domingo, 13 de novembro de 2011

Noites Quentes


Em noites quentes assim, ninguém tem concentração para pensar em algo. Em noites quentes assim, todos querem ficar deitados, com o ventilador em cima, ou com o ar condicionado ligado. Querem fazer tudo, menos pensar. Tomar um banho pra relaxar e tentar viajar, imaginado que se está numa cachoeira super gelada, que não existe calor, que não existe suor na sua testa. Mas foi num banho durante uma noite quente que eu consegui pensar em muita coisa ao mesmo tempo. Eu sempre viajo no banho, deixo a água correr, deixo minha alma vagar pra longe dali, e só o meu corpo fica presente, sem alma. Minha alma está perdida em qualquer lugar, fazendo um passeio, relaxando, dormindo, fazendo qualquer coisa que não seja pensar. Mas nesse banho em meio a essa noite quente que obriguei a minha alma a ficar, ficar e pensar em tudo o que a minha cabeça andava fugindo a um tempo de pensar. Ela ficou. Ficou contra a vontade, mas eu a mantive ali, e aos poucos ela se conformou, e aceitou pensar junto com a minha cabeça, que precisava de ajuda.
A minha cabeça nunca foi um lugar muito centrado. Sempre muito agitada, confusa, correndo por vários pensamentos ao mesmo tempo, e na maioria das vezes estressada. E é por isso que quando eu preciso de calma, tenho que me ligar a minha alma, que é a minha tranqüilidade.  E a minha alma combinada com a minha cabeça consegue me deixar em equilíbrio. É claro que essas coisas raramente acontecem, mas nessa noite quente, nesse banho gelado, eu consegui fazer isso. E quando alcancei o meu ponto de equilíbrio, cheguei a uma bela conclusão assim que desliguei o chuveiro: daqui a muito pouco tempo, não estarei mais tomando banho neste chuveiro. E esta conclusão foi suficiente pra me fazer feliz naquele momento, para me relaxar e me deixar dormir bem numa noite absolutamente quente. Foi numa noite quente que eu consegui concluir que não tarda muito, estarei longe daqui. Foi de uma noite quente que eu consegui tirar toda a força que eu precisava pra terminar esse resto de caminho que ainda me resta nesse lugar ao qual eu nunca pertenci. 

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