sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Tic Tac

Calor.
Há quanto tempo não te vejo.
Há quanto tempo não percebo
Que você havia me dado uma trégua 
Mas hoje
Você oficialmente retornou.
E hoje, eu percebi que certas coisas nunca mudarão
Hoje percebi que certas coisas não desaparecerão
Exatamente como você
Que me incomoda por me fazer sentir num deserto de imensidão.

Então hoje
Não vamos falar sobre o futuro
Não vamos falar sobre o passado
Não vamos falar sobre o presente.
Pois isso aqui já é o presente 
Não precisamos falar, estamos vivendo
Não precisamos pensar, estamos escrevendo.

Então hoje, vamos parar 
Hoje, vamos calar
Hoje, vamos esquecer
Hoje, vamos nos concentrar apenas em viver.
Eu tenho algumas certezas
Eu tenho muitas dúvidas
Eu tenho alguns momentos de clareza
E tantos outros de loucura... 

Eu vou à lugares desastrosos na minha cabeça
Continuo voltando para os mesmos pensamentos
Continuo me culpando pelos mesmos terminados momentos
Continuo me perguntando se poderia ter sido diferente naquele tempo
Naquele fato traumático
Há quatro anos, onde eu colocava tudo o que eu tinha em uma pessoa
E tantas coisas aconteceram em quatro meses
Inclusive a maior tristeza que eu já senti na minha vida
Inclusive um desespero, e depois, um estado de anestesia. 
Mas isso é o passado
E hoje, não vamos falar sobre o passado.

Eu tenho dois lugares preferidos:
Meu passado e o meu futuro imaginário
Já sei o que vai acontecer antes de chegar lá
Já sei como vou ser quando estiver lá
Sei nada sobre aqui, mas sei sobre lá.
Viver aqui é difícil
Então eu sempre acabo voltando a inventar
Faço tantas coisas quando vou lá
Tem vezes que não sei se vou conseguir parar
Tem vezes que não sei se vou conseguir voltar.
Mas isso é o futuro
E hoje, não vamos falar sobre o futuro.

Hoje cheguei em casa com fome de banho de lavar o cabelo
Não é nem lavar o cabelo, e sim molhar a cabeça
Na tentativa inútil de inundá-la e anestesiá-la
Afogá-la um pouquinho, silenciar um tempinho
Não queria nem futuro e nem passado
E o presente é incontrolável
Portanto, não queria nada
Queria apenas inundá-la 
Queria silêncio, queria paz, ou simplesmente nada mais
Mas isso já está lá atrás
E o tempo corre, e gira o mundo
E eu me pergunto sobre o que acontecerá daqui a cinco minutos.

Hoje eu não quero nada, 
Mas quero tudo.
Tudo o que não tive no meu passado
E tudo o que tenho direito no meu futuro
O presente é só uma ponte
Uma ponte que nunca acaba
Pois há cinco minutos eu pensava nesse momento, 
E aquele tempo já é passado
E esse aqui, presente
E agora, mais um passado
E eu me pergunto o que acontecerá nos próximos cinco minutos.

Tic tac.

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