segunda-feira, 27 de julho de 2015

Avesso


Olho em volta procurando por um pouco de luz nas ruas 
Estou dentro de um ônibus apagado 
Na calada da noite
E me sinto como se estivesse andando por cacos de vidro 
Com pés descalços 
E sonhos esmagados.

Tudo o que foi dito e o que não foi dito 
Está voltando pra mim agora 
E eu sabia que iria voltar 
Sempre volta alguma hora.
E aqui estou eu, num ônibus apagado 
Indo ao encontro de tudo que um dia 
Espalhei por aí 
Como se não fosse nada 
Como se fosse natural ao ponto de meus olhos não conseguirem perceber.
Eu soltei e deixei a pista pra me encontrar
Então como poderia reclamar?

Não há mais nada agora 
Nem as estrelas, nem a lua, não há o conforto da noite ou a esperança dos dias 
Não há nem luz dos postes
Há apenas o que eu soltei por aí
E posso sentir, a cada mudança no vento pela janela desse ônibus 
Que me aproximo cada vez mais ao encontro daquilo que dei a vida um dia.

O mar está de ressaca 
Meus pés estão presos na areia 
O ônibus avança com tudo pra dentro dessas ondas revoltas
Não há nada que eu possa fazer. 
Estou fora e estou dentro 
E está vindo 
Tudo aquilo está voltando 
Arrastando meus pensamentos pra loucura
De conseguir encontrar qualquer luz por aqui...

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