quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tudo novo de novo


Porque será que conforme o tempo vai passando, as pequenas coisas que faziam toda a diferença no início dos relacionamentos caem no esquecimento, na maioria das vezes?
Quando você faz um mês de namoro, tudo é festa, maravilhoso, afinal faz um mês que você tem a certeza de que encontrou o grande amor da sua vida. Vocês trocam presentes, saem pra comemorar, jantam juntos, ou em alguns casos, fazem demonstrações de amor em público, como uma serenata, um carro de som (que eu acho ridículo por sinal), ou um belo discurso com todos os seus devidos dramas, exageros, verdades e mela- melas.
Uma vez eu escrevi uma carta de 33 folhas (mas antes já tinha escrito uma de 23, na época a carta de 33 foi mais uma tentativa de superar a primeira, que nasceu dentro de um relacionamento que não tinha nada de pra dar certo, mas eu não enxergava isso, então quando eu comecei este novo, quis fazer de tudo para que pudesse ser melhor, até na carta. Graças a Deus hoje eu não faço mais essas cartas absurdamente grandes, nem perco mais meu tempo.) quando fiz um mês de namoro. Demorei uma semana pra escrever poemas, juras de amor, recordações de quando tudo começou, planos para o futuro, desenhos, e acredite se conseguir, uma folha inteira frente e verso só das qualidades desse meu namorado da época. Mas a verdade é que ele tinha mais defeitos que qualidades. Se eu tivesse enxergado isso antes não teria sofrido depois por mais de um ano... Mas voltando ao assunto, a carta teve capa e tudo. Eu fiz com a maior dedicação e empolgação, e entreguei com medo que ele achasse um exagero total, ou que ficasse com preguiça de ler. Mas deu tudo certo, ele adorou, ele amou, leu tudo em vinte minutos e eu amei mais ainda ver o sorriso no rosto dele e o brilho de felicidade em seus olhos. Porém, em menos de um mês depois, as coisas estavam cada vez mais estranhas entre nós, não eram mais com o brilho de felicidade no olhar do início tão recente. A gente não brigava, ele simplesmente mudou, de uma hora pra outra, sem motivos aparentes. E o silêncio muitas vezes é pior do que uma gritaria. E eu tinha medo de perguntar o que estava acontecendo, pois no fundo sabia que se perguntasse ele terminaria comigo. Mesmo assim, enfrentei meu medo rezando para estar errada, fui lá e perguntei. Mas eu não estava errada. Ele terminou comigo.
O que eu quero dizer com essa minha experiência é que em um minuto tudo perde o brilho do início, e nós nem percebemos, achamos sempre que é uma fase. Pois bem, muitas vezes é de fato, mas muitas vezes não é de fato. Mas porque isso acontece? Tudo bem que nada é completamente igual para sempre, mas porque não podemos conservar o que é bom? Ou pelo menos melhorar o que já era bom, ou substituir o que era bom por algo melhor, se não der pra manter o bom de antes. Mas porque não fazemos isso?
Você faz seis meses de namoro: “Tá, legal.”; você faz um ano: “Maravilhoso, nosso primeiro ano juntos.”; você faz quatro anos de namoro: “Tá, já tem muito tempo, não faz mais sentido ficar namorando essa eternidade, vamos casar.”; você faz um ano de casado, é festa; você faz dois, e já está pedindo o divórcio, porque descobriu que não era isso que você queria de verdade ou porque caiu na mesmice da relação. O pior é quando você descobre que tem “diferenças irreconciliáveis”. Onde é que estavam essas diferenças quando vocês se conheceram e resolveram namorar e depois casar? Não é possível que duas pessoas fiquem tão completamente opostas quando antes eram almas gêmeas. Eu não consigo entender isso, talvez seja por que eu sou muito nova, sei lá, só não consigo entender.
Mas em relação a essa mesmice da relação, é assim mesmo, infelizmente todos tem rotina. O que faz a diferença é o que você tenta fazer pra tentar diferenciar um pouco quando tem a oportunidade.
Legal mesmo é quando um casal faz 50 anos de casado e ainda tem coragem de comemorar, fazer festa, se esforçar pra dançar (mesmo que não tenha mais o mesmo pique de antes) e reafirmar seus votos. Legal mesmo é quando um olha nos olhos do outro e enxerga aquele alguém que ele conheceu no início, mas percebe as melhoras que ocorreram ao longo do tempo. Legal mesmo é quando um casal consegue driblar a chatice da mesmice, e consegue senti-la como algo tão bom que quer mais é ter de novo, de novo, e de novo. Sempre. Legal é ser feliz com as pequenas coisas, lembrando que se te faziam feliz no início, porque não poderiam fazer agora? Porque você amadureceu e seu gosto se tornou mais requintado? Ah, por favor.
Se você não puder conservar o início, pelo menos invente sempre novos inícios. Pois só assim você conseguirá ser feliz para sempre, com muitas histórias dentro de uma só.
Mas, quem sou eu pra dar lição de moral sobre relacionamentos? Eu sou uma leiga, tenho apenas 17. Mas e daí? Tem muita gente de 40 que não sabe amar. 

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