Olho em volta procurando por um pouco de luz nas ruas
Estou dentro de um ônibus apagado
Na calada da noite
E me sinto como se estivesse andando por cacos de vidro
Com pés descalços
E sonhos esmagados.
Tudo o que foi dito e o que não foi dito
Está voltando pra mim agora
E eu sabia que iria voltar
Sempre volta alguma hora.
E aqui estou eu, num ônibus apagado
Indo ao encontro de tudo que um dia
Espalhei por aí
Como se não fosse nada
Como se fosse natural ao ponto de meus olhos não conseguirem perceber.
Eu soltei e deixei a pista pra me encontrar
Então como poderia reclamar?
Não há mais nada agora
Nem as estrelas, nem a lua, não há o conforto da noite ou a esperança dos dias
Não há nem luz dos postes
Há apenas o que eu soltei por aí
E posso sentir, a cada mudança no vento pela janela desse ônibus
Que me aproximo cada vez mais ao encontro daquilo que dei a vida um dia.
O mar está de ressaca
Meus pés estão presos na areia
O ônibus avança com tudo pra dentro dessas ondas revoltas
Não há nada que eu possa fazer.
Estou fora e estou dentro
E está vindo
Tudo aquilo está voltando
Arrastando meus pensamentos pra loucura
De conseguir encontrar qualquer luz por aqui...
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