terça-feira, 9 de julho de 2013

Buscadores



Ela era uma grande garota, com um grande talento, e um grande espírito. Apesar de tudo isso, ela obrigava-se a viver isoladamente de todas as coisas boas que ela poderia ter, obrigava-se a ceder as vontades das pessoas que não se importavam realmente com ela, que não se tinham outros objetivos que não fossem alcançar os próprios objetivos.
Ela era usada.
E porque era usada, sabia que não teria nunca nada. Pelo menos nada do que realmente quisesse, na verdade e sinceridade de seu coração; não, ela não teria jamais nada disso, todos os seus desejos mais profundos ficariam escurecidos nos cantos abandonados de seu coração e de sua mente. Todos os sonhos seriam sempre apenas imaginação, reais apenas num mundo inexistente. Ela sabia que havia nascido para servir e viver em função de outras pessoas, ela sabia disso tudo, por isso era usada. 
Mas e se ela não aceitasse mais isso?
E se ela de repente enxergasse que nascemos de uma maneira que não temos escolha, mas que podemos escolher ser o que quisermos ser a partir do momento em que temos o controle de nossas vidas? E ela queria esse controle mais do que tudo, ela queria sua chave, ela queria apenas exercer o que tivera nascido para ser: feliz. E para ser feliz, ela entendeu que antes de tudo, precisava ser uma buscadora, para fuçar em cada canto do mundo e em cada canto de cada coisa mínima e insignificante a chave para a sua liberdade, pois só assim poderia exercer sua felicidade. 
Ser buscadora era o que ela seria daquele momento em diante: mesmo depois, quando ela encontrasse a resposta para a sua questão, viveria o resto de sua vida como buscadora, pois só quem busca descobre a verdadeira história por trás de todas as coisas que conhecíamos ou sobre o que achávamos conhecer.  Ela não queria ser mais usada, nunca mais, e para que isso nunca mais se repetisse, precisava buscar em cada pessoa, em cada momento, em cada lembrança, em cada ideia, a verdade. A partir do momento em que sabemos onde estamos, com quem estamos nos metendo, não podemos mais ser usados, pois sabemos os riscos e sabemos quando é realmente bom entrar em alguma coisa que chegue até nós. As coisas são nossas a partir do momento em que aceitamos. Podemos aceitar qualquer coisa, e essa coisa pode revelar-se um presente ou um fardo. E para sabermos se devemos aceitar ou não, é preciso fazer uma análise, ir atrás de todas as informações, buscar em cada mini sinal algum sinal que indique verdade, vantagem ou qualquer coisa boa que seja, mesmo que seja apenas uma energia positiva. Quem aceita um fardo, aceita um contrato de uso, um uso sobre si. E para não ser usado, é preciso ser um buscador, um questionador, um pensador. Raciocínio é a salvação para qualquer experiência ruim que poderíamos ter evitado. Devemos ser sempre buscadores, pois quem busca, raciocina e tem, na maior parte do tempo, o controle sobre si mesmo e sobre a sua vida. Confia no que faz e confia na situação em que se encontra, e assim é feliz. Se aceitarmos sempre tudo calados, sem pensar, simplesmente assinando, teremos sempre contratos de fardos, que no endividarão de uma maneira que não conseguiremos pagar, pois um fardo é um preço muito alto a se pagar.
E aquela garota não aceitou mais seu fardo, e assim, se tornou uma buscadora.

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