Eu tenho raízes
fortes, mas nenhuma delas fez de mim uma pessoa forte. Eu aprendi a ser forte,
a fazer a minha própria sorte, a quebrar a cara e depois levantar como se
tivesse acabado de nascer, como se eu tivesse acabado de chegar nesse mundo e
ainda não soubesse nada, mas com a sensação de que saber me fará sofrer. Não
que isso realmente vá me impedir de fazer cada coisa que eu quero fazer. Não
que todas elas sempre deem certo; não que eu ligue, pois tem sempre uma que
salva a esperança da morte e me faz mais forte. São os pequenos atos bem
sucedidos que sempre me fazem renascer.
E nenhuma dessas
raízes firmou-me ao chão... Todas elas são móveis, eu sou uma nômade pobre de
apego às coisas nobres, apego-me apenas a quem me sacode quando eu estou quase
me entregando, apego-me apenas a quem eu realmente amo. E a cada dia que passa,
o número diminui mais. E essas poucas pessoas fazem cada vez mais diferença no
meu universo e sua presença é o que me mantém humana. A cada ano eu mudo mais,
e tê-las em minha vida é o que me impede de tornar-me uma mutante sem
identidade e sem foco, visando apenas à liberdade. Não que eu faça algo que não
tenha o mínimo de chance de proporcionar-me rodar o mundo, não, eu vivo pra
isso. Cada coisa que eu faço é com o intuito de sair de um lugar escuro, deixar
pra trás o passado imundo e construir um movimentado futuro. Essa é a única
felicidade que eu reconheço como tal, não tenho outra ambição mais forte que
não seja viagem geral. Eu quero exageros, quero uma felicidade mortal. Prefiro
morrer a viver uma vida repetitiva e banal.
Vá em frente,
gargalhe, deboche, humilhe. Eu não ligo pra porcaria nenhuma que porcaria de
pessoa nenhuma pensa de mim. Sou sozinha, e os poucos importantes que me
restam, não desejam outra coisa que não seja felicidade, sucesso e capacidade
de fazer todos esses meus mirabolantes planos darem certo.
Não quero ficar mais
perto, quero ir pra longe, quero viver um dia de descobertas e uma noite
incerta.
Nem meu horário
biológico combina com esse lugar, e eu não acredito que só agora me dei conta;
nunca consegui dormir de noite e nunca consegui acordar de dia, isso é tão
exato, tão verdadeiro e sempre fez parte da minha vida.
Eu não sou daqui, só
nasci aqui. Mas isso não vai durar por muito mais tempo.
Cada coisa que eu
faço, cada plano que eu projeto e ideias que eu tenho, só servem pra uma coisa:
ir embora. É só pra isso que eu me empenho.
Eu sou uma artista,
uma poetisa, uma nômade, uma malabarista, uma garota mista. Uma gata vira-lata
que quando some de verdade, vai e não deixa pistas. É isso que vem acontecendo
na minha vida, estou me desligando desses outros mal sucedidos artistas, e
focando apenas no meu sucesso e objetivo. Eu vou embora, pode acreditar. Isso
vem da garota que desde os 8 anos de idade disse pra mãe que iria embora quando
fizesse 18 e foi com 17. "Olha só que
garota doida, tão nova, ainda precisa da mãe, que loucura sair assim", foi
o que disseram pra mim. "E a mãe dela vai deixa-la fazer isso? Eu não
deixaria se fosse comigo." Mas nenhum deles sabe que quando eu quero uma
coisa, ninguém me impede, ninguém me para, ninguém me convence de que eu não
posso, pois eu só desisto de algo quando realmente perco o interesse.
Sou nômade com um
enorme nome; individual e com alguns amigos. O mundo é o meu abrigo, minha mãe sabia disso desde o início.
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