Eu ponho verdade nas minhas
palavras, eu ponho sentimentos, ponho a mim mesma em cada letra.
Quando eu vou pra casa, se é que eu
tenho uma casa, vou olhando pela janela do ônibus a rua e o mundo inteiro, ao
menos todo o mundo que meus olhos podem alcançar, incluindo o que está fora da
minha visão.
Porque eu
vou além, eu sempre vou além. E me atrevo a dizer ainda que poucas pessoas
podem dizer que tem uma casa, pois "casa" é muito mais sério, é muito
mais forte do que um simples lugar, são sentimentos, são lembranças, são gestos
e palavras.
Talvez hoje
em dia, há alguns anos na verdade, eu seja a minha própria casa. Talvez eu
tenha uma casa enquanto morar num lugar com cheiro de café e perfume floral,
talvez eu tenha uma casa se houver música tocando bem alto, talvez eu tenha uma
casa se houver o silêncio imaginário do barulho dos meus pensamentos, talvez eu
tenha uma casa se houver um filme, talvez eu tenha uma casa se houver um
papel e uma caneta, talvez eu tenha uma casa se houver um computador, talvez eu
tenha uma casa se houver o barulho do ventilador, talvez eu tenha uma casa se
houver bagunça e um despertador. Por enquanto só existe eu nessa casa, talvez
um dia alguém se mude, mas nunca se sabe. Pode ser que essa casa seja mesmo
independente e solitária. Eu ponho verdade nas minhas palavras. Sempre.
Eu quero
esse futuro do qual as pessoas falam tanto, eu quero sentir essas certezas na
minha alma, eu quero manter minhas esperanças e sonhos, e se conseguir, talvez
consiga ser jovem pra sempre. Pois o espírito morre quando suas esperanças e
sonhos morrem. Quem nunca foi idealista, nunca foi jovem.
Toda noite
eu sonho acordada até às 3 da madrugada. Eu quero fazer tanta coisa acontecer,
eu quero ser de tantas maneiras, eu quero viver do jeito que eu sempre quis
viver, eu quero poder ser independente e satisfeita, quero ver tudo isso
acontecer. Mas antes que eu veja isso tudo realizado, caio no sono. Algumas
vezes sonho com o que estava imaginando, em outras, apenas desapareço num
grande buraco. E antes que consiga me deixar engolir por esse grande buraco, o
despertador toca, eu acordo meio morta, e começa meu dia de estudar e
trabalhar, e começa meu dia de imaginar coisas pela janela do ônibus, assim que
eu abro a porta, assim que eu começo a escrever, assim que eu começo a falar.
Porque eu ponho verdade nas minhas palavras, eu ponho sentimentos, eu ponho a
mim mesma em cada letra.
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