terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mais uma vez... Remexendo


A verdade é que eu nunca esqueci nada daquilo, pois a intensidade com a qual eu vivi aqueles meses, eu nunca havia vivido em nenhum dos anos anteriores e nem nos futuros, e provavelmente nunca mais irei. Aqueles meses... Era como se eu estivesse ido parar no paraíso sem morrer. Era uma felicidade sem explicação, louca, era como se eu estivesse em êxtase, havia dias em que eu não conseguia parar de sorrir, mas internamente eu meio que me preparava para as lágrimas futuras... Eu sabia que seriam muitas. Sabe quando você vive algo, mas tem certeza de que não vai durar? Eu sabia desde o começo que entre a gente não duraria muito. Como pode alguém estar feliz como nunca e quebrada ao mesmo tempo? Eu fiquei assim naqueles meses que eu estive com ele, mas depois foi apenas a parte do quebrada... Eu era feliz e quebrada ao mesmo tempo, porque no fundo eu sabia que aquilo acabaria mais rápido do que eu queria aceitar. Desde o início nossa música foi "Broken Strings"... E eu sei que a forma que acabou foi a forma mais bonita que poderia ter acabado... Não houve cansaço, não houve limites, não houve brigas, não houve nada de diferente sobre o que eu já esperava que seria. E assim, sem desgaste, simplesmente arrebentamos. Meus pedaços voaram para todos os lados e mesmo que até hoje eu procure, muitos eu nunca mais verei. Porque eu nunca mais fui a mesma depois daquilo.
E mesmo depois de todos esses anos sem vê-lo, mesmo depois de todos esses anos sem saber nada sobre ele, mesmo depois de todos esses anos sem sentir nada por ele além de mágoa, ele ainda me assombra. E os fantasmas das possibilidades do que poderia ter se tornado aquilo me deixam acabada em alguns dias. Lamentar cansa, estar afogada em lembranças cansa. Eu tenho uma bagagem muito grande, apesar de ser muito jovem... E eu sei que foi por causa disso que ele foi embora antes mesmo que houvesse desgaste. Ele teve medo de me dar segurança e depois me deixar pra morrer. Então ele me deixou antes que eu pudesse acreditar que aquilo tudo era realmente verdade; ele me deixou antes para que eu não me apegasse... Mas eu me apeguei e morri mesmo assim. Porque eu nunca mais fui a mesma depois daquilo.
Todos os dias eu tento pensar naquele tempo como um tempo feliz que existiu na minha vida, mas quando paro pra pensar em tudo que sucedeu aquele tempo, eu só tenho raiva e desespero. Existem dias em que eu quero sair do meu próprio corpo, porque eu simplesmente não aguento a carga dessas lembranças... Era para eu ter sido feliz, era para eu ter sido amada. O problema é que eu amo demais e esqueço que as pessoas não são como eu. Por isso, elas vão embora, ou me expulsam...
A verdade é que eu sempre precisei de um homem, desde sempre. Mas garotos foram só o que apareceram pra mim ao longo da minha vida e isso nunca foi suficiente. Eu quero mais, eu sempre quis mais. Eu quero tanto que as pessoas não aguentam e vão embora. Por isso eu aprendi a contar apenas comigo mesma, pois só eu posso confortar essa guerra na minha cabeça, porque não existe mais ninguém que sinta isso.
Eu sempre quis ser livre, mas sempre quis encontrar alguém que me aprisionasse. Eu sempre quis ser aprisionada no amor, eu sempre quis garantias de que seria para sempre. A liberdade é um privilégio, mas ela trás pra sua vida outros tipos de escravidão... Você nunca acha que está bom o suficiente, você sempre sente que falta alguma coisa. Eu caí na estrada poucas vezes, mas nas vezes em que eu caí pude sentir o que é realmente ser sozinha. Eu sempre me senti sozinha, durante toda a minha vida, mas quando se cai na estrada é outro tipo de solidão... É liberdade misturada com medo, autossuficiência e vulnerabilidade. Sim, é uma loucura mesmo.
Eu sou problemática, mas tento sempre fazer o melhor por mim e pelas pessoas à minha volta. Eu sempre serei uma pessoa esperançosa, pois é só isso o que me sustenta. Deus, se eu morresse hoje, ainda haveria muita coisa pra contar sobre mim... Minha vida poderia se tornar uma obra de arte ou um drama barato, depende da perspectiva. Percebi hoje que eu não estou sozinha, pois as minhas lembranças estão sempre comigo, agarradas, perturbando a minha cabeça, me irritando, me fazendo chorar... É esse o preço que se paga por querer ser livre. Você vive com a alma no futuro, mas a cabeça no passado, sempre voltando pro mesmo filme decorado e revendo tudo de novo, cada detalhe, cada falha, cada sinal de que poderia ter sido maravilhoso. Mas... Se a minha alma está no futuro e a minha cabeça no passado... Onde eu estou de verdade?

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário