É água que bate na pedra quente
Faz subir aquele cheiro de chuva
Que faz com que todos pensem numa possível mudança
Mas então... Passa.
Existe apenas por um momento
E depois é como se nada houvesse acontecido.
É vento na cozinha
Apagando o fogo do fogão
Entra pela janela da área
Traz poeira.
É uma estação indefinida
É confusão de um coração
As reviravoltas da vida
Que eu já não aguento mais.
E é isso, e é aquilo
E sou eu, e é ele
Mas nunca somos nós
E assim, vou correndo sozinha como sempre fiz
Nunca tive paciência pra andar por alguém
E assim, vou vivendo por um triz.
Minha criança de 8 anos estaria orgulhosa de quem sou agora
Mas a minha de quase 22, não quer nem olhar na minha cara.
Nada nunca é o bastante.
O tempo está passando e algumas coisas inesperadas têm acontecido
Mas mesmo assim, sei que cumpri as promessas que havia feito, há tanto tempo,
Pra minha criança de 8 anos.
E essa é a única coisa que me tranquiliza.
O que perturba sinceramente
É a minha certeza, cada vez mais total
De que nunca serei capaz de agradar minha criança atual
E isso me aterroriza
Me petrifica
E me transforma, cada vez mais
Em alguém bem diferente do que eu sonhava ser.
É a vida.
E a certeza de que sempre sei menos que achava que pensava.
E nesse momento, só o que eu queria
Era um abraço da minha criança de 8 anos
Pois a minha de 22 está ocupada demais fazendo planos inalcançáveis
E tem olhos cegos pro presente.
Eu ainda estou aqui...
Embora não saiba
Por quanto tempo.
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