sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Em plena inutilidade do meu ser

Ultimamente minha cabeça tem girado em torno de 5 coisas específicas: John Mayer, livros, uma questão profissional, o fato de eu ter reaberto meu consultório de psicologia recentemente, e John Mayer.

http://www.youtube.com/watch?v=sk8W9zCjOb0
(Tentei colocar o show completo do John aqui, mas por algum motivo retardado, o Blogger disse que ele é inexistente no YouTube. Então tá aí o link pra quem quiser.)


O fato de ter John Mayer tantas vezes na minha cabeça, mais do que o normal, é por causa do Rock In Rio. Não consigo parar de pensar naquele show lindo que ele fez, quando ele colocou em votação "Stop This Train" e Vultures" (eu amo as duas), quando ele cantou o refrão de "Dear Marie" de novo depois da música ter acabado e a platéia não ter parado de cantar, aquela carinha dele de surpresa durante o show inteiro (sim, John, os brasileiros te amam), aquele solo épico no final de "Gravity" acontecendo enquanto eu estava histérica na casa da minha mãe jurando pra mim mesma que eu nunca iria me perdoar por não ter conseguido um raio de um ingresso (de novo). Mas dessa vez a coisa foi mais séria, porque era JM. JM é outro nível, a coisa bate e volta no coração e provoca mil rachaduras que eu sinto rindo. 
Claro que também fiquei arrasada por não ter conseguido ir no do Muse (que foi epicamente fantástico), nem no do 30 Seconds To Mars (que foi energicamente guiado pelos incríveis olhos lindamente azuis do Jared Leto), nem no do Justin Timberlake (que foi sexymente de tirar o fôlego), nem no do David Guetta (que me fez dançar em casa mesmo tendo acordado cedo no dia e ter trabalhado o dia todo), nem no do Capital Inicial  (que foi politicamente incorreto, sincero e maravilhoso como sempre), nem no do Phillip Phillips (fofo, fofo, fofo). Claro que estou chateada por não ter ido nesses também, mas como eu já disse, John Mayer é outro nível de histeria. 

Livros, porque eu já li três dos cinco livros que eu comprei na Bienal, e mais um dos dois que eu comprei na Saraiva no final de semana posterior, e estou lendo o segundo que eu comprei na Saraiva nesse momento, e estou apavorada com o fato de que quando eu acabar de ler todos, não terei mais dinheiro pra comprar nenhum por um bom tempo. 

A questão profissional, é uma questão profissional que não me cabe comentar aqui, mas que está me deixando louca, louca, louca.

A coisa de eu ter reaberto meu consultório de psicologia recentemente refere-se ao fato de que uma amiga que eu conheci quando tinha 14 anos, meio que me procurou depois de ter terminado um namoro de forma traumática e aqui estou eu com meu caderninho e lápis na mão, como já fiz muitas e muitas vezes. Eu gosto, sempre gostei de ajudar as pessoas, ser útil pra alguém me deixa feliz e tranquila. 

E John Mayer, porque, novamente, ele é outro nível de histeria.

Não tenho postado aqui com tanta frequência ultimamente, mas não porque não escrevo, e sim porque não julgo o que tenho escrito como apropriado pra cá, mas provavelmente as coisas que eu disse acima, também não batem com o tema do blog e em consequência não são apropriadas, mas quem se importa? O blog é meu e quase ninguém vê. Pelo menos eu acho.

Mas sim, tenho estado com a cabeça muito cheia, com outras coisas além dessas que eu citei, é claro, e isso me faz pensar no tempo que eu gasto pensando e não vivendo. Eu só penso. Porque eu só penso? Eu vivo dizendo pra tanta gente que é preciso ter atitudes pra alcançar os objetivos, e ultimamente tenho vivido num estado de espírito de "O Pensador", como se eu tivesse sido criada por Rodin para simplesmente lutar com uma poderosa força interna porque ele acha conveniente que eu viva assim. Eu não acho, então porque eu não consigo sair dessa posição? 
O fato é que eu passei a maior parte do ano fazendo, então talvez agora esteja interpretando "O Pensador" para tentar compreender todas as coisas que eu fiz e se elas realmente continuarão sendo válidas por um período maior de tempo e não apenas até o fim desse ano. Sim, estou paranoica. E sim, já está na hora desse ano acabar, porque parece que eu vivi 5 anos em um só, como disse minha paciente essa semana. 
É, realmente não tenho nada de poético pra escrever hoje, mas sei lá porque estou postando isso agora. Só estou.

