segunda-feira, 19 de março de 2012

Inverno mental


Mais um verão que se foi, mais um ano que dá sinais de que começou pra valer. Talvez o meu problema seja sempre deixar pra pensar no inverno. Não que ele já tenha chegado, mas está começando a dar sinais de vida. Em alguns lugares, pelo menos. O vento frio e o silêncio dos animais dormindo sempre me fizeram pensar. Eu penso sempre, mas nessa época eu penso mais. Eu gosto da calma que esse clima me transmite, me sinto bem, me sinto feliz.
As pessoas falam mal da chuva, mas eu gosto. Quando ela cai, é como se fosse feita uma limpeza no mundo, uma limpeza geral, que alivia um pouco a agitação, o estresse, as preocupações. Calma. Muitas pessoas precisam disso, e eu sou uma delas. Mas também adoro o sol do inverno, que é um sol confortável, quente na medida certa, feito para descongelar nossos corações, mas não para fazê-los ficar inquietos de calor.
Aprendi há muito tempo a gostar do inverno. Aprendi com as músicas, aprendi com os livros, aprendi com os filmes, aprendi observando o comportamento das pessoas nessa época, aprendi com o meu próprio comportamento.  Aprendi que quando o vento passa pelas plantas é como se fosse um ritmo que as fizesse dançar. Eu adoro dançar, mas também adoro observar os pequenos detalhes que ninguém mais vê. Adoro sorrir, andar abraçada com alguém e beijar. Adoro a aproximação que o inverno traz pras pessoas. Eu gosto disso, gosto de calor humano.
Todo ano eu espero ansiosamente por março e junho, e peço pra setembro demorar uma eternidade pra chegar. Pra eu poder usar aquela bota maravilhosa, pra eu poder vestir meu casaco favorito, pra eu poder relaxar e conversar com meus amigos sobre tudo. Todos juntos, agarrados, abraçados, tremendo e sorrindo, mas sempre juntos. Eu adoro esse calor. Adoro esse calor que só o inverno é capaz de trazer.
Adoro o chocolate derretido com banana e morango, adoro o gargalhar das pessoas quando alguém se suja no queixo. Adoro os filmes vistos em um aparelho de DVD, mas também adoro os vistos ao vivo. Adoro os carros molhados de manhã pelo sereno da madrugada, adoro um beijo no pescoço quando estou distraída olhando o nada. Adoro andar de mãos dadas. Adoro um olhar silencioso que diz tudo. Adoro poder sentir a eternidade de cada momento assim. Mas o que eu mais adoro, é saber que por mais que eu mude, por mais que o tempo passe e coisas aconteçam, eu sempre terei total intimidade com esses momentos, com esses sentimentos e com este clima de frio aquecido. É o tipo de coisa que sempre vai me fazer bem.

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