quarta-feira, 13 de junho de 2012

Diário

 
Me peguei pensando hoje que eu não escrevo mais em um diário como antes... Quer dizer, como fiz a vida toda. Sempre gostei disso, mas um dia simplesmente passei a odiar o compromisso de ter que escrever algo todos os dias, mesmo que eu não tivesse nada pra falar... Porque eu achava estranho deixar uma distância enorme entre os dias quando não tinha nada pra escrever, então simplesmente parei de escrever diários... E ficaram apenas os poemas, crônicas, pensamentos, contos, e o que mais eu quisesse escrever. Mas hoje, me peguei pensando que eu não escrevo mais um diário como antes e talvez seja melhor voltar a fazer isso, antes que eu exploda, porque eu ando meio lotada demais de palavras. Sabe, na minha fase trash, essa era a única coisa que me fazia sentir melhor. Na minha fase “rebelde além da conta”, essa era a única coisa que me trazia a sensação de compreensão... É meio estranho, já que tecnicamente eu estou falando algo pra mim mesma... Mas, como eu ouvi uma vez, mesmo quando você escreve diários, no fundo tem a esperança de que um dia alguém leia e te ache interessante, ou no mínimo te ache louca demais e continue lendo por querer saber como acaba a história... hahahaha Um dia eu quero achar o diário de alguém. Mas não sei se teria coragem de ler... Quer dizer, se fosse algum diário perdido e antigo e já finalizado, talvez eu lesse sim... Eu não  me importaria se lessem um diário meu antigo, afinal, nada mais daquilo tem a ver comigo... Mas se lessem um diário atual (caso eu tivesse um), eu iria ficar com muita raiva.
Meu primeiro diário foi aos 7 anos de idade. Eu ganhei de uma tia. Era um diário pequenininho, do Snoopy, que se eu usasse hoje em dia, acabaria com ele em dois dias... hahahahaha Eu sou a maníaca das palavras. E sabe o que é estranho? Toda vez que eu começava um diário novo, começava sempre do mesmo jeito: "Meu nome é Carolina... Tenho tantos anos... Nasci em tal lugar... Meus pais são separados... Eu amo tal artista musical... Eu adoro me maquiar... Minhas melhores amigas são... Meu livro favorito é... Eu odeio tal pessoa... Meu endereço é tal... Meu telefone é outro... Meu signo é Touro..." E por aí vai. Sempre começava mais ou menos assim. Ou então, começava contando sobre os primórdios da minha existência: como meus pais foram malucos de terem se casado em dois meses de namoro e que talvez seja por causa disso que eles se separaram... Falava também muito dos meus irmãos, sempre fui muito apegada a eles... Falava sobre garotos que eu era apaixonada ou supostamente interessada, ou simplesmente falava mal dos ex mesmo... hahahahaha Isso é mais a minha cara. Meus amigos, meus dias na escola, quantos filhos eu iria ter... Depois que eu fui crescendo, os assuntos mudaram, mas no fundo eram passados nos mesmos locais. É engraçado como somos capazes de mudar tanto, hoje em dia eu nem sei mais se vou ter filhos, e na infância dizia que iria ter três. Também não sei mais se eu vou casar, e se casar, tenho quase total certeza de que não vou ficar casada com a mesma pessoa a vida toda... Como eu mudei.
Naquela época eu fazia isso, escrevia diários e isso me confortava, mas hoje em dia, não sei se seria o suficiente pra me confortar e nem se teria a ver comigo. Provavelmente não mais. Não me vejo mais fazendo isso. De vez em quando, quando vou na casa da minha mãe, ainda pego alguns e leio, e fico rindo da minha cara... Deus, como eu era retardada... Ainda sou um pouco, mas de uma maneira diferente...
Algumas características nunca morrem, e pra mim, são elas que formam a nossa essência. Eu já quis me desfazer de todos os meus papéis, um milhão de vezes, simplesmente me livrar de toda aquela tralha velha, mas simplesmente não consigo, sou apegada aquela tralha velha, não sei porque... Assim como eu posso dizer que eu nunca vou parar de escrever, seja como for.
Acho que no final, isso aqui acabou se tornando uma página de diário perdida...

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