sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Essencial


Hoje eu fui fazer terapia em grupo. Minha tia quis me levar pra eu experimentar e ver se gostava então eu fui. Ninguém pode saber como é se não tentar né?
Confesso que não fiquei (não sou) muito à vontade com a idéia de contar coisas sobre a minha vida para estranhos. Não é algo muito fácil pra mim. Eu acho estranho, mas fui mesmo assim, pra tentar desfazer essa má opinião que eu tenho sobre as terapias em grupo...
As pessoas de lá, não tinham nada a ver comigo. Nada. Eram todos velhos, alguns já até avôs e avós, com bagagens de problemas de uma vida inteira e não só da infância e da adolescência. Ao passo que eu, era ali apenas uma garota de 17 anos que nunca chegou perto de casar e muito menos de ter filhos e que a única coisa significativa que fez até hoje foi sair da casa da mãe (posso ignorar o fato de que isso eu fiz esse mês?). Enfim, eu estava patética ali. Mas estava ali. Me sentindo ridícula, mas estava.
Três das pessoas do grupo eram psicólogas, além do psicólogo coordenador do grupo. Foi muito estranho. Uma situação muito esquisita pra mim. Passei a maior parte da reunião calada, enquanto ouvia histórias de alguém que teve um pai alcoólatra e violento; outra contando como era frustrada com sua vida profissional porque nunca conseguiu deslanchar na carreira; outra pessoa com excesso de medos variados e sem explicação; outra que luta contra seu excesso de auto-condenação, porque foi criada por avos extremamente puritanos... Eu me senti realmente patética ali e pude constatar através daquelas pessoas, que eu não vivi nada. Ou quase nada. Lá pro final da reunião, o coordenador meio que cobrou para que eu falasse algo e eu falei o básico. O que ele e os outros acabaram me dizendo foi que agora que estou morando com meus avos, talvez tenha que lidar com uma coisa que a maioria das pessoas não se sente à vontade: a solidão.
Acho que no fim, essa reunião foi mais prejudicial do que benéfica, porque só reforçou uma idéia na minha cabeça, que no fundo eu já sabia. Sabe, eu adoro a companhia dos meus avos, mas somos de gerações muito diferentes, então não é tudo que eu posso falar com eles...Sinto falta da minha mãe e dos meus irmãos, sinto falta dos poucos amigos que eu tenho. Sozinha já venho me sentindo a algum tempo, mas não era esse tipo de solidão, era diferente. Eu gosto de ficar sozinha às vezes, mas não confunda tempo próprio com solidão, porque não tem nada a ver.
Eu estou aqui e estou enfrentando tantas coisas internas ao mesmo tempo, mas não vou desistir. Regredir não combina comigo, é algo que não está ao meu alcance. Eu não vou desistir dos meus sonhos e não vou voltar atrás. Eu jurei pra mim mesma quando ainda era criança, que no dia que saísse da casa da minha mãe, não voltaria mais. Mesmo que naquela época os motivos para eu querer sair fossem diferentes dos de agora, no fundo a determinação continua a mesma. E é exatamente assim que vai ser.
Eu mudei em tantas coisas conforme fui crescendo, mas as principais continuaram bem firmes aqui dentro: a necessidade de ser livre, a necessidade de realizar meus sonhos, a necessidade de encontrar um amor verdadeiro, a necessidade de ser feliz. Portanto, esses desejos formam a essência da razão da minha vida. Isso é tudo o que eu busco. Isso tudo faz parte da minha vida, mas desistir nunca fez, nem nunca fará.

- Escrito em 18 de janeiro de 2012. 

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