Meu
primeiro diário foi aos 7 anos de idade. Eu ganhei de uma tia. Era um diário
pequenininho, do Snoopy, que se eu usasse hoje em dia, acabaria com ele em dois
dias... hahahahaha Eu sou a maníaca das palavras. E sabe o que é estranho? Toda
vez que eu começava um diário novo, começava sempre do mesmo jeito: "Meu
nome é Carolina... Tenho tantos anos... Nasci em tal lugar... Meus pais são
separados... Eu amo tal artista musical... Eu adoro me maquiar... Minhas
melhores amigas são... Meu livro favorito é... Eu odeio tal pessoa... Meu
endereço é tal... Meu telefone é outro... Meu signo é Touro..." E por aí
vai. Sempre começava mais ou menos assim. Ou então, começava contando sobre os
primórdios da minha existência: como meus pais foram malucos de terem se casado
em dois meses de namoro e que talvez seja por causa disso que eles se
separaram... Falava também muito dos meus irmãos, sempre fui muito apegada a
eles... Falava sobre garotos que eu era apaixonada ou supostamente interessada,
ou simplesmente falava mal dos ex mesmo... hahahahaha Isso é mais a minha cara.
Meus amigos, meus dias na escola, quantos filhos eu iria ter... Depois que eu
fui crescendo, os assuntos mudaram, mas no fundo eram passados nos mesmos
locais. É engraçado como somos capazes de mudar tanto, hoje em dia eu nem sei
mais se vou ter filhos, e na infância dizia que iria ter três. Também não sei
mais se eu vou casar, e se casar, tenho quase total certeza de que não vou
ficar casada com a mesma pessoa a vida toda... Como eu mudei.
Naquela
época eu fazia isso, escrevia diários e isso me confortava, mas hoje em dia,
não sei se seria o suficiente pra me confortar e nem se teria a ver comigo.
Provavelmente não mais. Não me vejo mais fazendo isso. De vez em quando, quando
vou na casa da minha mãe, ainda pego alguns e leio, e fico rindo da minha
cara... Deus, como eu era retardada... Ainda sou um pouco, mas de uma maneira
diferente...
Algumas
características nunca morrem, e pra mim, são elas que formam a nossa essência.
Eu já quis me desfazer de todos os meus papéis, um milhão de vezes,
simplesmente me livrar de toda aquela tralha velha, mas simplesmente não
consigo, sou apegada aquela tralha velha, não sei porque... Assim como eu posso
dizer que eu nunca vou parar de escrever, seja como for.
Acho que
no final, isso aqui acabou se tornando uma página de diário perdida...
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