quinta-feira, 19 de maio de 2016

Barcos abandonados

Os barcos abandonados
Na Baía de Guanabara
Nesse dia chuvoso...
Me lembram um cemitério mal assombrado.
E eu gosto dessa sensação,
De ser envolvida pela neblina,
Simplesmente desaparecer
No que há de mais profundo da minha cabeça animal.
Pois há algo especial sobre mergulhar 
Profundamente em si mesmo 
A coragem pra ir, a força pra voltar 
Tantas coisas me perturbam, mas eu ainda estou aqui 
Passando por essa ponte todo dia
Olhando esses barcos abandonados 
Com sol ou chuva 
Eu ainda estou aqui...

Nada é tão ruim 
Lembro da minha avó dizendo que 
Se o aluguel está pago, você pode fechar a porta de casa
Ninguém tem nada com isso... Seu teto está garantido. 
Mesmo que você coma apenas café com pão
Ninguém tem nada com isso...
Essas são as palavras de uma sobrevivente 
Que enraizaram fundo na minha mente 
E talvez me tranquilizem todos os dias 
Pois eu, tenho café e tenho pão 
Mas ainda tenho muito mais do que isso.
E eu ainda tenho minha coragem,
Consigo olhar esses barcos e não sentir medo, 
Consigo ser grata pelas coisas que tenho, 
E consigo sonhar. 
Apesar de tudo, eu tenho perspectiva 
Tenho minha porta fechada, meu café com pão, minhas outras coisas... 
E meus sonhos 
Tenho a certeza de que tenho o sangue da minha avó 
Que sobreviveu, mesmo com tudo contra... 
Eu simplesmente não preciso ter medo de barcos abandonados 
E nem da vida. 

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