P.S.: O irônico é que andei pesquisando e descobri que "O Pensador" originalmente se chamava "O Poeta".
Esta foi uma informação inútil que você poderia muito bem ter morrido sem saber depois de ter vivido uma vida longa e feliz sem imaginar qual era o nome daquela escultura do cara pelado com a mão fechada sustentando o queixo enquanto pensa, que dirá o nome original. 

Hoje estou inútil, e o dia nem começou direito.




domingo, 22 de setembro de 2013

O fim

Fico pensando sobre quando tudo isso deixar de existir
E o mundo que conhecemos, não estiver mais aqui... 
E todas as pessoas sendo não mais pessoas
E todas as coisas sendo apenas objetos inanimados do passado
Um passo tão distante quanto esse instante
Numa outra história, numa outra vida
Mas aqui, na mesma memória...

Fico pensando sobre o que será da minha vida
Sobre o que vai acontecer depois desse ano suado
Depois de acordar de madrugada por tantos dias
Depois de aturar tanta gente chata e maldita 
Depois de me sentir perdida, tantas vezes
Depois de quase ter desistido, mas voltado atrás em todas as vezes
Depois dos desesperos mensais, depois de ter deixado aquilo tudo pra trás
O que será que terei deixado quando 2014 chegar?
Ainda não sei, mas simplesmente quero estar logo lá
Não quero mais essa lerdeza, não quero mais ficar esperando o ano passar
Alguém corta pra dezembro, por favor?
Não quero mais viver esse ano
Me trás a conta, quero ir embora
Já perdeu a graça, passa pra próxima etapa.

Fico pensando sobre como vou estar em 20 anos...
Mas não vou conseguir pensar realmente em nada, enquanto esse ano não acabar
Já deu o que tinha que dar.
Quero que isso tudo deixe logo de existir
Quero não conhecer mais nada
Por estar deixando tudo o que há de novo entrar
Renovação é a palavra
E o fim é apenas um novo começo.
E eu quero correr desse ano
Só pra começar a engatinhar no próximo.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Diários e Halls



