quarta-feira, 28 de agosto de 2013

434



Já são quase oito, e a gente aqui na rua, nesse ônibus fedorento, 434.
E eu já tô com dor de cabeça, já dormi e acordei duas vezes, já me irritei, já sonhei, já me perdi, já entendi onde estava, mas ainda não cheguei em casa.
E eu quero ir pra casa, tô cansada, sem paciência pra nada, mas ainda estou em Copa.
Já ouvi todas as músicas do IPod, vi as fotos, olhei a vida pela janela, pensei: "Que merda."
Mas esse 434 insiste em dar a volta ao mundo antes de me deixar em casa. 
E eu irritada, não tenho mais paciência pra nada.
Depois de um dia de estresse, depois de ter ficado sei lá quantas horas rodeada por pessoas vagas, aqui estou eu tentando ir pra casa nesse 434 que não chega nunca, mas corre feito um jato, e eu sempre tenho experiências de quase morte. 
Não entendo como ele não chega se corre como as pessoas que saem do trabalho desesperadas por rua na sexta. Ele nunca chega.
E de tempos em tempos eu penso na minha vida, penso nos fatos do passado, alguns deles traumáticos; mudo de cenário e entro no meu futuro enigmático, faço planos, minha mente vai pra longe e quando volta, ainda não estou em casa. 
Como posso não estar em casa se já aconteceu tudo isso? Como pode um ônibus demorar esse tanto? Como pode esse trânsito ser assim, sem fim?
Não aguento mais, preciso chegar em casa, já deu pra mim.
Imagina pra Mariana, que salta no Grajaú?! Não queria estar no lugar dela, pior do que isso só saltar em Itaipuaçu! 


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