Às vezes sou fofa, mas só às vezes. Na maioria das vezes não sou
flor que se cheire.
Na maioria das vezes acho graça dos
desastrados, mas às vezes os mando tomar um remédio pra retardio.
Quando dou sorrisos grandes, das duas,
uma:
Ou é por educação, ou eu realmente vou com
a sua cara.
Às vezes dou gargalhadas falhadas,
entrecortadas, porque a graça não é muito lá grande pra me fazer escancarar a
cara.
Mas quando é engraçado de verdade, eu
solto a minha risada mal assombrada que todo mundo olha e gosta, que todo mundo
ri junto, pois não existe outra reação e nem outra resposta.
E às vezes eu tenho vontade de ir à praia,
mas na maioria das vezes quero dormir numa casa aquecida, rodeada por neve.
Na maioria das vezes quero dormir, na verdade.
E falando sobre dormir, preciso falar mais
uma vez do fato de que eu odeio manhãs e tenho uma paixão exagerada pela Lua?
Eu sou da noite, mas mais de casa do que
da rua.
Eu sou doida, séria e fofa, tudo isso
junto e mais alguma coisa. Neurótica conta nessa lista de mais alguma coisa. E
dramática, e determinada, e carinhosa, e irritada e mal criada.
Amo Martha Medeiros, amo Stephanie
Perkins. É, eu tenho mesmo essa coisa de estar perdida no tempo, onde me sinto
bem num breve espaço entre ser pequena e ser grande. Mas esse breve espaço é
grande o suficiente pra me fazer sentir em casa, pra me fazer sentir parte de
algo, pra saber melhor sobre mim, e continuar seguindo, e continuar assim.
Às vezes entro em outra dimensão em que
não vejo mais nada ao meu redor, em que nada mais existe, é como se estivesse
sonhando no meu lençol. Mas é apenas outro momento de distração qualquer, é
isso que é.
Muitas vezes visto preto, pois com todo
respeito, ele é o melhor amigo dos gordos. Ou de quem se acha gordo, parecendo
um mamute bêbado de tão destrambelhado, prestes a cair, prestes a começar a
chorar, ou sorrir.
E sim, na maioria das vezes não posso
evitar ser sarcástica, na maioria das vezes não posso evitar fazer piada com a
minha própria "desgraça", pois esse é o único jeito de continuar
andando sorrindo, mesmo estando descalça em xixi de mendigos.
Não digo isso literalmente, claro. Se isso
acontecesse comigo, pessoas do mundo inteiro ouviriam o meu grito, pois se tem
coisa que me dá nervoso é sujeira, é pensar em quantas doenças eu poderia
contrair pra vida inteira, é pensar em não estar mais perfumada. Essa é a parte
"neurótica".
E se tem outra coisa que eu não posso
evitar é escrever, pois é tanta criatividade, é tanta imaginação transbordante,
são tantos delírios e sonhos, sentimentos duradouros e momentâneos, que eu
preciso por isso tudo em alguma coisa de algum jeito.
Comecei escrevendo, parei. Já dancei, já
fiz teatro, já desenhei, já pintei, já fiquei de saco cheio e depois disso
tudo, voltei a escrever. Vamos ver por quanto tempo dessa vez, vamos ver o que
vai ser.
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