Ontem comi uma bala Halls e me lembrei do meu pai, da minha infância. Me lembrei que o carro dele sempre cheirava a bala Halls e a cigarro, e viajávamos de ar condicionado enquanto ele não fumava, e quando ele acendia o cigarro, ele abria as janelas e a fumaça vinha toda na minha cara, e eu odiava. Uma coisa que mudou daquela época pra cá: Meu pai parou de fumar. Uma coisa que continua a mesma desde aquela época: Eu inda odeio fumaça de cigarro na minha cara. Odeio.
Há dias tenho tentado escrever algo pra postar aqui. E já escrevi muita coisa, na verdade, mas o fato é que não consigo publicar, quando termino, só deixo arquivado. Talvez esteja na hora de voltar as minhas origens, de quando eu escrevia em cadernos grossos que acabavam em uma semana, e levava-os pra todos os lugares comigo, morria de medo que alguém lesse. Eu ainda tenho aqueles cadernos, estão todos na casa da minha mãe, e eu ainda morro de medo que alguém leia. Provavelmente ela já leu, ou talvez não. O motivo da minha dúvida é que quando eu tinha uns 11 anos, esqueci um diário meu no banheiro uma vez, um dos diários que eu levava comigo pra todo lugar. Quando dei falta do diário e fui perguntar dele pra ela, ela não me respondia, não falava comigo, nenhuma palavra, nem ao menos olhava pra mim, nada. Ela havia lido. E não havia gostado do que havia encontrado. Eu nunca fui uma mera criancinha que escreve sobre como papai e mamãe são perfeitos. Na verdade a escrita surgiu pra mim como um escape de todo o ódio que eu sentia deles, da minha vida naquela época, e era muito mesmo. Mas ao mesmo tempo, amava os dois, de uma maneira que não conseguia suportar a ideia de que um deles pudesse ver todas aquelas coisas terríveis que eu escrevia sobre eles, e daí vinha o medo: E se um deles lesse e parasse de me amar? A maioria das coisas que eu escrevia era verdade, mas eu também não queria me prender a todas aquelas verdades, queria ilusões, queria mentiras que pudesse amar. E eu tinha mentiras para amar, e algumas verdades também.  E nos momentos em que as verdades ruins ficavam próximas demais, despejava todas elas no papel, e então conseguia respirar. Mas aquilo era meu, era o meu mundo, o meu refúgio. Ninguém poderia ler. 
Além do medo que eu tinha que alguém lesse aquilo tudo, tinha também o sentimento de posse. Eu sempre fui muito possessiva com as minhas coisas. Quer dizer, a maioria delas eu acabo deixando de lado em algum momento, como roupas, sapatos, essas coisas. Mas quando se trata de cadernos, fotos, ou qualquer coisa que seja algum tipo de lembrança, eu me agarro, me agarro, me agarro. Escondo tudo, mas carrego tudo por aí. Provavelmente nunca joguei um caderno ou diário sequer fora, e nem pretendo. É quase como se, se eu jogasse fora, minha história, minha trajetória até aqui, deixasse de existir, e isso me apavora. Pois se um dia quero chegar em algum lugar, tenho que me lembrar de onde vim. E todas essas coisas materiais e empoeiradas servem pra me lembrar quando minha memória tem momentos de branco, servem pra me lembrar que não posso esquecer de onde vim, não posso esquecer do que tinha, não posso me esquecer do que passei, não posso esquecer de quem eu era. Isso tudo foi impulso pra me colocar onde estou agora, assim como o agora está sendo um impulso pra me colocar em algum outro lugar, em algum dia. Sim, sou tão obcecada com o passado quanto quero pular direto pro futuro. Talvez o meu maior defeito seja nunca viver completamente feliz no presente, eu não consigo. 
O fato é que a história com a minha mãe foi muito tensa. Ela ficou muito magoada, e eu também. Ela havia ficado magoada pelas coisas que eu havia escrito dela, e eu havia ficado magoada  por ela ter lido, ter violado esse meu pequeno espaço particular que eu sempre fiz questão de não dividir com ninguém.  E também havia a raiva que eu sentia de mim mesma por ter escrito tais coisas, talvez essa raiva tenha sido maior do que a mágoa por ter sido "violada". Ela arrumou todas as minhas coisas e estava decidida a me mandar morar com o meu pai. Mas a situação era ainda pior com ele, e nessa época eu tinha uma madrasta que era o capeta, então a última coisa que eu queria era ir morar com o meu pai. Pensar nessa possibilidade me fez chorar por uma semana direto e minha mãe também, tenho certeza. No fim, ela me desculpou, é claro. Uma mãe nunca consegue ficar muito tempo com raiva de um filho e também não consegue se afastar de um filho. Mas nós duas aprendemos lições: Ela aprendeu a nunca mais mexer nas minhas coisas sem permissão, não importava a idade que eu tivesse, assim como também passou a não fazer mais isso com os meus irmãos, porque, você pode se arrepender de ter procurado por algo quando finalmente encontrar. Se você não sabe, é por algum motivo, então é melhor deixar como está. E eu aprendi a nunca mais deixar meus cadernos ou diários a mostra, mesmo que não escrevesse sobre ela, ou sobre nada de raivoso. Eu escondia ainda mais, ainda escondo. Não gosto de ninguém mexendo nas minhas coisas, entrando nessa parte do meu mundo. Quando alguém tenta fazer isso, algo em mim desperta, algo que me transforma numa pessoa completamente na defensiva e pronta pra atacar. Não se entra no território de alguém desse jeito, nem mesmo sendo da família. Independentemente de graus de parentesco, somos todos pessoas individuais, com nossos próprios sentimentos, sonhos e personalidade. Invadir sem ser convidado é quase como um roubo. Roubo da escolha de alguém que não quer ser invadido, ou que não está pronto ainda. Respeito é uma coisa de alto nível, tão alto, que poucas pessoas conseguem alcançar. 
Já a lembrança da bala Halls é boa e ruim ao mesmo tempo. Ela vem dessa mesma época do super drama que tive com a minha mãe. É boa porque me faz lembrar o meu pai, o Monza que ele tinha, tudo aquilo que representava ele. Mas é ruim por todas as coisas ruins que vinham com ele. Lembranças são lembranças, não podemos nos livrar. Eu já aceitei isso, e por esse motivo, deixo todas elas guardadas, mais perto de mim do que deveriam: Eu aprendi a conviver com elas. Todos precisamos.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Na pressão



Tropeçar nas próprias palavras? Comigo acontece muito, haha. Se comecei isso com um "haha" é porque a coisa é realmente tensa pro meu lado, falo sério. Já perdi amizades por causa disso, já fiquei dias sem falar com a minha mãe, e meses sem falar com o meu pai. Sim, sou uma pessoa difícil, mas na maior parte do tempo estou preocupada com o bem estar das pessoas, porque eu tenho essa droga de instinto maternal e o meu é a flor da pele (se um dia eu tiver um filho, tenho pena dele, porque meus irmãos já sofrem comigo, haha); e na outra parte do tempo estou estressada com uma situação que é ruim pra mim ou pra alguém e que eu não tenho como ajudar. E aí, no meio da irritação e frustração por não poder ajudar, acabo soltando uma merda qualquer que ofende alguém e que geralmente não é o que eu realmente gostaria de ter dito. Seria muito mais fácil se eu pudesse escrever tudo e dar pras pessoas lerem, como eu fazia na época da escola que trocava folhas de conversa na hora da aula: minha vida era muito mais fácil porque eu conseguia realmente me fazer entender. Era feliz da vida tirando zero em matemática, haha.
Enfim, gostaria que muitas pessoas pudessem ler isso. Semana passada foi um festival de dizer coisas idiotas perto de pessoas inapropriadas para ouvir tais coisas, que não me conhecem e não sabem que eu sou mais impulsiva do que grossa. E aí, depois, fazendo uma revisão dos meus dias na minha mente imaginativa e ao mesmo tempo realista,  vi as coisas completamente ridículas que havia dito, vi as diferentes formas completamente fora de nexo das quais eu havia reagido, e vi também que isso muito provavelmente causaria nas pessoas que ouviram uma certa barreira em relação à mim e que também começariam a me evitar. Talvez isso seja tudo coisa da minha cabeça e ninguém me leve tão a sério assim, mas na minha mente cheia de culpa isso é real. Algo que não me deixa dormir, algo que acaba me fazendo ter auto recriminações, pesadelos, coisas que por dias e dias ficam se repetindo na minha cabeça e eu não consigo evitar, mesmo querendo deixar pra lá. Adoraria não ser uma pessoa arrependida de algumas coisas que eu faço ou falo, eu seria infinitamente mais feliz e menos ansiosa, mas eu sou esse tipo de pessoa que se sente culpada praticamente o tempo todo. 
Tenho que aprender a calar a minha boca, realmente tenho. Vestir a carapuça do estereótipo de que todo escritor é caladão. Eu falo pra caramba, então talvez isso mostre que eu não sou uma escritora, e sim uma pessoa que fala tanto que acaba estendendo pro papel, haha.
Mas semana passada foi demais, fora do normal. Talvez seja porque eu tenha estado muito cansada, trabalhando e estudando muito, na neurose de não fechar a média com menos do que um 9 (e fechei com 9,2; ufa!) e na neurose de tentar a todo custo agradar a todos. Acho que chega um determinado momento do seu dia em que você entra em colapso ou começa a simplesmente seguir no automático e então a merda voa no ventilador. E é nessa hora que eu acho que as pessoas deveriam ser proibidas de sair de casa. Assim como deveria ser obrigatório atestado médico para os dois primeiros dias da menstruação, no mínimo, haha. 
Todos nós precisamos de uma pausa, todos nós precisamos de um banho de sal grosso, ou às vezes de uma surra mesmo.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Túnel


A cidade é enorme, é tão iluminada, é tão possibilitada...
E eu vejo tudo, e eu vejo nada...
Penso no frio que sinto dentro do ônibus com ar condicionado no qual estou indo
Penso que já estamos em setembro e que daqui a pouco não são as flores que acordam, mas sim o calor desesperador
E tenho vontade de manter minhas mãos geladas desse jeito, preferiria que o tempo fosse desse jeito
Preferiria ser acostumada ao clima do meu país, preferiria ficar feliz com o Verão carioca, preferiria não me sentir uma estranha perdida na sauna.
Preferiria que a minha alma fosse daqui...

