sábado, 7 de setembro de 2013

Destemidos




Eu não consigo ter o medo que as pessoas têm das manifestações. Por mais que eu veja e ouça todos se cagando, só consigo olhar e rir. Talvez porque eu entenda o que está acontecendo, ou talvez porque eu simplesmente não tenha a noção do "perigo" que as pessoas tanto temem. O fato é que eu não tenho medo, eu gosto muito de presenciar isso.

Acabei de passar pelo Largo do Machado pra vir pra casa. Foi montada uma barricada pelos manifestantes, tinha vidro de um ponto de ônibus quebrado, e o Choque lá na dramatização. Pouquíssimas pessoas na rua, nem o ônibus em que eu estava entrou ali, saltei antes e vim andando aquele pedaço até a minha casa. Tinham alguns manifestantes cinegrafistas, algumas pessoas encurraladas nas calçadas (porque queriam) e outras poucas andando na rua. Pessoalmente, não vi nada demais. Nada que não fosse normal em um processo de revolta do povo. Sim, não concordo com violência, mas é inevitável pras pessoas que já se ferraram tanto por causa do governo ridículo do nosso país. E esses policiais me irritam muito quando vem fazer draminha dizendo que foram atacados e lá lá lá. Odeio isso. O que mais tem por aí é policial corrupto, assassino, bandido mesmo. Então não venham reclamar de um vidro quebrado. Então não venham reclamar que estão usando máscaras, então não venham reclamar que estão fazendo baderna. A partir do momento em que vamos contra algo, a partir do momento em que não abaixamos a cabeça ou agimos como um robô fabricado pelo sistema, causamos incômodo em quem é beneficiado por um sistema podre. E aí a mídia entra no meio com o papel de deixar os ignorantes se cagando, na tentativa de manchar um movimento justo. Rabo preso com políticos? Será? E o mais engraçado é que quando aparecem aqueles bandidos assaltando e depredando de verdade, a porra da polícia mete o pé e a merda da mídia nem cita isso, e você ainda aí defendendo e confiando na polícia?!
Acredito que tenha diminuído o número de pessoas nas ruas por cansaço de levar bala de borracha na cara e de cheirar gás lacrimogênio ou de ser preso sem motivo. Mas no fundo, quem não sai mais de casa ainda está com o coração na rua. Não sei como isso vai acabar, mas o fato é que mesmo que tenha diminuído o número de pessoas nas ruas, a força continua. Queria muito que não houvesse violência, mas sei que a revolta vai crescendo quando sofre-se violência sem motivo. Não concordo, mas compreendo.
Torço de todo o meu coração que ocorram mudanças. Não sei se um dia elas irão acontecer, mas espero que sim, espero que as pessoas não percam a esperança.
Realmente não consigo ter medo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário