sábado, 12 de maio de 2012

A vida lá fora


O que será que tem lá fora? Deve ser algo muito assustador, porque todos falam lá de fora em tom de sofrimento e aviso. Eu ainda não posso ter medo, porque ainda não cheguei lá. Não quero mais ter medo de coisas que eu nem conheço. Quero ir lá fora e ver o que há. E se houver um monstro, lutarei contra ele; ou talvez faça a incrível descoberta de que o monstro não é tão horrível assim. Se houver uma passagem para um outro mundo, talvez eu entre; se ele for pior do que esse, posso tentar achar algo bom o suficiente que me faça querer ficar por lá. Se houver uma ameaça invisível ou ameaças que pareçam ser inofensivas, vou estar atenta. Vou estar com os olhos bem abertos. Já estou. Mas não vou deixar de viver o que há lá fora por medo. 
Eu preciso saber o que é. Quando eu descobrir, vou passar a enxergar tudo com outra perspectiva. Como um bebê que sai da escuridão, calor e umidade de um útero, para entrar na claridade, friagem e secura do mundo. No início, talvez, pareça um pouco assustador e eu acabe chorando, mas depois perceberei tudo o que eu estava perdendo e nunca mais vou querer voltar pra dentro do útero. Quando o ar lá de fora encher meus pulmões, nunca mais vou querer saber de outro ar.
Há uma vida inteira pra mim. Tantas coisas para ver, descobrir, aprender e me encantar... Ainda tenho mais uns mil anos pela frente. E tenho muita coisa pra fazer, não tenho tempo pra ter medo.
Já estou pronta para ir. Já estou pronta para viver na vida lá fora que as pessoas enchem a boca pra dizer que é diferente do que eu estou acostumada. Dizem isso há 18 anos. Pois é, eu tenho uma novidade: fodam-se os costumes. Quem faz os costumes somos nós. E eu fiz em mim o costume de sempre me acostumar com novas coisas em um segundo. Para cada lugar que eu olho, nunca tenho o mesmo olhar, nem mesmo quando olho para um mesmo lugar duas vezes.
Agora é oficial: ninguém pode me impedir de viver a vida lá fora.

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