus olhos quase cor de café
Minha pele branca como a mais clara luz
Ou o dia mais sem cor possível
Minhas sardas claras e escuras 
Meus cabelos castanhos 
E até minhas ondas
E o emaranhado de sonhos e planos 
Tudo isso vai apodrecer.

Mas algo vai ficar
Talvez fiquem meus futuros filhos 
Talvez fiquem os cadernos que sempre foram minha maior obsessão 
Talvez fiquem todas as fotos sem razão
Talvez reste um fio de cabelo na minha escova rosa.
Talvez fique a minha gargalhada escandalosa 
Talvez fiquem meus dramas
Talvez fique meu perfume, ou meu All Star 
Talvez eu fique, talvez eu vá embora
Talvez as músicas que eu sempre amei passem a ecoar nas paredes de algum lugar que eu ainda não sei 
Talvez eu apodreça 
E o vento leve embora a fumaça das minhas cinzas 
Talvez. 
Talvez eu não morra, afinal. 
Talvez eu jamais tenha estado aqui. 
Talvez nem exista "aqui".
Talvez... 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sem início, sem fim



Hoje, enquanto terminava de ler "Quem é você, Alasca?", me deparei com uma coceira insuportável nas mãos, como costuma acontecer quando leio uma coisa que agita algo lá no fundo da minha alma. Mas estava no ônibus, então tive que esperar chegar em casa, tive que esperar meu lerdo computador que já está em seus (quase) últimos suspiros dar sinal de vida, tive que esperar o modem da internet dar resposta, porque minha avó teima em tirar tudo da tomada no momento em que saio de casa pra ir trabalhar, tive que esperar. 
E agora que estou aqui, finalmente sentada de frente pra ele, com as mãos ainda coçando como antes, é difícil de colocar em palavras todas as mil coisas que rodam a minha cabeça de uma vez só. Mas acho que estou chegando lá. 
O que é "O grande talvez" pra você? Ele pode ser muitas coisas. Pode ser a sua verdade, pode ser a esperança de alguém, pode ser a minha mentira. Ele sempre pode ser alguma coisa, e nós sempre podemos fazer alguma coisa a qualquer instante, que mude o significado do Grande Talvez para algo totalmente diferente em relação ao que ele era há cinco minutos atrás. É necessário um momento pra definir o resto da sua vida, é necessário um momento pra mudar toda a sua vida a qualquer momento, é necessário você.E mesmo que tudo caia no limbo do esquecimento inevitável, ainda assim, não poderá ser desfeito, mesmo que desmorone e apodreça. Sempre estará lá, de alguma forma, sendo representado por alguma parte que não pode ser apagada. Assim como disse John Green no livro, não devemos perder a esperança, pois nunca somos feridos o suficiente para não continuarmos invencíveis. Tudo passa, todos nós esquecemos, todos nós seguimos em frente e todos nós achamos um jeito. Os adolescentes se acham invencíveis porque realmente são, e os adultos se esquecem disso quando envelhecem, pois ficam com medo de perder e fracassar. Medo. O que você faria se não tivesse medo? Alguém uma vez me disse que viu essa frase pichada num muro qualquer, na beira de uma estrada. Só pela complexidade que essa pergunta trás, só por isso, já deveria ser considerada patrimônio histórico, arte da mais pura qualidade, esse muro deveria ir à leilão e ser vendido por um milhão de alguma moeda que fosse do câmbio mais alto do mundo. 
Existem perguntas que mudam toda uma mente, existem respostas que acabam com toda uma vida. Mas depois do fim, sempre existe o início, podemos sempre voltar, ou simplesmente não voltar nunca mais. Somos invencíveis, nem a morte acaba com as coisas que fizemos, não acaba com os sentimentos que causamos nos outros, não acaba com as nossas ações e não acaba com nada que foi resultado a partir delas. Nada acaba, nunca. Tudo se renova, ou se mantém exatamente igual. Ossos enterrados são apenas ossos enterrados. Palavras, sentimentos, momentos, são todas as coisas que formam o infinito. Quando morremos não levamos nada, pelo contrário, só deixamos pra trás. Lembranças, fatos, palavras, fotos e sentimentos. E é claro, carne, e ossos, e vermes na terra, que um dia se transformarão em cinzas, ou apenas adubo. Nós não temos fim.

"Antes de vir para cá, pensei por um bom tempo que para sair do labirinto fosse necessário fingir que ele não existia, construir um mundo pequeno, porém autossuficiente num rincão longínquo desse infinito labirinto e fingir que eu não estava perdido, mas em casa. Só que isso tinha me conduzido a uma vida solitária, tendo por companhia unicamente as últimas palavras dos já mortos. Então vim para cá em busca de um Grande Talvez, de amigos verdadeiros e de uma vida maior do que a minha vidinha. Mas estraguei tudo, o Coronel estragou tudo, o Takumi estragou tudo, e ela escorreu por entre nossos dedos. E não adianta embelezar a verdade: Ela merecia amigos melhores.
Depois que estragou tudo, tantos anos atrás, apenas uma garotinha imobilizada pelo terror, Alasca desmoronou em seu próprio enigma. Eu poderia ter tomado o mesmo rumo, mas sabia onde aquilo ia dar. Então continuo acreditando num Grande Talvez e sou capaz de acreditar nele apesar de tê-la perdido.
Pois, sim, vou esquecê-la. Aquilo que é construído desmorona imperceptivelmente devagar. Vou esquecê-la, mas ela perdoará meu esquecimento, assim como eu a perdoo por ter se esquecido de mim, do Coronel e de todo o mundo, lembrando apenas de si mesma e de sua mãe naqueles últimos minutos que passou como pessoa. Hoje sei que ela me perdoa por ter sido burro e medroso, por ter tomado uma atitude burra e medrosa. Sei que ela me perdoa, assim como sua mãe também a perdoa. Eis porque sei disso: 
Pesei, no começo, que ela fosse apenas um cadáver. Apenas escuridão. Apenas um corpo a ser comido pelos vermes. Pensei muito nela assim, como a refeição de algum bicho. O que ela fora - olhos verdes, um meio sorriso, as curvas suaves da perna - em breve seria um nada, apenas ossos que eu não tinha visto.Pensei no lento processo de tornar-se esqueleto, depois fóssil, depois carvão, e, dali a milhares de anos ser extraído pelas pessoas do futuro, que aqueceriam suas casas com ela e a transformariam em fumaça, ondulando numa chaminé, cobrindo a atmosfera. Às vezes, ainda acho que a "outra vida" é algo que inventamos para apaziguar a dor da perda, para tornar nosso tempo no labirinto suportável. Talvez ela fosse apenas matéria, e a matéria se recicla.
Mas, para ser sincero, não acredito que ela fosse só matéria. O resto dela também precisa ser reciclado. Hoje, acredito que somos mais do que a soma das nossas partes. Se pegássemos seu código genético, suas experiências de vida, seus relacionamentos com outras pessoas e os enxertássemos num corpo do mesmo tamanho e com as mesmas proporções, ainda assim não teríamos outra Alasca. Existe algo mais. Uma parte que é a maior do que a soma das suas partes cognoscíveis. E essa parte tem de ir para algum lugar, pois não pode ser destruída. 
Embora ninguém possa me acusar de ser um grande estudioso das ciências exatas, se tem uma coisa que eu aprendi nas aulas de Física é que a energia não se cria nem se destrói. E, se Alasca realmente tirou sua própria vida, esse é o tipo de esperança que eu gostaria de lhe ter dado. Esquecer e abandonar a mãe, os amigos, as próprias expectativas - eram coisas horríveis, mas ela não precisava ter se metido em si mesma e se autodestruído. Somos capazes de sobreviver a essas coisas horríveis, pois somos tão indestrutíveis quanto pensamos ser. Quando os adultos dizem: "Os adolescentes se acham invencíveis", com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem o quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos se esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte, que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar.
Eu sei que ela me perdoa, assim como eu a perdoo. As últimas palavras de Thomas Edson foram: "O outro lado é muito bonito." Eu não sei onde fica o outro lado, mas acredito que seja em algum lugar e espero que seja bonito."
    

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rosas negras

O vento vem de longe 
E se torna furacão 
A chuva me acorda 
Abro os olhos no meu túmulo
Mas não vejo nada 
O que costumava ser eu e você
Agora não passa de rosas negras 
Que apodrecem com os nossos ossos 
E não é preciso enxergar pra entender.

Eu posso ouvir sua voz 
Tão histérica e tão desorientada 
Eu posso ver toda essa confusão 
Posso ver que não passamos de ilusão
Mas desde que você me enterrou não posso mais ver seus olhos
O brilho se foi, a escuridão tomou conta dos meus ossos 
E você me trás rosas negras
Põe no meu túmulo só pra vê-las morrer 
No mesmo lugar que morremos eu e você.

E você prometeu que estaria comigo no último suspiro de nossos pulmões
E você sempre disse que tamparia os ouvidos se ouvisse algo que não fossem os nossos corações 
E você descreveu como seria nossa última olhada 
Você escreveu no meu túmulo, que agora também é seu
Portanto não traga rosas negras
Elas apodrecerão em você também
Não finja que ainda tem olhos
Pois ambos já conseguimos viver sem eles, conseguimos entender
Nós não enxergamos nada, não ouvimos nada
Só esperamos essas rosas negras apodrecerem 
E talvez elas levem embora
Todas as lembranças que formam eu e você.