Não é apenas uma temporada
É a minha vida.
Minha vida que anda por aí meio perdida, meio jogada
Meio sem rumo, meio sem nada.
Já não há propósito nos dias.
Universo, ajude-me a suportar isso.
Cada pedaço penetra na minha pele como espinhos de cáquito.
Já não há leveza, nem naturalidade
Já nem mesmo consigo dizer
Nada sobre isso.
Me sinto presa num labirinto sem fim
Onde tudo repete-se de novo, de novo e de novo
E eu desmaio inúmeras vezes sem parar
E sempre que acordo, tudo é ainda o mesmo
Eu não consigo escapar.
Já não consigo nem mesmo escrever...
Minha alma fechou-se para mim
Pois minha mente anda muito lotada e barulhenta
Não há espaço pra nada.
Minhas mãos, escravas, tremem nervosamente, pois não sabem o que fazer.
Se não sou escritora
O que mais poderia ser?
Se não sou escritora, como mais poderia viver
E suportar esses dias infernais
Que me tornam escrava da rotina
De minha própria mente perigosa?
Mais uma vez, sinto a necessidade de ir embora
Me renovar, mudar, morrer e mais uma vez nascer
Não sei porque o Universo escreveu assim meu mapa
Fênix descontrolada, instável, faminta por mudanças, uma viciada.
É isso o que me faz escrever:
As inconstâncias dessa vida cruel
As coisas boas desse Universo contraditório
A loucura que é ser eu.
(já nem consigo mais escrever, apenas querer)
(mas insisto mesmo assim, pois sem isso, já teria morrido)
(sem conseguir voltar depois)