sábado, 24 de agosto de 2013

Questão de costume


Talvez a pior coisa sobre a saudade seja o fato de que com o tempo, você se acostuma com ela. Não sei se já disse isso antes, mas sempre acontece, cedo ou tarde. Quero dizer, ela ainda está lá, ela inda incomoda, mas você aprendeu a conviver com ela depois de passar longos meses assim, ou anos da sua vida. Questão de costume. Besteira as pessoas dizerem que não podem mudar certas características, porque foram criadas de uma determinada forma, quase tudo é questão de costume. Algumas coisas não mudam, mas outras só existem porque você insiste. Eu queria poder dizer que todas as coisas se encaixam nisso, mas infelizmente não. Temos que aprender a conviver com certas situações, fatos e características, mas podemos sempre adicionar novas coisas, aprender, aprender e aprender. 
E nesse caso, aprendemos no automático a aceitar a saudade. Aprendemos a ignorá-la por muitos dias, e sufocá-la quando ela está muito agitada. Aprendemos a matá-la um pouquinho a cada dia, do jeito que der, do jeito que conseguirmos devido às circunstâncias. É a saudade nossa de cada dia.
A minha vida inteira eu tive que aprender a conviver com a saudade. Criava tantas expectativas em relação ao seu término, e em muitas das vezes essas expectativas só serviam pra me decepcionar. Não parei de criar expectativas, não parei de ter esperanças, mas hoje em dia, tenho um certo cuidado que adquiri pelas decepções.  Confio desconfiando, acredito cogitando a possibilidade de dar errado, arrisco com um Plano B guardado, caso tudo dê errado. É tudo questão de costume.
Sinto muita saudade de muita coisa e de muita gente, mas isso não é questão de costume, ou pelo menos eu nunca quis que fosse. Não escolhi nascer uma pessoa saudosista, mas escolhi nunca esquecer de nada, me obrigar a lembrar, a guardar, a escrever, a fotografar, a filmar. Aprendi a criar lembranças concretas, pois só a memória não é suficiente em algumas vezes. E é dessa forma que eu consigo matar um pouquinho a saudade, aqui e ali, de vez em quando. E quando ela aperta de verdade, pego o telefone e ligo, já que a voz de uma pessoa às vezes é o que você consegue ter de mais próximo dela. Cada um se vira com o que tem, e eu tenho isso, e meio que me acostumei a ter apenas isso. É tudo questão de costume. Infelizmente, nesse caso. 

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