sábado, 22 de setembro de 2012

Mundo de papelão



Há um tempo atrás, eu tinha o mesmo sonho, onde todas as coisas ruins eram compensadas por algumas pessoas. O sonho era tão real, que parecia que eu vivia mesmo nele. E quando eu acordava de manhã, tinha a impressão de que acordava do sonho também, mas hoje eu sei que eu só acordava dele quando estava dormindo. Depois de algum tempo de desconfiança, só consegui acordar definitivamente hoje.
Podemos criar mundos de ilusões inúmeras, com todo o tipo de pessoas, coisas, objetos, cenários... Porém, a realidade existe e ela sempre chega em algum momento. Eu vivia um sonho onde eu conseguia fingir que nada estava acontecendo, que nada de ruim me incomodava e que a sujeira que eu presenciava não existia. Esse sonho apareceu pra mim e eu acabei elaborando-o mais, para o meu próprio prazer. E eu lembro de ser feliz nele, lembro que eu achava mesmo que aquelas pessoas existiam e que seus sentimentos existiam... Pensava até que o que eu sentia era real e que seria para sempre. Meu mundo de papelão me consolava por tudo aquilo que eu já tinha visto e não queria mais ver. Aquele sonho era tudo o que eu tinha, até que eu vi a primeira rachadura aparecer e então nada mais foi do mesmo jeito.
Amigos e parentes se tornaram pó num passe de mágica. Tudo o que eu achava que conhecia não passava de uma fuga da minha mente, uma loucura de anos... E agora, eu me vejo aqui, e nem tenho mais certeza se eu sou real ou se eu também fazia parte do sonho. Talvez ele não tenha sido criado por mim, e sim por algo ou alguém que é de um patamar que eu desconheço. Não importa o criador, o que importa é que agora que eu acordei eu quero recuperar a realidade que eu isolei no fundo da minha mente. Não importa o que eu tenha que ver, não importa o que eu tenha que aguentar, não importa o tamanho da decepção que eu sentirei quando descobrir a verdade. Eu quero a verdade, é só o que eu quero.
Eu vou viver uma realidade dessa vez, porque a o inventado se vai e eu não quero mais ter nada tirado de mim. Mais um soco no estômago, vai ficar complicado pra mim. Eu vou fazer o que eu tiver que fazer, vou fazer por mim, porque daquilo tudo eu sou a única que sobrou, eu sou a única pessoa que realmente existiu. Não quero mais nada daquilo. Não quero mais nenhuma ligação com aquelas mentiras, falsidades e fantasias, agora eu só quero algo concreto, não importa o quanto esse concreto me esmague e me faça sofrer. Por que nada me fez sofrer mais quando eu descobri que aquele mundo no qual eu vivia, nunca existiu. Eu nunca vivi de verdade, mas agora eu vou. Meu mundo de papelão já está rasgado e jogado no lixo.

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