O tempo não me sente,
Mas eu o sinto.
Anos atrás, ouvi a mesma música
Anos atrás achei que tudo acabaria
Eu ainda estou aqui...
Nada mudou.
O tempo não me sente,
Mas eu o sinto.
Gostaria de não sentir...
E de não perceber
Que tudo permanece igual.
Às vezes só queria que
Houvesse uma explosão
Onde tudo seria obrigado a terminar
Para que eu pudesse então
Construir do zero
Mais uma vez.
Pois meu vício em mudanças não passa
E o tédio que a rotina me causa, perdura.
E eu já não sei mais como aceitar
Que haverão tempos de mais do mesmo
Que haverão fases de estabilidade
Mesmo que essa estabilidade não seja boa
Ela virá para mim mesmo sem eu ter pedido
Assim como o vento venta sob condições
Que estão além do meu controle.
Eu quero me construir do zero
Pois todo dia, quando sinto o tempo
Tenho medo de ser tarde demais.
E esse é o desespero maior de mais uma madrugada igual
À tantas outras
Que eu já não suporto mais
Pois meu vício em mudanças não passa
E o tédio que a rotina me causa, perdura.
O tempo não me sente,
Mas eu o sinto.
Esse é o pior dos amores não correspondidos.
É como uma mulher que seduz lindamente
Mas nunca chega perto o bastante
Para acontecer o beijo.
Talvez o tempo seja eu
Talvez eu não seja ninguém
Além de uma ansiosa perdida num inferno astral de madrugadas sem fim
E nada disso importe
Assim como nada
Do que eu controlo importa:
Quero apenas o que não tenho.
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