sábado, 21 de junho de 2014

Mulher (in?) dependente



Meu Facebook tem me deprimido. Todas as pessoas fazendo viagens pela Europa, e eu aqui, vivendo pra muita esperança, trabalhando pra pouca grana. Eu ainda não sei exatamente pra onde estou indo, só sei que estou indo. Já me disseram que o importante é ir e o resto você descobre no caminho, mas e se eu me ferrar inteira por ter muitas ideias e poucas certezas?
Outro dia meu pai disse que eu deveria ser o filho mais velho dele (eu sou a mais velha, mas a filha), e isso foi a maneira que ele encontrou de dizer que eu tenho uma certa bravura masculina, e eu entendo que foi um tipo de elogio, mas isso me levou a pensar... Porque uma mulher não pode ser corajosa sem que isso seja classificado como uma qualidade masculina? E porque sentir medo é classificado como um sentimento feminino? À essa altura, a questão não era mais o que o meu pai havia me dito, e sim a nossa sociedade. Onde eu me encaixo? Será que eu me encaixo? 
Eu fui criada pra sair da casa da minha mãe apenas quando fosse casar. Se eu tivesse ficado, como seria a minha vida? Eu nem sei se quero me casar, eu nem sei o que vou fazer da minha vida. Eu quero sim um cara legal, que me apoie e que me ame, que viva comigo e não que queira que eu viva pra ele. Mas às vezes me pergunto se isso realmente existe. 
Não tenho vergonha de dizer que não sou a maior cozinheira, não tenho vergonha de dizer que coloco todas as roupas juntas pra lavar, coloridas, pretas e brancas (e nunca mancharam até hoje), não tenho vergonha de dizer que procuro comprar roupas que não precisem passar, não tenho vergonha de dizer que o meu quarto fica uma bagunça às vezes. 
Eu tenho outras prioridades, nasci numa geração em que a mulher pode ser mais do que uma esposa exemplar, procriando como um coelho. Mas quando sou assediada por homens casados e quando escuto coisas que querem dizer que a coragem é uma qualidade masculina, me pergunto se isso tudo é realmente verdade, me pergunto se não resume-se a apenas uma ilusão, me pergunto como posso me encaixar na verdadeira realidade de uma sociedade que alimenta ideias, mas não aceita ações. Mulher independente... Existe alguma realidade nisso? Será que alguém realmente quer isso? E se existe, é possível ser independente sem ser solitária?

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