E a cidade é bonita, e as luzes no túnel seguem sempre como uma esvoaçante cortina
É uma noite linda, em uma cidade linda, mas mesmo assim não consigo me sentir parte daqui...
É tudo tão passageiro pra mim, é tudo tão temporário
Como se tivesse data pra acabar, como se eu já soubesse o horário
E tem tanta coisa aqui que eu gosto
Mas nenhuma delas é suficiente pra me fazer querer ficar
E eu quero ir, e eu quero deixar isso tudo pra trás
Nunca serei completamente feliz se ficar
Não posso deixar de tentar me encontrar,
Não posso deixar de querer achar o meu lar...
Preferiria que a minha alma fosse daqui,
Preferiria não ter que ir...




sábado, 7 de setembro de 2013

Destemidos




Eu não consigo ter o medo que as pessoas têm das manifestações. Por mais que eu veja e ouça todos se cagando, só consigo olhar e rir. Talvez porque eu entenda o que está acontecendo, ou talvez porque eu simplesmente não tenha a noção do "perigo" que as pessoas tanto temem. O fato é que eu não tenho medo, eu gosto muito de presenciar isso.

Acabei de passar pelo Largo do Machado pra vir pra casa. Foi montada uma barricada pelos manifestantes, tinha vidro de um ponto de ônibus quebrado, e o Choque lá na dramatização. Pouquíssimas pessoas na rua, nem o ônibus em que eu estava entrou ali, saltei antes e vim andando aquele pedaço até a minha casa. Tinham alguns manifestantes cinegrafistas, algumas pessoas encurraladas nas calçadas (porque queriam) e outras poucas andando na rua. Pessoalmente, não vi nada demais. Nada que não fosse normal em um processo de revolta do povo. Sim, não concordo com violência, mas é inevitável pras pessoas que já se ferraram tanto por causa do governo ridículo do nosso país. E esses policiais me irritam muito quando vem fazer draminha dizendo que foram atacados e lá lá lá. Odeio isso. O que mais tem por aí é policial corrupto, assassino, bandido mesmo. Então não venham reclamar de um vidro quebrado. Então não venham reclamar que estão usando máscaras, então não venham reclamar que estão fazendo baderna. A partir do momento em que vamos contra algo, a partir do momento em que não abaixamos a cabeça ou agimos como um robô fabricado pelo sistema, causamos incômodo em quem é beneficiado por um sistema podre. E aí a mídia entra no meio com o papel de deixar os ignorantes se cagando, na tentativa de manchar um movimento justo. Rabo preso com políticos? Será? E o mais engraçado é que quando aparecem aqueles bandidos assaltando e depredando de verdade, a porra da polícia mete o pé e a merda da mídia nem cita isso, e você ainda aí defendendo e confiando na polícia?!
Acredito que tenha diminuído o número de pessoas nas ruas por cansaço de levar bala de borracha na cara e de cheirar gás lacrimogênio ou de ser preso sem motivo. Mas no fundo, quem não sai mais de casa ainda está com o coração na rua. Não sei como isso vai acabar, mas o fato é que mesmo que tenha diminuído o número de pessoas nas ruas, a força continua. Queria muito que não houvesse violência, mas sei que a revolta vai crescendo quando sofre-se violência sem motivo. Não concordo, mas compreendo.
Torço de todo o meu coração que ocorram mudanças. Não sei se um dia elas irão acontecer, mas espero que sim, espero que as pessoas não percam a esperança.
Realmente não consigo ter medo.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Intervalo


Estava estudando quando essa música começou, estava estudando quando o som da chuva me parou. E foi nessa hora em que eu sorri, pois foi o momento mais pacífico do meu dia, tive aquela sensação de recompensa por uma missão cumprida. E aqui estou eu de madrugada, escrevendo uma carta mal elaborada pra pessoa que eu me tornarei, escrevendo uma carta encorajada pela pessoa que eu era, escrevendo isso tudo pra quem eu sou. Não sei se fará muita diferença, mas eu preciso disso, eu preciso ter essa força, não me importo de ouvir isso tudo calada. Estou sozinha, não tenho nada além das minhas esperanças, não tenho nada para o que não possa dar importância. E continuar seguindo, mesmo que algumas vezes não esteja sorrindo, me faz sentir alívio, pois eu sei que consigo. Eu posso fazer isso, posso fazer isso tudo e mais, não há nada que eu tenha deixado pra trás, eu apenas me desfaço do que não me serve mais, do que não me faz mais bem, só para que eu possa ir além.
Estava estudando e o som da chuva acolheu, estava estudando quando veio na minha cabeça que tudo o que eu quiser pode ser meu, só depende da minha força de vontade, só depende do meu foco e da minha coragem. 
Eu me protejo, é isso o que eu faço, eu me protejo. Eu zelo pela minha vida, eu tento cicatrizar minhas feridas, eu tento ter uma boa mente mesmo que em alguns dias eu não possa, nos dias em que eu posso, eu faço, nos dias em que eu posso eu tenho um intervalo. Intervalo pra tantas coisas, intervalo pra mim mesma, intervalo pra fazer um desejo, intervalo pra escrever esse texto.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Algumas vezes, todas as vezes

