sábado, 5 de janeiro de 2013

Normalidades

Acho engraçado essas pessoas que conhecem o amor de suas vidas no cinema, no shopping, na livraria, no ônibus, em qualquer lugar onde você não espera interação com outra pessoa, apenas com quem estiver com você ou com o que você estiver fazendo. Não falo em balada, porque em balada ninguém encontra a alma gêmea. Em balada ninguém quer nada, é só a noite, só o momento, bem diferente de encontrar o amor da sua vida. Mas é incrível como nos filmes o amor da sua vida está sempre ali na esquina mais próxima, como se houvesse alma gêmea na mesma quantidade que prostituta de madrugada.
Vou ao cinema toda semana, sozinha mesmo, sem nenhum problema. Quem senta do meu lado? Moças gordas, caras estranhos, gente que puxa assunto na hora do filme; mas o recorde mesmo pertence aos idosos. Deve ser meu carma. 
Teve uma vez que estava voltando da casa da minha mãe e tive que aturar ficar toda espremida, torta, super desconfortável, por mais de duas horas dentro do ônibus fedorento que atravessa a Ponte Rio-Niterói. Calor do inferno, engarrafamento do inferno e eu lá, sentada do lado de um cara que mais parecia um gorila que uma pessoa. Ele era todo largo, tinha um tronco enorme, braços enormes (não soube distinguir se era gordura ou músculo, mas acho que isso não importava muito pro meu desconforto) e irritantemente ficava encostando em mim o tempo todo. Eu olhava pro homem e ficava imaginando ele batendo no peito feito um gorila no meio da selva e a minha vontade era dar um soco nele, empurrar, fazer algo pra afastá-lo. Mas não fiz nada, até porque minha mão pequena desapareceria naquele ser. E assim foram mais de duas horas espremida.
Enfim, o que eu quero dizer é que a realidade não é tão linda quanto o que imaginamos. A realidade é chata, é mal educada, é fedorenta, é um gorila que engole toda a nossa esperança no mundo e nos seres humanos. A realidade é capaz destruir qualquer momento que deveria ser suave, relaxante, ou simplesmente normal. A minha realidade na maioria das vezes é cômica, irritante ou ridiculamente chata. Mas acho que a vida real é assim pra maioria das pessoas, não só pra mim. 
Pelo menos ainda consigo rir disso tudo depois de um tempo, e aumentar cada vez mais minha lista de momentos esquisitos. Enquanto isso vou vivendo, fazendo minhas coisas, escrevendo, observando as pessoas. Nem tudo é muito bom e nem muito ruim, às vezes a normalidade é apenas um meio termo. Mas na maioria das vezes as coisas acontecem pra mim como 8 ou 80, vai saber o motivo.


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