segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rosas negras

O vento vem de longe 
E se torna furacão 
A chuva me acorda 
Abro os olhos no meu túmulo
Mas não vejo nada 
O que costumava ser eu e você
Agora não passa de rosas negras 
Que apodrecem com os nossos ossos 
E não é preciso enxergar pra entender.

Eu posso ouvir sua voz 
Tão histérica e tão desorientada 
Eu posso ver toda essa confusão 
Posso ver que não passamos de ilusão
Mas desde que você me enterrou não posso mais ver seus olhos
O brilho se foi, a escuridão tomou conta dos meus ossos 
E você me trás rosas negras
Põe no meu túmulo só pra vê-las morrer 
No mesmo lugar que morremos eu e você.

E você prometeu que estaria comigo no último suspiro de nossos pulmões
E você sempre disse que tamparia os ouvidos se ouvisse algo que não fossem os nossos corações 
E você descreveu como seria nossa última olhada 
Você escreveu no meu túmulo, que agora também é seu
Portanto não traga rosas negras
Elas apodrecerão em você também
Não finja que ainda tem olhos
Pois ambos já conseguimos viver sem eles, conseguimos entender
Nós não enxergamos nada, não ouvimos nada
Só esperamos essas rosas negras apodrecerem 
E talvez elas levem embora
Todas as lembranças que formam eu e você.

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