terça-feira, 18 de outubro de 2016

10° dia

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Hoje, acordei mais cedo do que meu cérebro é capaz de suportar. 
Não dormi no ônibus, pois não conseguia relaxar sem meu colar no pescoço... Após anos usando algo 24/7, isso simplesmente torna-se parte do seu corpo. Andei procurando lugares, procurando respostas. Senti minha pele exposta, queimando sob o sol... Não tenho melanina, mas tenho sardas que carregam história. 
Nesses dias tenho andado assim, automaticamente sem propósito. Parece que estou a ponto de desligar, num minuto posso nem estar mais aqui. 
Dizem que a solidão faz isso com as pessoas. 
Eu sempre respondo que estou acostumada a ser sozinha, mas em tempos como esses, começo a me perguntar se isso é realmente verdade ou se digo tentando convencer a mim mesma. 
Não que eu não goste do meu tempo, pois eu preciso desse tempo. Mas isso não quer dizer que não preciso conversar olhando nos olhos. 
E enquanto meu suor pingava, enquanto os pássaros voavam acima de mim, carros passavam, e as pessoas corriam sem olhar nos olhos, percebi que estou vazia, completamente oca.
Mas não é o vazio que me preocupa, mas sim o que irá preenchê-lo futuramente. 
Às vezes eu acho que perdi minha identidade. Escondi, ou perdi de propósito... Joguei pela janela e não olhei pra trás. Outras vezes penso que talvez essa seja a minha real identidade e não o que costumo mostrar por aí. 
Mas a verdade é que estou cansada. 
Cansada de ter que ser sempre responsável, contando as moedas, deixando de viver. 
Depois que rompi o contrato, fui até um salão fazer minhas unhas. Passei o dia todo engolindo o choro e continuo fazendo isso, pois eu sei que se começar, será muito difícil de parar. E não quero responder perguntas. Pensei que me sentiria melhor se dedicasse um tempo a mim. Mas saí do salão me sentindo da mesma forma, só que dessa vez, com unhas vermelhas bem feitas. 
E essa coisa não passa. Simplesmente voltou e não quer mais ir embora. Esses são tempos sombrios, onde me sinto uma bosta. Esses tempos acontecem de vez em quando, e não é nada bonito... Só o que me resta é tomar muitos banhos gelados, respirar fundo, chorar, dormir, e esperar passar... 
Eu sei que eventualmente não estará mais aqui. 

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