quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Não há nada para lembrar

Imagem relacionada



Ela está deitada. 
É tarde da noite, ela está no sofá da sala, encarando o teto no escuro. 
Pela janela aberta é possível saber que está ventando, as cortinas voam por todos os lados, e de vez em quando é possível ver uma parte do tecido ou outra, graças as luzes dos faróis do carros que passam.
Janela de frente pra rua, apartamento de primeiro andar. 
Som. 
Som,
Som.
Um silêncio ensurdecedor naquela casa que ninguém quer morar, mas ela se mantém enraizada, se mantém pensativa nas suas coisas, nas suas pessoas, na sua vida. É tudo seu, não há ninguém que possa negar isso. 
Mas ela se prepara para sair. É tarde na noite, é tarde na vida.  
Não há um anúncio de algo novo, não há um momento de tensão, há apenas uma virada, inesperada, brusca, agressiva. Pois é assim a vida. 
Calça um sapato, depois outro. Fecha as janelas e abre os olhos,
Está na hora.
Está
Na
Hora. 
Corra! 
Apenas corra e esqueça o resto, não vale a pena se agarrar aqueles sentimentos ultrapassados.
Apenas vá
É pra isso que a vida existe: Pra agarrar a liberdade que é sua e ir embora. 
Ninguém nunca te viu, você nunca esteve aqui, nada disso jamais será lembrado.
Vá.
Vá com o vento, deixe as portas abertas, deixe que peguem o que quiserem, deixe pra trás o que costumava ser seu, pois nunca foi, e nem será, não é. 
Apague a água do café, você não terá tempo de tomá-lo. 
Parece um céu bastante estrelado lá fora, vá sem medo. 
Suma como se nunca tivesse existido, pois você nunca realmente existiu
Não há ninguém lá fora pra você, não há
Mas quem está aqui dentro não parece te fazer muito bem.
Então vá, vire um fantasma para todos, suma, desapareça, morra, nasça.
Vai viver!
Finalmente: 
Ela está de pé!

Nenhum comentário:

Postar um comentário