terça-feira, 15 de março de 2016

A madrugada cabe em mim

A madrugada cabe em mim
Junto com todos os sonhos do mundo.
Mas eu sou grande demais pra ela 
Sou barulhenta,
Confusa,
Caótica.
E ela não quer me acolher,
Embora arrombe minha porta sem nem me dar escolha.
Me invade e não me deixa em paz
Porque sabe que cabe em mim
A madrugada sempre age assim.

Eu peço-a um tempo: Me deixe dormir 
Não quero passar outra noite olhando a rua pela janela da sala, ou do quarto 
Não quero passar outra noite olhando pro teto
Vasculhando memórias que já nem fazem sentido 
Mas ela não deixa, a madrugada não me deixa
Já passei tantas vidas de madruga 
repetindo as mesmas músicas 
Ouvindo meus hinos 
Os que embalam minhas noites melancólicas 
Gritando os alegres 
torcendo para ter um dia seguinte melhor.

Quantas vidas de madrugadas mais serão necessárias 
Para que meu sufoco seja sufocado?
Meus gritos já não têm voz
Minhas lembranças já não reconhecem-se mais 
como meras lembranças.
 
De repente, tudo parece ter vida 
Todos os meus demônios internos 
De todas as vidas de madrugada 
De todas as vidas de dias claros 
De todos os momentos em que eu achei que fossem capazes de entrar na minha pele 
E revirar meus pensamentos 
De todas as vezes em que vivi vidas inteiras dentro de madrugadas.

Mas eu ainda estou aqui 
(ainda há vida)
(...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário