Talvez o meu problema seja a pressa.
Eu tenho pressa pra começar, pressa pra continuar, pressa pra acabar.
Eu tenho dificuldade de apreciar os momentos lentamente, e quando
eles acabam, fico toda saudosista, vivendo no passado. Eu só aprecio de verdade
meus momentos, quando eles já se foram. Aprecio-os na minha mente, da maneira
que eu guardei as lembranças, da maneira que meus olhos entenderam, ou
simplesmente presenciaram.
Eu falo muito quando estou com as pessoas, mas quando estou sozinha,
pareço uma rocha. O que eu tenho de alegre, sorridente, falante e espontânea em
público, eu tenho de quieta, imóvel e calada na solidão. Eu me fecho em minha
mente e não dou espaço pra ninguém entrar. Muitas vezes, as pessoas se
aproximam, passam por mim, falam comigo, mas a sombra que a minha mente põe em
meus olhos não me deixa perceber. Se as pessoas que convivem comigo me vissem
quando estou desse jeito, cortariam relações. Ninguém me aguenta nos meus
momentos derivados de uma pedra.
E como sou mesmo uma pessoa apressada, até nos meus momentos de pedra
não tenho calma. Sou o tipo de pessoa que anda pela rua como uma desesperada,
como se o mundo fosse acabar. Ando rápido mesmo que não esteja atrasada, porque
está aí uma das poucas coisas que eu demoro pra fazer: sair de casa.
A pressa me persegue, faz parte de mim, tira a minha capacidade de
apreciar os momentos de minha vida. Talvez seja por eu ter tido alguns momentos
realmente desagradáveis, ruins, que me fizeram desejar de todo o coração que
acabassem logo. E agora, eu vivo no automático, tenho pressa até com o que não
deveria ter.
Talvez seja isso, ou talvez eu seja apenas uma pessoa sem paciência
mesmo, com loucura pelo novo, pelas transformações, mas que nutre dentro de si,
os tantos fantasmas do passado.
Minha cabeça é mesmo um animal, tão feroz e brutal, que um dia ainda
vai se alimentar de mim.
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