Às vezes sou fofa, mas só às vezes. Na maioria das vezes não sou flor que se cheire.
Na maioria das vezes acho graça dos desastrados, mas às vezes os mando tomar um remédio pra retardio.
Quando dou sorrisos grandes, das duas, uma:
Ou é por educação, ou eu realmente vou com a sua cara.
Às vezes dou gargalhadas falhadas, entrecortadas, porque a graça não é muito lá grande pra me fazer escancarar a cara.
Mas quando é engraçado de verdade, eu solto a minha risada mal assombrada que todo mundo olha e gosta, que todo mundo ri junto, pois não existe outra reação e nem outra resposta.
E às vezes eu tenho vontade de ir à praia, mas na maioria das vezes quero dormir numa casa aquecida, rodeada por neve.
Na maioria das vezes quero dormir, na verdade.
E falando sobre dormir, preciso falar mais uma vez do fato de que eu odeio manhãs e tenho uma paixão exagerada pela Lua?
Eu sou da noite, mas mais de casa do que da rua.
Eu sou doida, séria e fofa, tudo isso junto e mais alguma coisa. Neurótica conta nessa lista de mais alguma coisa. E dramática, e determinada, e carinhosa, e irritada e mal criada.
Amo Martha Medeiros, amo Stephanie Perkins. É, eu tenho mesmo essa coisa de estar perdida no tempo, onde me sinto bem num breve espaço entre ser pequena e ser grande. Mas esse breve espaço é grande o suficiente pra me fazer sentir em casa, pra me fazer sentir parte de algo, pra saber melhor sobre mim, e continuar seguindo, e continuar assim.
Às vezes entro em outra dimensão em que não vejo mais nada ao meu redor, em que nada mais existe, é como se estivesse sonhando no meu lençol. Mas é apenas outro momento de distração qualquer, é isso que é.
Muitas vezes visto preto, pois com todo respeito, ele é o melhor amigo dos gordos. Ou de quem se acha gordo, parecendo um mamute bêbado de tão destrambelhado, prestes a cair, prestes a começar a chorar, ou sorrir. 
E sim, na maioria das vezes não posso evitar ser sarcástica, na maioria das vezes não posso evitar fazer piada com a minha própria "desgraça", pois esse é o único jeito de continuar andando sorrindo, mesmo estando descalça em xixi de mendigos.
Não digo isso literalmente, claro. Se isso acontecesse comigo, pessoas do mundo inteiro ouviriam o meu grito, pois se tem coisa que me dá nervoso é sujeira, é pensar em quantas doenças eu poderia contrair pra vida inteira, é pensar em não estar mais perfumada. Essa é a parte "neurótica".
E se tem outra coisa que eu não posso evitar é escrever, pois é tanta criatividade, é tanta imaginação transbordante, são tantos delírios e sonhos, sentimentos duradouros e momentâneos, que eu preciso por isso tudo em alguma coisa de algum jeito. 

Comecei escrevendo, parei. Já dancei, já fiz teatro, já desenhei, já pintei, já fiquei de saco cheio e depois disso tudo, voltei a escrever. Vamos ver por quanto tempo dessa vez, vamos ver o que vai ser.




domingo, 1 de setembro de 2013

Bienal 2013

Letras, palavras, sorrisos, abraços, apertos, pessoas, 
E eu de recheio dos livros, como uma criança feliz perdida nesse meio.
Amor, saudade, separação, ódio, juras de amor, juras de vingança, investigação e muitas mudanças,
E eu nesse meio, sem saber se amo, se adoro ou se namoro esses livros maravilhosos. 
Palavras, tantas palavras...
Frases, tantas frases...
Algumas decisivas, algumas apenas pontos de partida
Pontes no meio de uma imensidão deslumbrada e ensandecida. 
Tantas histórias, tantas pessoas.
Tantas memórias, tanto desespero, tantas alegrias que fascinam e verbalizam.

E eu, no meio disso tudo, com o chinelo do Matheus, com o dinheiro do meu irmão, perdida de todo mundo, com uma mochila pesada e mais 5 livros, desesperada pra achar comida, desesperada pra sentar, desesperada pra falar com a minha amiga, mas feliz da vida, vale a pena essa mania. :D